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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'LIVRE'

 

Se fôssemos resumir em uma palavra sobre esse filme dirigido pelo diretor Jean Marc Vallée (de Clube de Compras em Dallas) a palavra seria superação. Porém, o filme esta mais para a tentativa da protagonista (Reese Witherspoon) em tentar superar um trauma e matar os seus demônios interiores que o infernizam já algum tempo. O contato do ser humano perante a natureza sempre foi muito bem explorado no cinema e o filme nada mais é que uma encruzilhada de uma pessoa em busca sobre si própria.

Witherspoon pelo visto está tentando dar uma nova repaginada na sua carreira. Após ter atuado em filmes dispensáveis como Guerra é Guerra e Água para Elefantes, ela enlaçou filmes um tanto que melhores como Amor Bandido, Sem Evidencias e Vicio Inerente. Em livre ela dá mais um novo passo para se livrar do estigma de “namoradinha da América” (que ganhou a partir de Legalmente Loira) e mesmo já tendo ganhando um Oscar por Johnny & June, vemos pela primeira vez uma Reese Witherspoon que desaparece e dando lugar a sua personagem Cheryl Strayed.

Strayed foi a mulher que em 1995 percorreu a trilha de 4.200 Km, que inclui toda a costa oeste dos Estados Unidos, da fronteira com o México até o Canadá, conhecida como "Pacific Crest Trail" Com sem nenhuma experiência de viagem a pé, Straved busca uma espécie de autoconhecimento através da natureza, enfrentando então adversidades, mas que gradualmente vai aprendendo saber como contorná-los. Em meio a isso, ela tenta expurgar um passado nebuloso de dor, envolvido de perdas, drogas e sexo sem controle.

Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui. 


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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Cine Especial: 'Um Barco e Nove Destinos' - 80 Anos Depois

Alfred Hitchcock fazia os seus filmes de acordo com os seus pensamentos, medos e desejos. Nos anos quarenta, por exemplo, ele sofria de um certo temor devido a explosão da Segunda Guerra Mundial e principalmente pelo fato de sua Inglaterra começar a ser ameaçada pela Alemanha Nazista. Através desse temor ele criou "Um Barco e Nove Destinos" (1944), mas não sendo um filme que possui dois lados distintos com relação ao bem e o mal, mas sim sobre pessoas comuns que se veem obrigadas a sobreviver a todo custo, nem que para isso desperte o seu pior lado.

A história se passa durante o calor desse conflito no Atlântico, onde um navio e um barco alemão se envolvem em um combate e ambos acabam naufragam, porém, existem alguns sobreviventes que vão para um dos botes. Contudo, eles têm diferentes origens e propósitos, mas surge o pomo da discórdia quando um dos sobreviventes se revela um nazista. A partir daí se nasce diversos dilemas ao longo dessa jornada com um destino indefinido.

Pela premissa acima dá a entender que o filme foi rodado no alto mar. Porém, estamos falando dos anos quarenta, sendo que seria praticamente impossível fazer algo de tamanha magnitude. Além disso, Hitchcock era um defensor ferrenho com relação de sempre rodar em estúdio, pois as cenas externas ele sempre detestou filmar devido ao barulho do ambiente natural.

Por conta disso, o realizador criou um imenso tanque de água onde ele colocou o barco onde aconteceria os principais eventos da trama. Além disso, o barco era dividido em dois, pois somente assim o diretor poderia colocar a sua câmera no meio para que pudesse rodar os diálogos dos personagens. Antes disso, porém, Hitchcock já tinha todo o seu filme idealizado na forma de Storyboard, sendo que as cenas que o próprio havia desenhado em papel ele, como sempre, conseguiu filmá-las com total facilidade.

Revendo o filme hoje em dia notasse que ele possui uma linguagem quase teatral, já que a trama poderia ter sido facilmente encenada em um palco, pois toda ela se passa em um barco com nove personagens. Cada um ali possui uma história para se contar, desde um capitão de coração partido, como uma jornalista implacável e um nazista como prisioneiro de guerra. Esse último, aliás, se tornou peça importante para que os críticos da época ficassem torcendo o nariz para o filme, já que alguns insinuaram que Hitchcock queria mostrar o lado positivo dos nazistas.

É um pensamento bastante limitado, já que na trama assistimos pessoas comuns em uma situação incomum e que se veem obrigadas a trabalharem juntas para sobreviver antes que os recursos comecem a desaparecer. Curiosamente, a figura do nazista não é uma coisa estereotipada que muitos estavam esperando, mas sim uma personalidade que nos transmite certa ambiguidade e fazendo a gente questionar as suas verdadeiras intenções até o final da trama. A meu ver, todos ali são colocados em situação limite e fazendo os mesmos se colocarem a frente perante as suas ações que no passado jamais imaginariam tomar.

Destaque para atriz Tallulah Bankhead, que aqui faz a repórter sem papas na língua e se tornando uma personagem que se diferencia dos demais em cena. Com uma personalidade forte, a sua Constance Porter é o sarcasmo em pessoa, mas cuja essa forma de se apresentar parece que ela usa para se manter forte perante a situação em que ela se encontra. Tallulah Bankhead nunca foi muito diferente da sua personagem, já que sempre teve na vida real um temperamento fortíssimo, sempre provocando polêmicas nos bastidores e se tornado, portanto, a escolha perfeita para o filme.

Com críticas positivas nos primeiros dias de exibição, o longa foi perdendo folego após o surgimento de críticas infundadas que foram citadas acima e a obra logo foi colocada no esquecimento. Porém, o tempo fez com que os fãs e demais cinéfilos redescobrissem o filme e revisto hoje se percebe como ele se encontra mais atual do que nunca, principalmente quando o assunto é com relação as guerras que gera somente medo e ódio contra as nações, sendo que no final das contas estamos todos no mesmo barco. O temor do cineasta, portanto, fez com que o mesmo fizesse um filme sobrevivente ao teste do tempo.

"Um Barco e Nove Destinos" é uma pequena, porém, preciosa perola atemporal de Alfred Hitchcock e que merece ser mais bem reconhecida pelos cinéfilos de plantão. 

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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (08/02/24)

 A COR PÚRPURA

Sinopse: A história é contada a partir das cartas escirtas por uma jovem à Deus. Celie (Fantasia Barrino) é uma mulher afro-americana que vive no sul dos Estados Unidos no começo do século XX. Ela tenta superar os traumas deixados pelo abusos do pai e do marido ao longo dos anos e, para isso, contará com o apoio e a força de um grupo de mulheres que constrói uma irmandade.



A BRUXA DOS MORTOS – BAGHEAD

Sinopse: Após o falecimento de seu pai, Iris (Freya Allan) herda um antigo bar e se depara com um segredo obscuro: o local abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos. 



A VIAGEM DE ERNESTO E CELESTINE

Sinopse: Ernesto e Celestine estão viajando de volta ao país de Ernesto para consertar seu violino quebrado. Esta terra exótica é o lar dos melhores músicos do planeta e a música enche constantemente o ar de alegria. Porém, ao chegarem, os dois heróis descobrem que todas as formas de música foram proibidas há muitos anos.

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Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 8 A 14 DE FEVEREIRO DE 2024

 SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

NÃO HAVERÁ SESSÕES NA TERÇA, DIA 13, DEVIDO AO FERIADO DE CARNAVAL.

MONEYBOYS 


SALA PAULO AMORIM


15h – VIDAS PASSADAS Assista o trailer aqui.

(Past Lives - Estados Unidos/Coreia do Sul, 2023, 105min). Direção de Celine Song, com Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro. California Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Nora e Hae Sung eram amigos muito próximos na infância, até que a família dela decidiu emigrar para o Canadá. Doze anos depois, eles se reencontram virtualmente e percebem que ainda têm muitas coisas em comum. Depois de mais alguns anos, finalmente, eles ficam frente à frente e têm a chance de confrontar noções de destino, amor e as escolhas que fizeram na vida.


17h – MONSTER Assista o trailer aqui.

(Kaibutsu - Japão, 2023, 125min). Direção de Hirokazu Kore-eda, com Ando Sakura, Soya Kurokawa, Eita Nagayama. Imovision, 12 anos. Drama.

Sinopse: Uma mãe percebe que seu filho está se comportando de maneira estranha e tenta descobrir os motivos. Pelo relato do menino, tudo indica que um dos seus professores é o responsável. A mãe vai à escola e exige uma explicação – enquanto isso, a verdade começa a surgir junto com as versões de todos os envolvidos. O filme foi o vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes em 2023.


19h15 – MONEYBOYS – ESTREIA – (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DOMINGO, DIA 11) Assista o trailer aqui.

(Taiwan/França/Áustria, 2021, 120min). Direção de C.B. Yi, com Kai Ko, Chloe Maayan, Yufan Bai. Pandora Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Fei é um rapaz que nasceu na China rural e hoje sustenta sua família como garoto de programa. Mas as relações são difíceis, já que os familiares aceitam o dinheiro, mas não o modo de vida do rapaz. Fei encontra apoio para superar suas dificuldades em Long, um apaixonado amigo de infância. C.B. Yi foi aluno de Michael Haneke na Áustria e “Moneyboys” é seu primeiro longa, apresentado em première na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes.


SALA EDUARDO HIRTZ


14h15 – FOLHAS DE OUTONO Assista o trailer aqui.

(Kuolleet lehdet – Finlândia/Alemanha, 2023, 80min). Direção de Aki Kaurismäki, com Alma Pöysti e Jussi Vatanen. O2 Play/Mubi, 14 anos. Drama.

Sinopse: Ansa trabalha como etiquetadora de supermercado e Holappa é operário da construção civil. Na periferia de Helsinque, em um tempo não muito bem definido, estes dois personagens solitários vão viver encontros e desencontros marcados pela melancolia e pela crença no amor. Neste filme, o diretor finlandês reforça seu estilo que combina questões sociais com um humor e estética bem particulares. O filme foi vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes e recebeu várias outras premiações e destaques em 2023.


15h45 – PARE COM SUAS MENTIRAS Assista o trailer aqui.

(Arrête avec tes Mensonges - França, 2022, 98min). Direção de Olivier Peyon, com Guillaume de Tonquédec, Victor Belmondo, Guilaine Londeza. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Stéphane Belcourt é um escritor reconhecido que volta à sua cidade natal depois de 35 anos, agora como embaixador de uma famosa marca de conhaque. Entre muitos reencontros, vêm as inevitáveis memórias de seu primeiro amor, incluindo um filho que pouco sabe sobre o pai. O filme é baseado no romance autobiográfico de Philippe Besson, lançado em 2017 e que foi um bestseller na França.


17h40 – MEU AMIGO ROBÔ Assista o trailer aqui.

(Robot Dreams - Espanha/França, 2019, 102min). Animação de Pablo Verger. Imovision, 10 anos.

Sinopse: Dog vive sozinho em Manhattan e resolve comprar um robô para lhe fazer companhia. Os dois se tornam grandes amigos e aproveitam o verão em vários passeios pela cidade, ao som do clássico pop “September”, da banda Earth, Wind & Fire. Mas, na última noite do verão, Dog é obrigado a deixar o Robô em uma praia, de onde ele só poderá sair no próximo ano – se a amizade dos dois resistir. O longa é uma adaptação da HQ americana "Robot Dreams", de Sara Varon, e é um dos cinco títulos indicados ao Oscar de melhor animação.


19h30 – VIDAS PASSADAS - (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DOMINGO, DIA 11) 

(Past Lives - Estados Unidos/Coreia do Sul, 2023, 105min). Direção de Celine Song, com Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro. California Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Nora e Hae Sung eram amigos muito próximos na infância, até que a família dela decidiu emigrar para o Canadá. Doze anos depois, eles se reencontram virtualmente e percebem que ainda têm muitas coisas em comum. Depois de mais alguns anos, finalmente, eles ficam frente à frente e têm a chance de confrontar noções de destino, amor e as escolhas que fizeram na vida.


