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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Homem do Norte'

Sinopse: O Príncipe Amleth está prestes a se tornar um homem quando seu tio assassina seu pai e sequestra sua mãe. Duas décadas depois, o jovem é agora um viking com a missão de salvar a mãe, matar o tio e vingar seu pai. 

Robert Eggers faz parte de uma espécie de trindade de cineastas que, ao lado de Jordan Peele (Corra, 2017) e Ari Aster (Hereditário, 2018) deram novo sangue ao cinema de horror e intensificando ainda mais o termo "pós-terror". Com "A Bruxa" (2015) e "O Farol" (2019), Robert Eggers criou um horror que transita entre o verossímil para o mais puro gênero fantástico e cujo os mitos de tempos antigos são explorados ao extremo e revelando o porquê do ser humano se entregar por essa realidade por completo. Em "O Homem do Norte" (2020) o cineasta segue uma cartilha parecida, mas toda moldada através de crença, vingança e muito sangue na medida certa.

Baseado em fatos verídicos, que por sua vez inspiraram Shakespeare em criar o seu conto "O Rei Lear", "O Homem do Norte" segue uma história de vingança e loucura de um príncipe. Se passando no ápice da Landnámsöld, no ano de 914, o príncipe Amleth, interpretado por Alexander Skarsgård, que está prestes atingir maioridade e ocupar o espaço de seu pai, o rei Horvendill, interpretado por Ethan Hawke, que acaba sendo brutalmente assassinado pelo seu próprio irmão. Amleth cresce, se torna um homem viking e parte para a vingança. Pelo caminho conhece uma vidente, interpretada por Anya Taylor-Joy, e que cuja a mesma fará com que o protagonista tome uma difícil escolha.

Antes de mais nada é preciso reconhecer que, na minha opinião, esse filme veio a ganhar luz graças aos últimos sucessos de séries que exploram o universo Viking, principalmente a série "Vikings" (2013 - 2020). Porém, Robert Eggers procurou dosar mais verossimilhança na construção da história sobre Amleth, ao ponto de tudo ser bastante cru, onde os personagens transitam entre a realidade e a crença quase cega do que eles acreditavam sem excitar. São tempos em que se venerava o Deus Odin não importa qual o preço, nem que para isso tivesse que se sacrificar a si próprio.

Com uma bela fotografia quase em preto e branco, o realizador reconstitui aquela época de forma precisa, como se fosse realmente necessário que os interpretes se banhassem entre o sangue e o barro, ou simplesmente sentir o gosto da carne crua que os próprios da antiguidade comiam. A fusão entre o homem e o animal se dá, não somente pelas suas vestimentas em cena, como também quando ambos os casos se cruzam e fazendo com que o uivo dos mesmos se misturasse em um só na luz do luar. Um cenário opressor, do qual somente o mais forte sobrevivia, mas que nos encanta pela sua crueza.

Além disso, Robert Eggers fez a lição de casa ao se inspirar em outros realizadores, como no caso de Alfonso Cuarón (Roma, 2018), que se percebe que há uma nítida predileção pelos planos sequências, principalmente naqueles que se destaca algo que acontece no fundo de uma determinada cena. Isso faz com que adentremos ainda mais ao filme, como estivéssemos ao lado do protagonista enquanto o mesmo mata os seus inimigos com machadadas. Atenção para a primeira cena de Amleth já crescido enquanto a violência da qual o mesmo faz parte prossegue ao fundo do cenário.

Claro que muitos irão acusar o filme de não haver nenhuma originalidade em termos de história, principalmente pelo fato de lembrar até mesmo de clássicos como "Conan" (1982). Porém, a saga de vingança de Amleth é algo que existe já há séculos, que serviu de inspiração para a criação de outros contos, mas ganhando a sua merecida adaptação cinematográfica agora e antes tarde do que nunca. Além disso, o perfeccionismo do cineasta faz com que até esqueçamos que a história provoca esse déjà-vu e só por isso já é um grande feito.

Símbolo sexual e com atuações marcantes como na série "Big Little Lies", Alexander Skarsgård obtém aqui a melhor atuação de sua carreira, cujo o seu desempenho físico nas cenas de luta não ofuscam o lado emocional que precisa na construção do personagem. Seu  Amleth é um ser que transita entre a razão, desejo de vingança e quase loucura que ele transmite através do seu olhar em momentos da mais pura explosão e que tememos pelo pior que venha acontecer. É uma pena, portanto, que os demais do elenco não conseguem obter esse mesmo grande empenho, porém, Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe e até mesmo a cantora Bjork cumprem os seus respectivos papeis com a competência da qual se exige neste tipo de produção.

Embora previsível em seu derradeiro final, "O Homem do Norte" é desde já uma das grandes surpresas desse ano, ao ser brutal, visualmente arrebatador e contagiante pelo seu lado cru.  


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