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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 15 de maio de 2012

Cine Especial: MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS: Parte 3


Nos dias 19 e 20 de Maio, participarei do curso MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS, criado pelo CENA UM e ministrado pelo professor de cinema Henrique Marcusso. Diferente dos cursos anteriores que eu já participei, Marcusso irá somente fazer uma analise minuciosa sobre a Tetralogia Existencial que Antonioni havia criado nos anos 60. Enquanto a atividade não chega, por aqui, falarei um pouco dos quatro filmes que serão abordados durante o curso.

O ECLIPSE

Sinopse: Após passar a noite discutindo, Vittoria (Monica Vitti) rompe com Riccardo (Francisco Rabal), seu namorado. Ao ir se encontrar com a mãe (Lilla Brignone) na Bolsa de Valores, Vittoria conhece Piero (Alain Delon), um jovem e elegante corretor da bolsa. Ele é um sedutor, mas ela resiste no início. Gradativamente Vittoria vai se apaixonando.


Em seu terceiro filme, da sua tetralogia existencial, Antonioni chega ao seu ápice, onde inúmeras cenas (por mais simples que sejam) possuem inúmeras interpretações. Ao começar pelo inicio, onde vemos Vittoria (Monica Vitti) terminando o relacionamento com Riccardo (Francisco Rabal), que embora relutante em não terminar, demonstra total falta de saber como se comunicar com a ex-amada, que por alguns momentos, o seu distanciamento é tanto na relação, que simplesmente a sua realidade se separa da onde ela está. E isso é muito bem representado numas das mais enigmáticas cenas do filme, onde Vittoria se aproxima de Riccardo, mas ele simplesmente está imóvel e olhando para o nada, mesmo ela estando bem na frente dele, mas ele não demonstra nenhuma reação, para só depois ele voltar a falar com ela, como se ele tivesse desaparecido por alguns momentos, ou então, como se o tempo tivesse parado somente para ele. Desde A Aventura, Antonioni explorou essa difícil vida da falta de comunicação entre as pessoas, principalmente com relação aos seus casais. E se no filme anterior (A Noite) parecia impossível a comunicação do casal daquela historia, aqui vemos o fim e sem nenhuma esperança para ambos já no inicio da trama.
A historia prossegue, e Vittoria segue o seu rumo, em meio à vida vazia da burguesia, onde tenta se divertir (em situações meio politicamente incorretas hoje em dia), até conhecer Piero (Alan Delon), em meio à loucura das bolsas de valores daquele tempo, e que não devem nada, se for comparado de atualmente. Ambos começam a ficarem bastante próximos, embora Vittoria relute a principio, temendo talvez que não de certo, ou temendo por algo maior, que para nos, não fica muito bem explicado. Dessa nova união, e da possível felicidade que pode acontecer, surge inúmeras interpretações das cenas a seguir, após a despedida do casal do seu ultimo encontro. A câmera de Antonioni começa a desfilar nas ruas vazias, somente com algumas pessoas caminhando e com suas caras fechadas e insatisfeitas. Existe certa tensão (e graças à trilha sonora) permeando o ar, sendo que algo parece estar errado. E quando parece que o pior pode acontecer, o filme termina.
Podemos tirar inúmeras interpretações sobre esses últimos minutos. Sendo que talvez, a nova relação que surgiu com a união de Vittoria e Piero não era para ter acontecido, e sendo assim, desencadeados sérios eventos naquele universo, já afetado pelo vazio da melancolia e da falta de comunicação das pessoas daquele lugar. Michelangelo Antonioni arrisca em lançar essas cenas sem dar muita explicação, mas o resultado final soa mais do que positivo, pois tanto esse, como seus filmes anteriores, fazem agente continuar com a trama em nossas mentes e nos perguntar o que poderia vir a seguir. Com O Eclipse, isso dura interminavelmente, o que faz dele, o melhor filme de sua tetralogia.


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