A Secretaria do Audiovisual do
Ministério da Cultura já cometeu inúmeros erros nos anos anteriores, escolhendo
filmes errados para tentar ser um dos finalistas para Oscar de melhor filme
estrangeiro (Lula: O Filho do Brasil foi uma delas), mas quando acerta se torna
uma escolha pelo menos coerente. O Palhaço não é nenhuma maravilha do mundo,
mas é cinema, o nosso cinema com qualidade, comandado de cabo a rabo e com
estilo pelo nosso Selton Mello.
Se for indicado entre os cinco, e
ganhar, isso é outros quinhentos, mas que isso se torne o inicio, para escolhas
mais pensadas vindo de um Ministério, que tem muito que aprender sobre o que é o
nosso cinema brasileiro.
O PALHAÇO
Sinopse: Benjamim (Selton Mello)
trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos,
eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da
plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise
existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola
(Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen
Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e
amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele
precisa encontrar seu caminho por conta própria.
Feliz Natal foi a primeira
experiência de Selton Mello como diretor, mas é nesse, O Palhaço, que ele prova
que nasceu, não só para ser um dos melhores interpretes do cinema brasileiro
atual, como também prova ter talento atrás das câmeras. Além de dirigir o
filme, ele também atua na historia o que já é um grande desafio que não é para
muitos cineastas que existem por ai, portanto merece todo o credito. O seu
personagem Benjamin pode tranquilamente figurar entre os melhores personagens
que ele atuou na telona (ao lado do protagonista de Cheiro do Ralo) onde ele
consegue passar para o espectador toda sua insegurança sobre que realmente quer
da vida, e com isso, solta a triste e certeira frase: “eu faço as pessoas
rirem, mas quem me faz rir?”.
Apesar da crise existencial do
protagonista, o filme não cai no drama facilmente e oscila tranqüilamente com
momentos de humor, por vezes pastelão, por vezes num estilo de humor
inteligente visto nos filmes antigos como do Mazzaropi, que convenhamos, faz falta
no cinema brasileiro atual. Um dos pontos, particularmente meus favoritos da
trama, são as aparições hilárias de personagens excêntricos, que por mais
estranhos que sejam, divertem pelas suas palavras incrivelmente engraçadas,
como no caso do delegado que surge em certo ponto da historia. São
participações pequenas, mas jamais vazias, pois elas estão ali por um
significado, mas nunca para somente encher a linguiça. Vale destacar a
fantástica fotografia em cor pastel, dando a entender que a trama se passa em
um tempo passado distante, onde tudo era mais colorido, apesar das dificuldades
do dia a dia do circo.
Por fim, O
Palhaço é uma obra obrigatória, na qual nos diverti e nos faz pensar sobre do
porque estamos aqui nesta vida. Uma dose reflexão, mas muito divertida e
colorida.
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