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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Cine Dica: Streaming - 'Pinóquio por Guillermo Del Toro'

Sinopse: O desejo de um pai solitário dá vida magicamente a um boneco de madeira, seu nome é Pinóquio. Confuso por ser tão diferente das outras crianças, Pinóquio foge de casa para encontrar seu lugar no mundo e se depara com perigo e aventura. 

Guillermo del Toro é fascinado por contos de fadas, porém, suas visões para essas histórias são sombrias, com uma lição de moral adulta e que passa muito longe da proposta elaborada por Disney quando adaptava, por exemplo, os contos dos Irmãos Grimm. No caso do conto "Pinóquio", obra máxima criada pelo italiano Carlo Collodi, ele possui diversas adaptações ao longo da história, sendo que a mais conhecida é a de 1940, criada pelo próprio Disney e que, embora fiel a sua fonte, era um tanto que suavizada se comparada a versão literária. "Pinóquio por Guillermo Del Toro" (2022) possui algumas diferenças, porém, é a mais próxima com relação a ideia principal do escritor.

A nova versão do diretor Guillermo del Toro é uma releitura sombria e distorcida do famoso conto de fadas de Carlo Collodi sobre o boneco de madeira que sonha em se tornar um menino de verdade. Situado na época da primeira grande guerra, onde a Itália é comandada pelo fascismo, Pinóquio ganha a vida quando seu criador talha a forma de um menino em madeira. Mas essa não é qualquer história que todos estão acostumados a ver sobre o menino travesso de madeira.

Diferente de outras adaptações, Guillermo del Toro, ao lado do codiretor Mark Gustafson, não usa desenho tradicional para criar a trama, e tão pouco o desenho digital, mas sim usando o bom e velho Stop motion. Filmado em quadro a quadro, o filme possui um dos visuais mais belos e perfeccionistas do ano, do qual nos esquecemos que são bonecos filmados e sintetizando todo o carinho dos realizadores durante a realização do projeto. Uma prova que esse tipo de animação pode sim ainda ser usada em pleno século vinte um, desde que feita com coração e que possa conquistar diversa plateias.

Porém, não espere um conto infantil, pois a obra do realizador foge de qualquer previsibilidade e se distanciando do que nós imaginávamos. Guillermo del Toro cria um conto sobre atos e consequências, sobre valorizar a vida breve deste planeta e que o desejo de se contrapor a isso levará por um caminho sem volta. Pinóquio nasceu através do desejo de Gepeto em ter o seu filho de volta que havia falecido devido à queda de uma bomba, mas não o aceitando de forma imediata e tendo que se lembrar novamente o que fazia ser um pai. Já Pinóquio aprenderá por duras penas entender a realidade em que vive, tendo ajuda do seu amigo Grilo Falante, mas do qual as vezes nem sequer é ouvido pelo protagonista nos momentos de pior crise.

Quem é fã da filmografia de Guillermo del Toro irá perceber certas referências de outros filmes, principalmente no início do primeiro ato. Em um determinado momento, por exemplo, uma bomba cai no meio da igreja e provocando a morte do verdadeiro filho de Gepeto. Essa cena é uma curiosa homenagem ao ótimo "A Espinha do Diabo" (2001), filme que levantou a moral do diretor depois do mal sucedido "A Mutação" (1997) em território americano. E como não poderia deixar de ser, o realizador faz uma crítica ácida sobre a época do fascismo italiano dentro da trama, sendo que quando o assunto é sobre a guerra o diretor coloca o dedo na ferida e cujo ápice disso se encontra em sua obra prima "O Labirinto do Fauno" (2006).

Embora a trama se distancie um pouco de sua fonte original aqui e ali, a ideia principal continua intacta e ao mesmo tempo fresca para as novas plateias. Curiosamente, não vemos mais um menino de madeira em querer ser um menino de verdade, mas sim em aprender a se sacrificar por aqueles que ele ama, mesmo tendo que aprender posteriormente que todo começo haverá um fim e valorizar, enfim, a vida que nos é dada e aproveita-la antes que ela seja extinguida. Talvez os adultos de hoje que conheceram a obra através das mãos de Disney quando eram crianças consigam hoje aceitar a visão mais adulta de Guillermo del Toro, pois todo conto tem a sua lição de moral em meio ao sofrimento.

"Pinóquio por Guillermo Del Toro" é tudo aquilo que faltava nas outras adaptações da obra de Carlo Collodi e fazendo com ele se torne uma versão corajosa e única para dizer o mínimo. 

Onde Assistir: Netflix

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Cine Dica: Streaming - 'Wandinha'

Sinopse: Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos.   

Quando eu pensava em "Família Addams" ficava me perguntando porque raios não foi Tim Burton ao ser escolhido para dirigir os dois filmes que foram adaptados para o cinema no início da década de noventa. Felizmente, esta adaptação estava em boas mãos, mais especificamente pela visão autoral de Barry Sonnenfeld e que, posteriormente, rodaria outro grande sucesso de sua carreira que foi "Os Homens de Preto" (1997). Mesmo assim, ainda achava que a obra máxima do cartonista norte-americano Charles Addams se casaria com perfeição com a visão lírica e sombria do pai de "Edward Mãos de Tesoura" (1990).

"A Família Addams" são na realidade uma crítica ácida contra a sociedade norte americana, sendo mais especificamente uma inversão aos valores e aos bons costumes que o governo tanto pregava e que queria vender ao mundo a sua sociedade falsamente perfeita. Atualmente, é muito mais fácil nos identificarmos com os Addams, principalmente aqueles que possuem um bom senso aflorado e não se vendendo facilmente ao lado hipócrita de uma sociedade que somente esconde o lado podre perante aos olhos do mundo. "Wandinha" (2022) é a realização pessoal de um sonho, ao ver Tim Burton finalmente abraçando um universo que estava sempre predestinado em dirigi-lo.

Porém, a série vai mais além, ao deixar os demais da família como coadjuvantes, dando total destaque a Wandinha e sendo interpretada com garra pela atriz Jenna Ortega. Ainda acho Christina Ricci uma Wandinha perfeita, mas Ortega leva o personagem tão a sério que não tem como deixar de ser seduzido por ela, onde o lado lucido e sarcástico da personagem é aqui ainda mais aflorado e de uma forma irresistível. Como se ainda não bastasse, a sua cena de dança de um determinado baile durante a temporada é desde já um dos momentos mais marcantes do ano e que já virou coqueluche nas redes sociais em todo o mundo.

Quanto a trama em si ela não é às mil maravilhas, sendo que de originalidade é quase zero, mas isso é compreendido e bem aceito. Para começar, a história nada mais é do que uma versão alternativa ao estilo de Tim Burton com relação ao universo de Harry Potter, sendo que academia "Nunca Mais" onde a protagonista irá estudar é uma versão sombria e bizarra de Hogwarts e cujo os seus alunos cada um tem o seu respectivo dom sombrio e lembrando outra obra do realizador que foi "O Lar das Crianças Peculiares" (2016). E se alguém ainda dúvida do que eu estou falando aguarde para uma participação rápida de um personagem que é uma cópia descarada de Harry Potter e cuja a sua aparição serve de ponta pé inicial para uma trama investigativa.

Curiosamente, estamos sempre acostumados com as adaptações dos "Addams" com um teor que se envereda mais para o humor. Porém, aqui a série ganha contornos de suspense, pinceladas do gênero investigativo e até mesmo com alguns momentos dramáticos. Os momentos divertidos ficam por conta da Wandinha responder altura com relação ao fato de não se interessar pelas tecnologias atuais e rendendo frases que até mesmo nos faz pensar. Embora a trama possua algumas histórias secundárias que acontecem durante a série elas jamais se tornam gratuitas e se alinhando com a peça principal que move toda a história.

