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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O QUARTO DE JACK




Sinopse: A única coisa no mundo que o menino Jack conhece é um quarto com uma pequena janela. É nesse lugar que ele nasceu e de onde nunca saiu. A criança já está com 5 anos e começa a questionar sua mãe o motivo de viverem presos no quarto, até o dia em que ele tem a chance de desbravar aquilo que nunca conheceu.
 
Quando se é criança, você imagina o mundo de outra forma, pois você gradualmente está conhecendo ele e descobrindo o quão grande ele é. Quando eu era pequeno, por exemplo, acreditava que, após descer em uma estação rodoviária, eu entrava em outro mundo, como se aquele lugar fosse de outro planeta. Essas lembranças cada vez mais douradas me vieram na mente ao ver uma cena chave do filme O Quarto de Jack, mas que, diferente de mim, o protagonista mirim foi conhecer um mundo vasto somente quando tinha cinco anos, pois antes a sua realidade era resumida somente entre quatro paredes.
Dirigido por Lenny Abrahamson (Frank), acompanhamos a vida de Jack (Jacob Tremblay, fenomenal), que, ao lado de sua mãe (Brie Larson) vivem num quarto fechado, onde há somente uma janelinha no teto, alguns móveis, televisão e uma cama. O primeiro ato da trama nos é apresentado o dia a dia dos dois naquele mundo minúsculo, onde a protagonista cuida da sua cria de todas as formas possíveis e escondendo dele a real realidade do que está realmente acontecendo. Quando descobrimos que na verdade eles se encontram presos há anos, e nas mãos de um molestador, a protagonista decide por conta própria sair daquele mundo, pois ela própria já não agüenta mais viver presa e esconder a realidade para o seu filho.
Falar mais desse primeiro ato seria estragar alguns momentos primorosos, pois é preciso tirar chapéus para a dupla central, cujo seus desempenhos se encontram limitados nesse cenário tão pequeno, mas o que tornam eles gigantes perante aos nossos olhos. Porém, num momento de desespero, do qual desencadeia a fuga e a libertação de ambos é desde já um dos melhores momentos do filme. Atenção ao momento em que Jack se encontra face a face com o mundo do qual ele via somente pela TV sendo belamente filmado e se casando perfeitamente com a sua trilha sonora.
Uma vez fora do cubículo, o segundo e terceiro ato da trama acompanhamos os passos da mãe e do seu filho, ao tentarem se acostumar com o novo mundo a sua frente. Assim como aconteceu no início, acompanhamos a trama pela perspectiva do protagonista mirim que, mesmo não entendendo o que acontece em volta, nós compreendemos muito bem e isso graças a boa direção de  Abrahamson e pelos ótimos desempenhos de  Joan Allen (Ultimato a Borne) e  William H. Macy (Magnólia), dos quais interpretam os pais da mãe de Jack. Esses últimos, aliás, se apresentam de formas distintas com relação à verdadeira origem de Jack e o que desencadeia um desequilíbrio familiar, do qual a mãe do pequeno protagonista terá que enfrentar.
Conhecida por ter atuado em comédias, como o recente Descompensada, Brie Larson nos brinda com uma personagem de peso, do qual ela passa toda a tristeza e sofrimento em que a sua personagem passou unicamente através dos seus expressivos olhos. Em uma situação como essa qualquer pessoa comum enlouqueceria, mas o seu desempenho nos faz convencer de que a sua personagem vence os obstáculos para proteger o seu filho, assim como matar o desejo de desistir de tudo. Embora novata em premiações, não é a toa que ela tenha se tornado franco favorita pelo cobiçado Oscar.
Mas a alma do filme é realmente Jacob Tremblay, pois mesmo sendo tão novo, ele transmite um ar de amadurecimento perante os adultos, mesmo que o seu personagem esteja gradualmente aprendendo sobre o novo mundo. Tudo gira em volta dele, o que faz do seu personagem o verdadeiro protagonista da trama. Esquecido nas premiações, como o Oscar, ficamos na torcida para que esse pequeno, mas grande artista não se perca com o tempo, assim como aconteceu com outros jovens talentos. 
Embora seja uma pequena produção, O Quarto de Jack ainda sim é um belo filme, do qual passa a idéia de que a inocência ainda pode ser a principal arma contra o lado sombrio vindo do ser humano atual.   




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Um comentário:

kleber cruz disse...

Gostei de suas palavras sobre o filme, e, assim como você, eu me vi muito através do Jack, do seu olhar, das suas palavras, isso porque o filme, apesar de muito bem feito e adaptado pela autora do livro, este sim é uma leitura espetacular.