Nos dias 17 e 18 de março, estarei participando do curso “O Cinema de Quentin Tarantino”, realizado no Cinebancários, criado pelo CENA UM e ministrado pelo cineasta e diretor de teatro Mauro Baptista Vedia. E enquanto o evento não acontece, por aqui, estarei postando tudo o que eu sei sobre esse grande diretor criativo, que foi a melhor coisa que surgiu nos anos 90!
KILL BILL: VOLUME 2
E AGORA BILL?
Sinopse: Após ser traída por Bill (David Carradine) e seu antigo grupo, uma mulher (Uma Thurman) fica à beira da morte por 4 anos. Após despertar do coma ela parte em busca de vingança, indo atrás de cada um dos seus antigos companheiros para matá-los.
Após o final do filme anterior, Tarantino deixou o publico com muita ansiedade, esperando por algo ainda maior que estaria por vir, mas não é que o cineasta foi contra as expectativas do publico, que por sua vez, agradece. Diferente do que foi visto no filme anterior, Tarantino retorna novamente com inúmeros diálogos afiados, e para alegria de muitos, a trama retorna ao passado, no inicio do filme, para esclarecer alguns pontos que ficaram obscuros no ar. Em um belo preto branco, a trama retorna ao massacre dentro da igreja, onde a noiva estava ensaiando o casamento junto com o noivo, e nesse momento, surge finalmente Bill (David Carradine, ótimo). Tarantino nos brinda com a seqüência de uma forma bem ensaiada, onde com uma bela trilha sonora (saída de Três homens e um conflito), as imagens remetem diretamente com o inicio do clássico, Rastros do Ódio.
Como todos sabem o que acontece em seguida, Tarantino simplesmente afasta a câmera da igreja, deixando somente o som e os gritos do horror dominar a cena, de uma forma bem sugestiva e genial. Voltando ao presente, somos apresentados ao personagem Budd (Michael Madsen, espetacular) irmão de Bill, que vive uma vida desregrada, e meio que arrependido do que fez no passado, mas nem por isso, deixara a guarda baixa para noiva e de uma maneira surpreendente, se torna o mais perigoso oponente. Nesta seqüência, Tarantino intensifica mais sua homenagem ao gênero do faroeste, em especial, aos filmes de Sergio Leone, onde a trilha sonora nos remete aqueles clássicos que o diretor Italiano criou. Após uma inesperada reviravolta na trama, a noiva se encontra há sete palmos abaixo, dentro de um caixão (numa seqüência que sentimos o sufoco da protagonista), mas novamente, o filme da uma pausa a esses acontecimentos, e voltamos para o passado. Tarantino nos brinda com á historia do treinamento intensivo da noiva, nas mãos do rígido Pei Mei, personagem super conhecido nos filmes de artes marciais. Por vários minutos, conhecemos a dor (embora necessária) desse treinamento que a noiva passa, desde a carregar baldes, há tentar quebrar uma tabua dura com a mão. Aqui, Tarantino intensifica o close rápido nos rostos dos personagens, algo que ele tirou dos filmes de Kung fu de antigamente, e que acabou se tornando uma de suas marcas registradas.
Retornando a noiva enterrada, Tarantino de uma forma bem deliciosamente gradual, nos presenteia com uma de suas melhores cenas que ele filmou durante a carreira. Embalada com uma impressionante trilha sonora, que da vontade de gritar um olé de tão boa (cortesia do amigo Robert Rodriguez, que fez a trilha ao preço de um dólar). Partindo novamente para a vingança, a noiva vai de encontro com o seu alvo anterior. Mas antes que isso aconteça (e que acaba mudando os seus planos) surge outro grande alvo da protagonista, Elie Drive (Daryl Hannh, na melhor coisa que fez desde Blade Runner), onde nos brinda com suas atitudes imprevisíveis, nos explica sobre um determinado tipo de cobra, e de brinde, nos diz qual realmente é o nome da noiva. O encontro das duas entidades femininas, não deve nada as cenas de luta e sangue que já foram apresentadas nestes dois filmes, porém, o embate termina de uma forma imprevisível.
Por fim, chegamos ao tão aguardado confronto da noiva com Bill, mas quem disse que esse encontro seria um embate normal entre o bem e o mal? Tarantino não foi quem disse, e o encontro de ambos os personagens (com o direito a uma grande surpresa para a noiva), gera inúmeros conflitos internos, não só deles, como também para o espectador que assiste e que acaba não sabendo exatamente como deseja que o filme termine. Neste ato final, Tarantino nos entrega qual é o verdadeiro significado (da saga) da vingança e de suas conseqüências. Por um momento compreendemos a noiva, suas motivações e desejos de vingança, porém, compreendemos as motivações de Bill, e até mesmo nos fascina com a sua teoria sobre Superman, que acaba tendo tudo haver com a noiva, (embora esse momento soe meio artificial, já que é Tarantino e não Bill falando). Ambos, na verdade cometeram erros um com o outro e que não souberam administrá-los em determinado momento do percurso, e mesmo que aja o perdão de ambos os lados, só existe uma forma de tudo terminar. Tarantino então sela o destino do casal em conflito de uma forma super satisfatória, que embora a protagonista se sinta feliz por fora, no fundo guarda uma grande tristeza, numa cena onde Uma Thurman desaparece por completo, e vemos somente a noiva caindo na real com tudo que passou, mas feliz com o que conseguiu. Assim, o cineasta encerra a saga da noiva, fazendo agente não sair da poltrona tão facilmente, criando um dos melhores créditos finais dos últimos anos, e desejando que num futuro quem sabe, ele retorne aquele universo cheio de energia e referencias ao mundo pop!
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