NOTA: Filme exibido
para os membros do Clube de Cinema de Porto Alegre no último sábado (27/01/18).
Sinopse: Um homem e uma
mulher, colegas de trabalho, passam a se conhecer melhor e acabam descobrindo
que eles sonham as mesmas coisas durante o sono. Eles decidem torná-los
realidade, apesar das dificuldades no mundo real.
O século 21 está entrando
numa fase meio que nebulosa, onde existe a informação com velocidade instantânea, mas
fazendo com que cada vez mais as pessoas se separem uma das outras. A solução seria
então voltarmos ao passado e nos dar de encontro com o nosso lado mais primitivo
para a gente se lembrar do que nos faz humanos? O filme Corpo e Alma, talvez não
tenha tal resposta, mas nos direciona para
um ponto seguro para nos fazer questionar para qual caminho devemos trilhar em
tempos próximos!
Dirigido pela cineasta Ildiko
Enyedi (O meu Século XX), acompanhamos o dia a dia de pessoas que trabalharam num
abatedouro. Um dos supervisores chamado Endre (Morcsányi Géza) começa a ter sonhos
estranhos, onde neles ele é um cervo e do qual começa a ter a companhia de uma fêmea.
Curiosamente, a nova funcionária chamada Mária (Alexandra Borbély) começa a ter o
mesmo sonho e fazendo com que ambos tenham uma relação imprevisível.
Em tempos em que a
humanidade se encontra num estágio em que está se perdendo cada vez mais o amor
ao próximo, o cenário de um abatedouro se torna uma espécie de prova de fogo
para ver até que ponto um ser humano pode ser frio perante o horror. Ao testemunharmos
animais serem abatidos, para logo depois servirem de alimento para a massa, nos
faz então a gente se questionar se não somos nós os verdadeiros animais que
deveriam ser então abatidos. Ao vermos o olhar de pavor desses animais antes de
seu calvário é de cortar o coração de qualquer um.
Nesse cenário deprimente, há
pelo menos pessoas conscientes de que, num lugar como esse, é necessário manter
o que ainda tem de humanidade e sentir um pouco da dor que passam esses
animais. Mas se existe aqueles que sabem ainda sentir, há também aqueles que não
conseguem se relacionar com o próximo de forma alguma. Mária, por melhor que
ela seja como pessoa, é uma que não consegue ter uma aproximação normal com os
demais colegas, como se o toque humano fosse então um desafio e fazendo com que
ela não deseje sair de sua zona de conforto.
Mas, a partir do momento em
que ela começa a ter o mesmo sonho que Endre, ambos enxergam nessa situação uma
forma de se relacionarem, mesmo que isso seja de uma forma fora do comum. A cineasta
Ildiko Enyedi usa então o cenário do sonho como uma espécie de metáfora com
relação às relações de hoje, onde as pessoas se sentem cada vez mais confortáveis, por
exemplo, numa relação virtual do que ter qualquer tipo de contato físico:
a cena em que vemos o casal central se deitarem um do lado do outro, é como se então
eles usassem um aparelho imaginário e se interagissem usando os seus avatares
em forma de cervos.
Por outro lado, o cenário dos sonhos e com seus cervos, pode ser interpretado como uma forma de elo que nos une novamente a natureza e com que faça que a gente consiga se lembrar do que nos faz realmente humanos. Por mais que o casal central tenta se desprender disso e voltar ao seu comodismo do dia a dia, ambos no fundo sabem que só lhes restam essa forma de acordarem para ambos ou caírem no esquecimento mútuo. Quando finalmente eles têm uma relação carnal no mundo real, ouvimos um som familiar vindo do lado mais intimo e primitivo de Endre e nos dando a entender que ambos encontraram as suas essências primordiais para então sentirem realmente despertos.
Por outro lado, o cenário dos sonhos e com seus cervos, pode ser interpretado como uma forma de elo que nos une novamente a natureza e com que faça que a gente consiga se lembrar do que nos faz realmente humanos. Por mais que o casal central tenta se desprender disso e voltar ao seu comodismo do dia a dia, ambos no fundo sabem que só lhes restam essa forma de acordarem para ambos ou caírem no esquecimento mútuo. Quando finalmente eles têm uma relação carnal no mundo real, ouvimos um som familiar vindo do lado mais intimo e primitivo de Endre e nos dando a entender que ambos encontraram as suas essências primordiais para então sentirem realmente despertos.
Grande vencedor do festival
de Berlim, além de indicado ao Oscar de filme Estrangeiro, Corpo e Alma é um reflexo
do mundo de hoje, onde existe uma sensação cada vez maior sobre a falta de toque
humano pelo próximo e fazendo a gente se perguntar como então chegamos a esse
ponto.
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