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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 6 de julho de 2022

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - ‘Um Herói'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 09/07/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Um Herói" (Ghahreman)

Irã / França, 2021, 130 min, 12 anos

Direção: Asghar Farhadi 

Elenco: Amir Jadidi, Mohsen Tanabandeh, Fereshteh Sadre Orafaee

Sinopse: Rahim está na prisão devido a uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer o seu credor a retirar a sua queixa contra o pagamento de parte da quantia, mas as coisas não saem de acordo com o planejado.  Vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes de 2021.


Sobre o Filme: 

Quando se pensa sobre o cinema iraniano imediatamente nos lembramos das obras de Abbas Kiarostami, cujo os seus diálogos e cenários conquistaram as plateias do mundo todo. Porém, Asghar Farhadi não fica muito atrás, pois o realizador de filmes como "Procurando Elly" (2010), "A Separação" (2012) e "O Apartamento" (2017) nos chama atenção pelo mesmo em querer explorar personagens que transitam entre a verdade e a mentira de determinados fatos da história. "Um Herói" (2021) é o seu mais novo filme que segue essa linha de raciocínio e nos surpreendendo novamente graças ao seu lado criativo.

Em "Um Herói", Rahim é um calígrafo que está na prisão por conta de uma dívida que não conseguiu pagar. Enquanto Rahim pode ficar dois dias fora da prisão, sua namorada, Farkhondeh apresenta a ele uma oportunidade que vai tirar ele atrás das grades. Quando consegue sair, Rahim é flanqueado por sua família, incluindo seu filho de um casamento passado, seus admiradores, seus devedores, e até com quem dividia a cela. Numa jogada entre vida ou morte, os dias de liberdade do protagonista parecem estar numerados.

Com uma sublime abertura de uma região histórica do Irã, Asghar Farhadi procura nos apresentar Rahim de forma gradual, para que possamos nos simpatizarmos com ele e compreender as suas motivações. Ao se envolver em uma forma de recuperar a sua dignidade através de um novo trabalho, é curioso como uma pequena mentira criada já no início do filme se torna uma grande bola de neve e fazendo ela se tornar incontrolável em determinados momentos da história. É preciso salientar que se a mentira já é um problema no ocidente no Irã a situação é redobrada, pois envolve muitas questões que vão desde a religião e honra.

Mas embora tenha essas diferenças, o filme escancara o fato de que o país não está livre também da proliferação de notícias que fogem rápido do controle a partir do momento em que são divulgadas nas redes sociais. Uma vez a internet envolvida a situação cada vez piora e fazendo da vida do protagonista um verdadeiro inferno. Tudo o que ele quer é obter uma vida digna, mas não usufruindo dela devido a burocracia e a falta de fé do próximo perante a sua pessoa.

Curiosamente, o filme me lembrou do clássico "Ladrões de Bicicleta" (1948) Vittorio De Sica, já que ambos os casos os personagens buscam o seu direito de adquirir o seu emprego para sobreviver. Enquanto no clássico italiano o protagonista busca um meio de reaver a sua bicicleta roubada, aqui o personagem Rahim busca arduamente uma mulher que pode confirmar a história de uma determinada e valiosa bolsa perdida. No final, ambas as jornadas dos protagonistas se tornam causas perdidas, pois as vezes a verdade nunca parece ser o suficiente hoje em dia.

O filme "Um Herói" é trama se passa no Irã, mas ela se torna universal quando sistema, redes sociais e verdades e mentiras escancaram o fato que a sociedade procura acreditar no que melhor lhe convir. 


