Sinopse: Quando Emilio (Oscar Martínez) é diagnosticado com Alzheimer, ele e sua família resolvem partir em busca do seu amor de infância.
São raros os casos de comédias se saírem bem sucedidas quando se entra em território dramático. Porém, quando isso acontece, pode também gerar um filme que nos proporciona diversos sentimentos e fazendo a gente rir e chorar ao mesmo tempo. "Viver Duas Vezes" tem a proeza de fazer com que nos identifiquemos com os personagens e fazendo a gente se emocionar com a situação em que eles vivem que, por vezes, é tristemente familiar nos dias de hoje.
Dirigido por Maria Ripoll, a trama se passa em uma cidade de Valência, leste da Espanha, acompanhando um professor acadêmico aposentado e viúvo há cinco anos, chamado Emílio, interpretado pelo ator Oscar Martinez do filme "O Cidadão Ilustre" (2017). Tudo estava indo bem na sua rotina, até que um dia ele se confundiu a ruas na volta para casa. Em seu exame médico de rotina, ele é diagnosticado com o primeiro estágio da doença de Alzheimer e, ao sair do local, acaba encontrando com sua filha Julia, interpretada pela atriz Inma Cuesta do filme "Julieta" (2016), que trabalha como comercial médica. Ao perceber a doença, Julia convida Emílio para um almoço em família nada funcional. A partir dessa conversa em família, Emílio decide aproveitar seus últimos momentos de memória para reencontrar seu amor do passado.
Além do cruzamento entre humor e drama, Maria Ropoll tem a proeza de inserir na trama o subgênero roadie movie, onde na maioria dos casos os personagens embarcam em uma viagem por um objetivo, quando na verdade ela se torna uma mera desculpa para os próprios se redescobrir ao longo do percurso. Emílio é um personagem pretensioso e orgulhoso de sua profissão, mas lhe faltando despertar para si algo que lhe faz mais humilde perante o seu próximo. Ao receber ajuda familiar, Emílio começa a descobrir uma nova faceta de sua personalidade até então desconhecida, ou que estava adormecida.
O filme realmente engrena no momento em que ocorre a aproximação entre ele e sua neta Bianca, interpretada espetacularmente pela atriz estreante Mafalda Carbonell e que rouba a cena. Embora ambos sejam de culturas diferentes avô e neta se aproximam a partir de pequenos detalhes que enriquecem a relação entre os dois e fazendo com que o restante da família embarque nessa viagem inusitada. O interessante é o fato da trama nunca apelar pelo humor grosseiro, mas sim refinado e que nos faz rir facilmente em vários pontos certeiros.
Do segundo ao terceiro ato em diante o filme começa a ficar mais melodramático a partir do momento que Emílio piora devido a sua doença. Uma vez que os personagens nos conquistam através do humor isso faz com que sintamos ainda mais dor pelo que eles passam e fazendo com que a situação de Emílio nos emocione e se torne familiar para os nossos olhos. O filme só não se torna mais pesado neste momento porque os realizadores optaram por um final mais poético, porém, não menos verossímil e muito bem vindo para aqueles que desejavam o melhor para esses personagens queridos.
"Viver Duas Vezes" nos convida para embarcarmos em uma trama que transita em gêneros diferentes, mas cujo o resultado nos provoca diversas emoções e culminando entre sorrisos e lágrimas ao mesmo tempo.
Um comentário:
Amigo Marcelo, feliz com a leitura da crônica. Esse filme é muito sensível sobre a temática do Alzheimer ele foi incluído no Projeto Cine Debate - Filmes para pensar a vida e te aguardamos amanhã para suas contribuições.
Abraços.
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