Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Cine Dica: Premiado horror gaúcho “Continente” terá sessões de Halloween na Cinemateca Capitólio

Vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio, filme dirigido por Davi Pretto será exibido com presença de equipe e elenco local

Nesta quinta-feira de Halloween, 31 de outubro, a Cinemateca Capitólio recebe um evento de lançamento do horror gaúcho “Continente”, vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio pela categoria Novos Rumos. As exibições acontecerão na Cinemateca Capitólio,  em dois horários - às 19h e às 21h. Diretor, equipe e elenco local estarão presentes. O longa foi produzido pela Vulcana Cinema, com coprodução da Dublin Films, Murillo Cine e Pasto, e tem distribuição assinada pela Vitrine Filmes. 

Além de Davi Pretto e de Paola Wink e Igor Verde, que assinam o roteiro ao lado do diretor, grande parte da equipe e elenco também é de Porto Alegre. "Diferente de ‘Rifle’ e ‘Castanha’, onde trabalhei apenas com atores locais e atores não profissionais, em  Continente quis trabalhar com atores de fora do Rio Grande do Sul para ressaltar a tensão de diferentes tons de estrangeirismos, pertencimentos e heranças que o filme evoca. Há atores do Rio de Janeiro, São Paulo, Argentina e da França. Porém, obviamente há  também muitos atores e atrizes gaúchos que formam a alma e força do vilarejo do filme. Muitos deles eu nunca havia trabalhado antes e a marca que eles deixaram no filme me orgulha muito. Silvia Duarte, Hayline Vitória, Anderson Vieira, Marcio Reolon, Cassio

 Nascimento, Rodolfo Ruscheinsky, Luiz Paulo Vasconcellos e Sirmar Antunes”, conta o diretor. “Sirmar veio a falecer alguns meses depois que filmamos. Soube que nosso longa foi o último que ele fez. Me sinto muito honrado de ter podido conhecer Sirmar e ter  trabalhado e aprender com ele. Sirmar era perseverante e incansável no set, tinha uma energia e presença magnética. Vi muitos da equipe emocionados quando fizemos um close de Sirmar, em cena com sua filha no filme interpretada por Ana Flavia Cavalcanti. 

O cinema gaúcho deve muito a Sirmar." 

"Continente" teve sua estreia mundial em Munique e participou dos principais festivais de cinema de gênero do México, Portugal e Itália. Também foi exibido na mostra competitiva de Sitges, na Espanha, um dos maiores eventos audiovisuais de terror e fantasia  do mundo. O filme traz uma narrativa distópica que mescla drama e terror. Depois de 15 anos fora do país, Amanda, interpretada por Olivia Torres, volta à fazenda onde cresceu para reencontrar seu pai, que entrou em estado de coma, sem esperanças de retorno

 à consciência. Com o apoio de seu namorado francês, Martin (Corentin Fila), Amanda chega ao vilarejo remoto, no sul do Brasil, em meio a uma crescente tensão entre os trabalhadores da terra. A única médica da região, Helô, vivida por Ana Flavia Cavalcanti,  faz o que pode para cuidar dos moradores, mas quando o dono da fazenda vem a óbito, um antigo acordo entre o povoado e o proprietário gera uma perturbadora reação coletiva da população. 

O longa é uma coprodução entre Brasil, França e Argentina, e contou com o apoio do Berlinale World Cinema Fund, iniciativa da German Federal Cultural Foundation, em parceria com o Festival Internacional de Berlim, para estimular a produção e distribuição de filmes estrangeiros. O lançamento de “Continente” integra a Carteira de Projetos da Vitrine Filmes, aprovada no Edital de Distribuição de Produção Audiovisual da Lei Paulo Gustavo no Estado de São Paulo. 


SINOPSE 

Depois de 15 anos morando no exterior, Amanda volta para casa com seu namorado francês Martin. Eles chegam à grande fazenda de sua família, localizada em uma vila isolada nas planícies infinitas do sul do Brasil. Lá, Amanda encontra seu pai em coma e uma tensão  crescente entre os trabalhadores. A única médica do vilarejo local é Helô, uma jovem que se resigna a cuidar da população local. A morte iminente do dono da fazenda colocará Amanda, Martin e Helô no centro de um perturbador acordo entre o povoado e a fazenda. 

