Nos dias 09 e 10 de
Julho eu estarei participando do FILME-ENSAIO: A experiência do cinema, criado pelo Cine Um e ministrado
pelo documentarista, pesquisador, curador e docente
Rafael Valles. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu irei fazer
uma analise dos principais filmes que serão debatidos durante o curso.
A CHINESA
Sinopse: Enquanto
discute sobre temas como Mao, Revolução Chinesa e o Socialismo, um grupo de
estudantes franceses planeja ações terroristas.
Talvez, o filme mais
profético de Gobard. Isso deve ao fato desse filme ter sido lançado em 1967, um
ano antes da juventude pré-revolucionária que protagonizaria os episódios de
desobediência civil na França. Visto hoje, é um claro protesto em forma de
filme que o diretor criou contra o que achava errado com o que estava
acontecendo com o seu país na época.
O primeiro ato do
filme já mostra o que irá vir a seguir, como no caso as palavras “Um filme em
construção” que se lê em azul depois do prólogo onde várias coisas são ditas e
faz um breve resumo do que virá a seguir. Assim como “Uma ou duas coisas que eu
sei Dela” em que Gobard surpreende ao criar uma espécie de falso documentário,
aqui ele não separa ficção e realidade, e com isso, sua voz aparece com
entrevistador no primeiro ato da trama, e para a surpresa de todos, á câmera
que estava filmando Jean Pierre Leaud aparece sem mais nem menos. Vendo esse
momento acontecer, dá entender que o diretor queria desconcertar o espectador,
os fazendoeles pensarem que estavam vendo mais que um filme, mas algo que
precisava ser dito, de uma forma até então inédita e fora do convencional.
Atualmente, o filme
não é o dos mais populares do diretor, talvez pelo fato da obra ter ficado
muito presa ao que estava acontecendo naquele ano e visto hoje, soa um tanto
que pretensiosa e ambiciosa demais, mas ao mesmo tempo representa o que ele
sempre foi quando ainda era jovem, um diretor ousado e sem limites e que não
dava a mínima por onde pisava.
O Demônio das Onze
Horas
Sinopse: Casado com
uma italiana e entediado com sua vida na alta sociedade, o professor espanhol
Ferdinand foge em direção ao sul com Marianne, após um cadáver ser encontrado
na casa dela. Eles caem na estrada e deixa um rastro de roubos por onde passam.
O argumento foi
escrito pelo próprio cineasta, adaptando a obra Obsession, de Lionel White.
Assim como na maioria de sua filmografia, a história não é muito linear e ao
mesmo tempo questiona sempre a história do cinema e a evolução da sua
linguagem. Mistura diversos gêneros como o thriller, comédia, drama romântico e
uma pitada de Bonnie Clyde.
O tom da narrativa é
um tanto que misturado, desde números musicais, inúmeras referências pictóricas
e cinematográficas, assim como citações literárias. Assim como Viver a Vida, é
relevante o trabalho de fotografia do filme, que novamente é autoria de Raoul
Coutard, que destaca em cores primárias e que reinventa caminhos num incessante
experimentalismo único.
A historia de um
casal em fuga é muito conveniente, pois a partir do momento que eles pegam a
estrada, tudo pode acontecer, muito embora o espectador tenha uma certa noção
do que poderá acontecer no final, mas Godard não cai no óbvio. A trama se torna
ideal para elaboração de inúmeras idéias sobre os gêneros de Hollywood e de
suas mensagens que sempre passaram para o público. Entre as muitas sequências
inesquecíveis do filme, não há como esquecer uma que envolve o famoso
realizador norte-americano Samuel Fuller (que interpreta a si próprio, assim como foi com
Fritz Lang em Desprezo). A sua presença e diálogo curiosamente se tornam os
mais reais se comparada as outras pessoas em cena. Para destacar isso, o
realizador é filmado com cores vivas enquanto os outros surgem esbatidos.
Assim como em seus filmes
anteriores, é um filme estranho, inusitado e inesquecível de Godard.
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