Sinopse: Seu Cavalcanti tem noventa e tantos anos e uma saúde de ferro. Depois de enfrentar uma contrariedade que o desafia profundamente, embarcamos na sua aventura em busca de reconquistar sua independência e seu prestígio na sociedade.
Seja ficção, ou documentário, a ideia de rodar um longa-metragem no decorrer de vários anos é algo curioso, mas não sendo novidade principalmente para os cinéfilos de carteirinha. Richard Linklater, por exemplo, rodou durante vários anos o filme "Boyhood: Da Infância à Juventude" (2014), onde mostrava a transição da infância para uma fase mais adulta e sendo protagonizado pelo mesmo ator que participou do projeto no decorrer dos anos. "Seu Cavalcante" (2025) possui uma proposta similar, mas cuja ficção e documentário transitam com certa harmonia.
Dirigido por Leonardo Lacca, no longa acompanhamos o personagem e avô do diretor Leonardo Lacca, um senhor com noventa e tantos anos de idade e uma saúde incomum. Depois de enfrentar uma contrariedade que o desafia profundamente, embarcamos na sua aventura em busca de reconquistar sua independência e seu prestígio na sociedade. Em meio a isso, conhecemos os seus familiares, amigos e pessoas do dia a dia que cruzam o seu caminho.
Embora com um teor documental é nítido que em alguns momentos o diretor Leonardo Lacca decide acrescentar um lado mais poético para a obra e fazendo com que alguns momentos tenhamos uma noção de quando a ficção toma conta da tela. Em determinados momentos, por exemplo, notamos atuação do senhor Cavalcante, pois ela não é natural, mas mantém a sua pessoa na frente na tela. Ao mesmo tempo, notamos uma edição que confirma essa observação, principalmente quando a câmera está posicionada em determinada situação para que a história flua, ou seja, uma situação mais improvisada pelo cineasta.
A ficção ganha contornos maiores principalmente com a participação da atriz Maeve Jinkings, colaboradora dos filmes de Kleber Mendonça Filho e sendo que esse último colaborou também na produção. Embora seja uma atriz, nota-se que ela se encontra em cena como ela mesma ao interagir com o velho protagonista e tornando as cenas singelas. Destaque também para participação da Tânia Maria, atriz potiguar que ficou conhecida pelo bordão "que roupa é essa, menino?", em "Bacurau" (2019).
Curiosamente, Lacca coloca até mesmo o seu avô em cenas com efeitos CGI, mas onde posteriormente é revelado como foram feitas. É interessante observar um senhor de idade agir de forma serena em meio a pirotecnia de se filmar um longa-metragem, mas agindo de forma elegante e bastante humana diga-se de passagem. Um dos pontos altos é quando ele atua revelando que o seu carro foi roubado e fazendo a gente questionar se o acontecimento foi algo realmente verossímil.
Curiosamente, o longa continuou a ser produzido mesmo quando o senhor Cavalcante já havia partido em 2016, mas cuja trama prossegue e revelando algo que retorna do seu passado. O resultado é um filme universal, onde todos podem facilmente se identificar com o protagonista, já que conhecemos ao longo da vida um Senhor Cavalcante e que posteriormente seremos que nem ele. Um longa curioso sobre a passagem do tempo, mas como ela pode ser significativa se ela for bem vivida.
"Seu Cavalcante" é uma curiosa transição entre documentário e ficção e tornando a sessão um tanto incomum.
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