Sinopse: Dutch é contratado pelo governo dos Estados Unidos para resgatar políticos presos na Guatemala. Mas quando ele e sua equipe chegam na América Central, logo percebem que há algo errado.
No cinema norte americano existem ideias para a realização de um filme que soam extremamente absurdas, mas que acontecem unicamente para gerar grande lucro para os estúdios. Nos anos 80, por exemplo, alguém teve a ideia louca de criar um encontro entre "Rocky" com "Alien", sendo que cada um já era uma série de filmes estabelecidos naqueles tempos e que geravam grandes bilheterias para os estúdios. O encontro não vingou, mas a ideia persistiu e surgindo então "O Predador" (1987), talvez um dos melhores filmes de ação em uma época que o gênero vivia com pouco cérebro e muitos músculos.
Dirigido por John McTiernan, do também clássico "Duro de Matar" (1988), o filme conta a história do major Alan "Dutch" Schaefer (Arnold Schwarzenegger) que lidera uma equipe de resgate em uma selva da América Central, para tentar encontrar um ministro estrangeiro e funcionários do governo que saíram da rota e se perderam. O exército acredita que eles estejam nas mãos de guerrilheiros, mas o que eles não imaginam é que a floresta esconde uma ameaça mortal, um ser de outro planeta, fortemente armado, que sente enorme prazer em matar.
Eu nunca me esqueço que quando assisti pela primeira vez esse filme foi com os meus pais em uma noite em que estávamos assistindo ao "Domingo Maior" pela Rede Globo. Foi uma experiência fantástica para um menino que somente curtia ação e pouco se importando se a trama era boa ou não. Revendo hoje se percebe que o filme não envelheceu mal, ao ponto de ele possuir todos os ingredientes de sucesso para o cinema de ação daqueles tempos, desde um grupo de soldados ser liderado por um líder Casca Grossa, como também eles parecerem invencíveis e destroçar um grupo de guerrilheiros facilmente. A situação muda quando surge do nada uma entidade que está andando em cima das arvores e que gradualmente vai se revelando perante aos nossos olhos.
Nada mal para alguém que a recém estava iniciando a carreira como diretor, já que este era o segundo filme de John McTiernan, mas fazendo da obra algo que se compara ao que os outros veteranos faziam naqueles tempos dentro do gênero. Ao começar pelo cenário, sendo que a floresta onde os personagens centrais se encontravam é tão viva que parece que estamos juntos com eles em meio aquele inferno verde. Vale destacar que o realizador pensava muito bem na elaboração de algumas cenas, ao ponto de ser bem perfeccionista nos pequenos detalhes, como no caso, por exemplo, da famosa cena em que Mac (Bill Duke) estar fazendo a barba e quebrando o aparelho. Mas a minha cena preferida do filme como um todo é realmente da personagem guerrilheira Anna (Elpidia Carrillo).
Na cena, o diretor centraliza atriz enquanto Arnold está ao fundo e fora de foco. A sua personagem começa a contar a lenda de uma entidade que começava a caçar pessoas em tempos quentes e que atraiam o conflito, sendo que a maneira como atriz conta a história nos faz despertar a nossa mente, moldar os eventos de acordo com o que ela vai narrando e ao mesmo tempo despertando o interesse de Arnold e que, mesmo fora de foco, a sua cabeça começa aos poucos girar em direção atriz. Ao término da narração estamos petrificados com a história e a expressão de Arnold naquele momento, agora não estando mais fora de foco, sintetiza muito bem essa sensação que nós tivemos.
A cena em si representa o filme como um todo, já que boa parte da trama não temos uma noção do que é o Predador. No princípio, temos uma noção da maneira como ele enxerga, de acordo com os movimentos e da temperatura dos personagens que ele está focando em cima das arvores. Após ser machucado por um tiro, vemos ele tentar se curar com os procedimentos que ele tem em mãos, porém, ainda nesta cena não temos uma dimensão do personagem, mas já sabemos que ele não é um ser humano.
Inicialmente a criatura seria completamente diferente do que a conhecemos, sendo menor, mais magra e interpretada pelo iniciante Jean-Claude Van Damme. Porém, o visual foi reprovado pelos produtores, Van Damme dispensado e foi chamado o ator Kevin Peter Hall, ator de mais de dois metros de altura e que já era conhecido ao dar vida ao personagem pé grande no filme "Um Hospede do Barulho" (1987). O ator deu nova dimensão ao personagem, sendo que os seus movimentos foram elaborados pelo próprio interprete e fazendo que a sua primeira aparição de corpo inteiro realmente impressione.
O visual em si do Predador é sem dúvida um dos mais imprevisíveis, porém, se casando com perfeição com o cenário da floresta. Com cabelo rastafari e com um rosto que mais parece a de um Caranguejo, o visual realmente impressiona, com o direito de uma peculiar curiosidade que se encontra no meio de sua boca. No duelo final, por exemplo, achamos que o personagem de Arnold não tem uma mínima chance, já que a criatura é realmente enorme.
Falando no duelo final, é desde já um dos grandes momentos do filme. Após descobrir que o alienígena não enxerga se a pessoa está camuflada, o personagem de Arnold se arma com que a floresta pode oferecer, ao camuflar todo o seu corpo, criar um arco e flecha e chamando o inimigo para a briga. É neste momento que a trilha sonora de Alan Silvestre ganha uma dimensão maior e tendo um papel fundamental para esse arco final.
O filme foi um grande sucesso de público e crítica na época, sendo sem dúvida um dos melhores da carreira Arnold Schwarzenegger. Vale destacar que o filme foi moldado com os melhores daqueles tempos dos filmes de ação, sendo que o elenco ainda tinha Carl Weathers, o eterno Apollo das séries de filmes do "Rocky", Jesse Ventura conhecido como lutador de luta livre da WWF e Bill Duke, que já havia trabalhado com Arnold em "Comando Para Matar" (1985), "Jogo Bruto" (1986) e tendo aqui a sua melhor atuação ao longo do filme. O filme rendeu diversas continuações, mas nenhuma superou a qualidade do original, sendo que o personagem foi levado também para as HQ, livros e vídeo games.
Com efeitos especiais revolucionários para a época, "O Predador" é um genuíno exemplo de que uma ideia absurda para um filme de ação e ficção pode sim render um grande sucesso e se tornando um sobrevivente ao famigerado teste do tempo.
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Um comentário:
Bil Duque trabalhou em comando para matar, em 85, e jogo Bruto em 86
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