Sinopse: Dois jovens decidem abrigar em sua casa um casal de jovens estudantes por um período. Shirley encontra nessa rotina peculiar a inspiração que precisava para sua mais nova obra.
As vezes gostaríamos de explorar a personalidade de um determinado escritor e para assim conhecer as suas motivações que o levaram a realizar determinadas obras primas da literatura. O filme "Mary Shelly" (2017), por exemplo, serviu para descobrirmos as raízes que serviram de ideias para a escritora realizar sua obra prima "Frankenstein". "Shirley" segue um caminho inverso, mas muito eficaz sobre a vida de outra grande escritora.
Dirigido por Josephine Decker, o filme conta a história de Shirley Jackson (Elisabeth Moss), uma escritora de contos de suspense casada com Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), um renomado professor da Bennington College. Os dois decidem abrigar em sua casa um casal de jovens estudantes por um período. Shirley encontra nessa rotina peculiar a inspiração que precisava para sua mais nova obra.
Escritora do livro clássico "A Assombração da Casa da Colina", que por sua vez ganhou uma adaptação recente em forma de série pela Netflix, Shirley Jackson com certeza possuía uma vida e personalidade complexa, sendo que qualquer filme que adaptasse sua vida teria um resultado meramente parcial. Portanto, ao retratar somente um ponto específico de sua história, a diretora Josephine Decker obtém certo êxito em conseguir nos passar um pouco sobre como era a personalidade dessa pessoa, mas muito disso se deve ao estupendo trabalho de atuação de Elisabeth Moss.
Elogiada pela crítica, e vencedora de vários prêmios, Moss tem nos brindado com atuações poderosas, desde a série "The Handmaid's Tale", como também o recente sucesso do cinema "O Homem Invisível". Em "Shirley", atriz consegue extrair de sua personagem uma mulher que transita entre a genialidade e a loucura, mas sabendo dançar conforme a música para não se perder na estrada. A trama se passa em 1960, época em que as mulheres ainda passavam por diversos abusos vindo dos homens e o filme explicita muito bem isso, mesmo não havendo abusos físicos. mas sim psicológicos.
Aliás, isso é muito bem representado pelo marido de Shirley, o professor Stanley e interpretado pelo ótimo ator Michael Stuhlbarg, visto recentemente pelo filme "Me Chame Pelo seu Nome" (2018). Aqui, o jogo de Stanley é persuadir Shirley a se manter em casa e formando assim um mito para a sociedade sobre a real saúde mental dela. Embora não seja explicado no princípio os motivos que a levam a não querer sair de casa, aos poucos, logo isso vai ficando esclarecido em peças chaves que vão nos sendo apresentadas aos poucos.
Porém, o jovem casal de hóspedes, Fred (Logan Lerman) e Rose (dessa Young), se tornam uma espécie de protótipos para que a escritora busque inspiração para o seu próximo livro. Shirley e Rose, por exemplo, compartilham de uma dor similar, onde ambas percebem a vida dura de uma mulher perante uma sociedade machista e da qual faz da vida delas um verdadeiro inferno a cada dia que passa. Porém, tudo se encaminha para um jogo de gato e rato, onde um manipula o outro e cabe cada um deles saber onde deverá parar para não cair no precipício literalmente falando.
Com uma belíssima fotografia e edição de arte caprichada, "Shirley" não é somente sobre a vida de uma escritora, como também a voz de várias mulheres do passado e presente e que se sentem enclausuradas como um todo.
Onde Assistir: Em Breve.
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