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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: O Jovem Karl Marx


NOTA: Filme exibido para os membros do Clube de Cinema de Porto Alegre no último sábado (20/01/18)

Sinopse: Aos 26 anos, Karl Marx embarca para o exílio junto com sua esposa, Jenny. Na Paris de 1844, ele conhece Friedrich Engels, filho de um industrialista que investigou o nascimento da classe trabalhadora britânica. Dândi, Engels oferece ao jovem Marx a peça que faltava para completar a sua nova visão de mundo. Entre a censura e a repressão, os tumultos e as repressões políticas, eles lideram o movimento operário em meio à era moderna.



Em tempos de hoje “pós-golpe”, existe sempre um grupo ou outro (como MBL), querendo demonizar certos movimentos, mas que, em prática, não entendem nada do assunto. Em 2016, por exemplo, em uma manifestação da qual se exigia o retorno da Ditadura (?), uma estudante chamada Rosângela Muller apontou no Painel do Congresso uma bandeira que, segundo ela, era comunista, quando na realidade era do Japão. Em tempos em que temos uma mídia parcial, uma tolerância zero, além da falta cada vez maior de diálogo entre as classes, é sempre bom vermos filmes como O Jovem Karl Marx em que nos explica as raízes de um dos principais movimentos socialistas a serviço da união dos povos.
Dirigido por Raoul Peck (Eu não sou o seu negro), a trama se inicia no ano de 1844, onde o jovem escritor Karl Marx (August Diehl, de Os Falsários), impedido de escrever em defesa dos trabalhadores, embarca no exílio junto com a sua esposa. Porém, na cidade de Paris, ele veio a conhecer Friedrich Engels (Stefan Konarske, do recente Valerian), filho de um industrialista, mas não tendo a mesma visão gananciosa do seu pai e tendo como objetivo conhecer um pouco melhor a vida de cada trabalhador braçal. Embora de mundos diferentes, ambos possuem o mesmo pensamento com relação aos trabalhadores, dos quais sofrem nas mãos de poderosos e decidem então unirem forças para tentar mudar esse quadro.
O primeiro ato da trama é basicamente dividido em duas linhas narrativas, onde vemos Marx sofrendo perante a perseguição e censura vinda do próprio governo. Enquanto isso, nós presenciamos Engels testemunhar horrorizado o lado cru da vida árdua dos trabalhadores, cujo sangue que escorre de cada membro perdido deles, acaba por então enriquecendo mais o seu pai. Vidas diferentes, com até mesmo pensamentos distintos, mas cujas situações da época, que vai desde a corrida pelo progresso, como também o aumento discriminatório das classes operárias, faz com que ambos os lados concordassem que era preciso haver mudanças, para então elaborar o nascimento da união entre os trabalhadores e que se criasse então um dos primeiros movimentos fortes do comunismo contra a opressão.
Embora sejam épocas passadas é incrível, por exemplo, como os discursos de ambos os protagonistas soa mais atualizado do que nunca. Ao mesmo tempo, a dupla é consciente de que é preciso fazer alianças em meio aos grandes movimentos já estabelecidos daquele tempo, principalmente com relação à igreja, da qual sempre possui uma palavra forte e que influência os pensamentos do povo. É um caso que ressoa até hoje e que, para o bem ou para a mal, influência até mesmo na decisão de escolha de vários lideres pelo mundo.
Com uma boa reconstituição de época, o filme desliza um pouco ao usa as velhas fórmulas de sucesso cinematográfico sobre o bem contra o mal, para fazer com que o cinéfilo desinformado embarque nessa história facilmente. Na abertura, por exemplo, vemos trabalhadores famintos pegando lenha na floresta, para que logo em seguida sofrerem nas mãos de soldados sombrios a serviço do governo. A sequência é moldada propositalmente para nos emocionar, mas sendo  mais do que o suficiente para nos convencer e embarcar na proposta principal da obra.
O filme tem como objetivo se aproximar perante cinéfilo leigo sobre o socialismo de ontem e hoje, mesmo quando a obra não se aprofunda ao extremo em algumas passagens no decorrer do percurso. Contudo, as bases dos pensamentos da dupla central são muito bem exploradas, principalmente quando surge o embate deles perante aos outros teóricos de esquerda da época e em situações muito bem esclarecidas. O filme obtém o mérito de fazer com que se debata sobre as teorias políticas diversas, ou até mesmo na necessidade de prestarmos mais atenção nos pensamentos de escritores de ontem e hoje e que conseguem passar suas mensagens para um grande público, assim como aconteceu com o desenvolvimento do Manifesto Comunista e que sobrevive até hoje em meio represarias e censura vindas da extrema direita. 
O Jovem Karl Marx não é nenhuma obra prima, mas que serve como uma pequena fonte de conhecimento para entendermos as origens de certos movimentos socialistas e, quem sabe, impedir um pouco o avanço de jovens de hoje que são cada vez mais desinformados com relação à palavra comunista. 
 
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