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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de março de 2022

Cine Especial: 'Nosferatu - 100 Anos Depois'

O cinema pode não pode mudar as pessoas, mas pode nos dizer o que acontece sobre realidade em volta delas. Neste sentido, os filmes não somente retratam determinados tempos, como também falar sobre o estado de espirito de uma sociedade que convive com os seus percalços e medos. O Expressionismo Alemão era a expressão de uma sociedade pedindo socorro, envolto de luz e sombras e sendo persuadidos por falsos profetas.

Os anos vinte foi o berço desse movimento, onde o país alemão ainda estava se recuperando de uma 1ª Guerra Mundial perdida, mas mal sabendo do pior que viria. Por conta disso, esse pessimismo era visto já nas pinturas, mas ganhando intensidade através de luz e sombras que eram vistas nas telas dos cinemas. "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), por exemplo, talvez seja a porta de entrada desse movimento, onde o cineasta Robert Wiene cria uma trama que pode ser interpretada como uma espécie de simbolismo de uma sociedade em estado de sonambulismo enquanto um gênio diabólico estava se aprontando para controla-lo.

Vale destacar que esse movimento foi o que lançou um dos primeiros títulos que podem ser considerados os primeiros filmes de horror da história, mas que ao mesmo tempo lançou cineastas promissores e que, posteriormente, os mesmos iriam para os EUA criar, não somente o horror, como colaborar para o nascimento do subgênero "Cinema Noir". Antes disso, algo estava sendo criado nas sombras, o que se transformaria em um dos pilares desse movimento que entraria para a história. "Nosferatu" (1922) é um exemplo de representação sobre o medo de uma sociedade e sobrecarregada de incertezas com relação ao futuro que viria.

Dirigido por F.W. Murnau, o filme é uma adaptação não autorizada do clássico literário "Drácula" do escritor Bram Stoker e que já havia falecido naqueles tempos, porém, a sua esposa havia herdado os direitos da obra. Não conseguindo obter os direitos de adaptação, F.W. Murnau e os demais realizadores pegaram somente a premissa principal da obra, alterando o nome de alguns personagens e o nome Drácula sendo substituído por Conde Orlok. Embora com essas mudanças o filme é considerado até hoje como uma das melhores adaptações já feitas para o personagem, já que esse Drácula de Murnau é sinistro, um morto vivo buscando por sangue e atraindo a morte por onde passa.

Usando cenários naturais, Murnau faz para si um conto gótico cheio de simbolismo, onde a figura do vampiro pode ser interpretada de diversas formas. Ao chegar na cidade portuária de Wisborg, por exemplo, Nosferatu vem junto com diversos ratos, dos quais os mesmos trazem diversas doenças e que causaria mortes por onde passasse. As cenas em si seriam uma referência com relação a peste negra que assolou na Europa, matando um terço da população desse continente no século XIV.

Porém, assim como "O Gabinete do Dr. Caligari", "Nosferatu" talvez seria uma manifestação que Murnau faz em referência ao que, talvez, já estava acontecendo na Alemanha. Com poucas perspectivas com relação ao futuro, a sociedade alemã vivia no temor pela chegada de algo pior, como se nas sombras viesse a morte iminente e com ela a sua extinção. Esse temor fez com que a sociedade fosse persuadida facilmente por falsos salvadores e por conta disso Adolf Hitler os seduziu facilmente nos anos que vieram.

Teorias a parte, o filme ainda tem o grande trunfo o ator Max Schreck, cuja a sua atuação como vampiro foi tão marcante que alguns acreditavam que ele era um na vida real. Aliás, essa teoria seria explorada posteriormente em "A Sombra do Vampiro" (2000), onde no filme é retratado como teria sido as filmagens, mas como Max Schreck sendo um vampiro de verdade e interpretado de forma assombrosa pelo ator Willem Dafoe. Antes disso, o clássico de 1922 já havia sido explorado anteriormente, mas em forma de uma ótima refilmagem lançada em 1979 e comandada pelo diretor Werner Herzog.

Vale lembrar que o próprio clássico quase se tornou perdido dentro da história cinematográfica. Florence Stoker descobriu Nosferatu durante a estreia no Jardim Zoológico de Berlim, em 1922. Nas primeiras versões do longa, o nome "Drácula" era usado em sua divulgação, tornando o plágio ainda mais óbvio. A viúva entrou prontamente com uma ação sobre violação de direitos autorais, com exigências de que a propriedade fosse compensada pelos responsáveis e todas as cópias do título destruídas.

Logo durante o início do processo, a produtora Prana Film declarou falência e fechou as portas. Em 1925, Florence Stoker ganhou o caso e o juiz responsável pela sentença ordenou que todos os negativos e impressões de Nosferatu fossem enviados a ela e destruídos. Entretanto, algumas cópias sobreviveram a esse processo e chegaram aos Estados Unidos no final dos anos 1920.

Como Drácula era de domínio público nos Estados Unidos, esse material não precisou ser destruído; e não somente foi reproduzido como pôde ser exibido sem restrições. Ao longo do tempo, conforme o culto em torno de vampiros, do expressionismo alemão e do próprio filme, aumentou, mais cópias apareciam no mercado. E, assim, Nosferatu foi se “reproduzindo” ao longo das décadas.

Com um século de vida, "Nosferatu" é uma obra de arte para ser vista, revista, analisada e debatida pelos próximos cem anos que vierem e por toda a eternidade. 

     

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