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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Cine Dica: Streaming - 'Você Não Estará Só'

 Sinopse: Uma jovem é sequestrada e transformada em bruxa na Macedônia do século 19 por um espírito antigo. Curiosa sobre a vida humana, essa nova entidade assume a forma de uma de suas vítimas. 

Os contos de fadas originais criados pelos Irmãos Grimm possuem um teor muito mais sombrio do que nós imaginamos e que muitos não possuem esse conhecimento por conhecerem mais as suas adaptações orquestradas pelo estúdio Disney ao longo das décadas. Porém, "A Bruxa" (2015) é um exemplo de como se explora a raiz original destes contos, cujo o seu folclore possui algum fundamento e alinhado com os mistérios da natureza que até hoje o homem não sabe ao certo como explicar por completo. "Você Não Estará Só" (2022) vai ainda mais além, ao mostrar a cruzada de uma jovem bruxa em meio a selvageria, pureza e os costumes da vida humana.

Dirigido por Goran Stolevski, a trama se passa na Macedônia do século 19, onde um bebê é sequestrado pela sua própria mãe para não ser pega por uma velha bruxa local. Porém, a bruxa encontra a criança e a liberta para conhecer o mundo, porém, carregando dentro de si os dons que ela havia passado. Curiosa sobre a vida humana, a jovem bruxa acidentalmente mata uma camponesa na aldeia vizinha e depois assume a forma de sua vítima para viver em sua pele. Sua curiosidade então acende, e ela decide continuar a exercer esse poder terrível para entender o que significa ser humano.

Se resumirmos o filme dessa forma ele pode ser facilmente mal interpretado, pois a produção de Goran Stolevski vai muito além disso. Para começar o filme é cru, onde a fantasia transita com o realismo e faz com que o gênero fantástico inserido dentro da trama se torne um mero detalhe, mas ao mesmo tempo essencial para o desenvolvimento da trama. Na medida que a jovem bruxa vai adentrando os costumes dos seres humanos ela logo vai aprendendo sobre as suas regras, costumes e ao mesmo tempo o lado selvagem que se encontra dentro deles.

Goran Stolevski opta em fazer com que a sua câmera se torne uma espécie de nosso guia, ao acompanhar essa jovem confusa que vai aos poucos adentrando ao mundo ainda desconhecido para ela e fazendo com que cada detalhe, seja vindo do ser humano ou da natureza, se torne algo complexo e que merece ser explorado. Em alguns momentos, por exemplo, o filme me lembrou do maravilhoso "A Arvore da Vida" (2011) de Terrence Malick, pois em ambos os casos se fala sobre a cruzada do ser humano no decorrer da vida, sobre o qual é o seu papel no mundo e perante a teia cheia de regras criada pelo mesmo.

O filme também não esconde uma crítica ácida sobre o papel da mulher de ontem e hoje, da qual muitas foram queimadas vivas na fogueira ao serem taxadas meramente de bruxas, quando na verdade algumas estavam somente desfrutando da riqueza vinda da natureza. O papel da igreja, aliás, somente serviu em tempos mais antigos como esse aqui retratado em embebedar a sociedade com diversas crendices e simplificando o papel da mulher em simplesmente parir e servir ao homem. Aqui no caso, vemos a protagonista compreender o melhor e o pior desses dois lados da moeda e ao mesmo tempo tentando caminhar a sua própria jornada e não obedecendo as regras, seja elas vinda da velha bruxa, ou da humanidade que a fez ficar curiosa em conhece-la.

Em tempos em que o "Pós-Terror" está obtendo passos largos dentro do gênero, é sempre interessante observar quando surge filmes como esse, ao se apresentar como uma trama fantástica, mas sabendo se alinhar com questões que nos faz pensar após a sessão do cinema. Se hoje o cinema comercial anda cada vez mais preso em sua velha fórmula de se fazer dinheiro, ao menos, um pequeno filme como esse que surge do nada acaba se tornando, enfim, um grande alívio para os nossos olhos e pensamentos. Representante da Austrália para o próximo Oscar, "Você Não Estará Só" é um dos mais belos e interessantes filmes do ano, cuja a sua trama nos enfeitiça e fazendo até mesmo a gente se esquecer do lado mais fantasioso e sombrio de sua história.  

Onde Assistir: Google Play Filmes 

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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - A Acusação

Segue a programação do próximo final de semana. A sessão será no domingo para evitar colisão com jogos da Copa do Mundo.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA


Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 11/12/2022, domingo, às 10:15 da manhã


"A Acusação" (Les Choses Humaines)

França, 2022, 138 min, 14 anos


Direção: Yvan Attal

Elenco: Ben Attal, Suzanne Jouannet, Charlotte Gainsbourg, Mathieu Kassovitz, Pierre Arditi


Sinopse: Alexandre é um jovem educado e inteligente que estuda em uma concorrida universidade americana. Quando vai a Paris, por motivos familiares, Alexandre conhece Mila, a filha do novo namorado de sua mãe. Os dois jovens vão juntos a uma festa e, no dia seguinte, Mila denuncia Alexandre por estupro. Toda a aparente harmonia familiar desaparece e tem início um complexo julgamento que apresenta verdades opostas. O filme é adaptado do romance homônimo da francesa Karine Tuil.

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Cine Dica: Streaming - 'Sorria'

Sinopse: Após um paciente cometer um suicídio brutal em sua frente, a psiquiatra Rose é perseguida por uma entidade maligna que muda de forma. Enquanto tenta escapar desse pesadelo, Rose também precisa enfrentar seu passado conturbado para sobreviver. 

Em tempos em que as super produções de Super Heróis domina o mercado cinematográfico como um todo é sempre bom ver o fato que, ao menos, o gênero de horror sobrevive e com força nestes últimos tempos. Embora ainda usando alguns clichês básicos de sucesso é interessante observar que a reciclagem de algumas ideias anteriores pode ainda dar certos frutos desde que sejam bem dirigidos. "Sorria" (2022) é um desses casos em que a trama não traz algo muito de novo dentro do gênero, mas se sustenta pela sua direção, a boa atuação do elenco e nos momentos assustadores que nos fazem pular da poltrona instantaneamente.

Dirigido por Parker Finn, o filme conta a história da Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon), cuja a sua vida muda drasticamente, após uma paciente morrer de forma brutal em sua frente, e ela testemunhar o incidente bizarro e traumático no consultório. A partir daí, ela começa a experimentar ocorrências assustadoras que ela não consegue explicar, mas que de alguma forma, se relacionam com a morte que ela presenciou. Para entender o fenômeno que não sai de sua cabeça, a Dra. irá atrás de respostas, mesmo que o mal também já esteja perseguindo-a, e tudo que ela mais quer, é também fugir.

A trama me fez lembrar do ótimo "A Corrente do Mal" (2015), em que os personagens transavam e transmitiam durante o ato uma entidade diabólica que os assombrava a todo momento. Aqui, trocasse o ato carnal para o assassinato, mas tendo alguns pontos semelhantes dentro da história, com o direito de a protagonista ir atrás de respostas do porque estar acontecendo tudo isso com ela e possuindo também algumas pinceladas dentro da trama que me fizeram lembrar do ótimo “Arraste-Me para o Inferno” (2009) de Sam Raimi. Porém, diferente dos filmes citados, aqui o mal tem a representação de um rosto maligno sorridente e quando ele surge na abertura do filme é desde já um dos momentos mais assustadores que eu vi nos últimos tempos.

Vale salientar que a obra possui um clima mórbido, do qual nos transmite um realismo claustrofóbico para a protagonista e da qual lida, não somente com um assunto inexplicável, como também de uma tragédia pessoal e da qual não soube lidar ao longo dos anos. Ao mesmo tempo, é interessante observar como o roteiro lida com os demais personagens em volta da protagonista, já que quase todos não sabem lidar com as suas ações e agem de uma forma mesquinha e que não querem lidar com isso em hipótese alguma. Uma pequena, porém, certeira crítica acida com relação a sociedade atual, cada vez menos humilde e querendo somente lidar com os seus afazeres pessoais ao invés de se envolver em ajudar alguém.

Embora um pouco conhecida para a maioria do público Sosie Bacon é aquela típica atriz que se entrega de corpo e alma em uma atuação que exige tanto o físico como também saber transmitir a confusão mental em que a sua personagem está passando. O seu desempenho, aliás, me lembrou bastante da extraordinária atuação da atriz Essie Davis do incrível "O Babadook" (2014), já que ambos os filmes as protagonistas transitam entre a lucides e a loucura e quase não sabendo lidar com as situações que fogem de qualquer lógica. Logicamente, o filme se encerra com a possibilidade grande de uma continuação, mas isso não enfraquece o seu final, já que ele é corajoso, forte e que foge do convencional dentro do gênero.

"Sorria" pode até usar ideias já exploradas em outros filmes, mas que não deixa de ser uma obra assustadora e que nos desconcerta com as suas imagens mórbidas. 

Onde Assistir: Prime Vídeo. 

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Cine Dica: Cineclubes gaúchos exibem sessões comentadas na Sala Redenção

Os Incompreendidos 


Partindo do pressuposto de que pensar o cinema é tão importante quanto fazê-lo, a Sala Redenção apresenta a “Mostra Cineclubes”, de 7 a 13 de dezembro. Cinco cineclubes ativos do Rio Grande do Sul foram convidados para participar da programação: Cinedrome, Clube de Cinema de Porto Alegre, Academia das Musas, Luz Vermelha e Zero4. Cada um desses grupos, que reúnem pessoas interessadas em conversar sobre cinema, ficou responsável por escolher os filmes e comentar as sessões.

A seleção busca representar os ideais de cada cineclube, levantando discussões, por exemplo, sobre a democratização do acesso ao cinema e a presença das mulheres no audiovisual. Do Brasil à União Soviética, passando por França e Venezuela, os filmes apresentam uma diversidade de locais de produção, de gêneros e temáticas. São eles: “Reverón” (1952), “Os incompreendidos” (1959), “Histórias que o nosso cinema (não) contava” (2017) e “Cuidado com o carro” (1966). Além disso, na sessão proposta pelo cineclube Zero4, são exibidos seis curtas-metragens do diretor brasileiro Lincoln Péricles.

A programação prevê sessões de segunda a sexta-feira, às 16h e às 19h, com entrada franca e abertas à comunidade em geral. O cinema universitário está localizado no campus central da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333. 


TEXTO CURATORIAL


FILME NÃO EXIBIDO É OBRA MORTA

Pensar cinema é tão importante quanto fazer cinema. Isto é, para que realizar um filme se ninguém vai ver? A arte não existe em um espaço vazio; o filme se torna aquilo que o espectador faz dele. Quem assiste e quem faz cinema estão em constante diálogo. Essa conversa, na verdade, pode ser a principal graça do cinema. Puxe um papo com seu amigo ao sair da sala, poste um tuíte engraçado ou comece um debate profundo em uma mesa de bar – um filme bom só nos deixa quietos durante a projeção. É a partir desse impulso que surgem os cineclubes. 

Cineclubes existem por causa da vontade de falar sobre cinema. Então, a Sala Redenção quer conversar também. Chamamos 5 cineclubes ativos do Rio Grande do Sul (Cinedrome, Academia das Musas, Zero4, Luz Vermelha e Clube de Cinema) e propomos um desafio: escolham filmes que vocês gostem (o que vocês quiserem!), debater é a única exigência.


Manu Couto – Bolsista da Sala Redenção

PROGRAMAÇÃO MOSTRA CINECLUBES


REVERÓN

(dir. Margot Benacerraf | Venezuela | 1952 | 23 min)

Documentário sobre o artista Armando Reverón, sua obra e o ambiente ao seu entorno.

07 de dezembro | quarta-feira | 19h – Sessão comentada pelo cineclube Cinedrome

13 de dezembro | terça-feira | 16h – Caso não tenha jogo do Brasil na Copa do Mundo


OS INCOMPREENDIDOS

(dir. François Truffaut | França | 1959 | 99 

Um garoto de 14 anos se rebela contra o autoritamin)rismo na escola e o desprezo dos pais. Rejeitado, passa a faltar aulas para frequentar cinemas ou brincar com os amigos. E como ele foge de casa, para viver é obrigado a fazer pequenos roubos.


07 de dezembro | quarta-feira | 16h


MUITO ALÉM DO JARDIM

(Dir. Hal Ashby | EUA | 1979 | 130 min)

Chance, um homem ingênuo, passa toda a sua vida cuidando de um jardim e vendo televisão, seu único contato com o mundo. Quando seu patrão morre, é obrigado a deixar a casa em que sempre viveu e, acidentalmente, é atropelado pelo automóvel de Benjamin Rand, um grande magnata que se torna seu amigo e chega a apresentá-lo ao Presidente. Curiosamente, tudo dito por Chance é considerado genial. Paralelamente a saúde de Benjamin está crítica e Eve Rand (Shirley MacLaine), sua esposa, se apaixona por Chance.

13 de dezembro | terça-feira | 19h – Sessão comentada pelo Clube de Cinema de Porto Alegre


CURTAS DE LINCOLN PÉRICLES

Carta de Interesse (2013 | 10 min)

O que é uma orquestra?

+

Filme dos Outros (2014 | 20 min)

Filme realizado a partir de imagens retiradas de cartões de memória que estavam em equipamentos de filmagem roubados.

+

Aluguel – O Filme (2015 | 16 min)

A reunificação pacífica não acontecerá.

+

Ruim é ter que trabalhar (2015 | 10 min)

Alguns dias antes da Copa do Mundo no Brasil, um operário reflete sobre seu trabalho.

+

Enquadro (2016 | 24 min)

Eles falam sobre seus trabalhos e sobre a polícia. Matéria fantasmagórica.

+

Filme de Domingo (2021 | 28 min)

Domingo de sol na quebrada. Um tio babão, uma mãe zika, uma criança artista.

08 de dezembro | quinta-feira | 16h

09 de dezembro | sexta-feira | 19h – Sessão comentada pelo Cineclube Zero4


HISTÓRIAS QUE O NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA

(dir. Fernanda Pessoa | Brasil | 2017 | 79 min)

Uma releitura histórica sobre o período da ditadura militar no Brasil retratada por meio de imagens e sons exclusivos da pornochanchada, o gênero mais visto e produzido no país durante a década de 1970.

08 de dezembro | quinta-feira | 19h – Sessão comentada pelo cineclube Academia das Musas

12 de dezembro | segunda-feira | 16h


CUIDADO COM O CARRO

(dir. Eldar Ryazanov | URSS | 1966 | 90 min)

Detochkin é um vendedor de seguros procurado pelo roubo de vários carros. Ele, que rouba apenas pessoas de caráter questionável, conhece o investigador Maxim, e acaba descobrindo que ele está trabalhando no seu caso. Ambos dividem a paixão pelo teatro amador e os palcos na interpretação de “Hamlet”.

09 de dezembro | sexta-feira | 16h

12 de dezembro | segunda-feira | 19h – Sessão comentada pelo Cineclube Luz Vermelha


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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'A Metamorfose dos Pássaros'

Sinopse: O filme-ensaio afetivo retrata a família de Catarina Vasconcelos e sua avó Beatriz, que se casou com um oficial da marinha chamado Henrique aos 21 anos. Beatriz cuidou de seis filhos sozinha com o marido no mar, entre eles, o pai da cineasta, Jacinto

Exibido no Festival de Berlim de 2020, "Metamorfose dos Pássaros" é um documentário cuja a complexidade de contar a sua trama se compara com a beleza na sua construção visual. A obra da portuguesa Catarina Vasconcelos parte de uma análise sobre a jornada da vida do casal Beatriz e Henrique para se tornar uma obra bastante enigmática, que alia enredo com imagens líricas e que resulta sobre a cruzada da vida humana. Vasconcelos obtêm o desempenho de manter nos trilhos a narração alinhada com reflexões sobre os dilemas familiares e, acima de tudo, fazendo com que a gente se identifique com ela.

Embora seja em narração off, ela nunca soa de forma gratuita, mas sim se tornando uma peça central e da qual se casa de forma pura e simples com as suas imagens. Porém, a voz não é vista como uma espécie de guia, já que as imagens exibidas pela realizadora obtêm a chance de usar o texto narrado para feitos muito mais elevados. Sendo assim, o filme se mantém por questões corriqueiras da vida, sobre a existência humana e de como ela pode ser maravilhosa através das mais simples situações do seu dia a dia.

As cenas de umas crianças que comenta sobre a sua perspectiva sobre a vida de outros seres, desde ao inseto que pode viver somente algumas horas como também no caso de espécies como as tartarugas que chegam a ter mais de duzentos anos de vida. Em termos de comparação, a vida humana acaba se tornando tão rápida e passageira, mas da qual a mesma possui a chance de construir uma jornada que possa até mesmo servir de exemplo para as próximas gerações que virão a seguir. Portanto, as imagens dos riachos, folhas, campos e montanhas chegam para definir a ideia da realizadora.

O palco principal é justamente o mundo em que passamos, do qual muitos vem e vão em um piscar de olhos e cujo o cenário prossegue o mesmo para vinda de outros. Na reta final, concluímos que tudo é uma metamorfose, onde a mudança acaba se tornando inevitável, onde a perda dá lugar ao nascimento de uma nova vida e cujo o ciclo prossegue independente do que aconteça. "Metamorfose dos Pássaros" demonstra com clareza como, no final das contas, o que fica da passagem humana é a memória e da qual quando olhamos para trás se torna cada vez mais dourada. 

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Cine Especial: 'O Dirigível Hindenburg - A Queda de Um Gigante'

Sinopse: No dia 6 de maio de 1937, uma misteriosa tragédia acontece nos ares: o dirigível Hindenburg, um dos símbolos do poderio nazista, pega fogo a caminho dos EUA. 


O cinema norte americano dos anos 70 é conhecido mais hoje pelo seu cinema autoral, do qual hoje conhecido como a "Nova Hollywood". Porém, o cinema de entretenimento encontrava no subgênero "filmes catástrofes" uma forma de atrair as massas e para assim engordar através das bilheterias. Filmes como "Terremoto" (1974), "Aeroporto" (1970), "Inferno na Torre" (1974) e "O Destino de Poseidon" (1972) foram alguns títulos que arrastaram multidões graças aos seus efeitos visuais de ponta da época e alinhado com uma veia dramática da qual o público se identificava.

É claro que a maioria desses filmes não são baseados em fatos verídicos, mas sim somente inspirados em tragédias reais que aconteceram ao longo da história. Curiosamente, o incêndio do Edifício Joelma ocorreu exatamente no ano que o filme "Inferno na Torre" havia sido lançado e fazendo que o filme tivesse uma atenção maior através do cinéfilo brasileiro. Porém, o clássico "O Dirigível Hindenburg" (1975) foi um dos raros casos de um filme catástrofe ter realmente sido baseado em fatos verídicos e o resultado acaba soando bem verossímil.

Dirigido por Robert Wise, do clássico "A Noviça Rebelde" (1965), o filme começa em 17 de abril de 1937, Milwaukee, Wisconsin. Uma vidente americana afirma que o dirigível Hindenburg, um verdadeiro hotel no céu e um dos símbolos do poderio nazista, ao deixar a Alemanha em direção a Nova York, será destruído quando ele estiver chegando nos Estados Unidos. Apesar de nada suspeito ter sido encontrado, na Alemanha e nos Estados Unidos circulam rumores sobre a possível destruição do dirigível. Assim o coronel Franz Ritter (George C. Scott), um herói de guerra, que opera para a inteligência militar, é designado para voar no Hindenburg como chefe da segurança. Nesta missão ele é ajudado pelo agente da Gestapo, Martin Vogel (Roy Thinnes).

Até hoje existe diversas teorias levantadas sobre os motivos que fizeram acontecer essa famosa tragédia. Alguns acreditam que foi um atentado feito de dentro da própria Gestapo ou do próprio governo dos EUA, já que muitos da época já não estavam concordando com os rumos em que a Alemanha estava passando nas mãos de Adolf Hitler. O personagem de George C. Scott, por exemplo, surge como observador sobre o possível atentado que pode ocorrer ao longo da viagem, para logo revelar ter motivos suficientes para que também não impeça o possível evento. O filme, portanto, consegue transitar em um momento que, tanto Alemanha, como também os demais países de fora, não estavam vendo com bons olhos os rumos que Hitler estava tomando já naqueles tempos longínquos.

Como todo bom filme catástrofe que se preze na época, a obra possui diversos personagens coadjuvantes, alguns que realmente existiram durante a viagem e sendo interpretados por atores conhecidos, como no caso de Burgess Meredith, mais conhecido na época como o Pinguim do seriado "Batman e Robin" (1966) e que se tornaria mundialmente conhecido como treinador de boxe em "Rocky" (1976). Claro que esses personagens são protagonistas das subtramas que ocorrem durante a viagem, sendo que algumas possuem ligação com o possível atentado. Tudo é orquestrado de uma forma para que simpatizemos com esses personagens e dos quais ficamos até mesmo torcendo para que eles sobrevivam ao trágico desfecho.