Ficha técnica: 

Direção: Davi Pretto  

Produtora: Vulcana Cinema   

Coprodutoras: Dublin Films, Murillo Cine, Pasto    

Coprodução: David Hurst, Cecilia Salim, Georgina Baisch Barbara Francisco   

Distribuidora: Vitrine Filmes   

Roteiro: Davi Pretto, Igor Verde, Paola Wink   

Produção: Paola Wink, Jessica Luz   

Direção de Fotografia: Luciana Baseggio   

Montagem: Valeria Racioppi (SAE)   

Direção de Arte: Bea Gerolin   

Desenho de Som: Tiago Bello 

Mixagem: Leandro de Loredo, Facundo Gómez 

Som Direto: Marcos Lopes 

Trilha Sonora: Rita Zart, Bruno Vargas, Carlos Ferreira 

Elenco: Olivia Torres, Ana Flavia Cavalcanti, Corentin Fila, Breno de Filippo, Silvia Duarte 


DAVI PRETTO | Diretor 

Davi Pretto (Porto Alegre, 1988) graduou-se em Cinema na PUCRS em Porto Alegre em 2008. Aos 25 anos, estreou seu primeiro longa-metragem “Castanha” no Festival de Berlim em 2014, na mostra Forum. O filme competiu nos festivais de Edinburgh, Bafici, Hong Kong

 e Havana, além de ter ganho o prêmio de Melhor Filme no Festival do Rio, na mostra Novos Rumos. Em 2017, Davi retornou ao Festival de Berlim para exibir seu segundo longa-metragem “Rifle” também na mostra Forum. O filme venceu o Grande Prêmio no Festival de

 Jeonju e os prêmios da Crítica e Melhor Roteiro no Festival de Brasília. Em 2018, Pretto foi bolsista no DAAD Berlin Artists-in-Residence. Seu terceiro longa-metragem “Continente” foi realizado em uma coprodução oficial Brasil, França e Argentina, apoiada pelo Berlinale World Cinema Fund. O filme estreou na competição Cine Rebels do 41º Festival de Munique em 2024. Atualmente, trabalha na pós-produção de seu quarto longa-metragem “Futuro Futuro”. 

Quais foram os principais desafios na produção de Continente, especialmente sendo uma coprodução entre Brasil, França e Argentina? 

"O desafio maior ao fazer cinema independente de baixo orçamento, como sempre fiz, é transformar as limitações do projeto em forças criativas. Que a ausência se torne potência. Nesse caso, a coprodução foi o que fez o filme viável, na verdade. Só com dinheiro  brasileiro nunca faríamos o filme, ainda mais em um período de um governo brasileiro que odiava a cultura. Felizmente, este ex-presidente está inelegível atualmente, e espero que assim permaneça. Porém, mesmo tendo esses três países envolvidos, e ainda dinheiro  da Alemanha, o orçamento que conseguimos captar era muito menos que muitos filmes do centro do país. Foi um projeto muito desafiador, com muitos efeitos visuais, filmado em um vilarejo remoto, de difícil acesso, somado aos gastos de protocolos sanitários pós-pandemia.

 Foram dezenas de litros de sangue falso, centenas de próteses de efeitos e cadáveres de silicone que vieram da Argentina, equipamentos de câmera que vieram da França, além de técnicos e atores destes países. Graças ao esforço dos incansáveis produtores destes  três países e de toda equipe e elenco envolvida, esse filme ousado, sensorial e assombroso hoje existe." 

O filme mistura elementos de drama e terror. O que o motivou a explorar essa combinação de gêneros, e como você equilibrou esses elementos na história de Continente? 

"Essa mistura faz parte da minha cinefilia. Do amor que tenho, por exemplo, tanto por 'Dawn of the Dead', do Romero, quanto por 'Ordet', do Dreyer. Além disso, cineastas que mostraram que os limites do gênero podem ser testados, ampliados e quebrados sempre

 me serviram de inspiração. Cronenberg, Claire Denis, Kiyoshi Kurosawa... Isso está presente também nos filmes anteriores que fiz, os fantasmas em 'Castanha' e o faroeste em 'Rifle'. Em "Continente", o gênero não veio antes como uma regra 'vamos fazer um filme  de gênero com tais elementos'. O horror e os elementos de gênero do filme emergiram naturalmente ao longo da escrita do roteiro, como ferramenta para traduzir as sensações e aflições da história que a gente queria contar. Exatamente por isso, acho que o filme

 acaba sendo bastante particular e ousado na maneira que opera dentro das expectativas e convenções do cinema de horror." O filme aborda questões de poder e tensão social no interior do Brasil. Quais questões sociais contemporâneas você quis trazer à tona através dessa narrativa? 

"Para mim, tanto quanto para Igor Verde e Paola Wink, que escreveram comigo o filme, essa era uma história sobre a herança colonial brasileira que cria um sistema de violência, dominação e subjugação entre pessoas. Um sistema que não só se repete, como se aperfeiçoa ao longo do tempo. Um sistema que precisa produzir violência para seguir existindo. O filme, claro, não busca dar respostas para esse sistema, porque essa não é a função do cinema e da arte, ao meu ver, mas busca novas perguntas para fazermos a nós mesmos, tanto quanto indivíduos e quanto nação. Uma delas, é a qual a relação entre desejo e violência dentro desse sistema que herdamos e que segue em operação. A outra pergunta é se conseguimos imaginar, ao menos imaginar, uma alternativa a este sistema." 


VULCANA CINEMA| Produtora 

Vulcana Cinema é uma produtora de cinema fundada por Jessica Luz e Paola Wink. Seus longas-metragens incluem O EMPREGADO E O PATRÃO de Manuel Nieto Zas (Quinzena dos Realizadores de Cannes 2021), TINTA BRUTA de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher (Prêmios Teddy e CICAE na Panorama do Festival de Berlim 2018), RIFLE (Forum do Festival de Berlim 2017) e CASTANHA (Forum do Festival de Berlim 2014), ambos dirigidos por Davi Pretto. Com foco em cinema de autor, coproduções nacionais e internacionais, a produtora já produziu

 e lançou 8 longa-metragens, entre eles, 5 coproduções internacionais. Seus projetos foram contemplados com importantes fundos como Hubert Bals Fund, Vision Sud Est, World Cinema Fund, IDFA Bertha Fund e NRW e participaram em laboratórios como EAVE Puentes, Berlinale Talent Project Market, Torino Film Lab e Binger Film Lab. Seus projetos mais recentes incluem CONTINENTE (coprodução Brasil, França e Argentina) de Davi Pretto, DE GUINÉ (Hubert Bals Fund 2019 para desenvolvimento) de Caroline Leone, A SOLIDÃO DOS

 JOVENS ATORES (em pós-produção, Berlinale Co-Production Market 2021) do duo Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, TALISMÃ (com previsão de gravação para o início de 2025) de Thais Fujinaga, e CULEBRA NEGRA (coprodução entre Colômbia, Brasil e França em pós-produção). 


DUBLIN FILMS | Coprodutora (França) 

Dublin Films é uma produtora de cinema independente formada em 2006 e sediada em Bordeaux, na França, localizada onde a Nouvelle-Aquitaine Region dá grande suporte à indústria do cinema. Nós produzimos ficções e documentários que defendem visões únicas de mundo e que se concentram em questões sociais e políticas, particularmente questões ligadas à diversidade e identidade. Nós gostamos de combinar histórias intimistas com histórias do nosso tempo. E nós somos apaixonados por dar suporte a talentos emergentes e ao cinema independentes pelo mundo, especialmente na América Latina. 


MURILLO CINE | Coprodutora (Argentina) 

Murillo Cine é uma produtora de cinema argentina fundada por Georgina Baisch e Cecilia Salim. Elas produziram filmes como The snatch Thief de Agustín Toscano (Quinzena dos Realizadores, Cannes 2018); The Future Perfect de Nele Wohlatz (Melhor Longa-metragem

 de Estréia, Festival de Locarno 2016) and A Barqueira de Sabrina Blanco (Melhor Longa-metragem de Estréia, Festival de Cinema de Málaga 2020). Entre suas coproduções internacionais mais importantes estão O Empregado e o Patrão (Uruguai, Argentina, França e  Brasil) de Manuel Nieto, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes de 2021; Land of Ashes (Costa Rica, Argentina, França e Chile) de Sofía Quirós Úbeda, Semana da Crítica de Cannes de 2019; Continente (Brasil, França, Argentina) de Davi Pretto, Festival

 Internacional de Munich e Jesús López de Maximiliano Schonfeld (Argentina, França), estreia no Festival de Cinema de San Sebastián, Melhor Filme Latino no Festival de Cinema de Mar del Plata 2021, Prêmio Abrazo no Festival de Cinema de Biarritz. Atualmente estão na pós-produção de Maybe it's true what they say about us de Sofía Gómez & Camilo Becerra (Chile, Argentina). 


VITRINE FILMES | Distribuidora  

Desde 2010, a Vitrine Filmes já distribuiu mais de 250 filmes e alcançou milhares de espectadores apenas nos cinemas do Brasil. Entre seus maiores sucessos estão “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019;

 “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional; e “Druk: Mais Uma Rodada”, de Thomas Vinterberg, vencedor do Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro em 2021. 

Hoje a Vitrine Filmes faz parte do Grupo Vitrine, que conta com selos e iniciativas diversas a fim de atender diversas áreas do mercado, são eles: Vitrine España que há 4 anos produz e distribui longas-metragens na Europa; Vitrine Lab, curso on-line sobre distribuição  cinematográfica, vencedor do prêmio de distribuição inovadora do Gotebörg Film Fund 2021; Manequim Filmes, selo com distribuição de filmes com apelo a um público com sucessos como “Nosso Sonho - A História de Claudinho e Buchecha”, filme brasileiro mais assistido

 em salas de cinema em 2023; Sessão Vitrine Petrobras que volta com lançamentos brasileiros premiados e aclamados pela crítica e festivais com ingressos reduzidos como “Sem Coração” e relançamento de “A Hora da Estrela”; e Vitrine Produções, que produz e coproduz curtas, documentários e longas-metragens, dentre eles "O Nosso Pai", curta de Anna Muylaert exibido no Festival de Brasília, “Levante”, de Lillah Halla, vencedor do prêmio FIPRESCI na Semana da Crítica 2023, e “Retratos Fantasmas”, Kléber Mendonça Filho, documentário

 mais visto dos últimos 8 anos nos cinemas e também exibido em Cannes em 2023. 


Assessoria de imprensa 

Anna Luiza Muller    

Bia Hecht | bia.hecht@primeiroplanocom.com.br 

@Primeiroplanocom

primeiroplanocom.com.br

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Especial Halloween: ‘PSICOSE 2’

Alfred Hitchcock foi um realizador que nunca caiu na tentação de fazer continuações de seus clássicos, sendo que o máximo que ele fez foi uma refilmagem da primeira versão do filme "Um Homem Que Sabia Demais" (1956). Porém, quando o mestre do suspense partiu em abril de 1980 era questão de tempo para que uma das suas obras primas ganhasse uma continuação nas mãos de uma Hollywood sempre faminta pelo lucro. Eis que então tivemos em 1983 "Psicose 2", filme que possui algumas qualidades, mas peca pelos excessos de desdobramentos narrativos.

No final dos anos setenta e início dos anos oitenta o cinema foi invadido pelo subgênero slasher, onde assistimos assassinos mascarados prontos para assassinar jovens na floresta. A tendência se estendeu na ideia de trazer de volta Norman Bates para aqueles dias atuais, sendo que a princípio o projeto seria baseado em um livro que era continuação da obra que serviu de inspiração para Alfred Hitchcock, mas que logo foi descartado. Coube a Richard Franklin, assistente de longa data do mestre do suspense e do roteirista Tom Holland de dar luz ao longa. Com Anthony Perkins de volta no papel que o consagrou parecia que tudo se encaminharia para um grande sucesso.

A trama se passa há mais de vinte anos após os acontecimentos do primeiro filme, onde vemos internado em um sanatório, Norman Bates (Anthony Perkins), que é considerado apto para se reintegrar à sociedade. Ele então retorna à velha mansão e ao seu motel, mas algumas pessoas o consideram ainda perigoso e tentam evitar sua reintegração na sociedade. Ao mesmo tempo, Bates começa a ser assombrado pela presença de sua mãe novamente e crimes começam acontecer nos arredores.

Eu sempre soube que havia continuações do clássico “Psicose” (1960), mas nunca tive a coragem de assisti-lo após ler determinadas críticas negativas. Ao vê-lo, devo reconhecer que ele não é de todo mal, mesmo quando Richard Franklin insiste em imitar o mestre do suspense através de planos-sequências pouco inspirados, mas cuja fotografia sombria se torna um ingrediente atraente para dizer o mínimo. Em contrapartida, o filme evoca em vários momentos o clássico de 1960, ao ponto que abertura se inicia justamente com a clássica cena do assassinato no chuveiro e fazendo com que já de imediato constatamos que não sairá desta grande sombra para dizer o mínimo.

Anthony Perkins, por sua vez, faz novamente um trabalho primoroso na construção do seu Norman Bates, sendo que ele constrói um ser acuado pelo seu passado sombrio e fazendo com que nunca saibamos ao certo quando ele irá ceder para a sua mente fragmentada. Ao mesmo tempo, o filme nos lança a incerteza sobre até onde ele é responsável pelas mortes que acontecem em cena, sendo que a presença da personagem Mary Samuels, interpretada pela atriz Meg Tilly, nos passa certa dúvida com relação às suas reais intenções sobre Norman. É aí que o filme peca pelos seus desdobramentos absurdos.

O ato final é recheado de tensão, mas que fica aquém do esperado por grandes revelações uma em cima da outra e culminando em uma tão absurda que destoa tudo o que havia sido construído até ali. O final faz com que Norman volte à estaca zero e se tornando aquilo que havia um dia se tornado na primeira vez que nós o havíamos conhecido no clássico de Hitchcock. Se a intenção era deixar como tudo estava então para que tanta invenção até esse ponto da história?

