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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 11 de março de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘O Último Trago’ - Do Convencional ao Sensorial

Sinopse: Uma mulher resgatada à beira da estrada incorpora o espírito de uma guerreira indígena desencadeando uma série de eventos que atravessam os tempos e os espaços. Do sertão nordestino ao litoral, séculos de lutas de dominação e resistência. 

Normalmente o cinema convencional nos traz uma trama linear, com começo, meio e fim e fazendo a gente sair do cinema tendo uma total noção sobre o que havíamos testemunhado na tela. Porém, há o caso das sessões se tornarem esquecidas, já que muitos filmes acabam se tornando dispensáveis devido as suas propostas corriqueiras.  Quando um filme se apresenta quebrando essas regras narrativas ele se torna livre para fazer o que bem entender com elas e proporcionar algo até mesmo incomum e nenhum pouco convencional.
É claro que não é de hoje que o cinema quebra as nossas expectativas com relação determinados filmes e fazendo a gente se perguntar o que a gente havia assistido durante uma sessão.  David Lynch, cineasta autoral e responsável por pérolas como, por exemplo, "Cidade dos Sonhos" (2001) costuma criar tramas não lineares e fazer com que o cinéfilo navegue em momentos sensoriais em celuloide. O filme "O Último Trago" segue essa linha de raciocínio e testando a nossa atenção sobre o que nós estamos assistindo.
Dirigido por Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti, o filme começa quando uma mulher ferida (Samya de Lavor) é capturada à beira da estrada por um personagem enigmático (Rodrigo Fischer). Em uma boate, sob os olhares de seu captor e do público, ela dança até chegar a uma espécie de transe ritualístico e primal, evocando uma mulher indígena e levando o espectador a outro tempo e espaço: o sertão nordestino em algum momento do século XX, onde novamente a essa figura indígena será evocada.
Os primeiros minutos já deixam muito claro que não estamos diante de um filme convencional, mas sim experimental e praticamente se tornando uma experiência sensorial. Aqui não há espaço para as regras da verossimilhança, mas sim para algo mais simbolista e com inúmeras mensagens subliminares nas entrelinhas. Os realizadores criam, portanto, uma pequena metáfora sobre o Brasil de ontem e hoje, onde os personagens principais transitam entre o tempo e o espaço e fazendo a gente se perguntar em qual época especifica a gente se localiza dentro da trama.
Se em seu prólogo e epílogo o filme nos lança mais perguntas do que respostas, a trama do meio, por exemplo, onde ela ocorre dentro de um bar em um lugar qualquer, se torna o único ponto especifico da trama onde nos sentimos em uma espécie de porto seguro, pois ali a trama se torna linear, mas até certo ponto. Na realidade é neste cenário que temos uma ligeira ideia sobre o que está acontecendo na tela e fazendo com que a trama transite até mesmo em outros gêneros como o suspense psicológico ou sobrenatural. Porém, não deixa de ser notório que esse momento especifico também exige nossa total atenção, já que a sua fotografia é muito escura e fazendo a gente se perguntar sobre o que está acontecendo na tela.
Se ficamos confusos com a viagem sensorial da trama, ao menos, quando determinados personagens começam a lançar certos discursos subliminares em suas palavras, podemos concluir alguns pontos específicos da obra. Assim como no longa de animação "Amor e Fúria" (2013), o filme nos fala de um Brasil sempre sendo explorado em sua história, onde os verdadeiros donos da terra são sempre massacrados e criando uma expectativa pessimista com relação ao nosso futuro. Embora complexo para alguns, “O Último Trago” tem o porte necessário para nos proporcionar uma experiência incomum e gerar debate sobre o nosso Brasil atual.  

Em Cartaz: Cinebancários. Rua General Câmara, nº 424, Centro de Porto Alegre. Horários: 17h e 19h. 

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