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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Cine Especial: O 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos

 10º) Macunaíma (1969)

 

Sinopse: Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de negro (Grande Otelo) virou branco (Paulo José). Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos. Depois dessa longa e tumultuada aventura urbana, ele volta à selva. Um compêndio de mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance de Mário de Andrade.

 

A relação mais concreta entre a chanchada e o filme de Joaquim Pedro de Andrade está na figura de Grande Otelo, grande comediante dos filmes da Atlântida. É, contudo, no humor e na malandragem dos personagens que reside uma relação muito mais forte e interessante. Há um narrador que encaminha a história, nos elucida em seus pontos obscuros, nos ajuda nesse primeiro momento em que Macunaíma segue os seus instintos e lida com as coisas conforme as encontra. Como (super) herói, seu maior poder acaba ser o de se adaptar às condições, seja fisicamente (metamorfose em príncipe, branco/negro) seja na sua atitude.
Macunaíma é um herói volatil, imoral, sua única característica imutável é o seu caráter, a lei maior de sempre levar vantagem. A ida de Macunaíma para a cidade não é motivada, se norteia pelo senso comum do êxodo rural, tão retratado num primeiro período do Cinema Novo. Chega num pau-de-arara e irá se deslumbrar com a cidade, mas logo irá encarar o novo contexto da mesma forma que o mato. Macunaíma parece até tratar com um certo desdém as coisas da cidade, as coleções de Ci, as coleções do gigante. Sua motivação só surgirá com a morte de Ci, seu único interesse por um item colecionável é pelo Muiraquitã, por ter um motivo sentimental para ele. 
Mas isso não faz de Macuinaíma um anticapitalista. O malandro se adapta facilmente à cidade por mimetizar o estilo de vida urbano, tarefa fácil: basta comprar umas roupas, carregar uma guitarra, fingir que é hippie. Num outro nível, a antropofagia- capitalista é comum aos dois mundos, um devora o outro em todo lugar. O final triste revela como discurso maior do filme o das relações de poder. Há uma impossibilidade de o malandro gerar qualquer continuidade, produzir qualquer permanência ou concretude. Todas as relações do filme são destruidoras (capitalismo antropofágico), onde o ganhar ou perder diferenciam- se apenas pelo momento em que ocorrem.




11º) CENTRAL DO BRASIL (1998)



Sinopse: Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher que trabalha na estação Central do Brasil escrevendo cartas para pessoas analfabetas; uma de suas clientes, Ana (Soia Lira) aparece com o filho Josué (Vinícius de Oliveira) pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido dizendo que Josué quer visitá-lo um dia. Saindo da estação, Ana morre atropelada por um ônibus e Josué, de apenas 9 anos e sem ter para onde ir, se vê forçado a morar na estação. Com pena do garoto, Dora decide ajudá-lo e levá-lo até seu pai que mora no sertão nordestino. No meio desta viagem pelo Brasil eles encontram obstáculos e descobertas enquanto o filme revela como é a vida de pessoas que migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou poder reaver seus parentes deixados para trás.


Naquele ano (1998) fazia um tempo que uma produção nacional não desfrutava de tamanha visibilidade internacional. Um Road Movie sentimental de impressionante eficácia, a partir da amizade entre uma mulher que busca uma segunda chance e um garoto que quer procura suas raízes. Apesar de dramaticamente simples, o longa é cuidadoso, arcabouço de emoções calculadas e imagens poderosas, diálogos enxutos e grandes interpretações. Entre os mais de trinta prêmios arrebatados, destacam-se o Urso de Ouro de melhor filme e o Urso de Prata de melhor atriz para Fernanda Montenegro, conquistados no festival de Berlim  de 1998, e o globo de ouro de 1999 de melhor filme estrangeiro.
Além disso, recebeu duas indicações ao Oscar, de melhor filme estrangeiro e de melhor atriz. Montenegro, em uma incrível e sutil caracterização, foi à primeira atriz latina americana a ser indicada ao Oscar de melhor atriz. Um feito histórico.


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