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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Documentário PAULISTAS de Daniel Nolasco estreia nesta quinta, 22 de fevereiro

Curta de animação ‘Quando os Dias Eram Eternos’, dirigido por Marcus Vinicius Vasconcelos será exibido antes das sessões do filme ‘Paulistas’, dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras.

O CineBancários estreia no dia 22, na sessão das 17 horas, o documentário “PAULISTAS”, de Daniel Nolasco, que faz parte do projeto Sessão Vitrine Petrobras e mostra as transformações sofridas pela zona rural de Goiás a partir da monocultura agrícola e da exploração dos recursos hídricos.
 Inspirado na história do próprio diretor, o filme conta a história das transformações de uma região por meio do olhar e da relação de três irmãos: Samuel, Vinícius e Rafael. Os três se mudaram para a região urbana de Catalão e deixaram para trás a cidade onde nasceram, retornando apenas para passar férias.
 Ingressos: R$ 12,00 . Estudantes, idosos, pessoas com deficiência, bancários sindicalizados e jornalistas sindicalizados pagarão R$6,00. Os ingressos podem ser adquiridos no local ou no site ingresso.com . Aceitamos os cartões Banricompras, Visa e Mastercard.
- “Paulistas” é a busca por deixar registrado uma forma de cultura que também me pertence e que está prestes a desaparecer diante de tantas transformações. O filme acompanha a dupla contradição entre o retorno e a partida, entre a tradição e modernidade, por meio dos três personagens. Jovens que se mudaram para a região urbana de Catalão (GO) e retornam à casa da família durante as férias. As férias de julho são o momento em que futuro e passado encontram-se completamente presentes na região dos Paulistas – explica o diretor.
 Até a década de 1970, o local era uma região rural do sul de Goiás formada por um conjunto de pequenas fazendas, todas com poucos hectares de terra e com agricultura de subsistência. Todos os moradores da região de Paulistas eram de uma mesma família. Este cenário começou a mudar no fim dos anos 80, com a chegada da monocultura da soja no Estado e com a compra dessas fazendas pelos latifundiários. Começou aí o êxodo da população rural para as cidades, transformando a região em um país de população urbana.
 Nolasco explica ainda que o filme retrata um universo conhecido e íntimo. “Morei até os dois anos na região – minha mãe foi uma das primeiras a deixar os Paulistas e se mudar para a cidade de Catalão, no interior de Goiás. Vi ao longo dos anos e do passar do tempo à transformação pelo qual passou a região e as pessoas que se mudaram para áreas urbanas. Comecei a observar o fim daquela cultura e daquele modo de vida”.
 Para compor esse cenário de contradições entre a tradição e a modernidade, o documentário intercala imagens do cotidiano das pessoas e imagens da hidrelétrica, e a paisagem sonora de cada um desses lugares busca construir esse conflito que está estabelecido nesta região: da floresta morta à beira do rio ou da plantação de soja que quase invade as poucas casas que ainda restam no local.
 - O documentário pretende mostrar através de imagens e sons toda esta contradição. É buscando isso que a câmera sempre manterá uma distância dos personagens, assumindo a posição de observador. Um observador que mantém determinada distância para não ser invasivo, mas que ao mesmo tempo é afetuoso e respeitoso. Que buscará não só registrar a visualidade da região, mas a sonoridade e seu tempo. Esse tempo do campo que é diferente de uma cidade, mesmo das pequenas. Um tempo quase sempre governado pela luz do dia, no qual as pessoas acordam com o nascer do sol e vão se recolher no cair da noite –completa Nolasco.
 Sinopse:Paulistas e Soledade são duas regiões rurais localizadas no sul de Goiás. No começo da década de noventa o êxodo rural foi intensificado com a expansão da monocultura agrícola e a exploração dos recursos hídricos. Desde 2014, não existem mais jovens morando na região. Estamos em julho, mês de férias. Época em que os filhos visitam a casa dos pais.

Ficha técnica:
Direção: Daniel Nolasco
Estado de produção: GO/RJ
Produção: Estúdio Giz e Panaceia Filmes
Gênero: Documentário
Duração: 76 minutos

Sobre o diretor
Daniel Nolasco é natural de Catalão – Goiás, bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense e bacharel em História pela UFG. Dirigiu e roteirizou os curtas metragens: “Sr. Raposo” (2018), selecionado para mostra Foco, principal categoria da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes; “Netuno” (2017), premiado como melhor filme na sessão Curta Carioca do Rio Festival de G&S no Cinema 2017; “Tatame” (2016), prêmio de Melhor Montagem, Menção Honrosa do Júri Especial ABD-PE/APECI no no 3º MOV (PE); “Febre da Madeira” (2015), premiado como Melhor Diretor e Melhor Filme Documentário no 18º FICA; “A Felicidade Chega aos 40” (2014), premiado no edital Festcine; “Urano” (2013), terceiro lugar na categoria de vídeo experimental no Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba; “Os Sobreviventes” (2013) adaptado da obra homônima de Caio Fernando Abreu, que recebeu o Prêmio Casa França Brasil de melhor filme no Festival de Curtas de Brasília (2013) e o prêmio de Melhor Curta da Mostra na Mostra Miragem (2013); “Gil” (2012), filme selecionado para participar do Munich International Festival of FilmSchools 2012 e do Festival Internacional de Cine UNAM 2013 e outros vinte festivais;
e “A Geografia do Preconceito” (2011).
 Também dirigiu o curta-metragem “Repórter Esso” que participou do REcine 2012. Dirigiu e roteirizou “Mar Verde”, episódio do Sala de Notícia do Canal Futura (Rede Globo). Roteirista de “A Vez de Matar, A Vez de Morrer” de Giovani Barros, selecionado pelo Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais Inéditas 2013 do estado do Mato Grosso do Sul. Recebeu duas menções honrosas no desenvolvimento de roteiros, uma no laboratório de roteiros do Curta Cinema 2011 pelo roteiro “A Felicidade chega aos 40” e outra no “Sal Grosso”, laboratório de roteiro realizado pelo Festival Brasileiro de Cinema Universitário, em 2012 pelo roteiro “O Monstro do Armário de Dona Odete”. Foi assistente de produção nos longas-metragens “Estado de Exceção” (2012) dirigido por Juan Posada e no documentário “Abdias Nascimento” (2011), dirigido por Aída Marques. Foi produtor de finalização na produção franco-brasileira “La grenouille et Dieu” (2013), dirigido por Alice Furtado.
 Curta-metragem – "Quando os Dias Eram Eternos"
Dirigido por Marcus Vinicius Vasconcelos, o curta de animação “QUANDO OS DIAS ERAM ETERNOS“ será exibido antes das sessões do filme “PAULISTAS“, que estreia dia 22, pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras. Premiado em festivais como o de Havana, Janela Internacional de Cinema, Festival Luso Brasileiro de Santa Maria da Feira e Festival de Brasília, entre outros, o filme conta a história de um filho que volta para a casa de infância para cuidar da mãe em seus últimos dias de vida.
“Quando Os Dias Eram Eternos é um filme bastante pessoal que relata um pouco do processo de luto que experenciei após a morte de minha mãe. Após esse longo e doído período que se um tanto confunde com a realização do curta, fico muito feliz em saber que filme segue sua carreira, agora em mais uma janela: a do circuíto comercial de salas de cinema. Acredito que um programa como a Sessão Vitrine Petrobras, que se propõe a exibir curtas metragens antes dos longas, são fundamentais para que o formato de menor duração chegue a mais e mais pessoas. Fico muito grato por fazer parte deste programa.“ – explica o diretor. 

Ficha Técnica - Quando os Dias Eram Eternos: 
Direção: Marcus Vinicius Vasconcelos
Produção: Nádia Mangolini
Roteiro E Direção De Arte: Marcus Vinícius Vasconcelos
Animação: Maurício Nunes, Diego Akel
Assistência De Animação: José Pistilli, Laís Oliveira
Composição: Débora Slikta
Montagem: Marcio Miranda Perez
Animatic: Gabriela Akashi
Trilha Sonora Original: Dudu Tsuda
Desenho De Som, Foley E Mixagem: Ricardo Reis, Effects
Finalização: O2 

Realização: Estúdio Teremim
 Sobre a SESSÃO VITRINE PETROBRAS:
Cada filme da SESSÃO VITRINE PETROBRAS terá pelo menos uma sessão diária com horário fixo, nos mesmos cinemas de mais de 20 cidades. Os filmes ficarão em cartaz por no mínimo duas semanas em cada cidade. A intenção é que uma programação mensal e um horário fixo tornem-se um referencial e criem um público cativo.

Valor máximo do ingresso: R$ 12 (inteira) / R$ 6 (meia) – variando de acordo com a cidade.
 Mais informações sobre a SESSÃO VITRINE PETROBRAS:
Site: http://www.sessaovitrine.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/sessaovitrine
  
Grade de horários
*Não abrimos segundas-feiras

15 a 21 de fevereiro 
15h – Antes do Fim
17h – Pela Janela
19h – Antes do Fim

22 a 28 de fevereiro 
15h – Antes do Fim
17h – Paulistas + Quando os dias eram eternos
19h – Antes do Fim


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro  de Porto Alegre


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Eu, Tonya



Sinopse: Acompanhe a vida da ex-patinadora no gelo Tonya Harding. Durante a década de 1990, ela conseguiu superar sua infância pobre e emergir como campeã do Campeonato de Patinação no Gelo do Reino Unido e segunda colocada no campeonato mundial. Porém, ela ficou realmente conhecida quando seu marido, Jeff Gilloly, e dois ladrões tentaram incapacitar uma de suas concorrentes quebrando a perna dela durante as Olimpíadas de 1994.
Em alguns casos, as cinebiografias caem na vala comum do esquecimento, já que não basta ser fiel aos fatos como também precisa ser criativo. O pior de tudo, por exemplo, é quando fazem uma reconstituição dos fatos sobre um artista, mas que o público em geral já tem pleno conhecimento de tudo o que já ocorreu. Não é o caso de Eu, Tonya que, mesmo tendo sido um dos principais assuntos nos primeiros anos da década de 90, é um filme que consegue nos passar um frescor na forma de apresentar uma trama e tornando ela diferente das demais cinebiografias. 
Com de roteiro de Steven Rogers e direção de Craig Gillespie (A Garota Ideal), o filme conta a história de Tonya Harding (Margot Robbie, ótima), que despontou como uma das melhores patinadoras do mundo entre os anos 80 e 90. Porém, por detrás das cortinas, havia uma vida sofrida, da qual sofria nas mãos de uma mãe exigente, interpretada de forma extraordinária pela atriz Allison Janney (As Horas) e do marido violento Jeff (Sebastian Stan, o Bucky dos filmes do Capitão América). A situação piora quando ele tenta se envolver na vida esportiva de Tonya para então tentar ajudá-la, mas causando eventos irreversíveis. 
O filme já começa de uma forma incomum ao apresentar a trama, pois por um segundo acreditamos que estamos testemunhando um documentário, onde as principais pessoas envolvidas na história real começam a falar com a gente e assim quebrando a quarta parede. Porém, logo percebemos que são os próprios atores representando os respectivos personagens reais e nos pegando então desprevenidos. Além disso, a quebra da quarta parede acontece com mais frequências, em situações que, ou realmente aconteceram, ou que foram romantizadas para camuflar a real realidade dos fatos.
O artifício do falso documentário (ou pseudodocumentário), além da quebra da quarta parede (quando o protagonista fala com a gente), são artifícios cinematográficos usados com frequência no cinema recente. Esse último, por exemplo, foi usado em filmes como Deadpool e em séries de TV como House Of Cards. A união dessas duas formas de contar uma história faz com que o filme ganhe então um ritmo dinâmico e fazendo com que a gente não desvie os olhos da tela.
Falando em ritmo, a montagem do filme é o que torna a obra um verdadeiro balé cinematográfico. Nas cenas de patinação, por exemplo, há todo um cuidado para que torne as cenas verossímeis, mas ao mesmo tempo tornando elas frenéticas e fazendo com que a câmera não deixe de acompanhar todos os movimentos da protagonista. Assim como em filmes como Whiplash: Em Busca da Perfeição, a montagem fora do seu habitual não se torna um mero artifício para dar ritmo constante ao filme, como também nos dando a sensação de estarmos no meio dos acontecimentos. 
Mas se a parte técnica é o que dá personalidade incomum ao filme, os interpretes em cena não ficam muito atrás e nos brindando com interpretações surpreendentes. Na atual temporada de premiações, muito provavelmente atriz Allison Janney receberá todos os prêmios, pois ela não interpreta uma mera mãe megera, como também uma pessoa imprevisível em seus atos ao tentar fazer de tudo para que a filha seja melhor patinadora do mundo, nem que para isso tenha que feri-la em alguns momentos. Suas ações podem ser até bem questionáveis, mas atriz consegue passar por de baixo da face fria de sua personagem um ser humano de inúmeras cicatrizes, mas que sobreviveu ao ser dura consigo mesma e com as pessoas em volta.
Os atos e consequência de sua pessoa é o que então moldam o ser interior e exterior de Tonya que, se por um lado, demonstra ser uma pessoa frágil e da qual deseja afeto, por outro, demonstra força e frieza na hora em que tenta dar o seu máximo quando se encontra no gelo. Descoberta por Martin Scorsese em O Lobo de O Lobo de Wall Street, além de ter se tornado estampa de camisa ao interpretar Arlequina em Esquadrão Suicida, Margot Robbie nos brinda aqui com o seu melhor desempenho da carreira, onde fragilidade, loucura, persistência e obsessão afloram em sua personagem a cada momento em que surge em cena. Pode não levar um Oscar agora, mas o seu assombroso desempenho aqui dá uma dica do que estará por vir.
Além de um elenco que não freia em seu desempenho, o roteirista Steven Rogers e o diretor Craig Gillespie não se intimidam em cutucar o lado patriótico dos nortes americanos, que sempre tentam vender um mundinho perfeito, quando na realidade não passa de um mundo cheio de mentiras e moldado pela hipocrisia. Tonya sente na carne esse lado hipócrita através dos juízes da modalidade de patinação, pois não importa o quão ela seja boa, pois ela não é, segundo eles, uma representação perfeita que os americanos desejam. Além disso, o filme faz uma dura crítica ao jornalismo sensacionalista, do qual se alimenta através das tragédias dos outros e Tonya era o prato cheio daquele momento.
Embora seja baseado em fatos verídicos, é preciso reconhecer que a situação em que ela se envolveu, mesmo sendo de uma forma indireta, soe boa parte de uma forma absurda em sua reta final. Percebendo isso, os realizadores foram engenhosos ao dosar as situações com ares de comédia, da qual se desliza para um humor sombrio e terminando de uma forma que nos faz lembrar aquele velho refrão que é “preciso rir para não chorar”: a cena em que Tonya nos encara e tenta sorrir em meio ao que restou de sua vida sintetiza muito bem esse clima. 
Com uma trilha sonora nostalgica vinda dos anos 80 e 90, Eu, Tonya é um filme que nos faz pensar sobre a vida, da qual podemos criá-la de uma forma simples, ou fazê-la se enveredar por situações absurdas e imprevisíveis.  


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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Pantera Negra



Sinopse: Conheça a história de T'Challa, príncipe do reino de Wakanda, que perde o seu pai e viaja para os Estados Unidos, onde tem contato com os Vingadores. Entre as suas habilidades estão a velocidade, inteligência e os sentidos apurados.
 
Quando um gênero cinematográfico é usado a exaustão pelo cinema americano para gerar lucro, ou ele se desgasta como um todo, ou ele se encaminha para renovação e para então continuar existindo. Filmes como Cavaleiro das Trevas e Logan, são exemplos de tramas maduras, das quais elevam o papel do herói para um novo patamar e colocando as obras com os dois pés no chão em nossa própria realidade. Pode-se dizer que Pantera Negra é o mais novo capítulo desse amadurecimento dentro do gênero, fazendo algo que nenhuma outra adaptação havia feito e conseguindo a proeza de fazer com que os cinéfilos saiam das salas de cinema debatendo.
Dirigido por Ryan Coogler (Creed), o filme se passa logo após os eventos vistos em Capitão América: Guerra Civil, onde o rei do país africano Wakanda havia sido morto em um atentado. Seu filho TChalla (Chadwick Boseman) assume a missão de ser, não somente o rei do país, como também assumir o manto do Pantera Negra. Porém, ele precisa capturar Ulysses Kalue (Andy Serkis), único homem que roubou um pouco do bem mais precioso do país, o Vibranium, mas ao mesmo tempo, surge das sombras Erik Killmonger (Michael B Jordan), que deseja o trono de Wakanda a qualquer custo e traz consigo revelações surpreendentes.
Mais do que uma típica nova adaptação de HQ, Pantera Negra, nos mostra o que aconteceria se num país da África como Wakanda não tivesse sido tocada pelos exploradores do passado e tendo conseguido prosperar de forma independente e separada do resto mundo. Graças ao Vibraninum, Wakanda é um mundo rico em termos de tecnologia, mas ao mesmo tempo preservando as velhas tradições de inúmeras tribos que se encontram nela. Não há como deixar de se emocionar quando o protagonista se encaminha para a grande cachoeira, onde terá que passar pelo desafio para provar ser digno e testemunhar toda a cultura do seu povo reunida numa cena que nos enche os olhos.
Mas pelo fato de Wakanda ser fechada do resto do mundo, o filme toca em assuntos espinhosos, que vão desde aos muros que ainda se levantam contra os outros povos em pleno século 21, como também sobre qual é o papel de um governo com relação em ajudar ou não outros povos que nem sequer possuem mais as suas terras. Motivos para que Wakanda se feche do mundo não faltam, principalmente pelo fato de inúmeras pessoas terem sido exploradas, escravizadas e mortas no continente Africano. Mas a questão não é esquecer o passado, mas sim saber perdoar, compartilhar o que tem de melhor a oferecer e prevalecer à união entre os povos para então continuarem existindo.
Em tempos nebulosos, onde um governo norte americano é governado por um racista como Donald Trump, Pantera Negra vem para nos dizer o quão mal é esse retrocesso do qual mundo de hoje está passando. Sendo assim, não há aqui somente a típica história entre o bem e o mal, até porque as motivações do vilão Erik Killmonger (Michael B Jordan) são muito mais profundas do que se imagina e fazendo a gente compreender do começo ao fim as suas motivações que o levaram para um caminho sem volta. Criticada sempre por não apresentar um grande vilão de peso, a Marvel finalmente faz as pazes com o passado e nos brinda com um personagem inesquecível e do qual até mesmo simpatizamos.
Mas como estamos falando de um filme da Marvel, momentos de ação, humor e efeitos visuais é o que também não faltam. Embora ainda seja novato na elaboração de cenas ação, Ryan Coogler se empenhou para não ficar no meio do caminho e criando até mesmo cenas imprevisíveis e criativas: a cena em plano sequência em que acontece na Coreia do Sul é digna de nota. 
Chadwick Boseman se sai bem como Pantera Negra, pois ele carrega tanto um bom porte físico apropriado, como também uma carga dramática interna que ainda pode ser ainda mais explorada. Mas da ala dos heróis, quem rouba as cenas são as mulheres guerreiras de Wakanda, onde a paixão do herói Nakia (Lupita Nyong) e a chefe da guarda do reino Okoye (Danai Gurira) dão um verdadeiro show de lutas e acrobacias surpreendentes. Letitia Wright, que faz a irmã do protagonista, além dela ser um gênio da tecnologia de Wakanda, ela se destaca principalmente em momentos em que nos lembra situações dignas de um filme de 007. 
Infelizmente nem tudo é 100% perfeito, já que a Marvel ainda teima em usar a sua fórmula já desgastada em criar piadas em momentos inadequados, principalmente no ato final do filme do qual se deve enveredar para um lado mais dramático. Felizmente isso não compromete o resultado positivo, principalmente com relação ao duelo final entre o herói e vilão, onde ambos se dão conta que sempre possuíram algo em comum, mas que foi devido aos erros do passado vindos dos seus pais que fizeram tomar caminhos opostos. Um conflito final que termina de uma forma emocional e muito bem resolvida.
Com um discurso final que dá um verdadeiro tapa na cara contra Donald Trump, Pantera Negra é um legitimo exemplo positivo de uma adaptação de HQ a ser seguido, onde se comprova que ainda precisamos muito evoluir, para que só assim todos os povos do mundo possam sobreviver. 




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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Lady Bird – A Hora de Voar

Sinopse: Christine McPherson está no último ano do colégio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia rejeitada por sua mãe. Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto a hora não chega, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora.