Atenciosamente,

Marcelo Castro Moraes 

Diretor de Comunicação e Informática do  CCPA.

https://cinemacemanosluz.blogspot.com/

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 8 a 13 de julho de 2022

 FILME COMO UM OBJETO NO ESPAÇO: UM OLHAR SOBRE ACERVOS DE CINEMA

Maridos Cegos

De 8 a 17 de julho, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema. Com curadoria e produção da Mutual Films, a mostra apresenta, ao longo de dois fins de semana e dez sessões de cinema, um levantamento de onze projetos recentes de preservação e restauração de filmes de todo o mundo, além de vislumbres dos acervos envolvidos. Hoje, quando assistimos a um filme antigo em uma nova versão, pensamos em como o filme chegou até nós? Serão exibidas obras de Toshio Matsumoto, Sara Gómez, Erich von Stroheim, Henri Plaat, Djibril Diop Mambéty, Vittorio De Seta, Antonio Carlos Textor, Orlando Bomfim, netto, Marta Rodríguez e Jorge Silva, Wendell B. Harris, jr, Zora Neale Hurston e Spencer Williams. Todas as sessões contarão com apresentações dos curadores Aaron Cutler e Mariana Shellard.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5163/filme-como-um-objeto-no-espaco-um-olhar-sobre-acervos-de-cinema/


CINEMA CHRIS MARKER: ÚLTIMAS EXIBIÇÕES

A mostra Cinema Chris Marker, com seis obras do realizador francês, segue em exibição até o dia 10 de julho. A programação da mostra também propõe um diálogo do cinema de Marker com quatro filmes de outros realizadores: Aelita, a Rainha de Marte, de Yakov Protazanov, Paris 1900, de Nicole Vedrès, A Lenda dos Beijos Perdidos, de Vincente Minnelli, e Um Corpo que Cai, de Alfred Hitchcock. O valor do ingresso é R$ 10,00. A mostra Cinema Chris Marker tem o apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français.  


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5154/cinema-chris-marker/


MOSTRA UNISINOS DE CINEMA

Depois de uma interrupção de dois anos em função da pandemia, a Mostra Unisinos de Cinema acontecerá mais uma vez na Cinemateca Capitólio, nos dias 12 e 13 de julho. Composta por onze filmes de ficção, seis documentários, seis animações em stop motion e quatro videoclipes, a Mostra dá uma ideia da produção feita nos anos 2020 e 2021 no Curso de Realização Audiovisual. São cinco programas, cada um deles seguido de um debate com convidadas e convidados mais que especiais.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5206/mostra-unisinos-de-cinema/


GRADE DE HORÁRIOS

8 a 13 de julho de 2022


8 de julho (sexta)

15h – A Lenda dos Beijos Perdidos

17h – Carta da Sibéria

19h30 – Projeto Raros: O Japão Transformado de Toshio Matsumoto


9 de julho (sábado)

15h – A Sexta Fase do Pentágono + La Jetée

17h – 90 anos de Textor e o acervo da Cinemateca Capitólio

19h – Maridos Cegos


10 de agosto

15h – A Lenda dos Beijos Perdidos

17h – Orlando Bomfim, netto e o Acervo Capixaba

19h – O mundo perdido de Vittorio De Seta


12 de julho

15h – Mostra Unisinos de Cinema: Programa Documentário 01

16h30 – Mostra Unisinos de Cinema: Programa Documentário 02

18h30 – Mostra Unisinos de Cinema: Programa Ficção 1


13 de julho  

16h30 – Mostra Unisinos de Cinema: Programa Ficção 2

19h – Mostra Unisinos de Cinema Programa Ficção 3


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terça-feira, 5 de julho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Carro Rei'

Sinopse: Uno se comunica com carros desde criança. Quando uma lei coloca a empresa da família do pai em perigo, Uno busca o seu melhor amigo de infância: um carro.

David Cronenberg tem um interesse interessante sobre a ligação da carne do ser humano com o metal e o seu clássico "Crash - Estranhos Prazeres" (1996) retratava um grupo de pessoas tendo o prazer pelo sexo após sofrerem acidentes de carro. Já o francês recente "Titane" (2021) mostrava a protagonista somente tendo o prazer através de veículos e adquirindo novos rumos inesperados em sua vida. "Carro Rei" (2021) segue uma linha parecida, ao nos apresentar uma curiosa ficção cientifica brasileira que mistura esses elementos dos filmes citados, mas falando um pouco sobre o que está acontecendo no Brasil neste momento.

