Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Nos dias 17 e 18 de Setembro estarei participando do curso “POESIA E ENSAIO NA OBRA DE JEAN-LUC GODARD” no CineBancários (Rua Gen. Câmara, nº 424 – P. Alegre / RS). Enquanto os dois dias não vêem, por aqui, estarei postando tudo o que eu sei sobre esse grande cineasta que liderou o movimento Nouvelle Vague.
Masculino-Feminino
Sinopse: A relação entre dois jovens, um militante e uma cantora, em meio às transformações ideológicas e comportamentais na França dos anos 60, momentos antes de Maio de 68.
Algumas pessoas mal informadas acabam dizendo que assistindo a um filme de Jean-Luc Godard é como assistir no final das contas toda a sua filmografia, isso porque sempre quando forem assistir outros de seus filmes sempre encontrara a mesma coisa. Claro que eu da minha parte discordo completamente, mas a um motivo para essas pessoas mal sintonizadas pensarem dessa forma. Muito se deve ao fato do diretor sempre tocar nas feridas da época como a política que se dividia entre a esquerda e a direita, ao mesmo tempo em que começou a surgir cada vez mais inúmeros grupos de jovens que representavam ambos os lados e que acabavam por gerar esses conflitos.
Em meio a isso surgiam certas revoluções, tanto culturais como de costumes e é ai que esse genial filme toca no assunto sobre a difícil vida do homem daquele tempo de tentar de todas as formas interagir com a mulher numa época em que cada vez mais ela se torna independente. E assim, o diretor cria uma historia original em meio a esses diversos assuntos, e isso é muito bem retratado no jovem casal central, interpretados de forma brilhantes pelos atores Jean-Pierre Léaud e Chantal Goya cujos diálogos beiram ao surrealista e ao mesmo tempo com um humor negro que até hoje não envelheceu.
Jean-Pierre Léaud, por exemplo, possui momentos sublimes e ao mesmo tempo seu personagem não foge muito do padrão adotado em outro personagem em que ele interpretou por anos apartir do filme Os Incompreendidos de François Truffaut. Tanto, que por alguns momentos inclusive, vemos os mesmos trejeitos do personagem Antoine neste personagem que aqui ele interpreta, o que não significa que ele ficou marcado por um único personagem, muito pelo contrario, mas essa sempre foi a forma de Jean atuar e não é por isso que será rotulado como um ator limitado.
No final das contas, Masculino, Feminino é um excelente filme da 'nouvelle vague' francesa, e se pensarmos bem, era algo bem a frente do seu tempo e ao mesmo tempo um verdadeiro retrato das mudanças das relações amorosas que estavam surgindo, Coisa que o cinema americano demorou para engrenar e mostrar em suas telas.
Curiosidade: A bela Brigitte Bardot (que havia trabalhado com o diretor em Desprezo) faz uma pequena ponta numa seqüência rodada num Café parisiense.
Duas ou três coisas que eu seiDela
Sinopse: O "Dela" no título do filme se refere à Paris dos anos 60, um retrato da sociedade de consumo, em meio à pobreza das massas e conflitos como a Guerra do Vietnã. Um dos exemplos dessa atmosfera é Vlady, uma dona-de-casa que se divide entre cuidar da família e a prostituição, o meio mais fácil que encontra para poder ganhar dinheiro e satisfazer suas necessidades mais frívolas.
Novamente, Jean-Luc Godard faz um retrato sobre a cultura e as mudanças que as pessoas estavam passando naquele tempo na França, só que dessa vez, a sensação que temos é que Godard tinha a intenção de pegar a sua câmera e sair pelas ruas em busca de historias para serem contadas. Poderia ter sido muito bem um documentário criado por ele na época, mas da à sensação que em ultima hora, ele decidiu convocar atores para que interpretassem os personagem que se cruzariam durante a trama, e por algum momento, elas paravam em frente a câmera e começavam a relatar o seu dia a dia na cidade. De uma forma geral, podemos deduzir que as inúmeras historias contadas durante o longa, podem muito bem serem historias reais de pessoas comuns da frança daquele tempo.
Tanto se fosse com pessoas reais, ou com atores, o resultado seria o mesmo, um filme de Godard com sua visão particular da França da época, mas sempre com a sensação de estarmos vendo algo de novo. Sempre ele se inovou, mesmo tocando no mesmo assunto diversas vezes.
Do dia 06 a 21 de setembro, o Cine Bancários e a Sala PF Gastal estarão exibindo (com entrada franca) Mostra “Werner Herzog: Sou o que são meus filmes”.
Por aqui, estarei postando sobre os filmes que eu for assistindo e falando um pouco de cada um deles. Já adianto que as obras de Herzog são no mínimo incomuns, portanto, recomendo e muito que elas sejam vistas na tela grande, porque não é sempre que temos essa grande oportunidade.