"Psicose 2" vale mais como curiosidade, mas que somente existiu graças ao fato que o mestre do suspense já não estava entre nós na época. 

 Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

ZineClube: https://linktr.ee/ccpa1948

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 31 de outubro a 06 de novembro de 2024

 O Submarino Amarelo

SESSÃO ESPECIAL DE NOVO FILME DE DAVI PRETTO

Nesta quinta-feira (31), a Cinemateca Capitólio apresenta duas sessões especiais, às 19h e às 21h, do novo filme de Davi Pretto, Continente. O espaço estará tomado pelo clima do Dia das Bruxas, celebrando o retorno do cinema de gênero brasileiro da melhor forma: na tela dos cinemas! O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7829/continente/


BEATLEMANIA NA SESSÃO VAGALUME

A Sessão Vagalume apresenta, nos dias 02 e 03 de novembro, sempre às 15h, a versão dublada de O Submarino Amarelo. A animação musical com direção de George Dunning e música dos Beatles é a pura essência dos anos 1960!


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7825/sessao-vagalume-o-submarino-amarelo/


A VIGÍLIA DO DELÍRIO

Celebrando o aniversário de 40 anos de A Hora do Pesadelo, marco do horror oitentista dirigido por Wes Craven, a mostra A Vigília do Delírio apresenta a partir do dia 29 de outubro narrativas no limiar do sonho e da realidade, com filmes de grandes nomes de diferentes períodos do cinema, como Jacques Tourneur, John Cassavetes, Alain Resnais, Apichatpong Weerasethakul e Hong Sangsoo. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7806/a-vigilia-do-delirio/


GRADE DE HORÁRIOS

31 de outubro a 06 de novembro de 2024


31 de outubro (quinta-feira)

15h – Na Praia à Noite Sozinha

17h – A Morta-Viva

19h – Continente

21h – Continente  


01 de novembro (sexta-feira)

15h – A Hora do Pesadelo

17h – A Hora do Pesadelo 2 - A Vingança de Freddy

19h – Deserto Vermelho


02 de novembro (sábado)

15h – Sessão Vagalume: O Submarino Amarelo

17h – Na Praia à Noite Sozinha

19h – Noite de Estreia

23h59 – Madrugada do Delírio


03 de novembro (domingo)

15h – Sessão Vagalume: O Submarino Amarelo

16h45 – Walkover

18h – Cineclube Academia das Musas: Music


05 de novembro (terça-feira)

15h – Disparo Para Matar

16h30 – Cemitério do Esplendor

19h – Providence


06 de novembro (quarta-feira)

15h – Na Praia à Noite Sozinha

17h – A Hora do Pesadelo

19h – O Novo Pesadelo - O Retorno de Freddy Krueger

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Especial Halloween: 'O Exorcista II - O Herege'

"O Exorcista" (1973) é apontado pela maioria como um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. A obra prima de William Friedkin arrastou multidões, chocou o mundo e gerando diversas imitações e das quais nenhuma deu certo. Com começo, meio e fim bem amarrados, o filme não precisava de uma continuação, mas diga isso para Warner que na época se encantou com os milhões que o clássico gerou nas bilheterias.

É bom lembrar que a obra é baseada no livro escrito por William Peter Blatty, do qual o mesmo jamais havia dado continuidade a sua obra, mas isso não impediu para que o estúdio quisesse uma sequência. O próprio William Friedkin não embarcou no projeto achando ridículo a ideia da continuidade e o mesmo vale para a atriz Ellen Burstyn que não via com bons olhos a possibilidade. Os únicos que toparam o retorno foram a própria Linda Blair e um relutante Max von Sydow.

Coube ao diretor John Boorman, do ótimo "Excalibur" (1981), e ao roteirista Rospo Pallenberg a tarefa, mas da qual sofreu diversos percalços durante as filmagens. Há quem diga que o roteiro foi reescrito diversas vezes, locações em que os realizadores queriam filmar não foram liberadas e fazendo com que eles criassem, por exemplo, o apartamento original em estúdio. Além disso, as cenas com diversos gafanhotos provocaram a morte dos mesmos, já que os insetos não suportavam a mudança brusca de temperatura de uma região para outra.

A trama se passa anos depois de Regan (Linda Blair) ter sido salva pelos padres durante o exorcismo. Porém, a igreja chama o padre Father (Richard Burton) para investigar o que levou o padre Merrin (Max Von Sydow) ter morrido durante o procedimento. Comandado pela Dra. Gne Tuskin (Louise Fletcher) Regan passa por uma hipnose para ver o que realmente aconteceu naquela terrível noite.

