A HAMMER DOS BONS E
VELHOS TEMPOS
Sinopse: Arthur Kipps
(Daniel Radcliffe) foi enviado por seu escritório para regularizar os
documentos de uma mansão abandonada, próximo a um vilarejo, cujas crianças
morrem misteriosamente de tempos em tempos, sem que ele soubesse de nada disso.
Quando começa a ter uma série de visões sinistras durante a execução de suas
tarefas, inclusive uma de uma mulher vestida de preto, ele descobre que existe
algo relacionado ao passado daquele local e decide investigar, provocando a ira
dos moradores e a morte de mais vítimas. Agora, só o tempo para dizer se o seu
instinto paternal irá ajudar a resolver esse perigoso e grande mistério.
Em sua época de ouro
(entre final dos anos 50, há anos 60 e 70) a Hammer realizou grandes clássicos
dos filmes de terror, obtendo grande sucesso, principalmente quando na
produção, estavam sempre à parceria Christopher Lee e Peter Cushing, que eram sinônimos
de bilheteria para o estúdio. Passados vários anos daqueles bons tempos, é bom
rever a Hammer de volta, com o filme “A Mulher de Preto”, que resgata um pouco daquele
clima fantasmagórico e sombrio dos bons tempos. Embora se houvesse algo de inocente
naquelas produções (visto pelos olhares de hoje), aqui não há espaço para sutilezas.
Se formos simplificar,
a produção é uma verdadeira obra de horror à moda antiga, com sua ambientação
escura e apreensiva, que deixa o público despreparado com o famoso momento do
susto, sem jamais apelar nestes instantes, onde a pessoa realmente pula da
cadeira. Baseado no livro homônimo de Susan Hill, não resta menor duvida que na
produção, o que mais chama atenção e que com certeza atraiu bastante o publico
de hoje, foi à presença Daniel Radcliffe, “pós franquia Harry Potter”. Curiosamente,
os sentimentos desse personagem que ele interpreta, se assemelham muito bem com
os sentimentos que o Potter sentia, nos últimos capítulos da saga, desde a
perda, morte e luto. Com certeza, o lado psicológico de seu personagem ganhou
imenso destaque, e com isso, o jovem astro não desaponta, pois sentimos a todo o
momento, o grande peso que Arthur carrega em seus ombros e de sua duvida, sobre
a vida pós-morte
E se por um momento, possa
parecer estranho ele interpretar alguém que já tem um filho de quatro anos, tem
que se levar pelo fato, que para a época na qual a história se passa, era
absolutamente normal. O protagonista também possui um ótimo entrosamento com o talentoso
Ciarán Hinds, cujo o seu personagem, cria quase um laço paternal com o
protagonista, e sempre quando surge, rouba a cena. Mas é a casa, onde se passa
boa parte das assombrações, é que se torna um personagem a parte da trama. Com
uma bela direção de arte e fotografia, que tornam as cenas bem sombrias, mas
que jamais faz o espectador não entender o que esta acontecendo, seja a sua
frente ou em momentos, onde no fundo de um corredor, por exemplo, algo fantasmagórico
surge. Com isso, a casa se torna uma armadilha mortal, tornando o isolamento do
personagem Arthur algo perigoso para si e sufocante para aquele que assiste.
Embora tenha ainda
filmado pouco na carreira, diretor James Watkins cumpre o seu trabalho com
louvor, sem apelar para sustos fáceis ou com uma trilha que poderia ser usada
de uma forma errada nos momentos errados. Além disso, tem que se tirar o chapéu
para o diretor, em saber criar momentos nos quais não sabemos se o perigo esta
ou não presente, para pegar a qualquer momento o protagonista, em cenas chaves
e muito bem orquestradas. Embora o final seja um tanto que inesperado para
alguns, os minutos finais tornam essa
obra corajosa e me faz ter esperança que a nova Hammer possa ir mais e mais
longe daqui pra frente.
“A Mulher de Preto” é um filme de terror que
honra o gênero, contando com atuações eficazes, com uma produção muito bem
cuidada.
Curiosidade: Com
cerca de US$ 110 milhões arrecadados nas bilheterias mundiais, A Mulher de
Preto é o filme britânico de terror de maior público nos últimos 20 anos.
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