Nos dias 19 e 20 de Maio, participarei do curso MICHELANGELO
ANTONIONI EM 4 ATOS, criado pelo CENA UM e ministrado pelo professor de cinema Henrique
Marcusso. Diferente dos cursos anteriores que eu já participei, Marcusso irá somente fazer uma analise minuciosa sobre a Tetralogia
Existencial que Antonioni havia criado nos anos 60. Enquanto a atividade não chega, por aqui,
falarei um pouco dos quatro filmes que serão abordados durante o curso.
O ECLIPSE
Sinopse: Após passar
a noite discutindo, Vittoria (Monica Vitti) rompe com Riccardo (Francisco
Rabal), seu namorado. Ao ir se encontrar com a mãe (Lilla Brignone) na Bolsa de
Valores, Vittoria conhece Piero (Alain Delon), um jovem e elegante corretor da
bolsa. Ele é um sedutor, mas ela resiste no início. Gradativamente Vittoria vai
se apaixonando.
Em seu terceiro filme,
da sua tetralogia existencial, Antonioni chega ao seu ápice, onde inúmeras cenas
(por mais simples que sejam) possuem inúmeras interpretações. Ao começar pelo
inicio, onde vemos Vittoria (Monica Vitti) terminando o relacionamento com Riccardo
(Francisco Rabal), que embora relutante em não terminar, demonstra total falta
de saber como se comunicar com a ex-amada, que por alguns momentos, o seu
distanciamento é tanto na relação, que simplesmente a sua realidade se separa
da onde ela está. E isso é muito bem representado numas das mais enigmáticas cenas
do filme, onde Vittoria se aproxima de Riccardo, mas ele simplesmente está imóvel
e olhando para o nada, mesmo ela estando bem na frente dele, mas ele não
demonstra nenhuma reação, para só depois ele voltar a falar com ela, como se
ele tivesse desaparecido por alguns momentos, ou então, como se o tempo tivesse
parado somente para ele. Desde A Aventura, Antonioni explorou essa difícil vida
da falta de comunicação entre as pessoas, principalmente com relação aos seus
casais. E se no filme anterior (A Noite) parecia impossível a comunicação do
casal daquela historia, aqui vemos o fim e sem nenhuma esperança para ambos já
no inicio da trama.
A historia prossegue,
e Vittoria segue o seu rumo, em meio à vida vazia da burguesia, onde tenta se
divertir (em situações meio politicamente incorretas hoje em dia), até conhecer
Piero (Alan Delon), em meio à loucura das bolsas de valores daquele tempo, e
que não devem nada, se for comparado de atualmente. Ambos começam a ficarem
bastante próximos, embora Vittoria relute a principio, temendo talvez que não
de certo, ou temendo por algo maior, que para nos, não fica muito bem explicado.
Dessa nova união, e da possível felicidade que pode acontecer, surge inúmeras interpretações
das cenas a seguir, após a despedida do casal do seu ultimo encontro. A câmera de
Antonioni começa a desfilar nas ruas vazias, somente com algumas pessoas caminhando
e com suas caras fechadas e insatisfeitas. Existe certa tensão (e graças à trilha
sonora) permeando o ar, sendo que algo parece estar errado. E quando parece que
o pior pode acontecer, o filme termina.
Podemos tirar inúmeras interpretações sobre esses
últimos minutos. Sendo que talvez, a nova relação que surgiu com a união de Vittoria
e Piero não era para ter acontecido, e sendo assim, desencadeados sérios
eventos naquele universo, já afetado pelo vazio da melancolia e da falta de
comunicação das pessoas daquele lugar. Michelangelo Antonioni arrisca em lançar
essas cenas sem dar muita explicação, mas o resultado final soa mais do que
positivo, pois tanto esse, como seus filmes anteriores, fazem agente continuar
com a trama em nossas mentes e nos perguntar o que poderia vir a seguir. Com O
Eclipse, isso dura interminavelmente, o que faz dele, o melhor filme de sua tetralogia.
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