O DIAMANTE BRANCO
SINOPSE: O Diamante Branco, de Werner Herzog - Amazônia, 1992: um acidente com um protótipo de dirigível criado pelo cientista britânico Graham Dorrington mata seu amigo e diretor de filmes ecológicos, Dieter Plage, enquanto filmava animais selvagens junto ao Rio Amazonas. Doze anos depois, Werner Herzog retorna à região ao lado de Dorrington, disposto a fazer uma segunda tentativa. Melhor documentário pelo New York Film Critics Circle.
Sendo um filme de Werner Herzog já podemos ter uma idéia do que esperar dessa produção, pois o que todos os seus filmes tem em comum é mostrar pessoas que buscam a realização dos seus desejos e ao mesmo tempo enfrentam seus próprios limites, mesmo que isso possa lhe custar muito. Ou seja, vemos nos personagens apresentados em seus filmes um reflexo do próprio diretor do que ele faz, que é simplesmente busca meios para tentar se desafiar ou buscar alguém para se espelhar. E a bola da vez nesta produção de 2004 foi o cientista britânico Graham Dorrington, uma pessoa completamente obstinada em atravessar o Rio Amazonas com um dirigível.
Embora nos estejamos vendo o lado meio que excêntrico de Graham, ao mesmo tempo ele demonstra que tem pleno conhecimento do que ele faz é perigoso e que tudo tem seus limites, mas ao mesmo tempo, quanto mais ele sente que algo lhe impede de realizar o seu desejo, mais ele quer ir em frente, principalmente por talvez buscar redenção e fazer as pazes com o passado quando perdeu o seu amigo Dieter Plage numa tentativa no passado.
Como sempre, o filme explora bastante a natureza do lugar e Werner busca pela câmera as melhores cenas em retratar tanto a natureza como também os perigos que ela traz consigo. Em determinados momentos ficamos aflitos pelo destino dos protagonistas do documentário, principalmente pelos personagens secundários que surgem na tela, como um nativo do lugar que vive com suas galinhas e ajuda o resto do grupo, se interagindo e fazendo parte desse sonho de Graham.
Um filme indispensável para quem é fã do diretor e sabe muito bem o que esperar da produção.
Mais informações sobre os dias e horários das sessões vocês encontram nos blogs do Cine Bancarios e Sala P.F. Gastal clicando aqui e aqui.
Nos dias 17 e 18 de Setembro estarei participando do curso “POESIA E ENSAIO NA OBRA DE JEAN-LUC GODARD” no CineBancários (Rua Gen. Câmara, nº 424 – P. Alegre / RS). Enquanto os dois dias não vem, por aqui, estarei postando tudo o que eu sei sobre esse grande cineasta que liderou o movimento Nouvelle Vague.
Uma Mulher É uma Mulher
Sinopse: Fazendo uma reflexão de sua própria vida, uma dançarina de cabaré tenta convencer seu marido a engravidá-la.
Ana Karina faz um elemento representativo da comunidade feminina da França de 61. É irreverente, é sensual, é divertida, é obstinada. Sabe que quer algo, mas não parece saber muito bem o quê e como lá chegará.
A maternidade é uma mera desculpa que o diretor utiliza para passar à ação no filme. Esta é a sua primeira comédia e, para alguns, sua maior obra-prima (embora eu discorde). Não por ser uma comédia como houve poucas. Não por ter um elenco absolutamente notável, com três verdadeiros ícones da Nouvelle Vague: Karina, Belmondo e Brialy. Mas sim pela genialidade com que Godard brinca com o conceito de filme. O jogo de palavras com os títulos de livros é de um brilhantismo a toda a prova. A narração da história, dentro da história – algo que culminará em Pierrot le Fou – é de uma simplicidade estonteante. Mas é a riqueza de planos, a concepção do espaço (e este é o primeiro filme de Godard filmado essencialmente em estúdio) que apesar de ser interior é filmado como se fosse exterior, ou seja, com uma liberdade de movimento fabuloso. Basta olhar para Brialy a andar de bicicleta dentro de casa, que rapidamente se percebe o recado de Godard. O local onde se filma é menos importante das idéias que se tem para o valorizar ao máximo.
O primeiro filme de Godard a cores, também o único filme em que Godard dá um pequeno tom de musical, um gênero onde não irá caminhar, por considerar que é demasiado leve para as suas experiências dentro da gramática do cinema, a sua verdadeira paixão. Aliás, um dos tons essenciais deste filme é o de servir de palco para as primeiras experiências do realizador a todos os níveis. Atores a falar diretamente com o público, jogos de cor e de som, elogio do cinema da Nouvelle Vague dentro do próprio filme, uso de inter-titulos na história numa clara alusão à sua paixão pelo mudo, são elementos fundamentais na obra de Godard, e conhecem aqui a luz do dia.
Não é um filme profundamente reflexivo como na maioria dos seus filmes, e sim, acima de tudo, um filme que fala de amor, das relações de um casal e do desejo – ou melhor, dos desejos – e do capricho de uma só mulher. Ou melhor, de todas as mulheres. Pelo menos, como as imagina Godard.
