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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 25 de maio de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Radioactive'

Sinopse: Cientista Marie (Rosamund Pike) cria a radioatividade e se tornando pioneira no universo da ciência.  

Vários pioneiros de diversas invenções viram as suas obras serem mastigadas de forma errônea pela humanidade ao longo da história. Pegamos, por exemplo, o nosso Santos Dumont, que criou o avião a motor e que viu o seu maior feito sendo usados para um cenário que ele jamais queria que fosse inserido. Em 1932, ocorreu a revolução constitucionalista, em que o estado de São Paulo se levantou contra o governo revolucionário de Getúlio Vargas. Mas o conflito aconteceu e aviões atacaram o Campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Possivelmente, sobrevoaram o Guarujá, e a visão de aviões em combate pode ter causado uma angústia profunda em Santos Dumont que, nesse dia, aproveitando-se da ausência de seu sobrinho, suicidou-se, aos 59 anos de idade.  

Grandes feitos acabam sendo usados pela ambição do homem e do qual não consegue desvencilhar desse grande defeito ao longo da história. "Radiocative" (2021) fala sobre uma mulher à frente do seu tempo, mas que viu o seu grande feito sendo dividido entre a salvação e a destruição. Dirigido por  Marjane Satrapi, do filme "Persepolis" (2008), o filme conta sobre a cientista Marie (Rosamund Pike), que sempre enfrentou dificuldades em conseguir apoio para suas experiências devido ao fato de ser uma mulher. Ao conhecer Pierre Curie (Sam Riley), ela logo se surpreende pelo fato dele conhecer seu trabalho, o que a deixa lisonjeada. Logo os dois estão trabalhando juntos e, posteriormente, iniciam um relacionamento que resultou em duas filhas. Juntos, Marie e Pierre descobrem dois novos elementos químicos, rádio e polônio, que dão início ao uso da radioatividade. 

Marjane Satrapi gosta de fazer filmes baseados em graphic novel, sendo que "Persepolis" ainda é o seu maior feito. Por conta disso, muitos irão acusa-la em não se aprofundar de forma mais verossímil sobre a vida de Marie e Pierre Curie, já que a cineasta usou somente a HQ como fonte de adaptação para o filme. Porém, acredito que as duas mídias mantem a essência principal sobre essa personagem histórica e cuja a mensagem nos diz o quanto a humanidade tropeça no uso de invenções que deveriam ser somente usadas para a nossa sobrevivência. 

Com uma belíssima reconstituição de época, o filme possui uma montagem ágil de cenas, das quais se casa muito bem com a presença dos atores e que dão o melhor de si quando surgem na tela. A fotografia, por exemplo, é outro ponto técnico a ser destacado, da qual sintetiza cores quentes de uma época mais dourada e cheia de possibilidades. Ao mesmo tempo essas cores acabam se diluindo no momento em que as dificuldades enfrentadas pelos personagens vão surgindo.  

Embora tudo fique um tanto que na superfície, o filme procura explicar na forma da linguagem cinematográfica a criação da radioatividade. Se por um lado a explicações ficam um tanto que parciais, do outro, isso é contornado graças ao bom desempenho do elenco, principalmente Rosamund Pike. A eterna "Garota Exemplar" (2014) novamente entrega uma atuação de peso e se entregando de corpo e alma ao dar vida a uma personagem de tamanha importância ao longo da história.  

Curiosamente, o filme transita no período em que se passa a trama principal para momentos de outros pontos da história em que foi usada a sua criação. Se por um lado a radioatividade foi usada para combater o câncer, infelizmente ela acabou sendo usada como arma e fazendo de sua invenção algo a ser questionado. Momentos em que mostram as consequências em Hiroshima e Chernobyl sintetizam muito bem isso.  

É claro que alguns também irão acusar o filme de tentar romantizar por demais a história da cientista com o seu marido. Porém, é através deles que se há uma discussão sobre ciência e fé, sendo que são dois temas que sempre ficam tendo atritos ao longo da história, enquanto o filme nos passa a mensagem de que ambos os temas, talvez, estejam separados somente por uma linha fina. Um debate acalorado e que é sempre levantando até mesmo nos dias de hoje.  

Com uma pequena, mas importante participação de Anya Taylor Joy,  "Radioactive" é sobre grandes descobertas, mas que infelizmente algumas sucumbem devido a ambição humana.  

  

Onde Assistir: Netflix.

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