De 1967 a 1980, o
cinema americano viveu o seu período mais criativo, onde eram apresentadas para
o público, histórias sérias, reflexivas e que espelhasse um pouco que os EUA
passavam naquele período (período pós Vietnam e o escândalo do Waltergate). Com
uma nova e criativa geração de cineastas, Hollywood presenteou para os
cinéfilos, algo que somente se via em outros países, como na França e sua “nova
onda” (Nouvelle Vague).
O próximo curso
criado pelo Cine Um e ministrado por Leonardo Bomfim, intitulado A Gênese da
Nova Hollywood tratará exatamente disso. A atividade acontecerá em Porto
Alegre, dos dias 05 e 06 de março, mas antes disso, postarei por aqui os
primeiros filmes (entre anos 60 e 70) e que deram origem a esse rico período do
cinema americano.
BONNIE CLYDE: UMA
RAJADA DE BALAS (1967)
Sinopse: Durante a
Grande Depressão, Bonnie Parker (Faye Dunaway) conhece Clyde Barrow (Warren
Beatty), um ex-presidiário que foi solto por bom comportamento, quando este
tenta roubar o carro de sua mãe. Atraída pelo rapaz, ela o acompanha. Ambos
iniciam uma carreira de crimes, assaltando bancos e roubando automóveis.
Conhecem o mecânico C.W. Moss (Michael J. Pollard), que passa a ser o novo
companheiro da dupla, mas durante um assalto matam uma pessoa e são caçados daí
em diante como assassinos. Ao grupo une-se Buck (Gene Hackman), o irmão de
Clyde recém-saído da cadeia, e Blanche (Estelle Parsons), sua mulher.
Sucedem-se os assaltos e logo o quinteto ganha fama em todo o sul do país. Uma
noite, são cercados por vários policiais e, obrigados a matar para fugir, são
perseguidos em vários estados.
Filme clássico que
resgata os dias de crime e de aventura desse famoso casal. Um violento e fiel conto, baseado em fatos
verídicos que, deu origem a vários filmes sobre gangues da época, sendo uma
analise de costumes e tudo apresentado de uma maneira altamente profissional.
Fazendo um retrato crítico, de um dos piores períodos dos EUA, onde em meio a
uma crise sem precedentes, surgia criminosos, com um único intuito em
sobreviver num país arruinado, mas que precisava enfrentar uma policia tão
traiçoeira quanto eles.
O filme também se
tornaria o primeiro sucesso da carreira de Gene Hackman, que no filme
interpretaria o irmão de Clayde, e seu desempenho foi tão convincente que, o
futuro astro ganharia já inicio de carreira, sua primeira indicação ao Oscar
como ator coadjuvante. A produção também é muito bem lembrada, pela Trilha
sonora eficiente e fotografia requintada. Além de Hachman, ocorreu a estreia do
cinema (em sequência muito engraçada), de Gene Wilder. O filme levaria os Oscar
de atriz coadjuvante (Estelle Parsons) e fotografia, mas é muito pouco para um
clássico como esse, que inauguraria o período conhecido como “a nova
Hollywood,” e por possuir um dos finais mais corajosos e impactantes da
historia do cinema.
Curiosidade: O
personagem C.W. Moss é na verdade fictício, sendo uma mescla de dois membros da
gangue de Bonnie e Clyde: William Daniel Jones e Henry Methvin.
A PRIMEIRA NOITE DE
UM HOMEM (1967)
Sinopse: Após se
formar na faculdade, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) retorna para casa.
Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido por uma amiga de
meia-idade (Anne Bancroft) de seus pais. Mas na verdade ele está interessado na
filha (Katharine Ross) dela.
Embora seja para os
padrões atualmente um drama romântico bem humorado, na época (1967) foi um
verdadeiro escândalo, para um público conservador que era o americano naquele
tempo, mas nem por isso, o filme deixou de fazer um grande sucesso. Mesmo
desconhecido, e não tendo a pose de galã que tanto Hollywood vendia naqueles
anos, Dustin Hoffman se torna astro da noite pro dia, ao interpretar um jovem
cheio de dúvidas do que quer da vida, e ao conhecer a Sra. Robson (Anne
Bancroft, no melhor momento de sua carreira), entra num labirinto ainda mais
complicado.
Embora a dupla
central tenham tido na época uma diferença de idade pequena (6 anos), eles
acabam convencendo em cena, principalmente Hoffman que, embora já tinha na
época 30 anos, convenceu muito bem como um jovem de 21. Mas era de se esperar
um filme como esse, principalmente sendo dirigido por Nike Nichols, que um ano
antes, havia escancarado um o casal imperfeito americano em Quem Tem Medo de Virginia
Woolf?. Em A Primeira Noite de Um Homem, talvez a intenção do cineasta tenha
sido escancarar os conflitos internos do jovem americano, em que só tinha que
ser algo na vida de acordo com o que os pais queriam. Talvez a melhor cena que
simboliza isso, é quando Benjamin se encontra melancólico e sozinho embaixo da
piscina, se perguntando por que não radicalizar de uma vez por todas? E é isso
que ele faz! Muito embora, o verdadeiro amor que ele encontra, não seja com a
Sra. Robson, e sim com sua filha (Katharine Ross, ótima). O relacionamento de
ambos os jovens, culmina numa sequência clássica na igreja, e se encerrando de
uma forma imprevisível dentro do ônibus, deixando inúmeras duvidas no ar sobre
o destino de ambos os personagens.
O filme também se
tornou super lembrado, graças a sua trilha sonora, Mrs Robinson, The Sound of
Silence e outros sucessos de Simon Garfunkel. Vencedor do Oscar de melhor
diretor (Nichols) é um clássico imperdível, que foi baseado no romance de
Charles Webb.
Curiosidade: A cena
de abertura de A Primeira Noite de um Homem, quando Benjamin está na esteira de
um aeroporto, serviu de inspiração para o diretor Quentin Tarantino que, 30
anos depois, fez uma cena similar na abertura de Jackie Brown.
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