John Boorman sempre deixou claro que achava perverso o filme original, principalmente pelo fato de expor as dores que a personagem central passou durante a trama. Por conta disso, aqui não temos uma Regan sendo possuída, mas sim alguém especial e que até mesmo enfrentou o Demônio Pazuzu em outras vidas. É aí que talvez se encontre o principal erro do filme, ao dar uma explicação mais plausível sobre o porquê de ela ter sido possuída no passado, sendo que o mistério fazia muito mais sentido.

Aliás, se percebe que, ao ter que explicar demais, o roteiro acaba nos confundindo ao tentarmos compreender a trama como um todo, principalmente nas cenas em que se passam na África, cuja a montagem com certeza gerou uma grande dor de cabeça para os montadores na época. Para piorar, a ideia do leitor de mentes que a protagonista usa para se lembrar do exorcismo é uma das piores ideias que inventaram para a trama, sendo que ela reconstitui a cena de como Merrin morreu nas mãos de uma Regan possuída, mas sendo interpretada por uma outra atriz e fazendo da situação se tornar completamente ridícula. Vale destacar que Linda Bair exigiu não usar novamente a pesada maquiagem do filme original, mas cujo resultado acaba sendo ainda mais desastroso com uma dublê em cena e tornando tudo constrangedor.

Fico me perguntando o que levou Richard Burton e Louise Fletcher a embarcarem neste projeto, sendo que a última já havia ganho um Oscar pelo clássico "Um Estranho no Ninho" (1975). O próprio James Earl Jones faz uma ponta interessante como aquele que enfrentou o Demônio no passado, mas sendo desperdiçado em uma passagem da trama em que com certeza os montadores da edição passaram a tesoura para tentar ser melhor compreendida pelo público, mas que fez com que somente piorasse tudo. E o que dizer do ato final em que se passa novamente no quarto de Regan, com o direito de ela enfrentar o seu lado sombrio possuído, mas tornando toda situação bastante vergonhosa para a atriz em cena.

Fracasso de público e crítica na época, o filme é bastante esquecido para os fãs do longa original, sendo que até hoje muitos não ousam embarcar neste barco furado. A Warner, por sua vez, teve ainda a coragem de lançar "O Exorcista III" (1990) que há quem diga é até razoável, mas facilmente também esquecido. Ou seja, podem fazer todas as continuações que puderem, mas jamais conseguiram a perfeição que o clássico de William Friedkin obteve.

"Exorcista II - O Herege" é uma das piores continuações que eu testemunhei na vida e que com certeza merece ser esquecida. 


 Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

ZineClube: https://linktr.ee/ccpa1948

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: A Vigília do Delírio

 Mostra de filmes celebra os 40 anos

de A Hora do Pesadelo, de Wes Craven

Celebrando o aniversário de 40 anos de A Hora do Pesadelo, marco do horror oitentista dirigido por Wes Craven, a mostra A Vigília do Delírio apresenta a partir do dia 29 de outubro narrativas no limiar do sonho e da realidade, com filmes de grandes nomes de diferentes períodos do cinema, como Jacques Tourneur, John Cassavetes, Alain Resnais, Apichatpong Weerasethakul e Hong Sangsoo. O valor do ingresso é R$ 10,00.

No sábado, 02 de novembro, às 23h59, a Madrugada do Delírio levará o público da Capitólio às profundezas oníricas do terror com sessões de cinema até o raiar do sol. A maratona de quatro filmes começa com o cultuado A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos, de Chuck Russell, e segue com dois longas inspirados na figura de Freddy Krueger: Massacre 2, de Deborah Brock, e Brainscan: Jogo Mortal, de John Flynn. No fim da noite, um filme surpresa – um dos grandes pesadelos filmados dos anos 1950 – encerra a programação.


MADRUGADA DO DELÍRIO – VENDA DE INGRESSOS

Um lote de 80 ingressos será vendido a partir de terça-feira, 29 de outubro, nos horários de abertura da bilheteria (30 minutos antes de cada sessão). O segundo lote de 80 ingressos será vendido no dia da sessão, a partir das 14h30. Cada pessoa pode comprar um total de 3 ingressos.  

O valor do ingresso para a Madrugada do Delírio é R$ 20,00.


