Nos dias 19 e 20 de
Maio, participarei do curso MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS, criado
pelo CENA UM e
ministrado pelo professor de cinema Henrique Marcusso. Diferente dos cursos anteriores que eu já participei, Marcusso irá
somente fazer uma analise minuciosa sobre a Tetralogia Existencial que Antonioni havia criado nos anos 60. Enquanto a atividade não chega,
por aqui, falarei um pouco dos quatro filmes que serão abordados durante o
curso.
Sinopse: Chuva,
neblina, frio e poluição assolam a cidade industrial de Ravenna, na Itália.
Ugo, o gerente de uma usina local, é casado com Giuliana, uma dona de casa que
sofre de problemas psicológicos. Numa viagem à Patagônia, ela conhece o
engenheiro Zeller, o que pode mudar sua vida. Em O Deserto Vermelho, Antonioni,
no auge de sua forma, aborda os temas centrais de sua filmografia: a
incomunicabilidade e a solidão do homem contemporâneo.
O filme se tornou
conhecido como uma espécie de epílogo para a Trilogia da Incomunicabilidade de
Michelangelo Antonioni, que com o tempo, acabou se tornando a Tetralogia Existencial, que havia começado com A
Aventura (1960). Um dos grandes trabalhos de Monica Vitti, atriz com quem
Antonioni foi casado. Ela faz a dona de casa angustiada, que não sabe direito
de onde lhe vem tanto incomodo diante do mundo em que ela vive. A trilha sonora,
a fotografia em cores de Carlo Di Palma, valem ao filme uma ambientação muito
marcante e apreensiva. É mais uma tentativa de retratar a vida alienada na
sociedade contemporânea daquele tempo, e que se comparado atualmente, não envelheceu nenhum pouco. Monica não sabe a razão
da sua infelicidade. E essa é a tese de Antonioni, não sabemos o porquê, ele
está oculto e faz parte da própria alienação que se alastra em todos os personagens.
Para além desse retrato da alienação, existe a
matriz do desconforto que atravessa, tanto os filmes anteriores, como esse. Bem como os
diálogos esparsos e os longos planos-sequência que ajudam a compor um quadro de
seres humanos em relações truncadas consigo mesmo e, por consequência, com os
outros. Por outro lado, no filme em questão, Antonioni utiliza as cores pela
primeira vez, e essa decisão contribui decisivamente para transformar o filme
em um denso estudo sobre vácuos de comunicação assinalados pela policromia.
Tudo o que a câmera do cineasta filtrou em preto e branco nos filmes anteriores, se
converte aqui em cores vibrantes, especialmente o vermelho do título. É
interessante notar o trabalho cuidadoso da fotografia assinada por Carlo Di
Palma, que, curiosamente, viria a clicar filmes de ninguém menos que Woody
Allen, em títulos como Hannah e suas irmãs (Hannah and her sisters, 1986) e A
era do rádio (Radio days, 1987). No caso de O deserto vermelho, suas lentes
captam com acuidade os matizes dramáticos necessários ao dimensionamento do
estado acachapante de Giuliana, deslocada de seu mundo. Um epilogo mais do que bem feito.
Me Sigam no Facebook e Twitter
Me Sigam no Facebook e Twitter
Nenhum comentário:
Postar um comentário