Sinopse: Em Ciarema, o avanço do mar desabriga famílias. Alice mora com Helena, sua mãe doente, em uma casa castigada pelas ressacas. Alice quer ir embora, mas Helena deseja permanecer em frente ao mar.
O cinema brasileiro tem explorado nos últimos tempos a questão que o tempo destrói tudo, seja através do sistema capitalista, como também provocado pela própria natureza. Neste último caso, por exemplo, sempre é explorado pelo lado folclórico de determinadas regiões e fazendo com que a trama obtenha um outro patamar. "A Praia do Fim do Mundo" (2025) explora fins e começos de um ponto qualquer do globo, mas que possui total importância para aquelas pessoas que criaram raízes e histórias a serem contadas através do tempo.
Dirigido por Petrus Cariry, a trama foca sobre mãe e filha que se veem presas num dilema que as faz avaliar suas vidas. Uma ambientalista chamada Alice vive com sua mãe doente Helena numa casa de frente para o mar em Ciarema. O avanço das águas, porém, constantemente e aos poucos destrói a residência da dupla, o que já motivou a partida de outras famílias da região. Alice quer ir embora e se mudar para outro lugar, já Helena quer ficar na cidade e permanecer próxima ao mar. As duas precisam chegar a um consenso juntas e decidir um destino em comum.
Visualmente, principalmente devido a sua bela fotografia em preto e branco, o filme me lembrou bastante do inesquecível "O Cavalo de Turim" (2011) de Béla Tarr, onde os protagonistas viviam isolados em uma casa onde a região em volta parecia sem vida e sem alma. Aqui acontece algo similar, onde a praia antes cheia de vida começa a se deteriorar na medida que o local começa a ser destruído pelas águas que estão cada vez mais avançando. Não é o lado ambicioso desta vez que provoca isso, mas sim da força vinda da natureza e da qual possui diversos significados.
Cheio de simbolismo, o filme explora o lado místico e folclórico da região, onde a fantasia transita com total facilidade com o mundo real e mesclando elementos psicológicos dos personagens centrais. Enquanto Alice procura entender as motivações que levam a sua mãe a se manter naquela casa, uma figura misteriosa começa a surgir na surdina e faz a gente levantar teorias de quem realmente poderia ser ele. Mesclando elementos até mesmo de horror, Petrus Cariry nos cria até mesmo certa tensão, principalmente em seu ato final que se encaminha para algo até mesmo inesperado.
Fátima Macedo se sai bem ao interpretar a filha da personagem da veterana Marcélia Cartaxo e ambas em cena nos brindam com ótimas interpretações. Pode-se dizer que são dois lados da mesma moeda em cena, principalmente quando Alice se vê na mesma situação que a mãe no passado, mas demorando para aceitar esse cenário como um todo. Já Helena se mantém firme em que acredita e se mantém em suas raízes, mesmo que isso lhe custe a vida.
O filme explora a questão sobre os costumes atuais diante das velhas tradições que ainda tem muito a dizer, mas cuja geração atual procura não ouvir. Ao final constatamos que nem toda a tecnologia do mundo pode parar o poder vindo da natureza, assim como também o seu lado místico e do qual se encontra cheio de significado. O filme sintetiza fins e começos e do qual o círculo ainda se mantém intacto apesar de tudo.
"A Praia do Fim do Mundo" é sobre o ser humano diante do inexplicado, mas do qual molda o destino daqueles que aceitam o seu lado místico como um todo.
Nota: O filme estreia dia 04 de Setembro.Faça parte:
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