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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: O OLHAR INVISÍVEL

Sinopse: Em Buenos Aires, no mês de março de 1982, a ditadura militar começa a ser contestada pelas ruas da cidade. María Teresa (Julieta Zylberberg), uma professora de 23 anos, trabalha no prestigioso Colégio Nacional de Buenos Aires, conhecido por formar as classes dirigentes do país. O chefe dos vigilantes, Sr. Biasutto (Osmar Núñez) percebe nela a candidata perfeita para ser o "olho invisível": aquela que vê tudo, que espia e controla todos, sem que eles saibam que estão sendo observados. Aos poucos, ela começa a levar essa missão muito a sério... O filme é baseado no romance "Ciências Morais" de Martin Koham.

Ao assistir esse filme, não pude deixar de reparar de que, como ele se parece e muito, com o genial Frances A Professora de Piano  de 2000. Em ambos os casos, as protagonistas possuem certas obssessões que as levam para um caminho sem volta. A diferença é que naquele filme de Michael Haneke, a protagonista ia ao extremo para saciar as suas necessidas e enquanto aqui, há uma luta interna dentro da própia protagonista em conter os seus desejos, cujo eles talvez ela acredite que sejam  pecaminosos.
Interpretada pela atriz Julieta Zylberberg, María  vive numa encruzilhada em querer manter os seus valores dos quais a tornaram o que ela é intactos. Para tanto, faz de tudo para denúnciar alunos rebeldes da escola, mesmo quando na realidade não havia necessidade para tanto. Isso chama atenção do diretor  Biasutto  (Osmar Núñez) que, vê nela uma pessoa capaz de apontar para ele certos alunos que, na visão dele, são  subversivos unicamente por fumar.
Tanto  María como  Biasutto são pesssoas formadas pela aura dos tempos da Ditadura Argentina, mas mal sabendo eles que já viviam em tempos que o famigerado regime cairia. Em ambos os casos, são dois lados da mesma moeda, em que tentam se manter como pessoas corretas (para não dizer conservadoras), mas que mais cedo ou mais tarde a carapuça há de cair e fortemente. María, por exemplo, não consegue esconder os seus desejos, principalmente quando começa a observar (escondida no banheiro)  os jovens alunos com mais atenção, lhe despertando então desejos dois quais ela se culpa, quando na verdade nem deveria.
Uma vez que os protagonistas se deixam dominar pelos seus desejos selvagens, talvez  se  vê ali uma espécie de metáfora com relação a alto estima frustada de um povo dominado por regras, mas que já estava mais do que na hora de reagir. O cineasta Diego Lerman foi engenhoso com relação a sua ultima cena, sendo uma representação que sintetiza, não somente o que os protagonistas passaram e fizeram, como também a reação do povo Argentino nas ruas e que se ouvia além dos muros da escola.
O Olhar Invisível é um filme para ser vistos por pessoas conservadoras de ontem e hoje que, acreditam estarem seguindo em linha reta, quando na verdade vivem o dia a dia na corda bamba  e que mais cedo ou mais tarde irão encarar as suas reais naturezas. 


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