Tecnicamente impecável, o filme possui efeitos visuais mais do que convincentes para época, sendo que o dirigível realmente impressiona nas cenas de voo, mesmo quando foi revelado posteriormente que durante as filmagens foi usado somente uma miniatura de pouco mais de 7,6 metros de comprimento. Claro que antes do derradeiro acidente acontecer alguns acontecimentos fazem com que se crie certa tensão no decorrer da história, desde o dirigível sofrer com algumas cargas magnéticas, como também o fato de uma das pequenas asas da aeronave sofrer uma avaria com um rasgo no lado de fora. Mas tudo isso serve como preludio para extraordinário acidente e do qual sintetiza horror que os passageiros e os tripulantes passaram naqueles momentos.

Vale salientar que o verdadeiro acidente do dirigível durou somente alguns minutos. Porém, Robert Wise consegue, graças a uma incrível edição de cenas, revelar passo a passo os destinos de inúmeros personagens que acompanhamos durante o filme até eles ficarem diante da grande catástrofe. O resultado se torna ainda mais verossímil principalmente pelo fato de as cenas filmadas entrecortar com as verdadeiras do acidente e tornando tudo ainda mais verossímil e dramático.

Curiosamente, a cena se casa muito bem com a narração do jornalista que filmou e narrou o momento do triste acidente e se tornando um dos primeiros casos de furos jornalísticos visuais da história. Até hoje se fica na dúvida no ar o que levou essa grande tragédia, mas ao mesmo tempo se revelou ser um sinal de que a força da Alemanha Nazista não seria invencível e que não deveria pôr em risco a vida de pessoas através da sua demonstração de força através da tecnologia, seja ela com relação ao transporte, ou de outras áreas que estavam investindo naqueles tempos.

Vencedor de dois prêmios especiais do Oscar de melhores efeitos sonoros e melhores efeitos especiais, "O Dirigível Hindenburg" é um dos melhores do subgênero filme catástrofe do cinema norte americano e que impressiona até hoje pela sua qualidade técnica quase impecável. 


Onde Assistir: Em DVD pela Classicline  

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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (02/12/2022)

O MENU

Sinopse: Em O Menu, um casal (Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult) viaja para uma ilha costeira para comer em um restaurante exclusivo, onde o chef (Ralph Fiennes) preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

AFTERSUN

Sinopse: Em um resort de férias decadente, no final da década de 1990, Sophie (Frankie Corio), de 11 anos, aprecia um tempo raro junto com seu pai amoroso e idealista, Calum (Paul Mescal). À medida que o mundo da adolescência se aproxima dela, longe de seus olhos, Calum luta sob o peso da vida fora da paternidade. 


BEM-VINDOS À BORDO

Sinopse: Uma jovem aeromoça vive entre viagens, festas e redes sociais, até que perde seu emprego e precisa voltar para casa e encarar os problemas que tinha deixado para trás.


DIÁRIO DE VIAGEM

Sinopse: 1995, São Paulo. Logo após a implantação do Plano Real, Liz, 13, é mandada para um intercâmbio na Irlanda. Seus pais de classe média emergente estão otimistas, mas na percepção da adolescente a viagem é um total fracasso. Liz retorna ao Brasil com um transtorno alimentar que limita sua vida em todos os âmbitos e encara os desafios do crescimento e da descoberta.


NA RÉDEA CURTA

Sinopse: Da periferia de Salvador, criado apenas pela mãe, Júnior, aos 20 anos, descobre que vai ser pai e decide, a partir disso, ir atrás de seu pai. Mainha, mãe super protetora, se vê obrigada a revelar a identidade do pai de Júnior, que mora no interior do Recôncavo da Bahia, na cidade de Cachoeira.


NOITE INFELIZ

Sinopse: Quando uma equipe de mercenários invade um complexo familiar rico na véspera de Natal, levando todos de reféns, a equipe não está preparada para um combatente surpresa: Papai Noel está no local, e ele está prestes a mostrar por que esse Papai não é nenhum santo.


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