Sinopse: Amor à primeira vista acontece quando o jovem Tony vê Maria em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues rivais que disputam o controle das ruas: os Jets e os Sharks.
Falar sobre o clássico "Amor, Sublime Amor" (1961) é meio complicado para mim, já que eu assisti somente uma ou duas vezes na vida e somente me lembro das melhores partes que entraram para a história do cinema. Portanto, fiquei curioso ao saber que Steven Spielberg dirigiria uma nova versão do clássico, já que esse seu desejo por rodar um musical já vem de muito tempo. Ao compara-lo com as minhas lembranças, "Amor, Sublime Amor" (2021) de Spielberg respeita o clássico original, mas não esquecendo dos tempos atuais e fazendo a gente se dar conta que o discurso contra o ódio continua e que precisa ser sempre revitalizado mais do que nunca.
Adaptado de um musical da Broadway, "Amor, Sublime Amor" conta uma história de amor e rivalidade juvenil que se passa na Nova Iorque de 1957. As gangues Jets, estadunidenses brancos, e os Sharks, descendentes e/ou porto-riquenhos, são rivais que tentam controlar o bairro de Upper West Side. Maria (Rachel Zegler) acaba de chegar à cidade para seu casamento arranjado com Chino (Josh Andrés Rivera), algo ao qual ela não está muito animada. Quando em uma festa a jovem se apaixona por Tony (Ansel Elgort), ela precisará enfrentar um grande problema, pois ambos fazem parte de gangues rivais; Maria dos Sharks e Tony dos Jets. Nesta história inspirada por Romeu e Julieta, os dois pombinhos precisarão enfrentar a tudo e todos se quiserem celebrar este romance proibido.
O clássico de 1961 se tornou pioneiro ao criar um grande musical através de ambientes reais, já que a parte em que a trama foi rodada em um bairro de Nova York estava condenada, para que a elite da época pudesse construir os seus grandes arranha céus, e os realizadores aproveitaram a ocasião para rodar o longa. Como o local já não mais existe nos dias de hoje Steven Spielberg faz uma reconstituição de época precisa, surpreendendo na abertura e sendo ela tão impactante quanto sua fonte original. Como não poderia deixar de ser, a trama é embalada com inúmeros momentos musicais, onde a dança e os movimentos de luta dos personagens se misturam e transformando tudo em um verdadeiro grande balé como um todo.
Com uma edição de arte e fotografia que se casam perfeitamente, cuja as cores quentes sintetizam tempos mais dourados de tempos esquecidos, Steven Spielberg mantém ainda intacto a questão do preconceito racial que tanto foi debatido no clássico. A diferença que aqui o cineasta corrige um erro do original que hoje seria impossível de ser repetido, ao escolher atores realmente latinos para interpretar os Sharks, enquanto na versão original eram atores de outras nacionalidades e com os rostos pintados. Um erro que está encravado no passado, do qual não pode mais ser mudado, mas que não significa que deva ser repetido.
“Amor, Sublime Amor" é aquele tipo de filme que a parte técnica e autoral do realizador se destaca mais do que seu próprio elenco, mesmo quando os mesmos tentam se destacar com grande esforço. O casal central, por exemplo, interpretados pelos atores Ansel Elgort e Rachel Zegler, até que se saem bem em seus respectivos trabalhos e chegando até mesmo serem mais convincentes que os interpretes da obra original. Aliás, vale destacar a presença da atriz Rita Moreno nesta nova versão, sendo que em 1961 ela havia interpretado a personagem Anita e aqui ela interpreta uma nova personagem e que terá também papel crucial na trama.
Falando em Anita, a personagem dessa vez é interpretada com unhas e dentes pela atriz até então desconhecida Ariana Debose, mas que dá um show de atuação toda vez que surge em cena. Diferente da protagonista Maria, sua personagem transita entre os sonhos quase nunca alcançados com a lógica com relação ao mundo real em que ela está vivendo e passando para nós alguém cheia de vida e com uma personalidade forte e que nos contagia. Suas cenas com um belíssimo vestido amarelo acabaram por se tornar um dos símbolos dessa nova versão como um todo.
Claro que por ser uma obra inspirada no clássico "Romeu e Julieta" de William Shakespeare o público já tem uma noção de como a trama termina. Porém, até lá o filme vai nos encantando, mas ao mesmo tempo fazendo com que a gente reflita sobre as mesmas questões que perduram desde que o filme original havia sido lançado. Ou abaixemos as armas e evitemos o preconceito, ou mesmo irá nos matar aos poucos e tudo que sobrará de nós é uma vaga lembranças em meio ao entulho que será aos poucos varridos.
"Amor, Sublime Amor" é uma declaração de amor ao clássico do passado, mas que fala de questões que até hoje precisam ser debatidas e que jamais devem ser esquecidas.
Onde Assistir: Disney+
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