Sinopse: Um campeão de tênis do Grand Slam se vê do outro lado da rede do outrora promissor e agora esgotado Patrick, seu ex-melhor amigo e ex-namorado de sua esposa.
Luca Guadagnino é um cineasta que veio para ficar, ao aceitar desafios e dos quais vence ao revelar que não está para brincadeira em suas realizações. Era preciso ter talento para realizar "Suspíria - A Dança do Medo" (2018), sendo ela uma refilmagem de um clássico de horror feito por Dario Argento, mas que obteve sua identidade própria ao criar uma trama que vai muito mais além do que foi o filme original. Antes disso, porém, ele havia realizado "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017), filme baseado no famoso Best Sellers, obtendo assim um grande sucesso pelo mundo e adquirindo carta branca para tocar qualquer projeto.
Mas eis que ele surpreende ao realizar um filme que explora o universo do tênis, esporte esse que para alguns é entediante. Porém, verdade seja dita, esse jogo requer força de vontade e concentração mental ao máximo, para que possa entender o seu rival do outro lado da rede e para que assim possa vencê-lo de algum jeito. É então que temos "Rivais" (2024), filme sex, contagiante, em que a relação de um triangulo amoroso começa na quadra e se encerra nela de forma magnifica. Na trama acompanhamos Tashi (Zendaya), uma tenista de grande talento que se tornou treinadora e que não mede esforços para levar a sua paixão muito a sério. Casada com Art (Mike Faist), ela conseguiu transformar a carreira do marido, mas ele terá que enfrentar o seu ex-melhor amigo Patrick (Josh O'Connor) e que no passado teve uma relação com Tashi. O reencontro do três irá reacender diversos sentimentos e que somente serão resolvidos na quadra como um todo.
É interessante observar como há certos filmes atualmente que buscam revitalizar o cinema, já que hoje não cabe somente as franquias atraírem o grande público, como também o dever de existir filmes que possuam uma boa trama e cuja parte técnica não seja usada somente para encher as telas, mas sim colaborar para o desenvolvimento da trama. Portanto, é até mesmo uma grata surpresa Luca Guadagnino usar o universo do tênis para tentar ajudar na revitalização dessa arte, mas é exatamente isso o que acontece, ao criar uma trama envolvente, em que os personagens centrais brincam e jogam entre si a todo momento e tudo moldado de uma forma que não nos faça desgrudar da tela em nenhum segundo. Se alguém ainda tinha certo preconceito com relação ao tênis é bom repensar om relação a isso, pois o filme irá conquistá-lo e fazê-lo ir em uma quadra mais próxima.
Acima de tudo, o trio central é o coração pulsante da obra, sendo que Zendaya está quase desvencilhando da imagem de uma simples promessa e provando que não será somente lembrada pelos filmes do "Homem Aranha", ou até mesmo pela ótima série "Euphoria". Já Mike Faist e Josh O'Connor criam para si dois personagens predestinados a fazerem o melhor no que fazem nas quadras, mas começando a jogarem um contra o outro a partir do momento em que conhecem Zendaya e assim se nasce um jogo de amor, de interesses e a busca pela redenção de ambas as partes. Há uma rivalidade acentuada a partir do momento em que os personagens se reencontram após vários anos, mas ao mesmo tempo nós sentimos um certo respeito mútuo por ambas as partes, já que não se pode apagar um passado já estabelecido em suas histórias. Luca Guadagnino capricha na captura dos sentimentos dessas figuras centrais através de sua câmera, onde cada olhar é destacado e revelando, portanto, certos segredos. Mas é preciso destacar o roteiro de Justin Kuritzkes, onde se eleva a conexão desses personagens, seja na relação de amor e sexo, como também na quadra e fazendo do jogo quase uma relação sexual durante a partida. Além disso, são momentos que são embalados por uma ótima trilha sonora composta por Trent Reznor e Atticus Ross e sendo eles responsáveis por uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi no filme "A Rede Social" (2010).
Porém, da parte técnica, o que melhor reside é realmente em sua edição, onde o montador Marco Costa constroi um jogo de cena arrasador, principalmente no ato final onde a dupla central joga a sua tão importante partida final enquanto Zendaya e os demais que assistem incrementam ainda mais um jogo de tensão que se eleva a cada minuto que passa. Ouso dizer que esse final se compara "Whiplash: Em Busca da Perfeição" (2014), já que ambos os casos são filmes em que a edição molda a sua reta final para que nós fiquemos ligados a cada frame de cena e cujo ápice faz com que a trama termine em aberto e fazendo com que ela continue em nossas mentes por um longo tempo. Talvez eu esteja me precipitando, já que estou escrevendo esse texto logo após eu ter assistido o longa, mas talvez eu não esteja muito distante da verdade sobre a obra.
"Rivais" é um filme sedutor, envolvente e fazendo de um simples jogo de tênis um dos melhores embates do ano no cinema.
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