E ai pessoal. Chegamos a um final de semana com poucas estréias se comparado a outras semanas, porém, são pequenas mas bem significativas, como o genial Além da Estrada que vocês já podem ler minha critica por aqui. Lembrando que continua na capital as sessões especiais dos documentários de Werner Herzog, tanto no Cine Bancários como também na sala P.F Gastal, portanto aguardem novas criticas minhas.
Confiram as estréias:
Além da Estrada
Sinopse: No Uruguai, o argentino Santiago está em busca de um terreno herdado dos pais, falecidos há um bom tempo. Casualmente ele conhece Juliette, uma moça belga que procura um antigo amor. Eles viajam juntos pelo país e, ao longo do caminho, se tornam cada vez mais próximos. Quando chegam a Punta del Este, o universo de Santiago se torna um empecilho para o relacionamento dos dois.
Sinopse: Em 1873 um estranho (Daniel Craig) sem memória vai parar em Absolution cidade inóspita para visitantes dominada pelo medo e comandada pelo pulso forte do Coronel Woodrow Dollarhyde (Harrison Ford). Mas as coisas pioram com a invasão de seres alienígenas forçando os homens brancos a unir forças com os índios Apaches contra a ameaça extraterrestre.
Larry Crowne: O amor está de volta
Sinopse: O vencedores do OSCAR Tom Hanks e Julia Roberts estão juntos novamente nesta incrível comédia dramática sobre como a recessão econômica pode inspirar um cara comum que precisa se reinventar: Larry Crowne.brLarry Crowne (Tom Hanks) era o líder de sua equipe de estrelas da Marinha. Após ser rebaixado começa uma busca da reinvenção pessoal e volta à sua cidade natal. Nela Larry desenvolve uma paixão inesperada por sua professora da faculdade Mercedes Tainot (Julia Roberts).
Uma doce mentira
Sinopse: Numa manhã de primavera Emilie recebe uma linda carta de amor anônima. Sua primeira reação é jogar a carta no lixo. Mas ela vislumbra uma forma de salvar sua mãe uma mulher triste e isolada desde a partida de seu marido. Sem pensar muito ela envia a carta para a mãe sem saber que o autor é Jean seu tímido empregado. Emilie não imagina que seu gesto desencadeará uma série de desentendimentos criando situações fora de controle.
Sinopse: No Uruguai, o argentino Santiago está em busca de um terreno herdado dos pais, falecidos há um bom tempo. Casualmente ele conhece Juliette, uma moça belga que procura um antigo amor. Eles viajam juntos pelo país e, ao longo do caminho, se tornam cada vez mais próximos. Quando chegam a Punta del Este, o universo de Santiago se torna um empecilho para o relacionamento dos dois.
O gênero Rodie Movie é um filme de estrada onde normalmente o protagonista sempre esta em busca de algo, seja por redenção ou por algum sentido na vida e isso é muito bem aplicado neste Além da Estrada. Aqui nos é apresentado dois personagens, Santiago e Juliette (Esteban Feune e Jill Mulleady ótimos) que se cruzam em uma viajem pelo o Uruguai, onde cada um tem um destino diferente, mas que acabam se unindo numa viajem que gradualmente irá mudar suas vidas. O encontro do casal central, por vezes, se torna mera desculpa para o filme se tornar uma espécie de documentário onde os protagonistas param para apreciar os lugares por onde passam, ou para conversar com as pessoas naturais de lá, que por muitas vezes durante a projeção, se tornam os grandes astros da historia, chegando ao ponto, de serem mais carismáticos que os próprios protagonistas. O que não quer dizer que eles se tornam meros enfeites, muito pelo contrario. A forma de como são apresentados na tela são de uma forma honesta e humana, tanto que não vemos grandes interpretações do casal, mas sim um lado natural deles, cru e realista na forma como eles vão se apaixonando um pelo outro e se dando conta que ambos preenchem o vazio que cada um estava vivendo em suas vidas.
O que impressiona é o fato do diretor estreante Charly Braun saber passar tamanha segurança do que esta fazendo, dando ares de verdadeiro veterano e ao mesmo tempo não escondendo sua vocação de documentarista. Sendo assim, não seria surpresa se futuramente ele fosse fazer documentários, pois como havia dito acima, o filme por vezes se torna um ao apresentar personagens que nada mais são que pessoas verdadeiras em seus habitats. É por seguir os ares de um documentário ou por um tom mais realista, que muita coisa que acabou surgindo durante a produção, acabou sendo aproveitada na historia, como o fato de um cachorro seguir o casal, ou até mesmo o surgimento da modelo internacional Naomi Campbell fazendo ela mesma, que a quem diga ela estava de passagem no Uruguai e acabou sendo convidada para participar do filme, numa ponta curiosa mas dispensável.
Com uma trilha sonora caprichada e com elementos que relembram clássicos como Sem Destino e até mesmo o recente Antes do por do Sol, Além da Estrada é uma deliciosa viajem sobre descobertas, seja no intimo de cada um, ou de lugares até então desconhecidos, mesmo eles estando bem perto da gente.