Dirigido por Renata Pinheiro, do filme "Açúcar" (2017), o filme conta a história de Uno, um jovem menino que tem a estranha habilidade de conversar com carros desde sua infância. Um dia, as autoridades políticas de sua cidade passam uma lei que pode fazer com que a empresa de seu pai venha a falir. Com a proibição da circulação de carros antigos nas ruas da cidade, Uno recorre ao seu melhor amigo de infância: um carro. Junto com seu tio, Uno transformará um simples automóvel no Carro Rei - um carro que pode falar, ouvir e ter sentimentos.

Nos últimos tempos o cinema brasileiro tem nos brindado com filmes que falam sobre um determinado futuro próximo, mas cuja a premissa nos soa familiar e que facilmente conseguimos fazer um paralelo com o nosso mundo real. Títulos como "Branco Sai, Preto Fica" (2014), "Bacurau" (2019) e o recente "Medida Provisória" (2020) são exemplos genuínos dessa tendencia, pois eles sintetizam sobre o preconceito, divisão de classes e o fascismo que se encontra ontem e hoje em território brasileiro. No caso de "Carro Rei", o filme fala sobre o consumismo vs natureza, além de uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia e sempre desejando o próximo avanço da mesma.

Renata Pinheiro se sai muito bem na direção, pois é perceptível o orçamento apertado da produção, mas cujo o seu trabalho faz com que o filme tenha uma dimensão maior. Com uma fotografia de cores frias, a realizadora se concentra no enquadramento ao extrair ao máximo o desempenho dos atores, dos quais os mesmos transitam por interpretações quase teatrais e cujo o discurso de determinadas ideias quase fazem com que se quebre a quarta parede em alguns momentos da trama. Embora fantasioso em alguns momentos, é graças a falta de recursos técnicos que faz com que alguns momentos soem verossímeis, mesmo quando determinadas situações beiram ao quase surrealismo.

Do elenco principal, destaque novamente para o veterano Matheus Nachtergaele, que aqui cria para o seu personagem uns trejeitos de alguém completamente absorvido pelo universo dos carros e cuja a sua figura em si parece extraída dos filmes do já citado David Cronenberg. Já atriz Jules Elting arrisca em uma cena pouco inspiradora, já que ela é basicamente uma cópia escancarada do também já citado filme "Titane", muito embora as consequências sejam que diferentes. Um pequeno equivoco contornado pelo bom desempenho da atriz, além de uma ótima direção da cineasta.

"Carro Rei" é mais um interessante título dessa leva de filmes brasileiros que falam um pouco sobre o nosso futuro indefinido, mas que escancara o que já estamos vivenciando. 

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Cine Dica: Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema

 De 8 a 17 de julho, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema.

Maridos Cegos

Com curadoria e produção da Mutual Films, a mostra apresenta, ao longo de dois fins de semana e dez sessões de cinema, um levantamento de onze projetos recentes de preservação e restauração de filmes de todo o mundo, além de vislumbres dos acervos envolvidos. Hoje, quando assistimos a um filme antigo em uma nova versão, pensamos em como o filme chegou até nós? Serão exibidas obras de Toshio Matsumoto, Sara Gómez, Erich von Stroheim, Henri Plaat, Djibril Diop Mambéty, Vittorio De Seta, Antonio Carlos Textor, Orlando Bomfim, netto, Marta Rodríguez e Jorge Silva, Wendell B. Harris, jr, Zora Neale Hurston e Spencer Williams. Todas as sessões contarão com apresentações dos curadores Aaron Cutler e Mariana Shellard.


Todos podem pagar meia entrada nas sessões (R$ 5,00).


Informação completa da mostra: http://www.capitolio.org.br/novidades/5163/filme-como-um-objeto-no-espaco-um-olhar-sobre-acervos-de-cinema/


Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema.

Nos últimos anos, filmes restaurados passaram a figurar no circuito comercial de cinema, tendo até plataformas de streaming como patronos de projetos de restauração. Ainda que com equipe de especialistas diferentes, a restauração de um filme é tão complexa quanto a produção de um novo filme, e frequentemente resulta em um produto inédito até mesmo para as gerações que testemunharam seu primeiro lançamento. Há filmes que foram silenciados (oficialmente ou não) e sumiram logo após suas estreias, mas cujas restaurações décadas depois trouxeram a eles sua devida visibilidade. Há muitos casos em que a restauração de um filme também restaura um momento histórico, ou o legado de um artista – por exemplo, a recuperação da obra de uma jovem cineasta militante que nos permite observar vividamente os desafios de um país em plena transformação. A mostra “Filme como um objeto no espaço: Um olhar sobre acervos de cinema” apresenta, ao longo de dois fins de semana e dez sessões de cinema na Cinemateca Capitólio, um levantamento de onze projetos recentes de preservação e restauração de filmes de todo o mundo, além de vislumbres dos acervos envolvidos. Hoje, quando assistimos a um filme antigo em uma nova versão, pensamos em como o filme chegou até nós?


GRADE DE PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA


Sexta-feira, dia 8 de julho:

19h30 – Projeto Raros: O Japão transformado de Toshio Matsumoto (89min, entrada franca)


Sábado, dia 9 de julho:

17h – 90 anos de Textor e o acervo da Cinemateca Capitólio (37min, seguido por debate, entrada franca)

19h – Maridos Cegos (100min)


Domingo, dia 10 de julho:

17h – Orlando Bomfim, netto e o Acervo Capixaba (90min)

19h – O mundo perdido de Vittorio De Seta (118min)


Sexta-feira, dia 15 de julho:

19h30 – As poéticas de Plaat (77min)


Sábado, dia 16 de julho:

17h – O Franco + Chircales (87min)

19h – A revolução de Sara Gómez (82min, seguido por debate, entrada franca)


Domingo, dia 17 de julho:

17h – Pioneiros do cinema afro-americano (73min)

19h – O Camaleão (94min)

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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Está Tudo Bem'

Sinopse: Quando André, de 85 anos, sofre um AVC, Emmanuèle corre para junto do pai. Na sua cama de hospital, doente e com metade do corpo paralisado, André pede à filha que o ajude a pôr fim à sua vida. Mas como poderá Emmanuèle honrar tal pedido quando se trata do seu próprio pai? 

François Ozon talvez seja um dos diretores franceses mais interessantes dos últimos tempos, pois embora seja um cineasta autoral ele não fica preso em um único gênero. Se "Oito Mulheres" (2002) era um filme policial alinhado com humor, "O Amante Duplo" (2017) era um curioso estudo sobre sentimentos reprimidos e alinhados com um caprichado suspense psicológico. Em "Está Tudo Bem" (2021) adentra em um assunto delicado, mas alinhado com toques de humor com um drama refinado.

No filme, (André Dussollier) um senhor com a saúde cada vez mais debilitada, decide que não quer mais continuar a viver. A partir dessa decisão, ele inicia uma mobilização para conseguir o direito à uma morte assistida numa clínica na Suíça, e precisará enfrentar suas duas filhas relutantes, interpretadas pelas atrizes Sophie Marceau e Géraldine Pailhas. O filme, além de abordar a questão da eutanásia, conta a história de uma família em busca de entendimento acerca da vida e da morte.

Se no premiado "Meu Pai" (2020) testemunhamos a dura cruzada de um idoso que se encontra perdendo as suas lembranças e sua própria razão, François Ozon propõem nos colocar a frente na questão da Eutanásia, da qual ainda hoje é um grande tabu por parte de uma sociedade mais conservadora e religiosa, mas sendo uma solução para não adentrar uma jornada mais dolorosa. Não será a primeira e nem a última vez que o cinema abordará esse assunto enquanto a sociedade em geral não chegar ao bom senso.

Polêmicas a parte, o primeiro ato nos apresenta a situação em que ambas as irmãs se encontram perante algo inevitável, sendo que a personagem de Sophie Marceau é a mais dedicada aos cuidados do pai. Porém, ao mesmo tempo que ela se entrega de corpo e alma ao desafio, por outro lado, ela precisa exorcizar as dores devido as lembranças do passado, principalmente pelo fato que ela e seu pai tiveram diversos atritos. Isso é salientado devido a questão da mãe, brilhantemente interpretada pela atriz veterana Charlotte Rampling, mas tendo uma participação curta, porém, importante para o desenvolvimento da trama.

Ao longo da história, achamos que o filme ficará cada vez mais pesado devido ao tema. Contudo, François Ozon consegue obter uma curiosa transição de momentos dramáticos para alguns pontos de humor e isso se deve justamente ao ótimo desempenho de André Dussollier, cuja a figura de seu personagem oscila de uma pessoa frágil para mais dura e imprevisível. Isso acaba nos provocando diversos sentimentos com relação ao personagem, desde pena, amor e raiva e fazendo a gente se identificar rapidamente com as situações apresentadas na trama.

Do segundo ao terceiro ato, acreditamos até mesmo que ele vá desistir da ideia de tirar a sua vida, já que o seu humor muda no decorrer da trama, principalmente por estar se interagindo ainda mais com as filhas. É claro que no fundo nós desejamos que isso aconteça, já que chega um determinado ponto da história que já estamos mais do envolvidos com os personagens e desejando que o ponto final da trama não chegue. Quando chega ele é indolor, já que as partes presentes da trama se encontram em plena consciência que chegaram aos seus objetivos e tendo, enfim, o dever comprido.

"Está Tudo Bem" fala sobre os dilemas do ser humano quando chega em um ponto crucial da vida e sobre qual é a melhor maneira de se enfrentar ela. 

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sexta-feira, 1 de julho de 2022

Cine Especial: 'O Predador' - 35 Anos Depois

Sinopse: Dutch é contratado pelo governo dos Estados Unidos para resgatar políticos presos na Guatemala. Mas quando ele e sua equipe chegam na América Central, logo percebem que há algo errado.  

No cinema norte americano existem ideias para a realização de um filme que soam extremamente absurdas, mas que acontecem unicamente para gerar grande lucro para os estúdios. Nos anos 80, por exemplo, alguém teve a ideia louca de criar um encontro entre "Rocky" com "Alien", sendo que cada um já era uma série de filmes estabelecidos naqueles tempos e que geravam grandes bilheterias para os estúdios. O encontro não vingou, mas a ideia persistiu e surgindo então "O Predador" (1987), talvez um dos melhores filmes de ação em uma época que o gênero vivia com pouco cérebro e muitos músculos.

Dirigido por John McTiernan, do também clássico "Duro de Matar" (1988), o filme conta a história do major Alan "Dutch" Schaefer (Arnold Schwarzenegger) que lidera uma equipe de resgate em uma selva da América Central, para tentar encontrar um ministro estrangeiro e funcionários do governo que saíram da rota e se perderam. O exército acredita que eles estejam nas mãos de guerrilheiros, mas o que eles não imaginam é que a floresta esconde uma ameaça mortal, um ser de outro planeta, fortemente armado, que sente enorme prazer em matar.

Eu nunca me esqueço que quando assisti pela primeira vez esse filme foi com os meus pais em uma noite em que estávamos assistindo ao "Domingo Maior" pela Rede Globo. Foi uma experiência fantástica para um menino que somente curtia ação e pouco se importando se a trama era boa ou não. Revendo hoje se percebe que o filme não envelheceu mal, ao ponto de ele possuir todos os ingredientes de sucesso para o cinema de ação daqueles tempos, desde um grupo de soldados ser liderado por um líder Casca Grossa, como também eles parecerem invencíveis e destroçar um grupo de guerrilheiros facilmente. A situação muda quando surge do nada uma entidade que está andando em cima das arvores e que gradualmente vai se revelando perante aos nossos olhos.

Nada mal para alguém que a recém estava iniciando a carreira como diretor, já que este era o segundo filme de John McTiernan, mas fazendo da obra algo que se compara ao que os outros veteranos faziam naqueles tempos dentro do gênero. Ao começar pelo cenário, sendo que a floresta onde os personagens centrais se encontravam é tão viva que parece que estamos juntos com eles em meio aquele inferno verde. Vale destacar que o realizador pensava muito bem na elaboração de algumas cenas, ao ponto de ser bem perfeccionista nos pequenos detalhes, como no caso, por exemplo, da famosa cena em que Mac (Bill Duke) estar fazendo a barba e quebrando o aparelho. Mas a minha cena preferida do filme como um todo é realmente da personagem guerrilheira Anna (Elpidia Carrillo).