Programação completa: https://www.capitolio.org.br/novidades/7806/a-vigilia-do-delirio/


GRADE DE HORÁRIOS


29 de outubro (terça-feira)

19h15 – A Hora do Pesadelo


30 de outubro (quarta-feira)

19h15 – A Hora do Pesadelo 2 - A Vingança de Freddy


31 de outubro (quinta-feira)

15h – Na Praia à Noite Sozinha

17h – A Morta-Viva


01 de novembro (sexta-feira)

15h – A Hora do Pesadelo

17h – A Hora do Pesadelo 2 - A Vingança de Freddy

19h – Deserto Vermelho

02 de novembro (sábado)


17h – Na Praia à Noite Sozinha

19h – Noite de Estreia

23h59 – Madrugada do Delírio


03 de novembro (domingo)

16h45 – Walkover


05 de novembro (terça-feira)

15h – Disparo Para Matar

16h30 – Cemitério do Esplendor

19h – Providence


06 de novembro (quarta-feira)

15h – Na Praia à Noite Sozinha

17h – A Hora do Pesadelo

19h – O Novo Pesadelo - O Retorno de Freddy Krueger


07 de novembro (quinta-feira)

17h – A Hora do Pesadelo 2 - A Vingança de Freddy

19h – Cemitério do Esplendor


08 de novembro (sexta-feira)

17h – O Novo Pesadelo - O Retorno de Freddy Krueger


09 de novembro (sábado)

17h – Disparo Para Matar


10 de novembro (domingo)

17h – A Morta-Viva


12 de novembro (terça-feira)

17h – Providence


13 de novembro (quarta-feira)

17h – Walkover

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Soul Kitchen' 

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 26/10/24

Sinopse: O dono de restaurante Zinos parece nunca ter sossego. A garota que ele ama se muda para a China e Zinos decide deixar seu precioso restaurante nas mãos de seu irmão, Ilias, que rapidamente perde o controle do local.

Em alguns casos, certos filmes quando estreiam em Porto Alegre acabam ficando tão pouco tempo em cartaz que mais pareciam que eles nem haviam estreados. Porém, há casos de certos títulos receberem o seu reconhecimento no seu devido tempo e se transformarem em um verdadeiro filme cult. "Soul Kitchen" (2010) é um desses casos que eu nem sabia que era um filme cultuado, mas que tive o privilégio de conhecê-lo pela primeira vez pelo Clube de Cinema do qual eu sou associado.

Dirigido por Fatih Akin, realizador de títulos como "Bar Luva Dourada" (2019), o filme conta a história de Zinos Kazantsakis (Adam Bousdoukos), proprietário do restaurante Soul Kitchen. Porém, a situação não anda muito bem, pois em um primeiro momento a clientela não está gostando da comida do novo chef. Para complicar, Nadine (Pheline Roggan), sua namorada, resolveu se mudar para Xangai e uma terrível dor nas costas o atormenta. Zinos precisa da ajuda do irmão (Moritz Bleibtreu) para revitalizar o restaurante e para assim pagar as dívidas e evitar novos problemas.

É gostoso quando você vai assistir ao filme sem muita informação e fazendo com que a sessão se torne ainda mais reveladora. Embora já tenha feito filmes pesados ao longo de sua carreira, Fatih Akin opta aqui por um tom mais bem humorado, onde as adversidades que o protagonista enfrenta acontecem a todo momento, mas também ocorrendo boas ideias para que o restaurante comece a voltar aos trilhos. Tudo moldado com edição agiu de cenas, da qual se casa com uma trilha sonora contagiante e que, segundo o que me disseram, se tornou rotineira ao ouvi-la nas baladas nos anos que se seguiram em Porto Alegre.

O filme é um retrato bem interessante sobre como a cultura da imigração influenciou a cultura alemã nos primeiros anos do século vinte e um. Porém, o que mais chama atenção é a culinária vista na tela, da qual é feita de forma poética pelo chef de cozinha e interpretado de uma forma intensa pelo ator Birol Ünel. Para o personagem, a culinária é algo a ser comparado à arte e da qual exerce o papel de persuadir o indivíduo a sentir outros prazeres que a vida lhe oferece. Se isso pode parecer um tanto exagerado, aguarde a cena em que eles exageram do afrodisíaco e gerando uma verdadeira orgia no ápice do filme.

Porém, o real protagonista da trama é mesmo o personagem Zinos e interpretado de uma forma divertida, porém intensa, pelo ator Adam Bousdoukos. Nota-se, por exemplo, que ele leva o seu trabalho a sério, mas não esconde uma certa inocência com relação aos fatos da vida, principalmente quando se entrega a sua namorada de um modo que não consegue enxergar os novos horizontes a partir do momento quando ela se muda para Xangai. Como um todo, o filme é moldado por personagens com poucas expectativas, mas que uma vez unidos fazem a diferença no restaurante e que ao longo da trama se torna o cenário das principais situações que beiram ao inusitado.