SALA NORBERTO LUBISCO


14h30 – OS COLONOS Assista o trailer aqui.

(Los Colonos - Chile/Argentina/Reino Unido, 2023, 100min). Direção de Felipe Gálvez, com Alfredo Castro, Sam Spruell, Mark Stanley, Mariano Llinás. O2 Play/Mubi, 16 anos. Drama.

Sinopse: No início do século XX, um rico fazendeiro da Terra do Fogo, no inóspito sul chileno, contrata um tenente britânico e um mercenário norte-americano para protegerem sua propriedade. Junto com eles vêm o mestiço Segundo, um exímio atirador, que acaba testemunhando um dos maiores massacres à população indígena do Chile. Elogiado relato sobre a colonização e o nascimento das fronteiras ao sul da América Latina, o filme ganhou o prêmio Fipresci no Festival de Cannes e foi indicado pelo Chile na disputa pelo Oscar de filme internacional.


16h30 – PRISCILLA Assista o trailer aqui.

(Estados Unidos/Itália, 2023, 113min). Direção de Sofia Coppola, com Cailee Spaeny e Jacob Elordi. Mubi/O2 Play, 14 anos. Drama.

Sinopse: Priscilla Beaulieu tinha apenas 14 anos quando conheceu Elvis Presley em uma festa – ele, com 24, já era uma estrela meteórica do rock. Do namoro apaixonado até a separação foram 13 anos de convivência, marcados por muita cumplicidade e momentos de fragilidade e desentendimento. O filme é baseado na autobiografia "Elvis e Eu", escrita por Priscilla em 1985, e que detalha, segundo ela, uma história de “amor, fantasia e fama” e oferece um retrato menos glamouroso do rei do rock. O filme rendeu à Cailee Spaeny o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza.


18h45 – AS BESTAS - (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DOMINGO, DIA 11) Assista o trailer aqui.

(Espanha/França, 2022, 135min). Direção de Rodrigo Sorogoyen, com Denis Ménochet, Marina Fois, Luis Zahera. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Antoine e Olga moram há algum tempo em uma vila no interior da Galícia, no norte da Espanha, onde buscam viver em harmonia com a natureza e adotando práticas sustentáveis no seu dia a dia. Mas suas ideias não são bem aceitas pelos outros habitantes, principalmente depois que o casal rejeita um projeto de energia elétrica eólica. O filme recebeu os prêmios Goya (o Oscar espanhol) de melhor filme, direção e roteiro original.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 14,00 (R$ 7,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 16,00 (R$ 8,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.

Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.

Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - "Pobres Criaturas"

Sinopse: A jovem Bella Baxter é trazida de volta à vida pelo cientista Dr. Godwin Baxter. Querendo ver mais do mundo, ela foge com um advogado e viaja pelos continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella exige igualdade e libertação.

Quando Mary Shelley estava escrevendo a sua futura obra prima literária "Frankenstein" ela buscou inspiração em sua própria realidade, por vezes, miserável e da qual lutava perante um mundo moldado pelas regras vindas do patriarcado. Com isso, a história de um cientista em dar vida a um ser através de pedaços de outras pessoas é uma análise feroz sobre o comportamento do homem ao enfrentar o sistema religioso que governa o nosso mundo. "Pobres Criaturas" (2023) degusta da fonte desse conto literário, dialogando com os dilemas debatidos no mundo de hoje, mas dos quais alguns não ousam discutir e deixar tudo como está.

Dirigido por Yórgos Lánthimos, realizador de filmes como "O Sacrifício do Cervo Sagrado" (2017) e "A Favorita" (2018), o filme é baseado no livro homônimo de Alasdair Grey, que por sua vez se inspira na fonte do clássico Frankenstein. A trama se passa no que parece ser a Era Vitoriana, onde acompanhamos a protagonista Bella Baxter (interpretada por Stone), que foi trazida de volta a vida após o seu cérebro ser substituído de uma forma inusitada. A realização de tal feito foi orquestrado pelo Dr.Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista com uma grande mente, porém, peculiar em alguns pontos. Querendo conhecer mais dessa realidade, a jovem foge com um advogado trambiqueiro (Mark Ruffalo ) e juntos viajam pelos continentes, mas no decorrer do tempo ela deseja obter novos planos futuros.

Yórgos Lánthimos cria filmes incômodos, dos quais o realismo transita por situações inusitadas, mas que fazem a gente adentrar a mente da alma humana, por vezes, pouca lucida. Neste filme, nós enxergamos uma realidade da Era Vitoriana não exatamente de acordo como ela poderia ter sido, mas sim através do olhar de um ser que vai aos poucos descobrindo aquele mundo. A personagem de Emma Stone nada mais é do que uma criança recém-nascida, mas que não esconde o seu desejo de aprender e experimentar todos esses elementos perante o que enxerga.

Aliás, essa realidade eu preciso colocar em destaque, já que  Yórgos Lánthimos a molda de uma forma como se estivéssemos assistindo os melhores momentos do expressionismo alemão, mas ao mesmo tempo transitando para os primeiros passos de um cinema colorido e falsamente realístico. Tudo isso moldurado entre a fotografia de Robbie Ryan com o design de produção steampunk realizado por Shona Heath e James Price, exibindo sua estética retrofuturista que combina cenários reais com uso com efeitos digitais. Além disso, temos um trabalho belíssimo da figurinista Holly Waddington, cujo visual colorido dos vestidos da protagonista refletem de forma gradual a sua mudança comportamental.

Tudo no filme gira no conhecimento e na transformação, sendo que a própria fotografia, que inicia com um belíssimo preto e branco, logo dá lugar as cores quentes e que exalam o desejo dos protagonistas cada vez mais acentuado na medida em que a trama avança. Dito isso, todo esse lado técnico se casa com perfeição com atriz Emma Stone, que se entrega de corpo e alma a um ser que não esconde a sua inocência perante aquele mundo implacável, mas sendo justamente isso que a fará sobreviver e começando a compreender os seus desejos. Stone entrega um desempenho extraordinário, onde o seu olhar nos transmite curiosidade, desejo e um fundo sem fim para ser preenchido.

Aliás, é um trabalho que exigiu o seu físico a todo momento, já que a protagonista começa como uma espécie de boneca que ganha vida e que vai aos poucos aprendendo a caminhar e saber comer. Seu desejo pelo conhecimento vai se destacando na medida em que ela adentra ao mundo físico do ser humano e do qual vai experimentando as sensações que a leva ao apetite sexual como um todo. Curiosamente, ela age como se fosse algo comum, mas dando de encontro com o conservadorismo da época e que não é muito diferente de hoje em dia.

Mesmo com uma inocência pontuada, a protagonista inicia uma jornada de emancipação, da qual ela exige ser como ela é e desfrutar tudo no que bem entender. O filme, portanto, vem em um momento em que as mulheres do mundo ainda enfrentam o preconceito e até mesmo autoritarismo que vive por detrás das cortinas dos países Democráticos do mundo. Curiosamente, o sexo visto em abundância no filme é algo sentido como prazer a ser degustado a todo momento pela protagonista e que ao mesmo tempo usufrui disso para sobreviver e caminhar com os seus próprios pés.

Devido a esse comportamento, os personagens masculinos vistos na tela nada podem fazer para conte-la, mas sim ter que enfrentar as suas consequências. O doutor Godwin Baxter, por exemplo, a criou dentro de sua própria casa, mas mesmo com todos os seus recursos ele tem consciência que a sua criação é mais forte do que a sua mente avançada. Como sempre, Willem Dafoe nos brinda com um personagem incrível, cujo seu olhar sarcástico perante o mundo também não esconde as suas limitações e as cicatrizes físicas e psicológicas que obteve em sua história.

E como é bom voltar a ver Mark Ruffalo atuando fora dos padrões corriqueiros e nos brindando com um personagem trambiqueiro e que nada mais é do que uma representação do homem que usa no bem entender a inocência das mulheres como um todo. Porém, essa inocência é que fará ele sair dos trilhos e fazendo encarar o seu lado mais fraco perante um mundo que pode mastigá-lo a qualquer momento e cuspi-lo fora sem nenhum remorso. Uma atuação que nos fará a gente rir das situações em que o personagem irá se meter achando que obteve o controle da protagonista no decorrer da história.

No ato final, testemunhamos a personagem de Stone descobrindo a sua real natureza, mas ao invés de se chocar, ela age com total naturalidade, pois uma vez conhecendo o mundo real ela aprendeu a saber jogar esse grande jogo de xadrez. Portanto, a meu ver, a sua personagem chegou ao estado de mente e espírito que se encontrava a escritora Mary Shelley quando havia lançado o seu "Frankenstein", pois uma vez conhecendo o lado podre do mundo acaba tudo fluindo perfeitamente e sabendo puxar as cordinhas desse teatro de marionetes. Não é somente uma bela sacada criada pelo diretor Yórgos Lánthimos, como também da própria escritora  Alasdair Grey.

"Pobres Criaturas" é um filme que irá incomodar muitos conservadores hipócritas do mundo a fora, mas é justamente por isso que o torna corajoso e desde já um dos melhores filmes desse início de ano.   

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO RETOMA PROGRAMAÇÃO

 COM FILME SURPRESA E TRÊS OBRAS DO DIRETOR PORTUGUÊS JOÃO PEDRO RODRIGUES

O Ornitólogo

FILME SURPRESA NA ABERTURA DA PROGRAMAÇÃO 2024

A Cinemateca Capitólio retoma a programação em 2024 na quarta-feira, 14 de fevereiro, às 19h30, com uma sessão surpresa de uma obra-prima do cinema embalada pela música de Leonard Cohen. Entrada franca. 


JOÃO PEDRO RODRIGUES EM DESTAQUE

A partir do dia 15 de fevereiro, a Cinemateca Capitólio apresenta três filmes do prestigiado realizador português João Pedro Rodrigues: O Ornitólogo, Fogo-Fátuo e Onde fica Esta Rua? ou Sem Antes nem Depois (este co-dirigido por João Rui Guerra da Mata). O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6955/joao-pedro-rodrigues-em-destaque/


OBRA-PRIMA DO CINEMA ARGENTINO NO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 16 de fevereiro, às 19h30, a primeira edição de 2024 do Projeto Raros apresenta um marco do cinema argentino: Nazareno Cruz e o Lobo (1975), de Leonardo Favio. Com apresentação em vídeo do crítico Ramiro Solzini, a sessão tem entrada franca.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/eventos/6959/projeto-raros-nazareno-cruz-e-o-lobo/


GRADE DE HORÁRIOS

14 a 21 de fevereiro de 2024


14 de fevereiro (quarta-feira)

19h30 – Filme surpresa


15 de fevereiro (quinta-feira)

15h – Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois

17h – Fogo-Fátuo

19h – O Ornitólogo


16 de fevereiro (sexta-feira)

15h – O Ornitólogo

17h – Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois

19h30 – Projeto Raros: Nazareno Cruz e o Lobo


17 de fevereiro (sábado)

15h – Fogo-Fátuo

17h – O Ornitólogo

19h – Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois


18 de fevereiro (domingo)

15h – Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois

17h – Fogo-Fátuo 

19h – O Ornitólogo


20 de fevereiro (terça-feira)

15h – O Ornitólogo

17h – Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois

19h – Fogo-Fátuo


21 de fevereiro (quarta-feira)

Não há sessão

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Cine Especial: De Ray Harryhausen - 'Jasão e os Argonautas'

Ray Harryhausen foi o mago nos efeitos visuais do cinema e numa época que não havia CGI, mas sim a criatividade que fazia a magia. Com o recurso do stop Motion Ray criou criaturas inesquecíveis e que até hoje impressionam pelos seus mínimos detalhes. Acima de tudo, era algo que nos passava a sensação de até mesmo peso e sendo algo que os efeitos visuais de ponta hoje em dia andam perdendo.

