Sinopse: Em 1986, o
eletricista texano Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é diagnosticado com AIDS
e logo começa uma batalha contra a indústria farmacêutica. Procurando
tratamentos alternativos, ele passa a contrabandear drogas ilegais do México...
Quando eu estudava no
primeiro grau nos anos 80, a AIDS já estava na boca do povo, que estava temendo
pelo contagio que até aquele momento não se sabia ao certo como se pegava. Isso
se estendeu até inicio dos anos 90, quando se descobriu que a doença se pegava através
do ato sexual e sangue, mas que infelizmente pessoas preconceituosas e com medo,
não pensava exatamente dessa forma. Nunca me esqueço quando uma professora
minha dizia que se pegavam AIDS somente com o aperto de mão, demonstrando verdadeira
falta de conhecimento e puro preconceito.
Clube de Compras
Dallas sintetiza mais ou menos isso o que rolava naquele tempo, onde um numero cada
vez maior de doentes foi surgindo e fazendo com que inúmeros países entrassem
estado de alerta. Quem acabou então saindo mais prejudicado foi os homossexuais,
representante da boa parte dos infectados e fazendo com que as pessoas da área da
medicina e principalmente pessoas preconceituosas acreditassem que a doença vinha
deles. Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é um belo representante desse segundo
grupo, mas que sente na pele quando descobre que possui o vírus e ter apenas um
mês de vida.
Pessoa típica do
Texas, Ron é apenas um eletricista que nas horas vagas gosta de montar em touros
e participar de inúmeras orgias com mulheres. Uma vez que adquire o vírus, em
vez de se preparar para o pior, decide então usar todos os seus recursos para
continuar vivendo, nem que para isso aja de uma forma clandestina. É neste
ponto, que o filme aborda o fato que os médicos e a indústria farmacêutica vendiam
somente a droga AZT (com efeitos duvidosos), que era a única legal, enquanto
outras drogas e vindas de fora eram consideradas ilegais.
Num ato de desespero,
Ron acaba parando numa cidade do México, onde encontra inúmeros pacientes que
estão sendo tratados com uma droga, cujo o efeito é muito melhor que o AZT e
com isso, decide não somente usar para ele, como também tirar proveito da
situação e vende-la ilegalmente em solo americano. Nesse percurso, conhece o
travesti Rayon (Jared Leto) também portador do vírus e que decide ajudá-lo na empreitada.
Desta união, Ron começa enxergar um outro lado da sua situação e gradualmente
começa compreender o quanto as pessoas são cruéis com relação ao que não entende,
sendo que ele mesmo foi uma delas.
Mesmo
com poucos títulos currículo (sendo o mais conhecido A Jovem Rainha Vitoria), Jean-Marc Vallée conseguiu extrair um ótimo desempenho
de cada um do elenco, principalmente Matthew McConaughey: conhecido por ter
atuado em inúmeras comédias românticas descartáveis, Mcconaughey chutou o pau
da barraca no momento que começou atuar em filmes que o desafiassem mais e ao
interpretar Ron acaba se tornando ápice dessa ótima fase. Irreconhecível, com
trinta quilos a menos McConaughey nos brinda com uma interpretação crua e
corajosa, ao construir a imagem de um homem comum, preconceituoso, mas que
vai aprendendo em meios aos espinhos ser até mesmo solidário com o próximo,
mesmo quando nunca demonstra.
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Jared Leto por sua
vez nos brinda com o melhor momento de sua carreira, que mesmo não tendo o
mesmo tempo de McConaughey em cena, sua
presença sempre chama atenção de todos, ao construir um personagem que não
finge o que realmente é, mas que sofre por dentro devido o caminho que sempre
desejou seguir. Destaco também o bom desempenho de Jennifer Garner, ao
interpretar uma médica dividida entre as regras rígidas do mundo da medicina,
com o mundo em que Ron está criando e que da mais esperança para as pessoas.
Curiosamente o filme
toca num tema que eu sempre fiquei pensando, com relação á nunca acharem um
tratamento definitivo para a extinção da AIDS. A meu ver enquanto existir
doentes, a indústria farmacêutica sempre sairá ganhando, mas achando uma cura
definitiva seria logicamente uma grande perda nos negócios. O filme levanta
essa questão espinhosa de uma forma crua, mas que não pode ser nenhum pouco
ignorado.
Com uma linguagem e
produção que remete como se fazia cinema americano nos anos 70, Clube de
Compras Dallas é um ótimo filme, mas que infelizmente chegou as telas
tardiamente. Se tivesse sido lançado no inicio da década de noventa, por
exemplo, seria não só polêmico como também corajoso ao tocar o dedo em certas
feridas sobre assuntos que muitos preferem deixar quieto e nunca ser
manifestado.
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