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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 26 de março de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Pastor Cláudio’ - Passado Opressor

Sinopse: Um encontro histórico entre duas figuras pessoalmente antagônicas: o bispo evangélico Cláudio Guerra, responsável por assassinar e incinerar os opositores à ditadura militar brasileira, e Eduardo Passos, um psicólogo e ativista dos Direitos Humanos. 

Num primeiro momento não é fácil simplificar o peso que esse documentário nos passa quando estamos assistindo. Por explorar tempos sombrios que foram a Ditadura Militar, com direito a inúmeras passagens históricas daquele período sendo vistas na tela, o documentário possui uma frieza sem precedentes, onde as perguntas polêmicas surgem sem freio e tornando importante todo o seu conteúdo que nos é apresentado.
Dirigido por Beth Formagini, o documentário não possui nenhuma inovação dentro do gênero, mas usando ingredientes de sucesso para torna-lo um filme denúncia contra um passado opressor. Aqui existe apenas o entrevistado e o entrevistador, em uma sala escura, onde se destaca uma tela da qual mostra imagens desumanas de um passado que persiste ainda hoje em não morrer.
No caso do entrevistador é o psicólogo e defensor dos direitos humanos Eduardo Passos, e o entrevistado é Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS que matou, incinerou inúmeras pessoas durante a época repressiva e que hoje se autodenomina Pastor Cláudio, membro da igreja evangélica. As perguntas de Eduardo Passos sintetizam como um todo o que foi aquele período e todo sangue que ela deixou no passado. Porém, Pastor Cláudio responde com respostas que vão crescendo na medida do tempo, mesmo elas sendo explicitas, porém, duramente verdadeiras.
É arrepiante quando percebemos que ele não transmite nenhum arrependimento pelos seus atos. Ele observa as fotos que são lançadas na tela, onde ele relembra cada uma de suas vítimas, além de explicar detalhadamente como ele executava elas. Curiosamente, ele fica carregando uma bíblia durante toda obra, como se fosse uma salvação, mas que não lhe faz esquecer dos seus atos. 
Talvez, sem muito exagerar, “Pastor Cláudio” obtém o seu maior trunfo através dessas duas figuras contracenando uma com a outra. Frieza de um e a expressão de assombro vinda do outro faz com que nos identifiquemos facilmente com esse último. Basicamente ele representa nós em cena e sintetizando o nosso lado perplexo perante os fatos vistos na tela.  
Essa complexidade perante o horror dos fatos faz parecer que o pastor Cláudio não seja real em alguns momentos. O que o filme nos transmite em pouco mais de uma hora e meia é o lado surreal, porém, verdadeiro os fatos sendo narrados. Por mais doloroso que seja revisitar um passado tenebroso do nosso país, “Pastor Cláudio” existe como filme denuncia, além de nos dizer que aquelas vozes silenciadas estão hoje mais vivas do que nunca e pedindo justiça. 


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