Dos coadjuvantes que surgem na academia destaco Enid Sinclair, divertidamente interpretada por Emma Myers, sendo que ela e sua família são lobisomens, mas ela ainda tem certa dificuldade de se transformar. Mesmo sendo uma figura completamente oposta se comparada a protagonista, não deixa de ser interessante, por exemplo, a sua insistência em querer ser a melhor amiga de Wandinha, mas cuja a tarefa pode ser cansativa e até mesmo perigosa. Ao meu ver, Enid é uma representação dos nossos desejos caso Wandinha realmente existisse, já que sua personalidade complexa nos atrairia de tal forma que se tornaria uma obsessão em sempre querer ficar ao lado de alguém tão oposto se comparado aos demais dessa sociedade que se diz perfeitinha.

Visualmente o filme é arrebatador, onde vemos a marca registrada de Tim Burton na sua edição de arte, fotografia e cuja as cores escuras transitando com o colorido nos remete aos bons e velhos tempos dos primeiros grandes clássicos do cineasta como, por exemplo, "Os Fantasmas se Divertem" (1988). E se por um lado os efeitos visuais de determinados monstros que surgem na trama soam como falsos demais, isso acaba sendo proposital, pois o realizador nunca se vendeu facilmente ao CGI, mas sim em usar efeitos práticos sempre quando possível e remetendo como se fazia o bom cinema de tempos antigos. Resta saber se haverá uma segunda temporada e que seja, logicamente, de sua autoria.

Com ótimas atuações de um grande elenco, incluindo Catherine Zeta-Jones como Mortícia Addams, "Wandinha" é o sonho realizado para aqueles que queriam ver a obra máxima do cartunista Charles Addams nas mãos de Tim Burton.  


Onde Assistir: Netlfix. 

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Cine Especial: Revisitando 'A Felicidade Não Se Compra'

Quando era criança eu sempre aguardava para assistir na tv os especiais de natal, ou especificamente os filmes em que a festa natalina fazia parte da história. Clássicos como "Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho" (1964), "Esqueceram de Mim" (1990) e o "Fantástico Mundo de Jack" (1993) fazem parte de uma época em que os anos demoravam a passar e quando o natal chegava esses clássicos faziam com que a data festiva se tornasse ainda mais colorida. Embora eu tenha conhecido tardiamente "A Felicidade Não se Compra" (1946) é um dos maiores clássicos natalinos do cinema norte americano e motivos para isso é o que não faltam.

O diretor Frank Capra era o que melhor da "Era de Ouro do Cinema" em que sabia transitar o gênero comédia para momentos em que a dramaticidade era realmente necessária. Filmes como "Aconteceu Naquela Noite" (1934) e "A Mulher faz o Homem" (1939) são belos exemplos a serem lembrados, sendo que o último rendeu uma das melhores atuações da carreira de James Stewart. Com "A Felicidade Não se Compra" ele retornaria sua parceria com Capra e a decisão foi mais do que acertada.

Baseado em conto natalino de Philip Van Doren Stern, a trama se passa na cidade fictícia de Bedford Falls, na época de natal, onde George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou a todos, pensa em se suicidar saltando de uma ponte, em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região. Mas tantas pessoas oram por ele que Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas é mandado à Terra para tentar fazer George mudar de ideia, demonstrando sua importância através de uma realidade alternativa.

James Stewart quase não embarcou no projeto, pois estava cansado após os horrores da Segunda Guerra Mundial que ele havia testemunhado quando serviu. Porém, ele foi convencido por Lionel Barrymore após muita insistência e dizendo sempre que não haveria outro ator para interpretar o personagem, a não ser ele. Com o astro principal escolhido Frank Capra rodou a produção a todo vapor, mas ninguém imaginava o quanto seria colossal.

Para começar, a cidade Bedford Falls foi toda construída em estúdio e sendo considerada até hoje como um dos maiores cenários cinematográficos da história do cinema. Curiosamente, esse cenário ganha ainda mais brilho na versão colorida que o filme havia ganhando em 1986 e fazendo dela se tornar a favorita para muitos que assistem ao clássico até hoje na tv. Neste último caso, embora o filme não tenha se dado muito bem na bilheteria na época do seu lançamento, o mesmo acabou ganhando fãs através das exibições especais de natal de fim de ano nas tvs norte americanas e ganhando o seu merecido reconhecimento através das décadas.

Ao meu ver, a imagem de bom moço de James Stewart talvez tenha se fortalecido ainda mais através desse filme, pois o seu George é um verdadeiro Samaritano dentro da cidade e sempre disposto em ajudar alguém que precise. O filme é um retrato, mesmo que muito romantizado, do homem contra o sistema capitalista da época e que se empenha em conseguir realizar os seus desejos, mesmo que para isso tenha que adia-los. Ao se casar com sua paixão de infância Mary (Donna Reed), George acredita por um certo momento que ele adquiriu a verdadeira felicidade, mas mal sabendo das adversidades que viriam logo em seguida.

Na realidade, o filme já começa nos dando a informação que ele pretende se suicidar devido aos problemas financeiros. Porém, ele receberá ajuda de um curioso Anjo chamado Clarence (Henry Travers), que o impede de cometer suicídio, mas que ainda não sabe ao certo como ajuda-lo. Porém, George fala que preferia não ter existido e é então que algo imprevisível acontece.

Ao dizer essas palavras Clarence mostra para George uma outra realidade, onde ele não existe e fazendo com que, tanto a cidade em si como os habitantes de lá, tivessem um rumo diferente. Um ato final guardado a sete chaves, pois já sabíamos que o protagonista receberia ajuda de um anjo, mas pegando o público na época desprevenido com essa realidade alternativa inesperada e fazendo com que o filme se torne, mesmo por alguns minutos, algo sufocante, pois atuação de Stewart neste momento se sobressai de forma impressionante. Talvez para o público jovem de hoje que está acostumado com realidade alternativas dos filmes de super-heróis isso não soa uma novidade, mas para a época foi uma incrível surpresa para quem assistia.

Ao final, o filme nos passa a velha lição de valorizar a vida mesmo nos momentos de adversidades, pois elas passam independente do que aconteça. A vida de um afeta a vida de outras, seja de forma positiva ou negativa e se tornando importante para continuar com esse círculo continuo e o que faz de nós sermos humanos. Em 1990, o clássico foi considerado "cultural, histórica ou esteticamente significativa" pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionada para preservação em seu National Film Registry.

Recentemente apontado como o oitavo melhor filme de todos os tempos segundo a revista Variety, "A Felicidade Não Se Compra" ainda é considerado um dos melhores filmes natalinos de todos os tempos e agradecemos a Frank Capra por esse grande feito. 

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (22/12/2022)

O Tesouro do Pequeno Nicolau

Sinopse: O pai de Nicolau é promovido e anuncia que a família está se mudando para o sul da França. No entanto, o clube de Nicolau tem um plano para evitar essa movimentação.


A Farsa

Sinopse: Um jovem gigolô e uma tentadora vigarista tramam um esquema desonesto sob o sol ardente da Riviera Francesa. Em busca de uma vida de luxo, os dois amantes iriam tão longe a ponto de sacrificar o sustento de uma ex-estrela de cinema e de um corretor de imóveis?



O Amor Dá Voltas

Sinopse: Os encontros e desencontros amorosos de André, um jovem médico que, ao retornar ao Brasil, após mais de um ano cuidando de doentes na África, descobre que havia trocado cartas de amor não com sua namorada de longa data, mas sim com a irmã da moça.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 22 A 28 DE DEZEMBRO DE 2022 da Cinemateca Paulo Amorim

 DEVIDO AO FERIADO DE NATAL, NÃO HAVERÁ SESSÕES NOS DIAS 24 E 25 DE DEZEMBRO

MALI TWIST


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – MALI TWIST    *ESTREIA*   Assista o trailer aqui.

(Twist à Bamako - Senegal/Mali/França/Canadá, 2021, 130min). Direção de Robert Guédiguian, com Stéphane Bak, Alice Da Luz, Saabo Balde. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: No início dos anos 1960, os jovens da recém proclamada República do Mali sonham com a renovação política e dançam ao som da música norte-americana. É neste cenário que Samba, um adepto do socialismo, se apaixona por Lara, que foi prometida em casamento para um líder do seu povoado. Lara e Samba sonham com um futuro juntos, mas a liberdade dos novos tempos ainda não é compreendida por todos.


17h15 – AFTERSUN  Assista o trailer aqui.

(Reino Unido/EUA, 2022, 100min). Direção de Charlotte Wells, com Frankie Corio e Paul Mescal. O2 Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Quando tinha 11 anos, Sophie passou alguns dias de férias com o pai, numa praia ensolarada e cheia de descobertas. Vinte anos depois, ela encontra um vídeo daquele verão e tenta se reconciliar com suas lembranças e com aquele homem que até hoje não conhece plenamente.


19h15 – MARTE UM     Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 115min). Direção de Gabriel Martins, com Cícero Lucas, Carlos Francisco, Camilla Damião. Embaúba Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Os Martins, uma família negra de classe média baixa, vivem na periferia de uma grande cidade brasileira – e, apesar da situação do país, tentam equilibrar suas expectativas e dificuldades. A mãe, Tércia, acha que está amaldiçoada depois de levar um susto, enquanto a filha mais velha planeja ir morar com a namorada. O pai, Wellington, que trabalha como porteiro, sonha com o dia em que o filho mais novo será um jogador de futebol, mas Deivinho sonha mesmo em viajar para Marte. O longa é o indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga na disputa pelo Oscar de melhor filme internacional.


SALA 3 / NORBERTO LUBISCO


14h45 – BEM-VINDOS A BORDO    Assista o trailer aqui.

(Rien à Foutre - França/Bélgica, 2021, 115min). De Emmanuel Marre e Julie Lecoustre, com Adèle Exarchopoulos, Alexandre Perrier, Mara Taquin. Synapse Filmes, 16 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Cassandre é comissária de bordo em uma companhia aérea de baixo custo. Ela dribla o salário baixo fazendo horas extras e sendo o mais eficiente possível – e compensa tudo com uma vida despreocupada. Quando a garota é demitida e precisa voltar para casa, surgem problemas que ela não queria enfrentar. O longa fez sua estreia na Semana da Crítica do Festival de Cannes.


17h – UMA MULHER DO MUNDO    *ESTREIA*    Assista o trailer aqui.

(Une Femme du Monde - França, 2021, 100min). Direção de Cécile Ducrocq, com Laure Calamy, Nissim Renard, Béatrice Facquer. Imovision, 18 anos. Drama.

Sinopse: Marie ganha a vida como prostituta e é atuante no sindicato das profissionais do sexo. Ela também tem um filho de 17 anos, mas as relações com o garoto não são nada tranquilas. Sonhando com um futuro melhor para o filho, Marie resolve matriculá-lo em um renomado curso de culinária francesa – mas sua renda não dá conta do alto valor das mensalidades. A atriz Laure Calamy foi indicada ao prêmio César pela interpretação da protagonista.


19h – MALI TWIST    *ESTREIA*

(Twist à Bamako - Senegal/Mali/França/Canadá, 2021, 130min). Direção de Robert Guédiguian, com Stéphane Bak, Alice Da Luz, Saabo Balde. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: No início dos anos 1960, os jovens da recém proclamada República do Mali sonham com a renovação política e dançam ao som da música norte-americana. É neste cenário que Samba, um adepto do socialismo, se apaixona por Lara, que foi prometida em casamento para um líder do seu povoado. Lara e Samba sonham com um futuro juntos, mas a liberdade dos novos tempos ainda não é compreendida por todos.

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PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Gemini - O Planeta Sombrio'

Sinopse: Um thriller de ficção-científica sobre uma missão espacial enviada para formar um planeta distante habitável. No entanto, a missão encontra algo desconhecido que tem o seu próprio plano para o planeta. 

O cinema Russo quando ele é bom possui uma linguagem própria e independente de qual gênero os realizadores de lá irão explorar. "Solares" (1973) de Andrei Tarkovski, por exemplo, é lembrado como um dos melhores da história do país e apontado também como uma das melhores ficções desde "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968). Porém, quando o assunto é se inspirar no cinemão norte americano a situação desanda, pois o cinema deles acaba perdendo a sua identidade própria.

No ápice da moda das adaptações de HQ em solo americano, os russos decidiram explorar esse gênero através do filme "Os Guardiões" (2017), mas do qual pode facilmente ser descartado, pois não passa de uma cópia descarada de diversos filmes em um só. E se no passado havia um cuidado maior quando o assunto era ficção parece que, infelizmente, os realizadores de lá se renderam de vez para o clichê. "Gemini - O Planeta Sombrio" (2022) é tudo que nós já testemunhamos dentro do cinema norte americano, mas cujo os realizadores acreditam que a fórmula ainda possa dar certo.

A trama em si não traz nada de novo, pois é aquela velha história de uma missão de um grupo de astronautas que tentam achar uma forma de salvar a terra que está perdendo rapidamente a vida vegetal devido a um vírus. A premissa em si já nos lembra o filme de "Interestelar" (2014) de Christopher Nolan, sendo que o primeiro ato e o ato final são extremamente parecidos. Aliás, se vocês acham que eu estou exagerando, lembre-se que no filme de Nolan existe um relógio que tem papel fundamental dentro da trama e quanto aqui há uma pulseira. Coincidência?

E para dar mais caldo ao roteiro os realizadores foram capazes de cruzar elementos de "Alien - O 8º Passageiro” (1979) com o seu prequel “Prometheus” (2012), sendo ambos de Ridley Scott. Portanto, se você começar a ver uma gosma sinistra dentro da espaçonave da trama não se surpreenda, pois o Déjà vu vai ser sentido em abundância durante a sessão de cinema. O problema talvez nem fosse o fato de nos soar um verdadeiro repeteco, pois estamos já acostumados com o próprio cinema norte americano reciclando ideias de sucesso vindas do passado.

Mas talvez a cereja do bolo se encontre na sua produção em si que nos soa precária, sendo que os cenários mais parecem aquelas produções classe B feitas durante os anos 90. E como não poderia deixar de ser o elenco até que se esforça em cena, mas se tornam canastrões perante toda a bobagem que embarcaram e mal sabendo do resultado que seria ao longo do percurso. No final das contas, não passa de uma ficção montada com diversas partes de outros filmes e não tendo nenhum proposito construtivo que queira nos passar.

Em "Gemini - O Planeta Sombrio" a embalagem nos diz que é uma ficção Russa, mas cujo o sabor do conteúdo é norte americano e que se encontra bem vencido. 


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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Avatar: O Caminho da Água'

 Sinopse: Após formar uma família, Jake Sully e Ney'tiri fazem de tudo para ficarem juntos. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora quando uma antiga ameaça ressurge, e Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos. 

James Cameron nunca brincou em serviço quando ele levava os seus projetos para o cinema, sendo que cada um dos seus filmes teve um papel de grande relevância para os efeitos visuais e na forma de assistir longa metragens. "Avatar" (2009) foi um marco para época, tanto para a captura em movimento, como também no 3D revolucionário. Infelizmente a Hollywood não captou a proposta principal do diretor, fazendo que posteriormente diversos filmes fossem lançados em 3D, porém, convertidos ao sistema e fazendo com que a imagem da tela se tornasse ainda mais escura.

O que era a promessa de ser um exemplo para o futuro da sétima arte os estúdios, infelizmente, se encarregaram de fazer com que o público se cansasse da ideia, ao ponto que a popularização das grandes telas IMAX iniciada por Christopher Nolan na trilogia "Cavaleiro das Trevas" se tornasse desde então muito mais atrativa e revolucionária. Não desistindo da ideia de revolucionar o cinema sempre quando lançasse um filme, James Cameron caiu de cabeça em um projeto ainda mais ambicioso e que ficávamos na dúvida se não era algo no mínimo arriscado. Se foi arriscado ou não só o tempo dirá, mas o que eu posso dizer agora é que o novo "Avatar: O Caminho da Água" (2022) possui um dos mais belos e impressionantes visuais dos últimos anos e onde Cameron dá uma verdadeira aula de como se usa efeitos visuais alinhado com uma boa história.

Anos após a primeira batalha de Pandora entre os Na'vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive pacificamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney'tiri formaram uma família e estão fazendo de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na'vi da região. Quando uma antiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente.

Se analisarmos friamente o filme de cabo a rabo podemos concluir que ele é uma releitura do primeiro filme, já que a narrativa não é muito diferente, mas toda moldada em larga escala e de uma maneira poucas vezes vista no cinema. James Cameron falou sério quando prometeu avançar em termos de efeitos visuais quando o assunto era com relação as cenas em baixo da água, sendo que elas são impressionantemente realistas e fazendo do filme "Aquaman" (2018) parecer brincadeira de criança. Outro atrativo é o realismo inserido na criação dos seres aquáticos, onde sentimos o peso desses seres gigantescos em cena e fazendo a gente até crer que eles realmente existam em outro planeta.

Embora não seja revolucionário como foi prometido, o 3D apresentado no filme é tudo aquilo que deveria ter sido nestes anos que separam do primeiro ao segundo filme. A imagem não é escura, ao ponto de presenciarmos cada detalhe em cena, desde ao suor, a pigmentação da pele dos personagens e a sensação de estarmos realmente diante da ponta da flecha de Ney'tiri. Se Hollywood realmente tivesse lavado a sério o potencial do 3D o cenário de hoje com certeza seria outro, mas James Cameron havia dado o recado anteriormente e dando agora de uma forma ainda mais ambiciosa.

Com relação aos personagens centrais algo de curioso acontece, já que Jake Sully e Ney'tiri quase se tornam personagens coadjuvantes, pois os seus filhos roubam a cena sempre quando surgem. Neteyam (Jamie Flatters), Lo'ak (Britain Dalton), Tuktirey (Trinity Jo-Li Bliss) e Kiri (Sigourney Weaver) são jovens personagens carismáticos, ao ponto de nos preocuparmos com o destino de cada um deles e abrindo uma porta para inúmeras possibilidades de uma eventual sequência. A cenas em que eles são treinados pelos filhos de   Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet) do clã Metkayina dos recifes de Pandora se tornam um dos principais pontos positivos do filme e fazendo com que cada passagem se torne algo deslumbrante.

Curiosamente, o Coronel Miles Quaritch se torna um vilão ainda mais complexo agora que a sua mente faz parte de um corpo na'vi, mesmo que a explicação pela sua volta inesperada nos soe um tanto que forçada. Além disso, a origem de um e outro personagem se torna um verdadeiro mistério dentro da trama, sendo que poderá ser explorado em uma eventual continuação e abrindo um grande leque para inúmeras possibilidades. James Cameron talvez queira ir longe novamente, porém, tudo dependerá da resposta do público e se os mesmos estiverem dispostos ao entrar de cabeça no universo de Pandora.

Em "Avatar: O Caminho da Água" James Cameron revela novamente o futuro do cinema, sobre como nos brindar com um grande espetáculo cinematográfico e que cabe agora Hollywood saber realmente como aproveita-lo. 


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