Sinopse: Anne, mãe bem-sucedida e respeitada advogada especializada em violência sexual contra menores, coloca tudo em risco ao entrar em um jogo de sedução com Théo, filho de seu marido em um casamento anterior.
"A Dama de Copas" (2019) foi um filme dinamarquês que me impressionou pela sua bela direção, elenco afiado e do qual o mesmo não se intimidou por momentos polémicos da trama. Portanto, era difícil crer que haveria uma nova versão em um curto espaço de tempo. Eis que me engano e chega agora o franco-norueguês "Culpa e Desejo" (2023), cuja tramas são as mesmas, mas possuindo alguns pontos que fazem a diferença.
Dirigido por Catherine Breillat, acompanhamos a história de Anne (Léa Drucker), um brilhante e respeitada advogada que vive com seu marido Pierre (Olivier Rabourdin) e as filhas do casal. Inesperada e gradualmente, a vida de Anne começa a mudar quando ela conhece o jovem Théo (Samuel Kircher), filho de um relacionamento passado de Pierre. Os dois acabam embarcando em um arriscado jogo de sedução, que resulta rapidamente em uma relação apaixonada - mas isso pode colocar a carreira de Anne e sua vida familiar em perigo.
Embora possua um tema que soe como tabu até nos dias de hoje, a realizadora Catherine Breillat opta em remodelar a trama de um modo mais delicado e menos sexual tecnicamente falando. Assim como no original, a protagonista surge como uma forte e destemia advogada que não tolera violência contra as mulheres, pois observamos no seu olhar que ela guarda um fato dolorido vindo do passado. Por conta disso os seus sentimentos soam complexos perante o enteado, do qual a enxerga nele sentimentos nunca antes alcançado em tempos mais libertários, mas dos quais foram afogados por tempos mais conservadores.
Vista em ótimos filmes como "Custódia" (2017) Léa Drucker aqui cria para si uma personagem que se difere do que foi visto na pele da atriz Trine Dyrholm na versão de 2019. Se lá sentimos simpática, desejo e desprezo pela personagem em um único filme, aqui a situação é o inverso, já Léa Drucker possui já uma aura dominante em seu olhar, mas não escondendo certa ingenuidade com relação as regras que existem no mundo real e se jogando de frente nos perigosos que podem lhe causar ao deixar nascer essa relação. Já Samuel Kircher pouco tem de oferecer em cena, já que em sua primeira atuação em cena ele não faz muita coisa a não ser fazer pose e nos passar um olhar sedutor para a protagonista, mas que soa artificial em situações em que deveria se fortalecer a verossimilhança.
Com requintes menos sexuais e mais conservadores, o filme se encaminha para um final similar ao original. Contudo, a Catherine Breillat opta em fechar a história com o destino dos personagens principais em aberto e frustrando aqueles que esperavam algo mais dramático. Por conta disso, o filme se enfraquece ainda mais se formos comparar esse final com o original e que fará com que muitos que assistirem ficarem na dúvida se preferem esse ou original.
"Culpa e Desejo' é até eficiente em sua proposta, mas se perdendo se formos comparar ao polêmico e indispensável "A Dama de Copas"
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