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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Cine Especial: 'Encontros e Desencontros' - 20 Anos Depois

Sofia Coppola tinha todas as chances de abandonar o cinema após ser duramente criticada, tanto pelo público como pela crítica, pela sua atuação no filme "O Poderoso Chefão - Parte III" (1990). Porém, estamos falando da filha do diretor Francis Ford de Coppola, realizador de várias obras primas e das quais somente nasceram a partir da persistência do cineasta. Acredito eu que Sofia tenha puxado esse lado do pai, ao ponto de embarcar novamente no universo do cinema como diretora a partir do filme "Virgens Suicidas" (1999).

A história sobre um grupo de irmãs que põem em prática um suicídio coletivo rendeu elogios da parte da crítica e rapidamente se tornando cultuado. Isso foi o suficiente para a realizadora embarcar em seu próximo projeto, mesmo em uma época em que ela não parecia estar muito bem em sua vida pessoal. Porém, a construção de um filme talvez sirva para exorcizar os demônios interiores de um cineasta e acredito eu que isso serviu para Sofia Coppola no início deste século. "Encontros e Desencontros" (2004) é até hoje considerado o melhor e mais pessoal filme de sua carreira e elementos é o que não faltam para essa proeza.

O filme fala sobre Bob Harris (Bill Murray), uma estrela de cinema, que está em Tóquio para fazer um comercial de uísque. Charlotte (Scarlett Johansson), por sua vez, está na cidade acompanhando seu marido, um fotógrafo workaholic (Giovanni Ribisi) que a deixa sozinha o tempo todo. Sofrendo com o horário, Bob e Charlotte não conseguem dormir. Eles se encontram, por acaso, no bar de um hotel de luxo, e em pouco tempo tornam-se grandes amigos ou algo mais do que isso.

Revendo o filme eu sinto que a personagem de Charlotte seria uma representação do que a Sofia Coppola estava sentindo na época, sendo que a própria estava realmente em Tóquio elaborando esse longa e buscando Bill Murray a todo custo para embarcar neste projeto. A maneira como Scarlett Johansson constrói para si a sua Charlotte me passou a sensação de estarmos diante dos dilemas da vida em que a cineasta estava convivendo naquele momento e se tornando, talvez, o seu maior triunfo. Johansson nos brinda com uma de suas melhores atuações da carreira, cuja sua beleza não atrapalha a sua naturalidade na atuação e sendo bastante genuína.

Agora, quem iria imaginar que aquela jovem atriz se tornaria um par perfeito para Bill Murray em cena, sendo que estamos falando de um veterano vindo de clássicos como "Os Caça Fantasmas" (1984) e "Feitiço do Tempo" (1993). Porém, ambos em cena possuem uma energia da qual laça os dois e fazem com que as suas atuações fluírem perfeitamente. Aliás, é notório que alguns diálogos são até mesmo improvisados, sendo que o próprio Murray sempre foi especialista nisso e fazendo com que Johansson ficasse ainda mais a vontade nas cenas em que contracenavam juntos.

Não faltam momentos em que comprovam essa minha observação, seja nos momentos em que ambos estão conversando no bar, como também na cena em que Murray está dialogando com uma senhora em uma sala de espera de um hospital. Reparem que atrás deles há duas senhoras que não se aguentam de rir toda vez que olham para o intérprete e que com certeza isso não estava no script. Mas esse é o poder de Bill Murray, ao passar o seu lado sarcástico mesmo não dizendo uma só palavra, mas nos afetando de uma forma muito positiva.

O filme pode ser interpretado como uma comédia romântica, mas que não cai nas fórmulas que desgastaram o gênero ao longo da década de noventa. Sofia Coppola criou uma história de amor mais verossímil, fazendo com que nos identificássemos com os protagonistas de uma maneira até então inédita dentro do gênero e obtendo assim um grande feito. É gostoso assistir ambos conversando em meio a cultura japonesa que se encontra espalhada durante toda a história.

Vale destacar a própria cidade de Tóquio, da qual transita entre as velhas tradições e as novas tecnologias e simbolizando toda uma sociedade movida por um sistema que nunca dorme e prossegue sempre em movimento constante. Diante disso, os protagonistas se apresentam diante de nós perdidos naquela cidade desconhecida e não sabendo ao certo o que querem da vida. Porém, é através da relação amizade e respeito de ambas as partes que fazem com que se desperte algo dentro deles.

Vinte anos depois o filme possui ainda hoje um dos segredos mais bem guardados da história do cinema, pois ao final os personagens se despedem, só que Bob cochicha no ouvido de Charlotte e ambos se despedem sem que a gente saiba o que ele havia dito para ela. Até hoje Sofia Coppola nos diz que foi tudo uma improvisação de Bill Murray naquele momento e Scarlett Johansson, já tendo uma grande afinidade com o ator, se entregou naquela cena de forma ainda mais emocional. Um final perfeito e recompensado com um Oscar de Melhor Roteiro Original.

"Encontros e Desencontros" é um dos melhores filmes do início deste século, ao criar uma curiosa história de amor sobre duas pessoas que se cruzaram em Tóquio e simbolizando os dilemas da vida e dos relacionamentos contemporâneos. 

Onde Assistir: Amazon Prime Vídeo. 

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