É particularmente interessante como o filme vem e volta com as soluções para os problemas, mas que acabam dando de encontro com novos erros cometidos pelos personagens e principalmente aqueles protagonizados pelo irmão do protagonista que é interpretado pelo ator Moritz Bleibtreu e do qual eu havia conhecido no cultuado "Corra Lola, Corra" (1998). Quando achamos que o mesmo irá se acertar na vida, principalmente quando começa a se apaixonar pela personagem vivida intensamente pela atriz Anna Bederke, é então que ele joga tudo a perder e coloca os personagens em um beco sem saída. O filme tem tudo para se encaminhar para momentos até mesmo trágicos, principalmente com o protagonista cada vez mais sofrendo com as dores nas costas.

É então que Fatih Akin parece querer tirar o pé do acelerador e jogar soluções para os personagens que beiram o surreal, para não dizer quase cartunesco, mas que amenizam a tensão que estávamos sentido até aquele momento. A cena do botão, por exemplo, poderá até mesmo soar ridículo, mas que acaba se tornando um pequeno detalhe que faz a diferença para o restante da história como um todo. No geral, é um filme sobre pessoas comuns que batalham para sobreviver em uma realidade onde há sempre mudanças constantes e cujo sistema capitalista segue fazendo as suas vítimas.

Com tantas coisas sérias para se enfrentar, talvez o filme nos diga que, por mais complexo que a vida seja, tudo se resolve no seu tempo e basta seguir em frente para, enfim, abraçá-lo. Talvez a Alemanha de hoje não seja a mesma que foi vista no filme, mas nunca demais olharmos para trás para ver o que havia de melhor e que pode um dia retornar. "Soul Kitchen" é um filme que se tornou cult instantâneo e os ingredientes é o que não faltam para ter adquirido esse merecido feito.       

 Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

ZineClube: https://linktr.ee/ccpa1948

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

domingo, 27 de outubro de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate – ‘A Árvore dos Tamancos’

Sobre o Filme:

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1978, o filme de Ermanno Olmi foi realizado inteiramente falado no dialeto da província de Bergamo. Curiosamente, todos os personagens vistos na tela não são atores, mas sim compostos por reais camponeses. Um feito mais do que surpreendente, principalmente se a pessoa assistir a esse filme sem essa informação e começando ter a sensação de estar assistindo a um projeto quase documental.

Nesta curiosa reconstituição sobre as vidas dos camponeses da Lombardia, o cineasta  Ermanno Olmi proporciona uma síntese perante a angústia dos seus retratos passados da Itália contemporânea. Várias histórias vão surgindo do trabalho dos camponeses e da vida comunitária que vão de:  ao relacionamento e bodas de um casal; um pai cortando a árvore do proprietário rural para fazer uns sapatos para o filho e ir à escola; um homem de idade avançada adubando tomates com estrume de galinha para eles amadurecerem mais cedo.

A iluminação é serena, sendo na maioria das vezes realizada com fontes naturais do ambiente. Sua trilha sonora é discreta, como se fosse o desejo do realizador em aproximar o público ao mais próximo do realismo e evitando assim qualquer interferência da parte técnica. Os planos breves de cena são o modo autoral do realizador, não permitindo que nos envolva plenamente, pois a nossa visão precisará se acostumar ao que virá a seguir.

Há momentos que desejamos recuar, pois o lado cru, por vezes, invade a tela, como no caso do abate de um grande porco e do qual se torna angustiante de ser visto e ouvido. Porém, em sequência digna de nota, uma mulher ora enquanto caminha, enche uma garrafa de vinho num regato para, enfim, vê-la nas portas de uma igreja. É aqui que, talvez os mais céticos, acusem o realizador de embelezar por demais os momentos da fé vistos na tela.

Mas tal afirmação poderia perder o seu ponto de vista, pois  Ermanno Olmi opta em fazer uma transição entre o verossímil e os mistérios da fé no dia a dia de camponeses que possui poucos recursos, mas que se sentem fortes através da fé em Cristo. Embora em proporções discretas, ouso dizer que é o filme mais singelo sobre a questão da religião na vida dos homens e mulheres de antigamente.

O filme faz um paralelo com outra obra anterior sua que foi "I Fidanzati", (1963), mas cujo os personagens se veem envolvidos na realidade do mundo industrial, alienado e que vivia das mudanças no começo dos anos sessenta. Em ambos os casos se destaca o "humanismo" perante as adversidades impostas nos dois longas e o que fazem se direcionarem em finais, por vezes, bastante pessimistas. Comovedor em vários momentos, "A Árvore dos Tamancos" pode ser facilmente apontado como um verdadeiro herdeiro do cinema neorrealismo italiano. 

 Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

ZineClube: https://linktr.ee/ccpa1948

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok