Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Pedro Paulo (Nabote) tomou uma decisão importante na vida. Para realizar o sonho de sua mãe (Nany People), de comemorar o aniversário em Buenos Aires, Argentina, ele resolve trabalhar como motorista de aplicativo. Para isso, vai pilotar seu Opala dos anos 1970, herança de seu pai, pelas ruas da cidade.
As comédias brasileiras atuais sempre apresentam uma realidade falsamente plástica do Brasil e do qual não enxergo aqui do outro lado do mundo real. São filmes coloridos, com piadas politicamente corretas, mas que raramente me fazem sorrir e sendo que o único que obteve esse feito foi através do nosso saudoso Paulo Gustavo. "Um Dia Cinco Estrelas" (2023) é uma comédia bobinha, politicamente correta, mas até que foge aqui e ali de algumas regras.
Dirigido por Hsu Chien Hsin, o filme conta a história de Pedro Paulo (Estevam Nabote), que após ele decidir colocar seu amado Opala dos anos 70 na rua, trabalhando como motorista de aplicativo para ajudar a família a sair do sufoco e realizar o grande sonho de sua mãe, que é viajar para Buenos Aires. Ao longo de seus dias levando passageiros para cima e para baixo, ele passa por diversas situações inusitadas, divertidas e que transformam totalmente a sua rotina. Enquanto isso, sua esposa Manuela (Aline Campos) tenta se tornar uma funcionária exemplar na loja em que trabalha e conquistar o cargo de gerente, disputando com o ambicioso Oswaldo (Marcos Breda).
Não esperem uma comédia que fará vocês rolarem de rir, pois as piadas são forçadas, as interpretações, por vezes, amadoras e querendo nos dizer a todo momento para a gente rir dessa salada. Estevam Nabote pode ser até famoso com os seus canais do Youtube, mas ele não nasceu para atuar na tela grande e provando que a sua veia cômica só funciona dentro de uma telinha de celular qualquer. Ao menos os roteiristas inventam umas situações lá e aqui para que ocorra algo de interessante para obter a nossa atenção.
Curiosamente, alguns dos passageiros que ele dá carona como uber são na verdade uma crítica ácida sobre algumas questões relevantes do nosso Brasil atual. O músico sertanejo, por exemplo, parece uma caricatura com relação aos cantores universitários desse tipo de música que obtém estrelato imediato com as suas músicas sobre amor e traição, mas cuja boa parcela do público nem sabe qual o seu nome e com razão. E os velhinhos assaltantes que se dizem "cidadãos do bem" é talvez a única piada relevante durante todo o filme e que me fez, milagrosamente, sorrir.
Talvez eu seja exigente demais com relação a um gênero que atualmente anda rastejando devido aos tempos politicamente corretos e que basta uma piada parecida de tempos antigos que logo pode ser tudo cancelado. Talvez a comédia não esteja em crise somente em território brasileiro, como talvez no mundo todo, mas isso não é desculpa pela falta de esforço para se criar algo mais criativo e por conta disso o gênero sofrerá ainda mais se caso não deem mais o sangue pela arte como um todo. "Um Dia Cinco Estrelas" é pura bobagem que se esforça em nos entreter, mas fazendo a gente sempre recuar e questionar onde exatamente a comédia brasileira errou para ficar tão sem sal e ineficaz.
A PRAGA + A ÚLTIMA PRAGA DE MUJICA(curta-metragem)
CANÇÃO AO LONGE
Brasil/drama/ 2022 / 76min.
Direção: Clarissa Campolindo
Classificação indicativa:
Sinopse: Vinda de uma família tradicional de Belo Horizonte, Jimena é uma jovem arquiteta, responsável pelo desenho técnico da nova sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Seu pai deixou o Brasil quando ela tinha só 4 anos, e após 10 anos de completo silêncio, ele busca reestabelecer o contato com a filha através de cartas
Elenco: Carlos Francisco,Mônica Maria,Matilde Biagi,Ricardo Campos,Margô Assis
A PRAGA + A ÚLTIMA PRAGA DE MUJICA(curta-metragem)
Brasil/Ficção/2022/ 97min.
Direção: Pedro Junqueira, Matheus Sundfeld, Luis Claudio Bonacura, Cédric Fanti, José Mojica Marins
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse: "A Praga", último filme inédito dirigido pelo mestre do horror José Mojica Marins (Zé do Caixão), conta a história de Marina e Juvenal. Um casal, que durante um passeio pelo campo, para em frente à casa de uma estranha idosa para tirar fotos. Irritada, ela se revela como uma bruxa e joga uma maldição em Juvenal: uma perseguição psíquica horrorizante, provocando uma ferida que se abre em seu corpo de forma descontrolada. O ferimento leva Juvenal a uma fome insaciável por carne crua e precisa ser alimentado constantemente para ser saciado. Como abertura do filme, o curta-metragem "A Última Praga de Mojica", com direção de Cédric Fanti, Eugenio Puppo, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira, relata o processo de resgate e finalização de A Praga. Produzido originalmente em 1980, o filme não chegou a ser concluído e era dado como perdido.
Elenco: José Mojica Marins, Wanda Kosmo, Silvia Gless, Felipe Von Rhime, Tayná M. Assis, Bruna Anastácia, Karina Bez Batti, Luah Guimarães, Débora Muniz, Eucir de Souza, Rodrigo Castelar, Virgílio Roveda, Rodrigo Bolzan, Eugênio Puppo, Daniela Senador, Fábio Dellore, Murilo Carraro, Chico Brasil, Patrícia Rodrigues, Hilda de Alencar Gil.
EM CARTAZ:
L A PARLE
França/Brasil / Drama/ 2022/ 84min.
Direção: Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen, Simon Boulier
Classificação Indicativa: 14 anos
Sinopse:Durante suas férias de verão, Fanny precisa lidar com a iminência de um exame médico. Acompanhada de três amigos, seu momento de relaxamento se torna uma experiência profunda conforme o grupo cria conexões inesperadas.
Elenco: Fanny Boldini, Gabriela Boeri, Kevin Vanstaen, Simon Boulier
HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS DE 06 A 12 DE JULHO (não há sessões nas segundas-feiras):
15H: LA PARLE
17h: CANÇÃO AO LONGE
19h: A PRAGA + A ÚLTIMA PRAGA DE MUJICA
Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES!
CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br
ÚLTIMA SEMANA DA FANTASIA TCHECA NA CINEMATECA CAPITÓLIO
A sessão dedicada aos filmes de Jan Švankmajer é uma das principais atrações da terceira semana da mostra Era uma vez na Tchéquia: animações, fantasias e mistérios. Nesta sexta-feira, 07/07, às 19h30, será exibido um programa de cinco curtas que Švankmajer, um dos mais cultuados nomes do cinema de animação, realizou na primeira fase de sua carreira, entre 1964 e 1971. A programação da mostra segue até o dia 09 de julho, com outros grandes filmes de diretores como Věra Chytilová, Václav Vorlíček e Bořivoj Zeman. Entrada franca.
A partir desta semana, a Cinemateca Capitólio retoma a exibição de dois filmes brasileiros: A Primeira Morte de Joana, de Cristiane Oliveira, e de Uýra: A Retomada da Floresta, de Juliana Curi. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Entre os meses de julho e agosto, a Sala Redenção apresenta a mostra “Cinema, Ocultismo e Bruxaria”. Dividida em duas partes, a programação exibe doze filmes, contando com a curadoria de Nilo Piana de Castro, professor de história do Colégio de Aplicação da UFRGS.
Realizada de 03 a 14 de julho, a Parte 1 da mostra aborda o ocultismo, que se refere ao estudo e à prática de atividades paranormais, como a magia. A programação apresenta cinco filmes de terror e suspense, produzidos nos Estados Unidos e no Reino Unido, e um documentário brasileiro sobre a trajetória de Raul Seixas, que abordou o ocultismo em algumas de suas canções. No dia 07 de julho, sexta-feira, às 16h, o professor Nilo participa de uma sessão comentada de “O Bebê de Rosemary” (1968).
Relacionada ao ocultismo, a bruxaria é a temática da Parte 2 da mostra, em cartaz de 04 a 14 de agosto. Entre os séculos XV e XVII, milhares de mulheres foram perseguidas, martirizadas e queimadas vivas, ao serem acusadas de bruxaria, simplesmente por não seguirem à risca os padrões morais da sociedade da época. Na mostra, o assunto é abordado a partir de seis filmes, produzidos na Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Itália, França e Estados Unidos. A programação prevê sessões comentadas pelo professor Nilo, em duas sextas-feiras de agosto, às 16h: no dia 04, após a exibição de “A marca do diabo” (1970); e no dia 11, depois da projeção de “As virgens de Salem” (1957).
A mostra “Cinema, Ocultismo e Bruxaria” apresenta sessões de segunda a sexta-feira, conforme horários na programação abaixo. Todas as exibições têm entrada franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus central da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.
Confira a programação completa no site oficial clicando aqui.
Sinopse: Em uma cidade onde os habitantes de fogo, água, terra e ar convivem, uma jovem mulher flamejante e um rapaz que vive seguindo o fluxo descobrem algo surpreendente, porém elementar: o quanto eles têm em comum.
A Pixar realiza filmes fofos para todas as crianças irem ao cinema e desfrutar de um mundo mágico. Porém, tudo não passa de uma verdadeira cortina de fumaça vinda da diversão, já que o recheio sempre se encontra algo filosófico, bem adulto e bastante reflexivo. "Elementos" (2023) é um destes inúmeros casos do estúdio em que o visual fantástico irá agradar os pequenos, mas cuja trama irá encher a mente dos adultos.
Dirigido por Peter Sohn, a trama se passa em uma sociedade chamada Cidade Elemento, na qual os quatro elementos da natureza - ar, terra, fogo e ar - vivem em completa harmonia. Na história, somos apresentados à Faísca (fogo, dublada por Leah Lewis), uma mulher espirituosa na faixa dos vinte anos, com um grande senso de humor e apaixonada pela família, mas que tem um temperamento um pouco quente; Gota (água, dublado por Mamoudou Athie) é um jovem empático, observador e extrovertido, que não tem medo de demonstrar suas emoções. Ambos se encontram, se apaixonam, mas será que conseguiram ficarem juntos?
Os realizadores da Pixar são criativos em criar tramas que nos fazem pensar sobre o mundo atual em que vivemos. "Divertidamente" (2015), por exemplo, tocava na questão sobre a tristeza e de como ela é importante em nosso dia a dia, já que é impossível mantermos a nossa felicidade intacta e um simples choro pode acabar se tornando um grande remédio. Em "Elementos", a ideia de pegar elementos do nosso planeta como protagonistas da trama serve como uma representação dos diversos povos diferentes um do outro, mas que todos merecem caminhar lado a lado e sem preconceito.
Neste último caso o filme é até bem corajoso ao falar da questão de imigração, onde diversas famílias deixam os seus países de origem devido a guerras e precisam começar do zero em um novo cenário. Porém, sempre há aquele preconceito por ser diferente e fazendo com que isso gere medo, por vezes, desnecessário. Aqui, vemos Faísca se apaixonando por Gota, mas temendo pelo toque um do outro, ou pelo que os seus pais irão pensar quando tudo for revelado.
Com lições de moral até mesmo surpreendentes para uma animação como essa, os adultos podem até se assustar em alguns momentos, pois ficaram pensando se os filhos irão ou não compreender tudo. Porém, eu acredito que a produção é recheada de ingredientes para deixar os pequenos bem distraídos e maravilhados, desde ao fato da cidade Elemento possuir um dos visuais coloridos mais belos do ano, como também figuras tão fofas e cheias de vida que irão encantar a todos. Aqui não há limites para a tecnologia, onde seres que são moldados por elementos acabam tendo maior expressão muito mais do que qualquer personagem que fosse em carne e osso.
Claro que não poderia faltar a questão da busca pelo seu sonho, do personagem sempre procurar ser ele mesmo e contrariando o que diz o restante do mundo. Pode não ser nada inovador, principalmente por estarmos mais do que acostumados a essa temática vinda do estúdio. Porém, em tempos em que cada vez mais lutamos pelos nossos direitos de sermos nós mesmos nunca é demais pôr nas telas algo que possamos sempre nos identificarmos.
"Elementos" é mais um belo filme de qualidade, de conteúdo que irá agradar tantos os pequenos como aqueles pais que sabem que irão enxergar algo ainda mais profundo durante o enredo.
A EVOLUÇÃO DO HERÓI MASCARADO QUE SURGIU NOS QUADRINHOS, CHEGOU À TV E FAZ SUCESSO NO CINEMA
Nascido nos quadrinhos em 1939, Batman é um dos personagens da ficção que mais vezes foram adaptados para o cinema. A primeira delas está completando 80 anos em 2023: a cinessérie de 1943, dirigida por Lambert Hillyer e estrelada por Lambert Wilson. De lá para cá, outros sete diretores imprimiram a sua visão do Homem-Morcego, e outros oito atores encarnaram o Cavaleiro das Trevas. No total, são 12 longas-metragens e dois seriados cinematográficos (e inúmeros desenhos animados).
O Curso
Ministrado por Ticiano Osório, colunista de GZH, ZH, Rádio Gaúcha e RBS TV, o curso As Várias Faces do Morcego: 80 Anos de Batman no Cinema, fará uma retrospectiva das representações cinematográficas do Cavaleiro das Trevas. A ideia é, por meio desse panorama, apresentar as diferentes abordagens possíveis do super-herói e mostrar como o cinema contribuiu para ampliar o fascínio despertado pelo personagem.
* MATERIAL *
Apostila
Certificado de participação
* APROVEITE O LOTE 1 COM VALOR PROMOCIONAL*
Ministrante: Ticiano Osório
Jornalista formado na UFRGS. Trabalha há quase 30 anos no Grupo RBS, onde já foi editor de Esportes, do Segundo Caderno e da editoria Sua Vida. Em 2019, tornou-se colunista de filmes e séries, atuando no site GZH, no jornal Zero Hora, na Rádio Gaúcha, na RBS TV e no Instagram (@ticianoosorio).
Curso
AS VÁRIAS FACES DO MORCEGO:
80 ANOS DE BATMAN NO CINEMA
de Ticiano Osório
Datas: 08 e 09 de Julho (sábado e domingos)
Horário: 14h30 às 17h30
Local: Cinemateca Capitólio
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)
Quando eu era pequeno os meus pais e eu ouvíamos bastante a "Rádio Farroupilha AM" e da qual era apresentada pelo até então radialista Sérgio Zambiasi. Foi uma época que nunca me esqueço, pois era um tempo que a rádio tinha força maior, ao ponto que as narrações de futebol eram muito mais emocionantes do que assistir na tv. Por conta disso, quando o assunto era crimes e assassinato o clima era pesado e me assombrava sempre quando ouvia.
Quando Zambiasi contava a história sobre um determinado crime uma assustadora trilha sonora começava a ser tocada e fazendo da situação um verdadeiro filme de terror. A trilha, por sua vez, era realmente pertencente a um filme e da qual foi criada pelo veterano compositor Jerry Goldsmith. Porém, eu sempre acreditava que a tenebrosa trilha pertencesse ao clássico "O Exorcista" (1973), já que ela era sempre tocada quando o filme era anunciado que seria exibido na tv na época.
Fui somente assistir ao clássico de William Friedkin em 1998, quando a obra estava completando vinte e cinco anos de vida e teve até mesmo um especial no programa do Fantástico. Quando eu era pequeno os meus pais me proibiam de assistir ao filme, pois achavam que o longa era amaldiçoado ou algo do gênero. Ao assistir escondido em VHS, para o meu espanto, aquela trilha sonora não pertencia àquele clássico, mas então de qual filme?
Por coincidência, no mesmo período, eu decidi alugar também ao clássico "Poltergeist - O Fenômeno" (1982) para finalmente assisti-lo e foi aí que descobri que a trilha sonora que tanto me assombrou quando eu era criança pertencia a esse filme. Grande sucesso de público e da crítica na época, o longa adquiriu prêmios, continuações e ganhando até mesmo fama de amaldiçoado, mas isso falarei mais adiante. Curiosamente, o filme foi dirigido por Tobe Hooper, mais conhecido pelo seu clássico "O Massacre da Serra Elétrica" (1974), mas quem assisti ao filme hoje achará que é de Steven Spielberg.
O Mestre em Cena?
Impedido de dirigir o longa, pois estava ocupado dirigindo o seu clássico "ET" (1982), Spielberg era produtor e roteirista do filme, mas deu a missão de dirigir para Tobe Hooper, o que não quer dizer muita coisa. Verdade seja dita, embora o cineasta tenha dirigido as cenas, nos passa uma sensação mais do que obvia de que todo o filme foi rodado pelo pai do ET, pois todas as suas fórmulas de sucesso estão lá, desde ao retratar uma típica família norte americana, como também vermos a mesma se meter em uma situação inexplicável. Curiosamente, o filme foi inspirado bastante com um episódio da série de TV americana "Twilight Zone" chamado "Little Girl Lost", que teria servido de inspiração para a obra.
Ao ser um projeto de Spielberg de cabo a rabo o realizador fez questão também de inserir elementos que eram o assunto no momento daqueles tempos. Só de pegarmos como exemplo o quarto das crianças você verá inúmeras referencias da franquia "Star Wars" e da qual era pertencente ao George Lucas e grande amigo de Spielberg. É um filme que sintetiza a visão do realizador com relação a família politicamente correta norte-americana daqueles tempos, ao menos era isso que os EUA queriam sempre passar para nós e para o restante do mundo.
Uma vez que se coloca essa família fora de sua zona de conforto é então que o filme ganha forma e cujos os elementos sobrenaturais surgem em cena. Não há como negar que na parte técnica o longa não envelheceu quase nada, já que eram efeitos visuais práticos, mas que nos passavam muito mais verossimilhança do que esses efeitos em CGI que se tem hoje em dia. Em uma determinada cena, por exemplo, vemos um personagem começar arrancar a pele do seu rosto, sendo que a cena é horripilante e toda realizada com a bom e velha maquiagem.
Mas o ápice dos efeitos visuais da época é justamente a cena em que a mãe, interpretada pela atriz JoBeth Williams, é atacada por um espírito maligno e que começa a jogá-la na parede e no teto do quarto. A cena foi rodada em um grande cenário giratório e cuja ideia Spielberg se inspirou no clássico "Núpcias Reais" (1951), do qual Fred Astaire cantava e dançava no teto e nas paredes em uma cena surpreendentemente sem cortes. A ideia, por sua vez, foi reaproveitada por David Cronenberg no seu clássico "A Mosca" (1986).
Grande Elenco
Do elenco principal, destaque para a veterana Beatrice Straicht, que anos antes havia ganhado um Oscar pelo seu desempenho em “Rede de Intrigas” (1976) e aqui ela interpreta uma especialista sobre manifestações paranormais e da qual ela é convocada para ajudar a família. Porém, da ala dos coadjuvantes, quem realmente se destaca é Zelda Rubinstein, atriz que tinha apenas 1, 30m de altura, mas possuía uma presença forte em cena ao dar vida a vidente que também entra no cenário dos acontecimentos da trama. Um elenco em que cada um deu tudo de si nas cenas e fazendo da obra uma experiência inesquecível.
Amaldiçoado?
Assim como o clássico "O Exorcista" o filme também sofreu a fama de ser amaldiçoado pois durante e após o lançamento da produção situações aconteceram para que ocorresse isso. Um dos maiores combustíveis para a especulação sobre uma suposta maldição envolvendo os filmes de Poltergeist vem das trágicas mortes de membros do elenco. A primeira delas foi o assassinato da atriz Dominique Dunne em 4 de novembro de 1982. Dunne interpretou Dana, a filha mais velha dos Freeling, no primeiro Poltergeist. Infelizmente, apenas quatro meses após o filme ter sido lançado, a jovem atriz de apenas 22 anos foi vítima de um feminicídio, sendo assassinada pelo ex-namorado que não aceitava o término da relação.
Chocando a todos e entristecendo os fãs, em fevereiro de 1988 a pequena Heather O’Rourke, que interpretava Carol Anne, faleceu subitamente aos 12 anos de idade. A atriz tinha apenas seis anos quando participou do primeiro Poltergeist e cativou os espectadores com seu olhar angelical. Infelizmente, em 1987 O’Rourke foi diagnosticada erroneamente como tendo Doença de Crohn. No ano seguinte, a jovem atriz voltou a adoecer, e dias depois sofreu uma parada cardíaca. Ela foi levada de helicóptero até um hospital infantil, mas infelizmente faleceu durante a cirurgia que tentava corrigir uma obstrução intestinal.
Uma das histórias mais bizarras é a de que foram usados esqueletos de verdade durante as filmagens da infame cena da piscina no primeiro filme e em algumas outras cenas da sequência de 1986, sendo que essa lenda urbana foi confirmada pela própria atriz JoBeth Williams. Mas engana-se quem acha que acaba por aí! Oliver Robbins, que interpretava Robbie, o filho do meio dos Freeling, quase foi estrangulado pelo assustador palhaço de brinquedo do primeiro filme. Durante as filmagens desta icônica cena, o animatrônico teve um mau funcionamento e apertou tão forte o pescoço do jovem ator que ele quase foi sufocado. Há boatos de que foi o produtor Steven Spielberg quem percebeu o que estava acontecendo e salvou Robbins.
Tudo isso é claro serviu para aumentar mais a aura de mistério do filme como um todo, mas mesmo que não houvesse tais acontecimentos o longa de uma forma ou outra se tornaria um grande sucesso. Segundo as próprias palavras de Steven Spielberg "ET" era uma representação de tudo que ele mais amava e "Poltergeist" era tudo o que ele mais temia na vida. A meu ver, o realizador usou os seus sentimentos como artificio para criar dois dos maiores sucessos do início de sua carreira.
Mais de quarenta anos depois "Poltergeist - O Fenômeno" ainda é um dos filmes mais assustadores da história e que assombrou muitos como eu antes de assistir a obra.