Sinopse: No auge da carreira
Maria Enders é convidada para atuar numa remontagem da peça que a tornou famosa
há 20 anos. Naquela primeira versão ela atuou no papel de Sigrid uma jovem
sedutora que leva sua chefe Helena ao suicídio. Agora no entanto ela é
convidada para o outro papel o de Helena. Maria viaja com sua assistente para
ensaiar em Sils Maria uma região remota dos Alpes. O papel de Sigrid é dado a
uma jovem estrela em ascensão em Hollywood com uma inclinação para polêmicas.
O cineasta Assayas
cria um magnífico jogo de metalinguagem, que introduz as protagonistas do
filme, as protagonistas do teatro, e porque não, as próprias interpretes do filme, que salto a vista, foram escolhidas
de uma forma bem pensada para os respectivos papéis. Este jogo de xadrez psicológico
mostrará a preciosidade do roteiro de Acima das Nuvens que, não apenas nos
apresenta uma trama em que a sutilezas domina a obra como um todo, como conta
com um ótimo texto em que apresenta uma personalidade distinta das duas
protagonistas.Além de todo esse
jogo linguagem, há inúmeros diálogos corajosos sobre a passagem de tempo, e com
ele, nos vem uma forma de pensar sobre a maneira de se ver cinema de ontem e
hoje. O diretor é hábil em entender um ser como Maria, completamente fora de
sua época, na forma de não conhecer o que rola no mundo atual, do show
business, assim como de desvendar o próprio show business e até brincar com ele.
Para estabelecer
todos estes jogos no roteiro, o filme conta com uma atuação novamente competente
de Juliette Binoche, que ainda nos surpreende quando se coloca num novo desafio,
e encarna na tela uma personagem que pode ao mesmo tempo se dividir em várias
outras, assim como no fundo por ser ela mesma, Juliette em toda sua
complexidade. Kristen Stewart (que provou ser atriz de verdade em Na Estrada) não
deixa nada a desejar e cria um grande feito ao manter a sua presença forte tela,
mesmo dividindo a cena como alguém de interpretação precisa como de Binoche.
Com referências subliminares
com relação outros clássicos do cinema como Persona e Aventura, Acima das
Nuvens ainda se soma uma mise-en-scene fortíssima, que só prova mais uma vez a
qualidade de Assayas, que nos entrega uma poesia visual com diversos momentos
não apenas bonitos esteticamente, mas que também mostram toda a força do
cinema, que pode nos tirar algo, de repente, sem que saibamos se este algo
sumiu, morreu, ou fugiu. Mas nos deixa essa dúvida, que nos consome e nos preenchem,
como as nuvens que preenchem os desfiladeiros de Sils Maria em uma dança que
faz lembrar o rastejar de uma cobra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário