Sinopse: Depois de
ser abandonada pelo homem que ama, Amianto (Deynne Augusto) isola-se em um
mundo de fantasia e delírios. Sua única amiga é Blanche (Uirá dos Reis), uma
garota morta que a protege do além. Misturando ingenuidade e melancolia,
Amianto tenta se reconectar com o mundo real.
O cinema convencional
norte americano possui a mesma velha formula de sucesso de ontem e hoje: começo,
meio, fim, tudo mastigado, e para fazer com o que o cinéfilo não pense muito e
saia do cinema satisfeito. Contudo, houve aqueles que lançaram um cinema um
pouco diferente, no qual a pessoa que assistiu se ficava depois se perguntando
o que viu. David Lynch (Cidade Dos Sonhos) foi alguém que foi contra a maré das
regras do cinema norte americano e não me admira que tenha servido de
inspiração para os cineastas como Guto Parente e Uirá dos Reis ao criarem Doce
Amianto.
Na verdade, a sensação
que eu senti quando assisti a esse filme é que o universo de Lynch deu de encontro
com o de Pedro Almodóvar (Fale Com Ela). Temos uma trama não linear, enlaçado
com um universo no qual nos faz lembrar também o lado autoral do cineasta
Espanhol, mas o protagonista não é algo inspirado no que já vimos no mundo de Almodóvar.
Embora seja interpretado por um homem (Deynne Augusto) Amianto não é travesti e
tão pouco transexual, ao menos não oficialmente.
Por mais que a
personagem possua traços que lembrem um homem, o filme sempre se refere a ela
como uma mulher como outra qualquer. O mesmo vale para Blanche, uma espécie de
fantasma conselheiro para Amianto e a única que lhe da o consolo nos momentos difíceis.
Quando as duas surgem em cena, a realidade convencional se quebra na frente do
espectador, e fazendo com ele aceite ou não o que acontece na tela.
Essa quebra da
realidade convencional da trama faz com que tudo possa acontecer, no qual
podemos interpretar nas diversas formas, desde um sonho, delírio ou até mesmo
simplesmente metáfora. Esse ultimo exemplo pode ser o mais aceito,
principalmente no inicio do filme, quando a protagonista tenta se reconciliar
com o seu amado, mas bastou ele ignorá-la que a protagonista cai no chão e meio
segundo está toda coberta de sujeira no chão, representando então a sua sensação
de estar no fundo do poço.
Esse convite para um
lado mais experimental que o filme nos da, e não se importando com que vamos
achar, faz com que a gente pronuncie aquele velho refrão de “ame ou odeie”. Mas
foi graças a essa forma de ir contra a maré de um lugar comum, é que o filme
nos brinda com uma das melhores partes da trama, em que ele abandona a historia
principal e nos joga numa nova e sem nenhuma ligação com a outra. Essa pequena
trama apresentada, por mais absurda que seja não deixa de ser a mais divertida,
ao injetar um humor negro contagiante e com personagens caricatos, mas que não
foge muito do perfil de pessoas reais em determinadas situações apresentadas.
No resultado geral é
um filme que inquieta o espectador, mesmo na sua curta duração (70min) e com
uma linguagem original, na qual com certeza atrairá um cinéfilo mais exigente,
mas que com certeza fará com que o publico em geral fique se perguntando após a
sessão o que realmente viu. Um filme experimental, fora do convencional, mas
não menos genial.
Me sigam no facebook e twitter.
Me sigam no facebook e twitter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário