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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 21 de maio de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Rivais'

Sinopse: Um campeão de tênis do Grand Slam se vê do outro lado da rede do outrora promissor e agora esgotado Patrick, seu ex-melhor amigo e ex-namorado de sua esposa.  

Luca Guadagnino é um cineasta que veio para ficar, ao aceitar desafios e dos quais vence ao revelar que não está para brincadeira em suas realizações. Era preciso ter talento para realizar "Suspíria - A Dança do Medo" (2018), sendo ela uma refilmagem de um clássico de horror feito por Dario Argento, mas que obteve sua identidade própria ao criar uma trama que vai muito mais além do que foi o filme original. Antes disso, porém, ele havia realizado "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017), filme baseado no famoso Best Sellers, obtendo assim um grande sucesso pelo mundo e adquirindo carta branca para tocar qualquer projeto.

Mas eis que ele surpreende ao realizar um filme que explora o universo do tênis, esporte esse que para alguns é entediante. Porém, verdade seja dita, esse jogo requer força de vontade e concentração mental ao máximo, para que possa entender o seu rival do outro lado da rede e para que assim possa vencê-lo de algum jeito. É então que temos "Rivais" (2024), filme sex, contagiante, em que a relação de um triangulo amoroso começa na quadra e se encerra nela de forma magnifica.  Na trama acompanhamos Tashi (Zendaya), uma tenista de grande talento que se tornou treinadora e que não mede esforços para levar a sua paixão muito a sério. Casada com Art (Mike Faist), ela conseguiu transformar a carreira do marido, mas ele terá que enfrentar o seu ex-melhor amigo Patrick (Josh O'Connor) e que no passado teve uma relação com Tashi. O reencontro do três irá reacender diversos sentimentos e que somente serão resolvidos na quadra como um todo.

É interessante observar como há certos filmes atualmente que buscam revitalizar o cinema, já que hoje não cabe somente as franquias atraírem o grande público, como também o dever de existir filmes que possuam uma boa trama e cuja parte técnica não seja usada somente para encher as telas, mas sim colaborar para o desenvolvimento da trama. Portanto, é até mesmo uma grata surpresa Luca Guadagnino usar o universo do tênis para tentar ajudar na revitalização dessa arte, mas é exatamente isso o que acontece, ao criar uma trama envolvente, em que os personagens centrais brincam e jogam entre si a todo momento e tudo moldado de uma forma que não nos faça desgrudar da tela em nenhum segundo. Se alguém ainda tinha certo preconceito com relação ao tênis é bom repensar om relação a isso, pois o filme irá conquistá-lo e fazê-lo ir em uma quadra mais próxima.

Acima de tudo, o trio central é o coração pulsante da obra, sendo que Zendaya está quase desvencilhando da imagem de uma simples promessa e provando que não será somente lembrada pelos filmes do "Homem Aranha", ou até mesmo pela ótima série "Euphoria". Já Mike Faist e Josh O'Connor criam para si dois personagens predestinados a fazerem o melhor no que fazem nas quadras, mas começando a jogarem um contra o outro a partir do momento em que conhecem Zendaya e assim se nasce um jogo de amor, de interesses e a busca pela redenção de ambas as partes. Há uma rivalidade acentuada a partir do momento em que os personagens se reencontram após vários anos, mas ao mesmo tempo nós sentimos um certo respeito mútuo por ambas as partes, já que não se pode apagar um passado já estabelecido em suas histórias. Luca Guadagnino capricha na captura dos sentimentos dessas figuras centrais através de sua câmera, onde cada olhar é destacado e revelando, portanto, certos segredos. Mas é preciso destacar o roteiro de Justin Kuritzkes, onde se eleva a conexão desses personagens, seja na relação de amor e sexo, como também na quadra e fazendo do jogo quase uma relação sexual durante a partida. Além disso, são momentos que são embalados por uma ótima trilha sonora composta por Trent Reznor e Atticus Ross e sendo eles responsáveis por uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi no filme "A Rede Social" (2010).

Porém, da parte técnica, o que melhor reside é realmente em sua edição, onde o montador Marco Costa constroi um jogo de cena arrasador, principalmente no ato final onde a dupla central joga a sua tão importante partida final enquanto Zendaya e os demais que assistem incrementam ainda mais um jogo de tensão que se eleva a cada minuto que passa. Ouso dizer que esse final se compara "Whiplash: Em Busca da Perfeição" (2014), já que ambos os casos são filmes em que a edição molda a sua reta final para que nós fiquemos ligados a cada frame de cena e cujo ápice faz com que a trama termine em aberto e fazendo com que ela continue em nossas mentes por um longo tempo. Talvez eu esteja me precipitando, já que estou escrevendo esse texto logo após eu ter assistido o longa, mas talvez eu não esteja muito distante da verdade sobre a obra.

"Rivais" é um filme sedutor, envolvente e fazendo de um simples jogo de tênis um dos melhores embates do ano no cinema.  


     

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'X-Men '97'

Sinopse: Um ano após Xavier ser enviado para o espaço para se recuperar de um atentado, os X-Men precisam enfrentar novos desafios sem o seu professor e cujo mundo está se tornando cada vez mais hostil.   

Embora sejam protagonistas dos maiores clássicos das HQ eu sinceramente não sabia ao certo o que era "X-Men", até chegar no início dos anos 90 o desenho animado da Fox e que fez eu rapidamente procurar as HQ e fazendo me tornar um grande fã. Com cinco temporadas, a série era até bastante fiel as principais sagas dos personagens e ao mesmo tempo contendo um conteúdo até mesmo adulto, já que os heróis são mutantes e sofrem preconceito vindo de uma sociedade que eles juraram proteger. Vários anos depois chega à série "X-Men '97" (2024), que não somente dá continuidade a série clássica, como também sobe para um novo patamar e revitalizando o gênero de Super Heróis fora de suas páginas.

A trama acontece um ano após os eventos da última temporada, onde vemos a equipe sozinha e tendo que lidar em manter o sonho do professor Charles Xavier em criar a pacificação entre humanos e mutantes. Porém, a sociedade está cada vez mais violenta, ao ponto de velhos e novos inimigos surgirem em cena. Ao mesmo tempo, algo muito grande está surgindo nas sombras e colocando toda a equipe em risco, assim como todos os mutantes do mundo.

Verdade seja dita, se não fosse pelo sucesso do desenho clássico nem teria havido os filmes dos X-Men para o cinema e fazendo com que a popularidade desses personagens aumentasse ainda mais. Porém, essa nova temporada explora de forma mais digna alguns personagens que praticamente foram esnobados na tela grande, como no caso de Ciclope, que finalmente ganha o meu total respeito, ao se destacar como verdadeiro líder da equipe, mas que não esconde as suas dúvidas e falhas perante os novos desafios que ele terá que lidar ao longo dos episódios. Ao mesmo tempo, surge Magneto como herdeiro de tudo que Xavier havia construído e fazendo com que a equipe e o restante do mundo fiquem em dúvida com essa nova postura do personagem.

Vale destacar que a série possui vários dos melhores arcos dos personagens dos tempos em que suas histórias eram criadas pelo roteirista Chris Claremont, mas tudo sendo adaptados em episódios de pouco mais de meia hora, mas que funciona de forma surpreendente. Curiosamente, algumas histórias acabaram se tornando até melhores na telinha, como no caso do arco sobre Madelyne Pryor, clone de Jean Gray, cuja sua origem era demasiadamente complexa nas HQ, mas sendo adaptado de forma mais coerente assim como também a origem de Cable. Ao mesmo tempo, a série dá espaço para triângulos amorosos, perdas de poderes, discursos acalorados e que falam muito sobre o nosso mundo real como um todo.

Mas sem sombra de dúvida ninguém estava preparado para o episódio cinco, intitulado "Lembre-se Disso", inspirado no arco criado por Grant Morrison, onde ocorre o ataque contra Genosha, matando milhares de mutantes e culminando em momentos surpreendentes. Ouvi alguns dizendo que esse episódio equivale ao "Casamento Vermelho" da série "Game Of Thrones", sendo que a comparação não é nenhum pouco exagerada, já que a trama é violenta, animalesca e que fez diversos fãs caírem em lagrimas. Ouso dizer que é sem sombra de dúvida uma das coisas mais corajosas que eu assisti da Marvel nos últimos anos e que supera qualquer filme que foi produzido após "Vingadores - Ultimato" (2019).

Curiosamente, alguns personagens tiveram menor destaque nos episódios, como no caso de Wolverine, sendo ele o grande protagonista dos filmes, mas aqui ganhando status mais de coadjuvante, mas mantendo o seu lado lobo solitário intacto e do jeito que os fãs gostam. Em contrapartida, Noturno finalmente ganha o seu estrelismo e sendo responsável por incríveis frases de efeito e que só não superam quando comparamos com os discursos de Magneto e que nos fazem pensar a cada momento. Aguarde também por participações especiais de outros heróis da Marvel e que com certeza fará muitos fãs se deleitarem por cada cena em que eles surgem.

Os três episódios finais, intitulado "Tolerância é Extinção" com certeza é outro ponto alto da produção, onde ação se entrelaça por momentos cada vez mais dramáticos e culminando com um encerramento que dá um enorme gancho para já confirmada 2ª temporada. O lado ruim de tudo isso é que o roteirista e produtor executivo Beau DeMayo não está mais envolvido na produção, fazendo com que os fãs temem pela qualidade dos próximos episódios, pois se não fosse por ele a série não chegaria a esse patamar de qualidade como ela chegou. Resta saber se a Marvel/Disney irá manter o seu legado ou criar algo com o intuito de apenas lucrar em cima desse sucesso.

Polêmicas à parte, "X-Men '97" é uma das melhores animações dos últimos tempos, cujas tramas de cada episódio nos envolve emocionalmente e fazendo a gente temer cada vez mais a ignorância e o preconceito vindo da própria humanidade.      

Onde Assistir: Disney+ 

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sexta-feira, 17 de maio de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Piranha'

"Tubarão" (1975) foi um marco do cinema em todos os sentidos, sendo um longa que não somente consagrou de forma definitiva a carreira de do diretor Steven Spielberg, como também mudou o mercado cinematográfico para sempre. Até aquele momento filmes sobre animais incomuns que atacam as pessoas se limitavam a somente aos filmes B e cujo orçamento, por vezes, eram minúsculos. Ao mesmo tempo em que o cinema de horror e ficção estava sendo visto com novos olhos, ao mesmo tempo, produtores como Roger Corman viam isso com certo temor, já que os grandes estúdios começariam a investir pesado neste gênero e fazendo com que as pequenas produtoras ficassem de lado.

Conhecido em saber investir barato e obter retorno astronômico, Corman não perdeu tempo em investir em uma ideia similar que se equiparasse ao que ocorreu com "Tubarão", mas realizado do seu modo, com pouco dinheiro e filmagens que não levavam muito tempo para serem concluídas. O resultado é "Piranha" (1978), que rapidamente se tornaria um filme cultuado e até mesmo bastante imitado. Não demorou muito para próprio Universal querer processar Corman de plágio, mas o próprio Spielberg abortou a ideia, pois até hoje ele considera o filme a melhor coisa que veio depois de "Tubarão".

A trama é simples, onde acompanhamos Maggie (Heather Menzies) partindo para um acampamento de verão onde desapareceram um casal a mais de uma semana. Lá ele encontra um morador local chamado Paul (Bradford Dillman) que vive próximo a esse acampamento e cuja sua filha Suzie está por lá. Ambos investigam um complexo militar onde há um laboratório onde encontram experimentos bizarros com peixes.

Maggie decide escoar a água da piscina do local para ver se não encontra o casal desaparecido, mas são abordados pelo cientista Robert Hoak (Kevin McCarthy), cujo mesmo avisa que eles acabaram de liberar piranhas carnívoras geneticamente modificadas e que podem sobreviver na água doce. Tem início uma corrida contra o tempo, já que as piranhas podem estar se dirigindo para o acampamento em que Suzie e as demais crianças se encontram. Porém, durante a jornada cada segundo se torna um terrível pesadelo.

Inicialmente é preciso assistir ao clássico "Piranha" com a mente aberta, já que a produção mesma foi criada para não se levar a sério e fazendo com se obtenha identidade própria. Conhecido por produções como o clássico como "Meus Vizinhos São Um Terror" (1988), Joe Dante nos passa a sensação que se divertiu filmando o filme em menos de um mês, mesmo com a supervisão direta de Corman ao longo do trabalho. Ele nem sequer se preocupa com as comparações que iriam fazer com o clássico "Tubarão", sendo que há uma pequena referência ao filme de Steven Spielberg na abertura, onde a protagonista joga um vídeo game referente ao longa.

Em tempos em que efeitos digitais ainda eram um sonho distante tudo o que se vê na tela são efeitos práticos feitos a mão, com o direito de termos em cena piranhas de borracha e sendo controladas por varetas com mergulhadores embaixo d'água. Claro tudo realizado com uma edição dinâmica para que não possamos ver os defeitos especiais, sendo que eles se tornam ainda menos visíveis quando o sangue jorra na tela na medida em que as criaturas vão atacando os banhistas. Vale destacar o barulho em que elas fazem quando atacam, sendo algo reconhecível até mesmo nos dias de hoje e que ainda impressiona.

Também não se pode exigir muito do elenco principal na questão de interpretação, sendo que eles estão ali somente como mocinhos para salvarem o dia, sendo que o único com a veia dramática é Kevin McCarthy que faz do cientista alguém que carrega um grande peso ao criar os peixes assassinos. Curiosamente, há um pitaco contra o governo dos EUA, já que eles criaram os tais peixes com a intenção de usá-los durante a Guerra do Vietnã e cuja ideia absurda seria posteriormente usada em outros filmes do mesmo estilo.

Vale destacar que os anos setenta eram tempos mais corajosos com termos de filmes de terror e, portanto, não se surpreenda ao ver um bando de crianças indefesas sendo devoradas pelas piranhas no rio do clube. A cena, aliás, chega a ser tão chocante quanto a cena em que o menino é devorado no filme de "Tubarão", mas tudo de uma forma ainda mais exagerada, com o direito de uma piranha pular na cara de um dos atores. Claro que há um final feliz, porém, ele termina em aberto, com uma possível continuação e com olhar peculiar da atriz Barbara Steele que interpreta uma cientista sem escrúpulos.

Curiosamente, Roger Corman e os demais realizadores tiveram até mesmo tempo de prestar uma homenagem ao clássico "A 20 Milhões de Léguas da Terra" (1957), onde na cena em que o casal protagonista entra no laboratório há uma criatura geneticamente modificada e que lembra bastante do monstro criado por Ray Harryhausen. A cena foi feita em stop motion, mas sendo a única da produção o que não deixa de ser curiosa para dizer o mínimo.

Com tantas continuações, derivados e imitações que "Tubarão" obteve ao longo de todos esses anos, é até mesmo impressionante como esse pequeno filme tenha sobrevivido ao longo do tempo. Porém, ela não escapou de uma continuação famigerada de 1981, intitulada "Piranhas 2 - Assassinas Voadoras" (1982) e que foi dirigida por ninguém menos que James Cameron. Porém, esse é um outro assunto que eu falarei logo mais abaixo.

"Piranhas" é o melhor filme das inúmeras imitações que o clássico "Tubarão" obteve ao longo de todo esse tempo e por isso mesmo merece ser redescoberto por essa nova geração de cinéfilos. 


'Piranhas II - Assassinas Voadora 

É bem difícil defender essa continuação, pois ela é tão ruim que acaba sendo divertido testemunhar tamanha tosquise. O que surpreende mais vendo esse filme nos dias de hoje é que ele foi dirigido por ninguém menos que James Cameron no início de carreira.  Durante muito tempo o realizador renegou esse longa, pois ele havia sido demitido antes do término das filmagens e sendo substituído pelo próprio produtor que concluiu o projeto.

O engraçado que quando assistia esse filme na tv, seja na Globo ou no SBT, as emissoras anunciavam de uma forma tão séria que parecia algo realmente assustador. Para uma criança de cinco anos algumas cenas ficaram marcadas na memória, como as duas garotas sendo atacadas em um barco, ou dos banhistas sendo devorados pelos peixes que saiam do mar voando. Revendo hoje percebo o quanto eu era covarde, pois não acredito que uma criança de hoje em dia se assustaria com tais cenas.

Se havia criatividade no primeiro filme na elaboração das cenas aqui nada é bem cuidado, sendo que podemos até ver os fios que balançam os peixes de borracha no ar e cuja bizarrice acontece quando um ataca uma enfermeira no necrotério e foge pela janela. Se isso já não é tosquise o que dizer de um casal na abertura do filme, que tentam fazer sexo embaixo d'água e acabam sendo servidos como comida pelas piranhas.

Vale destacar que o filme possui algumas caras conhecidas que trabalhariam posteriormente para Cameron, como no caso de Lance Henriksen que trabalharia com o cineasta em quase todos os seus filmes e se tornaria bastante lembrado como o androide visto em "Aliens - O Resgate" (1987). Já Tricia Oneil sempre foi uma intérprete que trabalhava mais para a tv, mas ganharia uma participação vários anos depois em "Titanic" (1997) e provando que o cineasta não se esquece daqueles que ele havia trabalhado no passado, mesmo considerando por muito tempo como esse projeto de maldito. Em tempos atuais, onde o diretor tem o seu lugar dentro da história do cinema, ele com certeza aceita de maneira mais fácil esse projeto problemático, pois querendo ou não na vida sempre começamos por baixo para então assim darmos voos mais altos.

"Piranhas II - Assassinas Voadoras" é apontado como um dos piores filmes de todos os tempos e exemplos dentro da obra é o que não faltam. 

Onde Assistir: Em DVD pela Classicline 

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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Dublê'

Sinopse: O dublê Colt Seavers volta à ação quando uma estrela de cinema desaparece de repente. À medida que o mistério se aprofunda, Colt se envolve em uma trama sinistra que o leva à beira de uma queda mais perigosa do que qualquer uma de suas acrobacias. 

Os anos oitenta foram maravilhosos em termos de séries de tv, principalmente pelo fato que as melhores eu assistia nos bons tempos de "Sessão Aventura" da Rede Globo. Uma dessas séries se chamava "Duro na Queda", uma divertida história de um dublê que nas horas vagas trabalhava como caçador de recompensas e que durou cinco temporadas. "O Dublê" (2024) é uma refilmagem dessa clássica série, mas obtendo identidade própria ao prestar homenagem a essa perigosa profissão e ao mesmo tempo tirando sarro da própria Hollywood.

Dirigido por David Leitch, responsável pelo primeiro filme de "John Wick" (2014), a trama conta a história de Colt Seavers (Ryan Gosling), um dublê de Hollywood que precisou abandonar a vida de acrobacias perigosas após sofrer um acidente que quase acabou com a vida. Um ano depois ele retorna a convite da diretora e ex-namorada Jody Moreno (Emily Blunt), mas durante as filmagens o astro principal Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) desaparece e fazendo com que Colt o procure. Não demora muito para que o protagonista se meta em diversas encrencas enquanto procura o ator, mas ao mesmo tempo tentando reatar sua relação Jody.

Em tempos atuais em que o cinema de ação, aventura e adaptações de HQ andam com a fórmula de sucesso cansada é bom ver que Hollywood para pôr um minuto e ri de sua própria desgraça. Verdade seja dita, a cidade dos sonhos é moldada por grandes astros que se dizem o melhor no que fazem nestes tipos de filmes, mas são os dublês que realmente se arriscam para participar das mais perigosas cenas de ação, mesmo quando elas hoje são minimizadas pelo CGI e os dispensando até mesmo por bonecos digitais. Em uma determinação cena, por exemplo, o astro canastrão da trama está em alta velocidade dentro de um carro, mas ele está parado enquanto lá fora nada mais é do que um fundo azul que será incrementado por efeitos visuais durante a pós-produção.

Em meio essa homenagem e crítica acida então temos Colt, personagem boa pinta, convencido no que sabe fazer, mas tendo que superar as dificuldades após um misterioso acidente. Esse lado dramático fica bem de lado, já que o grande charme da trama está na relação dele com Jody e criando assim uma singela comédia romântica inserida dentro de um filme de ação, sendo que ambos os gêneros se encontram desgastados, mas fazendo dessa mistura algo curioso para ser observado de perto.  Ryan Gosling e Emily Blunt estão ótimos juntos em cena, cuja química faz com que eles nos brindem com os momentos mais engraçados e românticos do longa e só pela cena de Karaokê já vale a sessão.

Falando dessa cena, ela é interlaçada com a melhor cena de ação do filme, da qual é para lá de absurda, porém, proposital já que estamos falando de um filme que tira sarro do próprio gênero. Curiosamente, o filme que eles estão filmando dentro da trama parece um cruzamento de "Duna" com a trilogia "Guardiões das Galáxias", com direito a trilha sonora dramática, câmera lenta e muito CGI falsamente ineficaz. Pelo visto, Hollywood está querendo nos dizer que realmente fazem filmes cujo gêneros se encontram desgastados, mas sendo o único jeito para se manterem vivos.

Com uma divertida participação de Jason Momoa na reta final da trama, "O Dublê" faz piada do próprio´ cinema de ação norte americano, que se encontra atualmente tentando se reinventar e que sempre procura uma nova forma de voltar a lucrar.

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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (16/05/24)

 BACK TO BLACK

Sinopse: Filme biográfico sobre a cantora Amy Winehouse, pelas mãos da diretora Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza). O filme narra a carreira sombria da artista conhecida por sucessos como Rehab e Black to Black, que morreu aos 27 anos de idade por intoxicação alcoólica em 2011. 


A ESTRELA CADENTE

Sinopse: Boris, ex-ativista, vive no subsolo como barman no A Estrela Cadente. Seu passado culpado ressurge quando uma vítima o encontra e quer vingança.


AMIGOS IMAGINÁRIOS

Sinopse:A trama de AMIGOS IMAGINÁRIOS acompanha Bea (Cailey Fleming), uma garota que passa a ver os amigos imaginários de todas as pessoas após viver um evento traumático. 



BELO DESASTRE – O CASAMENTO

Sinopse: Em BELO DESASTRE - O CASAMENTO, Travis Maddox (Dylan Sprouse) e Abby Abernathy (Virginia Gardner) acordam depois de uma noite louca em Las Vegas confusos, de ressaca e...casados! 



O TARÔ DA MORTE

Sinopse: O Tarô da Morte vai mergulhar no mundo misterioso e perigoso das leituras de tarô, onde um grupo de amigos da faculdade comete o erro fatal de violar uma regra fundamental: nunca usar o baralho de tarô de outra pessoa. 

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quarta-feira, 15 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Fallout'

Sinopse: Em uma realidade alternativa uma Guerra Nuclear acontece em tempos de Guerra Fria e fazendo com que os seres humanos se dividissem para sobreviverem.   

