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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O REGRESSO


Sinopse: 1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

  
Nessa altura do campeonato muitas pessoas estão relacionando ao filme O Regresso  como a obra que pode dar finalmente o Oscar para Leonardo DiCaprio, que aqui nos brinda com um dos seus desempenhos mais fortes de sua carreira. Porém, o filme não é para ser lembrado somente pela poderosa interpretação de seu protagonista, como também por ser uma obra requintada, cujo visual é arrebatador e inesquecível.  Se formos simplificar, O Regresso é um show visual, onde cada imagem é um quadro em movimento e fazendo da natureza selvagem um verdadeiro belo inferno.
O que surpreende mais é o fato do filme ser dirigido por Alejandro González Iñárritu que, em menos de um ano, surpreendeu com o seu inesquecível Birdman, mas pelo visto o diretor não se sentiu satisfeito. Se no seu filme anterior acompanhamos um ator decadente em busca de uma redenção em sua carreira, aqui o protagonista abraça todas as formas possíveis para sobreviver em meio à natureza selvagem, para buscar e saciar a sua vingança pessoal, nem que para isso corra o risco de perder a sua própria humanidade. Em quase três horas, acompanhamos a transformação de um homem, do qual não aceita morrer em meio às adversidades, mas sim somente abraçar todas as formas de seguir em frente.
Pode-se dizer que a trama não traga nenhuma originalidade em termos de história, e que as motivações para a vingança do personagem não são como um todo bem explorado. A relação de pai e filho que existe trama, por exemplo, e que servirá de estopim para o início do segundo ato da trama, somente está ali para o personagem se agarrar no que deseja e não para ser emocionalmente explorada. Se o roteiro não satisfaz o mais exigente, pelo menos tecnicamente, o filme nos brinda com sequências das quais tão cedo a gente não se esquece e muito se deve isso ao diretor de fotografia  Emmanuel Lubezki.
Premiado já com dois Oscar pelos seus trabalhos em Gravidade e Birdman, Lubezki novamente surpreende com imagens arrebatadoras e com planos sequências de tirar o fôlego. Revelado ao mundo pelo filme Filhos da Esperança, desde aquele filme Lubezki cria imagens mirabolantes, das quais nos faz ter a sensação de estarmos dentro das cenas. O Plano sequência do qual vemos um ataque de índios é desde já espetacular. 
Porém, nada daquilo que já foi mostrado se compara ao ataque de urso que o protagonista sofre no primeiro ato do filme. Contracenando com um urso real (substituído em alguns momentos por um digital), Leonardo DiCaprio vira uma espécie de boneco de pano perante o animal enfurecido, e como a sequência não há cortes, nos cria a sensação de total impotência perante a possibilidade do personagem ser devorado vivo na frente dos nossos olhos. Com certeza entrará facilmente como um dos momentos mais chocantes da história do cinema recente.
A partir daí, o filme apresenta os dois lados da mesma moeda do ser humano, com a questão da sobrevivência perante o horror e como determinada pessoa se comporta perante ela.  Glass (Leonardo DiCaprio) usa a vingança como a sua muleta, para só assim seguir em frente e matar o homem que o abandonou para morrer na floresta. Já esse homem se chama John Fitzgerald (Tom Hardy, ótimo) que, já viu o lado ruim muitas vezes na vida, o que faz reagir de formas imprevisíveis para sobreviver, nem que para isso traia as suas próprias crenças.
Essa dualidade poderia ser ainda muito mais bem explorada, mas que infelizmente ela se perde, quando o ato final se encaminha para o que todos esperam, o que não evita certo desapontamento que sentimos após o encerramento. A situação somente não termina de uma forma previsível, graças ao fato dela se enlaçar com as palavras subliminares de um determinado personagem que havia surgido do nada no segundo ato e que dá a sua lição de moral a Glass. Parece pouco, mas que faz do previsível se tornar no mínimo algo genuíno.
Como eu disse acima, O Regresso não merece apenas ser lembrado como o filme que pode dar o Oscar para Leonardo DiCaprio, mas também por possuir uma produção visual arrebatadora, mas que poderia ir ainda mais longe do que se imagina.   

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