Nos dias 19 e 20 de Maio, participarei do curso MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS, criado pelo CENA
UM e ministrado pelo
professor de cinema Henrique Marcusso. Diferente dos
cursos anteriores que eu já participei, Marcusso irá somente fazer uma analise minuciosa sobre a Tetralogia
Existencial que Antonioni havia criado nos anos 60. Enquanto a
atividade não chega, por aqui, falarei um pouco dos quatro filmes que serão
abordados durante o curso.
A NOITE
O DESESPERO
POR UM CONTATO EMOCIONAL
Sinopse: Giovanni
Pontano (Marcello Mastroianni) e Lidia (Jeanne Moreau) estão casados há 10
anos. O relacionamento entre eles está desgastado, especialmente em relação à
comunicação. Durante uma festa em uma mansão eles tentam disfarçar suas
angústias, ocupando o tempo com os demais convidados.
Segundo filme da tetralogia
existencial de Antonioni, onde se baseia
muito na solidão, iniciada com A Aventura
e terminada com Deserto Vermelho, do
mesmo diretor. Urso de ouro no festival de Berlim de 1961, sendo um exemplo típico
do estilo do cineasta, sendo um cinema hermégico, preocupado em analisar as
dificuldades de comunicação entre as pessoas, sendo por vezes, uma obra pesada,
simbólica, estudo profundo de casamento em crise. O casal central (vividos
pelos ótimos Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau) tenta a todo o momento da
projeção, buscar algum sentido em suas vidas, mesmo em coisas das mais banais.
A esposa, por exemplo, em um determinado momento do primeiro ato, caminha sem
rumo na cidade, em busca talvez de algo interessante, para que possa se animar,
o que acaba dando de encontro com momentos imprevisíveis, como numa briga de dois
rapazes.
Mas o melhor do filme fica
para o segundo e o terceiro ato, aonde ambos vão numa festa burguesa, em que os
convidados se divertem de inúmeras formas, que por vezes, parecem banais, mas
que tornam algo de bom grado para animá-los. O casal em si passa por testes de
fidelidade ao longo do percurso, onde a fotografia criada por Antonioni
simboliza o lado perdido que os personagens se sentem, ao adentrarem num
universo em que não sabe exatamente o que eles irão encontrar, muito embora
tenham a tentação de caírem. Curiosamente, essa seqüência da festa e o lado melancólico
dos personagens, me fizeram me lembrar muito de Melancolia, de Lars Von Trier,
sendo que não me surpreenderia, se Trier tivesse se inspirado na obra de Antonioni. Os momentos finais do epilogo da trama
simbolizam o desespero do casal, na comunicação de um pelo outro, embora da
entender que a tentativa seja tarde demais.
Enfim, um filme belo, inquietante e calmo, com
uma fotografia belíssima (nas mãos de Moreau, o epílogo do filme), e silêncios estremecedores.
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