Pelo visto os tempos de péssimas adaptações de vídeo game para outras mídias está no passado e ganhando novos patamares ao obter elogios da crítica mais exigente. Curiosamente, você não precisa necessariamente conhecer o jogo para entender as tramas, pois basta um bom roteiro para que então você se envolva. É no caso de "Fallout" (2024), série baseada em um vídeo game que surgiu do nada, mas logo foi nos conquistando pela sua absurda trama.

A série é baseada no videogame de RPG Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game lançado no ano de 19997 pela Interplay Productions. A trama se passa em uma realidade alternativa durante a Guerra Fria, onde houve realmente uma Guerra Nuclear e fazendo com que a humanidade quase entrasse em extinção. Após isso, a trama dá um salto de 200 anos, onde vemos os mais ricos se refugiando em luxuosos abrigos enquanto as demais pessoas da superficie sofrem com a guerra, fome, pragas e mutações. Neste cenário temos os três protagonistas, Lucy (Ella Purnell), uma das moradoras do abrigo; Maximus (Aaron Moten), um jovem soldado da facção paramilitar Irmandade de Aço; e The Ghoul (Walton Goggins), um caçador de recompensas e que viu de perto o início desse cenário caótico.

O grande charme da série é possuir um tom de humor sombrio, do qual nós rimos das situações absurdas e até mesmo hediondas que acontecem ao longo dos episódios. O passado e o presente vêm e voltam a todo momento, nos passando uma ideia de que as respostas sobre o que aconteceu e o que irá acontecer estão bem guardadas através de determinados personagens que se tornam cruciais dentro da trama mesmo de forma indireta. Nós nunca sabemos ao certo as suas reais intenções, já que o roteiro colabora para que alguns deles possua uma personalidade dúbia e fazendo que se tornem ainda mais interessantes na medida em que a trama avança.

Lucy, por exemplo, é a ingenuidade perante uma realidade opressora, da qual fará com que ela mude gradativamente, mas jamais perdendo a sua inocência da maneira de agir e de como foi criada. Já Maximus é um personagem curioso, já que de inocente não tem nada ao tentar obter novo status de soldado e fazendo com que sempre ficamos na dúvida sobre suas reais intenções. Porém, Ghoul é disparado o melhor personagem em cena, ao ter um laço forte com relação aos eventos que desencadearam todo esse cenário apocalíptico e cuja sua imagem não deve nada aos típicos cavaleiros solitários do antigo velho oeste.

Não espere por respostas fáceis o tempo todo, já que a trama pode causar um certo embaralhamento para aqueles que não prestarem bastante atenção em momentos cruciais que sintetizam a ideia principal da série como um todo. Porém, uma vez que as respostas surgem na reta final da trama, eis que surgem aquelas típicas pontas soltas para serem exploradas em uma eventual segunda temporada. Pela sua qualidade que foi apresentada até agora, espero que os próximos episódios cheguem em breve.

"Fallout" é uma das melhores surpresas desse ano no terreno de séries e provando que "The Last of Us" não foi e não será um fenômeno isolado.  

Onde Assistir: Prime Vídeo. 

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terça-feira, 14 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Bebê Rena'

Sinopse: Comediante fracassado que trabalha em um bar começa a ser assediado de forma compulsiva por uma misteriosa mulher.   

Quando se ouve aquela famosa frase "baseado em fatos reais", seja em filmes ou séries, não significa que a trama seja necessariamente verdadeira. É preciso destacar o fato que ambas as mídias precisam nos apresentar uma boa história e que as vezes elas precisam serem remodeladas para agradar as grandes plateias. Por mais que os realizadores se esforcem dificilmente algum ponto da trama não irá bater com eventos verdadeiros que serviram de inspiração para o projeto.

Com o papel da internet, dizer que algo é realmente verdadeiro se torna ainda mais difícil, mesmo para os grandes estúdios. Porém, mesmo que nasça essa dúvida, é preciso reconhecer que uma obra sendo bem-feita, sendo ela fiel ou não aos fatos, é mais do que compensatório para os nossos olhos e mentes que buscam por algo que faça a diferença. "Bebê Rena" (2024) é um desses casos em que o projeto foi vendido do começo ao fim como fato verídico, mas que acabou sendo tão perfeito que ignoramos a sua real legitimidade.

Baseado em uma peça estrelada e dirigida por Richard Gadd, acompanhamos a história do comediante, performer e escritor Donny Dunn, sendo interpretado pelo próprio Richar  Gadd, que certo dia enquanto estava trabalhando em um bar ele acabou atendendo a Martha (Jessica Gunning), uma mulher extremamente carente e que começa a querer se relacionar com Dunn forçadamente. Essa perseguição transforma a vida do protagonista em um inferno e o levando para momentos inusitados.

Richard Gadd se encontra em um momento curioso de sua carreira, sendo que essa série fará com que abra novas portas para ele, ou será alguém sempre será lembrado pelo potencial do seu primeiro grande sucesso. Difícil dizer o que irá acontecer em seguida, mas o que eu posso dizer é que o realizador me surpreendeu pelo seu modo de filmar, cuja edição frenética das cenas nos faz não tirar os olhos da tela e sendo tudo embalado por uma trilha sonora contagiante e que fará com que a gente identifique rapidamente com algum grande sucesso. Ao mesmo tempo, a série possui um humor sedutor, politicamente incorreto e do qual está fazendo falta em tempos atuais em que muitos realizadores temem fazer comédias mais acidas em tempos de cancelamento.

Ao mesmo tempo, é um humor que transita para passagens mais dramáticas e das quais nos envolve emocionalmente e fazendo com que a gente entenda as raízes dos problemas emocionais dos dois protagonistas. Embora Martha seja uma pessoa com sérios problemas emocionais Dunn não fica muito atrás, já que ele próprio chega em um ponto da trama que não sabe ao certo se deseja se livrar de sua perseguidora ou continuar com esse joguinho doentio para ver até onde isso chega. Isso acaba revelando uma outra faceta do personagem, sendo que em determinado episódio conhecemos o seu passado trágico em que foi abusado fisicamente e emocionalmente ao buscar a fama e fazendo dele alguém mais complexo do que a gente imaginava.

Já Martha é uma entidade imprevisível, articuladora e que não medirá esforços para obter o seu Bebê Rena. Jessica Gunning com certeza será uma candidata favorita para as premiações futuras como o Emmy, já que a sua personagem é uma transição do que foi visto em clássicos como "Louca Obsessão" (1990) e "Atração Fatal" (1987), porém, obtendo luz própria e se revelando como uma das personagens mais trágicas das séries recentes que eu já vi. Atenção para a cena em que ela explode e agride a terapeuta Teri (Nava Mau) dentro de um bar e fazendo com que a tensão somente aumente a cada segundo que passa.

Falando na Teri, ela seria uma espécie de voz da razão para que Dunn procure se resolver, não somente com relação essa perseguição que está sofrendo, como também se achar na vida e sobre o que realmente quer. A série acaba se tornando mais complexa na medida em que ela avança, ao falar sobre qual é o nosso papel neste mundo sempre disputado sobre quem chegará no topo primeiro, quando na verdade bastaria as pessoas serem felizes sendo elas mesmas. Portanto, a cena em que o protagonista se abre diante de um grande público, não é somente a melhor cena da série, como também exemplifica a mensagem final de sermos nós mesmos em meio uma realidade, por vezes, opressora e que precisa ser combatida.

"Bebê Rena" lhe faz rir e refletir de uma realidade trágica que, por mais absurda que seja, pode sim ser verídica e cuja situação semelhante pode estar mais próxima de você do que imagina.

Onde Assistir: Netflix 

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