Nos dias 17 e 18 de Setembro estarei participando do curso “POESIA E ENSAIO NA OBRA DE JEAN-LUC GODARD” no CineBancários (Rua Gen. Câmara, nº 424 – P. Alegre / RS). Enquanto os dois dias não vêem, por aqui, estarei postando tudo o que eu sei sobre esse grande cineasta que liderou o movimento Nouvelle Vague.
Masculino-Feminino
Sinopse: A relação entre dois jovens, um militante e uma cantora, em meio às transformações ideológicas e comportamentais na França dos anos 60, momentos antes de Maio de 68.
Algumas pessoas mal informadas acabam dizendo que assistindo a um filme de Jean-Luc Godard é como assistir no final das contas toda a sua filmografia, isso porque sempre quando forem assistir outros de seus filmes sempre encontrara a mesma coisa. Claro que eu da minha parte discordo completamente, mas a um motivo para essas pessoas mal sintonizadas pensarem dessa forma. Muito se deve ao fato do diretor sempre tocar nas feridas da época como a política que se dividia entre a esquerda e a direita, ao mesmo tempo em que começou a surgir cada vez mais inúmeros grupos de jovens que representavam ambos os lados e que acabavam por gerar esses conflitos.
Em meio a isso surgiam certas revoluções, tanto culturais como de costumes e é ai que esse genial filme toca no assunto sobre a difícil vida do homem daquele tempo de tentar de todas as formas interagir com a mulher numa época em que cada vez mais ela se torna independente. E assim, o diretor cria uma historia original em meio a esses diversos assuntos, e isso é muito bem retratado no jovem casal central, interpretados de forma brilhantes pelos atores Jean-Pierre Léaud e Chantal Goya cujos diálogos beiram ao surrealista e ao mesmo tempo com um humor negro que até hoje não envelheceu.
Jean-Pierre Léaud, por exemplo, possui momentos sublimes e ao mesmo tempo seu personagem não foge muito do padrão adotado em outro personagem em que ele interpretou por anos apartir do filme Os Incompreendidos de François Truffaut. Tanto, que por alguns momentos inclusive, vemos os mesmos trejeitos do personagem Antoine neste personagem que aqui ele interpreta, o que não significa que ele ficou marcado por um único personagem, muito pelo contrario, mas essa sempre foi a forma de Jean atuar e não é por isso que será rotulado como um ator limitado.
No final das contas, Masculino, Feminino é um excelente filme da 'nouvelle vague' francesa, e se pensarmos bem, era algo bem a frente do seu tempo e ao mesmo tempo um verdadeiro retrato das mudanças das relações amorosas que estavam surgindo, Coisa que o cinema americano demorou para engrenar e mostrar em suas telas.
Curiosidade: A bela Brigitte Bardot (que havia trabalhado com o diretor em Desprezo) faz uma pequena ponta numa seqüência rodada num Café parisiense.
Duas ou três coisas que eu sei Dela
Sinopse: O "Dela" no título do filme se refere à Paris dos anos 60, um retrato da sociedade de consumo, em meio à pobreza das massas e conflitos como a Guerra do Vietnã. Um dos exemplos dessa atmosfera é Vlady, uma dona-de-casa que se divide entre cuidar da família e a prostituição, o meio mais fácil que encontra para poder ganhar dinheiro e satisfazer suas necessidades mais frívolas.
Novamente, Jean-Luc Godard faz um retrato sobre a cultura e as mudanças que as pessoas estavam passando naquele tempo na França, só que dessa vez, a sensação que temos é que Godard tinha a intenção de pegar a sua câmera e sair pelas ruas em busca de historias para serem contadas. Poderia ter sido muito bem um documentário criado por ele na época, mas da à sensação que em ultima hora, ele decidiu convocar atores para que interpretassem os personagem que se cruzariam durante a trama, e por algum momento, elas paravam em frente a câmera e começavam a relatar o seu dia a dia na cidade. De uma forma geral, podemos deduzir que as inúmeras historias contadas durante o longa, podem muito bem serem historias reais de pessoas comuns da frança daquele tempo.
Tanto se fosse com pessoas reais, ou com atores, o resultado seria o mesmo, um filme de Godard com sua visão particular da França da época, mas sempre com a sensação de estarmos vendo algo de novo. Sempre ele se inovou, mesmo tocando no mesmo assunto diversas vezes.
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