NOTA: filme exibido para os sócios do Clube de Cinema de Porto Alegre no último sábado (13/01/18).
Sinopse: A menina
Frida perdeu a mãe. Agora ela tem de deixar Barcelona e ir morar no interior da
Catalunha. Lá, a garota é criada pelos tios e precisa se adaptar a nova vida
com as regras e limites de sua nova família.
Verão 1993 é escrito
e dirigido por Carla Simón, onde ela nos brinda com uma direção de atrizes
mirins incríveis. Com um elenco afiado e escolhido a dedo, o filme investiga
sobre a infância da própria cineasta. As duas crianças em cena foram achadas
numa seleção de elenco que durou meio ano. É preciso levar em conta que
localizar uma menina de talento, além de ter que interpretar a própria cineasta
quando ela era jovem, não é das tarefas mais fáceis para se cumprir. Porém,
Laia Artigas é um verdadeiro achado, da qual merece ser reconhecida pelo seu
talento e torcer para que não suma do mapa do mundo artístico.
Assim como ocorre nos
EUA, mulheres cineastas tem se destacado no cenário independente espanhol. São
as mulheres que estão dando um novo fôlego para o cinema daquele país.
Trabalhos como o de Carla Simón, Roser Aguilar (Brava) e Elena Martín (Júlia
ist) estão circulando pelos festivais do mundo com sucesso de crítica e
público.
Em Verão 1993, a cineasta
usa a sua câmera como uma espécie de ponto de vista da jovem Frida
(Laia Artigas) que, com pouca idade, precisa saber lidar com a perda dos pais
devido ao vírus da Aids, sendo que ainda era um tempo em que o vírus ainda era
pouco conhecido. Esta perda recente altera radicalmente a vida da pequena jovem,
ao ponto de ter que se mudar para Barcelona em uma pequena cidade do campo.
Frida passa então a viver com seus tios e a
pequena filha do casal. Aos poucos ela consegue chamá-los de mãe e pai, mas o
luto e adaptação perante um novo cenário são abordados gradualmente, uma vez que
todos precisam criar novos laços para se manterem firmes em meio as
dificuldades dos dias que virão. Mudanças precisam ser estabelecidas, ao ponto
que todos da trama sentiram elas, mas cada um de uma forma distinta.
Embora a Aids esteja
como pano de fundo na trama, o tema é trabalhado pelo roteiro sem qualquer maniqueísmo.
Preconceito falta de informação sobre a doença se destaca, mas é usado unicamente
para mover os seus respectivos personagens e dando destaque a suas reais
personalidades perante as situações que ocorrem. Aliás, o roteiro cria situações
narrativas de forma bastante curiosas onde, por exemplo, jamais permite haver
respostas simples, tal qual a percepção de uma criança de 6 anos de idade que
recebia informações de uma forma gradual e que não lhe afetasse emocionalmente.
Devemos levar em conta que a
doença era tratada como um enorme tabu perante a sociedade. Por esse meu
pensamento, concluo que o filme obtém de uma forma leve, mas nunca demais,
apontar maneiras para melhor explicar para uma jovem vida em tentar entender esse
problema que assim veio do mundo dos adultos. Conduzindo o roteiro e a câmera
de uma forma natural, a cineasta Carla Simón cria um ambiente que transita pelo
documental, sem jamais esbarrar por um lado pretensioso ao reconstituir a sua própria
infância. Ao testemunharmos a jovem protagonista libertar o choro do qual ela
havia guardado durante todo o filme, a diretora exorciza então uma parte triste
do seu passado, mas tendo a certeza que conseguiu obter o seu maior objetivo.
Verão 1993 é sobre ter que
amadurecer perante uma realidade, por vezes, opressora mas que sempre haverá um
fio de esperança para aliviar essa cruzada na vida.
Nota: o filme segue em cartaz na Casa de Cultura Mario
Quintana, nº 736. Sala Eduardo Hirtz. Horário 15h.
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