Sinopse: No século
XVII, a jovem Suzanne (Pauline Étienne) sonha em ter uma vida livre, mas seus
pais têm outros planos para ela: colocá-la em um convento. Embora resista aos
planos, Suzanne é forçada a seguir a preparação para a vida religiosa, entre
madres superiores tirânicas, e outras carinhosas em excesso... Aos poucos, a
jovem começa a preparar seu plano de fuga.
Alguns filmes que
retratam os lados mais podres da Igreja Católica de antigamente (e atual), deve
ter passado bem longe do Vaticano, pois arrumariam grandes dores de cabeça para
ambos os lados. A batata quente dessa vez é A Religiosa, que possui
diversas cenas incomodas, sobre os maus tratos que algumas freiras que tentavam
desistir de sua vocação no século 17 sofriam, morando em cubículos, tendo de
sofrer torturas físicas e psicológicas. E, além disso, o filme não se intimida
em mostrar certos comportamentos dessas mulheres isoladas, que acaba contradizendo
tudo o que uma mente conservadora acredita cegamente. É um filme que nos mexe, mas também não exagera,
pois a intenção não é somente chocar, mas sim fazer uma reflexão na medida
certa. Produção com uma fotografia das mais belas, com riqueza de detalhes do
dia á dia do monastério, este filme nos revela uma impecável reconstituição daquele
período, tendo ao fundo uma trilha sonora que se casa muito bem com cenas
chaves. Destaque também pelos belos figurinos, onde eles se destacam nas cenas ritualísticas
da igreja.
É obvio que o
principal foco da trama é mostrar como as regras, de uma das principais
religiões do mundo podem afetar de maneira diversificada cada uma das
personagens, e a atriz Pauline Etienne consegue passar uma interpretação comovente
como a bela e sofrida Suzanne. A atriz Isabelle Huppert é um destaque interessante,
como a Madre Superiora que se apaixona e assedia a jovem Suzanne, mas que no
final das contas compreendemos os seus sentimentos, de uma mulher presa
internamente e sem poder liberar o que realmente sente. Um verdadeiro contraste
de Louise Bourgoin, que faz uma madre que possui um punho de ferro tão terrível,
que nos faz pensar como uma mulher pode querer ser freira e conviver o dia a
dia ao lado dela.
Na 1ª. Versão do
filme A Religiosa do diretor Jacques Rivette (1966), foi muito comentado e até
censurado em certos países pelo tema forte que envolve o sistema religioso
católico, autoritário e severo naquele século. Resumindo, é um filme muito bem
arquitetado ao representar os rituais da Igreja Católica, que ao mesmo tempo
fascina e nos intriga a discussões inesgotáveis. As religiões devem levar ao
caminho da comemoração e não para dor e tão pouco a prisão. Generosidade,
compreensão, amor ao próximo devem ser pontuais na crença religiosa. E o que
vemos no filme é justamente ao contrario,
um lado tenebroso do catolicismo, em séculos anteriores onde a opressão
eram permitidos em nome da Fé Cristã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário