No próximo sábado,
irei participar da ultima sessão do ano do CineclubeZH, no qual irão exibir o
documentário Liv e Ingmar – Uma Historia de Amor, sobre a vida amorosa e
profissional do cineasta Ingmar Bergman, com a sua musa, linda e talentosa Liv
Ullmann. Enquanto o dia não chega, postarei aqui durante a semana os melhores
filmes em que Bergman filmou e que Ullmann deu um show de interpretação.
Vergonha
Sinopse: Para fugir da guerra, um
casal de violinistas vive isolado numa ilha. Essa existência idílica acaba quando
a casa deles é invadida por um grupo de soldados. Agora, eles terão de se
defrontar com as misérias, a destruição e os horrores da guerra.
De uma forma simples, sem muitos
recursos, Bergman cria sua visão sobre a guerra, não importando em que parte do
mundo ela aconteça, ela sempre mostrara o lado mais sombrio do ser humano. O
filme é surpreendente ao mostrar o casal central (Liv Ullmann e Max von Sydow,
ótimo como sempre) nos seus respectivos papeis e suas características e que
vão, ambos aos poucos, mudando gradualmente, devido os efeitos devastadores da
guerra iminente. O filme é uma analise do comportamento humano perante o horror
e também uma espécie de retrato da guerra interna do ser humano, que acaba por
vezes se perdendo no meio do percurso. O filme é uma espécie de segunda parte
da trilogia Da Violência que o diretor começou em A Hora do Lobo e terminou com
A Paixão de Ana. Apesar de Gostar bastante do primeiro, devo reconhecer que
essa segunda parte vai muito mais longe, principalmente pelo fato de certa
suspeita ser levantada durante o filme, mas que curiosamente é respondida no
terceiro filme.
A PAIXÃO DE ANA
Sinopse: Andreas, um homem que sofre
pelo fim de um recente casamento e por seu isolamento emocional, fica amigo de
um casal que também passa por um momento delicado. É então que ele conhece
Anna, que está superando uma tragédia que ocorreu com sua família. Andreas e
Anna iniciam um relacionamento, porém para ambos é difícil esquecer o que
aconteceu anteriormente em suas vidas. Enquanto isso, a comunidade em que vivem
está aterrorizada por vários animais que estão sendo encontrados brutalmente
assassinados.
Encerrando sua visão particular sobre
a violência, tanto interna como externa do ser humano, A Paixão de Ana é um
filme mais contido dos três, mas não menos chocante, ao mostrar o que acontece
quando simples gestos são responsáveis por nos levar a um caminho, por vezes,
sem volta. Andreas (Max von Sydow) ao ter sua vida pacata mudada, a partir de um encontro com Ana (Liv
Ullmann, extraordinária) o filme entra num território sobre os desejos internos
do ser humano e seu desejo em satisfizer certas coisas, mesmo que com elas,
despertem situações desagradáveis e que acabam por descascar camada por camada
da personalidade humana.
Apesar de serem historias diferentes,
pode-se dizer que A Paixão de Ana é uma continuação de Vergonha, pelo fato que
a personagem Ana, em determinada parte do filme, começa a ser assombrada por
estranhos pesadelos, e quando Bergman nos apresenta uma seqüência de um desses
sonhos, somos surpreendidos com uma seqüência de cenas que é na realidade uma
continuação direta do final do filme anterior. Ou seja: Vergonha era uma
historia dentro dos sonhos de Ana, que talvez representasse sua dor interna,
mesmo que os fatos que ocorreram nestes determinados sonhos (ou seja, do filme
anterior) não tenha nada haver com sua dor externa que sente.
Assim como em seus filmes anteriores (como Persona) que
por vezes deixam mais perguntas no ar do que respostas, Bergman novamente
surpreende, na sua forma de contar historias, de uma maneira diferente e única.
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