Talvez a sua fase áurea tenha sido os anos cinquenta, onde o realizador foi convidado para criar os efeitos visuais de "A Invasão dos Discos Voadores" (1956), "A 20 Milhões de Léguas da Terra" (1957) e "O Monstro do Mar Revolto" (1955). Foi uma época que os estúdios norte-americanos animavam o público com monstros alienígenas, seres radioativos e dos quais sintetizavam o medo de uma guerra nuclear da época. Já na entrada dos anos sessenta Ray Harryhausen se aventurou mais pelos filmes de aventura de capa e espada e nos lançando o ainda surpreendente "Jasão e os Argonautas" (1963).

Na trama, Jasão (Todd Armstrong) retorna ao reino da Tessália para recuperar o seu trono, roubados anos antes pelo usurpador Pelias (Douglas Wilmer), que assassinou o pai do protagonista e tomou a coroa. Percebendo que para reconquistar a Tessália não bastaria apenas derrubar Pelias, mas obter uma prova de que os deuses estão do seu lado, Jasão resolve buscar o lendário velocino de ouro, localizado do outro lado do mundo, reunindo os guerreiros e marujos mais corajosos da Grécia para acompanhá-lo na jornada. Observado atentamente por sua protetora, a deusa Hera (Honor Blackman), Jasão lança-se em uma perigosa jornada onde diversos perigos o aguardam.

Dirigido por Don Chaffey, e escrito pela dupla Beverley Cross e Jan Read o filme é uma deliciosa aventura que explora os mitos da mitologia grega e dos quais retratam os Deuses como observadores, mas ao mesmo tempo usando os seres humanos como peças de um grande tabuleiro. Por conta disso, a maioria dos personagens humanos agem de acordo com relação ao que eles esperam vindo dos Deuses do Olimpo, mas tendo que tomarem por conta própria difíceis escolhas a serem travadas. Jasão, portanto, vai muito além dos seus objetivos e avança contra os obstáculos mesmo não obtendo ajuda dos grandes seres.

Quando eles intervêm é aí que os efeitos visuais de Ray Harryhausen cria um verdadeiro espetáculo com as suas mãos, principalmente na cena em que o Deus Poseidon ajuda os heróis na passagem das Rochas Estrondosas. Porém, o filme é lembrado até hoje pela extraordinária cena clímax, onde Jasão e seus aliados enfrentam um batalhão de esqueletos. Vale ressaltar que a perfeição dessa cena serviu de inspiração para Steven Spielberg realizar os primeiros efeitos especiais pensados para o seu clássico "Jurassic Park" (1993), mas logo sendo descartado, pois o CGI estava já sendo uma novidade para aqueles tempos.

Do elenco se destaca Honor Blackman e Niall Macginnis roubam todas as cenas de que participam como Hera e Zeus. Os dois atores transmitem uma excelente química como deuses, cuja relação pende ora para a rivalidade, ora para o companheirismo. Patrick Troughton em sua pequena participação como o vidente cego Phineas também merece elogios, ao entregar uma figura ao mesmo tempo trágica e divertida. Vale destacar o ótimo trabalho do compositor Bernard Hermann, que aqui a sua melodia nos transmite o teor épico que o filme nos passa como um todo.

"Jasão e os Argonautas" é aquele típico filme clássico que passava antigamente aos sábados à tarde no SBT, ou em tempos em que a Sessão da Tarde ainda passava filmes de qualidade. Revendo é de se surpreender como o filme envelheceu muito bem, já que a sua ambição nunca foi de mudar o mundo, mas sim nos passa uma longa de quase duas horas com puro divertimento. Gênios como Ray Harryhausen fazem e muita falta em tempos atuais em que o CGI não convence mais ninguém.

"Jasão e os Argonautas" é pertencente aos tempos da era de ouro dos filmes de aventura épica de capa e espada e não devendo nada aos filmes de hoje que são degustados, mas logo esquecidos.

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