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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Cine Dica: Streaming -'Malu'

Sinopse: Malu é uma atriz desempregada que vive das memórias de seu passado glorioso e divide uma casa em uma favela do Rio de Janeiro com sua mãe conservadora. Ela também tem um relacionamento conturbado com sua filha. 

Se a Democracia brasileira de hoje é frágil, sendo que a qualquer momento pode ser atacada por um golpe de estado, é porque infelizmente esta geração Z não se preocupa em olhar para trás e estudar o seu próprio passado. No filme "Rasga Coração" (2018), por exemplo, o diretor Jorge Furtado cria um paralelo entre o passado dos tempos de chumbo como presente e revelando uma geração perdida e não sabendo ao certo pelo que lutar. "Malu" (2023) fala sobre o atrito de três gerações ligadas pelo sangue, mas cujo olhar perante o mundo faz com que elas se separem quase sempre.

Dirigido por Pedro Freire, o filme é inspirado na vida pessoal da sua mãe, a atriz Malu Rocha, que aqui é vivida por Yara de Novaes. Vemos Malu como uma atriz desempregada, que vive em uma casa caindo em ruínas ao lado de sua mãe conservadora interpretada por Juliana Carneiro da Cunha. Não demora muito para que surja Joana, interpretada pela atriz Carol Duarte e que aqui faz a filha de Malu, que procura tentar ajudar a sua mãe de todas as formas, mas que logo perceberá o inferno astral que irá adentrar por conta dessa escolha.

Pedro Freire procura, acima de tudo, filmar o seu maior trunfo que é justamente o trio central em cena e sendo que cada uma das atrizes surpreende de tal maneira que ficamos até mesmo temendo as suas próximas ações após determinado embate verbal. Malu é uma entidade da natureza, que viveu através da arte do teatro, mas que viu os seus sonhos serem destruídos a partir dos tempos de censura e retrocessos na época da ditadura. O seu temperamento explosivo não é somente por ter nascido com uma personalidade forte, como também uma sequela das perseguições que uma geração inteira passou em tempos em que a cultura era a principal arma contra a tirania.

Yara de Novaes nos brinda com uma das suas melhores atuações de sua carreira, onde a sua personagem não tem papas na língua para dizer o que pensa e principalmente contra aqueles que não compreendem a sua real natureza. Neste caso, por exemplo, temos uma avó conservadora que atravessou a linha diversas vezes para domar a própria filha, mas nos dando a entender que a própria não tem culpa por possuir uma mente tão retrógrada, já que ela foi moldada em tempos em que ser mulher era o mesmo que ser propriedade de uma realidade patriarcada. Quando ela tenta se entrosar com a filha em uma determinada cena, por exemplo, é então que ela baixa a guarda e revelando um ser frágil e vítima de um passado de erros que não se pode repetir no futuro.

Porém, nós esperamos esse posicionamento dessa senhora, mas talvez tanto Malu como as pessoas que assistem a trama deseja que a filha da protagonista procure entender esse lado da história. Joana é pertencente à geração dos anos noventa, sendo que somente viu resquícios do que era uma ditadura e pouco se preocupando com a possibilidade do retorno dela. Porém, a mãe ecoa a sua história de forma incansável, pois dá a entender que o passado sombrio ainda ecoa em seu próprio presente, mas a filha não entende ou procura não entender o seu lado.

Ambas as atrizes em cena dão um verdadeiro show de interpretação sendo, que as desavenças entre mãe e filha geram bastante tensão e revelando segredos até então guardados, pois a verdade machuca em todos os sentidos. Ao final, constatamos que Malu nada pode fazer, a não ser prosseguir com o que tem, mas tendo consciência de um mal à espreita que a filha procura ignorar. Portanto, a cena final onde ela pergunta para filha aonde elas estão indo, não simboliza somente uma mente febril, como também uma sociedade brasileira que não soube e ainda não sabe conduzir um país para uma democracia estabilizada e sem se preocupar com a sombra do passado da tirania.

"Malu" é um poderoso conto não somente de uma mulher movida pelo seu passado, como também uma síntese de um país ainda desgovernado desde os tempos de chumbo. 


Onde Assistir: Globo Play

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