Greta Gerwig tem um papel fundamental dentro do cinema independente americano. Tendo sua fase de ouro nos anos 90, o cinema independente de lá ganhou novo fôlego com talentos como Greta Gerwing e o nosso produtor brasileiro Rodrigo Teixeira (A Bruxa), sendo que ambos trabalharam juntos como produtor e roteirista no elogiado Frances Há, filme que fez com que a crítica internacional se voltasse novamente para esses pequenos filmes. Com Lady Bird – A Hora de Voar, Greta comprova novamente que os melhores perfumes se encontram nos menores frascos, ao tratar na trama de temas comuns da juventude de uma forma criativa e gostosa de se assistir.
No caso de Lady Bird, nossa protagonista é Christine McPherson (Saoirse Ronan de BrooKlyn), uma adolescente comum, igual a tantas outras de sua idade e que fará com que muitas jovens se identifiquem facilmente. Ela mora com os pais na cidade de Sacramento, na Califórnia, no início dos anos 2000. O relacionamento com a mãe controladora é conturbado: com personalidades muito fortes, as duas definitivamente não combinam, sendo que é pelo pai (um desempregado, em plena crise que afetou a economia do país na época) que Christine mantém uma profunda admiração.
Todos os planos de Lady Bird (apelido do qual Christine criou para si) vão por água abaixo em situações corriqueiras da vida: cursar uma universidade na costa leste é impossível devido às suas notas baixas; sua “carreira” de atriz é deixada de lado no colégio, já que ela nunca consegue papéis significativos; seu namoro se encontra em declínio, uma vez que seu namorado possui sérios problemas de identidade. Para completar, ela não é bem a garota mais popular em seu meio; na realidade, Lady Bird é apenas mais uma de um imenso formigueiro. 
Lady Bird é uma trama sobre um passado mais dourado, onde as desventuras da protagonista são capazes de fazer com que o cinéfilo reviva sua própria história ao longo do percurso. Percebe-se que tudo o que é apresentado ao longo do filme é bem cronometrado, como um relógio suíço, para que assim nós nos identifiquemos facilmente com a jovem, principalmente no seu primeiro ato da trama. Contudo, o filme meio que pisa em terreno perigoso ao criar soluções fáceis que soam familiares e, portanto se vier em sua mente títulos como As Patricinhas de Beverlly Hills e Meninas Malvadas não se surpreendem.
Porém, não se deve desmerecer a obra, principalmente pelo fato da cineasta colocar muito de sua pessoa na personagem e na trama. Em Frances Há, por exemplo, era praticamente uma obra biográfica de sua vida, em períodos em que ela precisava tomar certas atitudes para seguir em frente. Lady Bird pode ser interpretado então como uma espécie de prequel sobre a vida da artista, onde as transições da fase adolescente para fase adulta se tornam um terreno muito mais perigoso para tomar então um passo em falso.
Se o filme tem os seus defeitos, ao menos eles são esquecidos quando nos concentramos na atuação impecável de Saoirse Ronan, já que ela é sem sombra de dúvida é a alma do filme. Ronan consegue muito bem caminhar numa linha fina da qual se divide entre o drama e o humor e percorrendo até o seu final de uma forma fácil, mas ao mesmo tempo surpreendente. Já Lucas Hedges, reconhecido internacionalmente pelo seu desempenho em Manchester no ano passado acaba se tornando uma verdadeira decepção e o mesmo ocorre com Timothee Chalamet (indicado ao Oscar pelo Me Chame pelo Seu Nome) que parece que está num piloto automático quando surge em cena.
Porém o elenco secundário só se salva com a presença da atriz de televisão Laurie Metcalf, que aqui interpreta a mãe dominadora da protagonista. Metchalf consegue passar uma confusão interna de sua personagem, principalmente por não conseguir acompanhar o lado imprevisível de sua filha, mas fincando o pé no que ela acredita e no que acha que seria melhor para ela. As cenas das duas juntas sempre rendem momentos inesquecíveis, principalmente nos minutos iniciais do filme e que nos faz então pular da cadeira.
Entre altos e baixos Lady Bird – A Hora de Voar com certeza irá no decorrer do tempo ganhar admiradores do público jovem, principalmente por aqueles que buscam em uma obra um espelho que reflita os seus obstáculos que se encontram na entrada da fase adulta da vida. 

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