Na cena, o diretor centraliza atriz enquanto Arnold está ao fundo e fora de foco. A sua personagem começa a contar a lenda de uma entidade que começava a caçar pessoas em tempos quentes e que atraiam o conflito, sendo que a maneira como atriz conta a história nos faz despertar a nossa mente, moldar os eventos de acordo com o que ela vai narrando e ao mesmo tempo despertando o interesse de Arnold e que, mesmo fora de foco, a sua cabeça começa aos poucos girar em direção atriz. Ao término da narração estamos petrificados com a história e a expressão de Arnold naquele momento, agora não estando mais fora de foco, sintetiza muito bem essa sensação que nós tivemos.

A cena em si representa o filme como um todo, já que boa parte da trama não temos uma noção do que é o Predador. No princípio, temos uma noção da maneira como ele enxerga, de acordo com os movimentos e da temperatura dos personagens que ele está focando em cima das arvores. Após ser machucado por um tiro, vemos ele tentar se curar com os procedimentos que ele tem em mãos, porém, ainda nesta cena não temos uma dimensão do personagem, mas já sabemos que ele não é um ser humano.

Inicialmente a criatura seria completamente diferente do que a conhecemos, sendo menor, mais magra e interpretada pelo iniciante Jean-Claude Van Damme. Porém, o visual foi reprovado pelos produtores, Van Damme dispensado e foi chamado o ator Kevin Peter Hall, ator de mais de dois metros de altura e que já era conhecido ao dar vida ao personagem pé grande no filme "Um Hospede do Barulho" (1987).  O ator deu nova dimensão ao personagem, sendo que os seus movimentos foram elaborados pelo próprio interprete e fazendo que a sua primeira aparição de corpo inteiro realmente impressione.

O visual em si do Predador é sem dúvida um dos mais imprevisíveis, porém, se casando com perfeição com o cenário da floresta. Com cabelo rastafari e com um rosto que mais parece a de um Caranguejo, o visual realmente impressiona, com o direito de uma peculiar curiosidade que se encontra no meio de sua boca. No duelo final, por exemplo, achamos que o personagem de Arnold não tem uma mínima chance, já que a criatura é realmente enorme.

Falando no duelo final, é desde já um dos grandes momentos do filme. Após descobrir que o alienígena não enxerga se a pessoa está camuflada, o personagem de Arnold se arma com que a floresta pode oferecer, ao camuflar todo o seu corpo, criar um arco e flecha e chamando o inimigo para a briga. É neste momento que a trilha sonora de Alan Silvestre ganha uma dimensão maior e tendo um papel fundamental para esse arco final.

O filme foi um grande sucesso de público e crítica na época, sendo sem dúvida um dos melhores da carreira Arnold Schwarzenegger. Vale destacar que o filme foi moldado com os melhores daqueles tempos dos filmes de ação, sendo que o elenco ainda tinha Carl Weathers, o eterno Apollo das séries de filmes do "Rocky", Jesse Ventura conhecido como lutador de luta livre da WWF e Bill Duke, que já havia trabalhado com Arnold em "Comando Para Matar" (1985), "Jogo Bruto" (1986) e tendo aqui a sua melhor atuação ao longo do filme. O filme rendeu diversas continuações, mas  nenhuma superou a qualidade do original, sendo que o personagem foi levado também para as HQ, livros e vídeo games.

Com efeitos especiais revolucionários para a época, "O Predador" é um genuíno exemplo de que uma ideia absurda para um filme de ação e ficção pode sim render um grande sucesso e se tornando um sobrevivente ao famigerado teste do tempo. 

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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (30/06/2022)

 UM HERÓI

Sinopse: Rahim está na prisão devido a uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer o seu credor a retirar a sua queixa contra o pagamento de parte da quantia. Mas as coisas não correm de acordo com o plano…


AS VERDADES

Sinopse: As Verdades conta a história de um crime em um pequeno município baiano. É o primeiro caso de Josué, o delegado recém-chegado na cidade. A história é contada de pontos de vista diferentes, dos três personagens presentes no momento do crime: Cícero, o matador de aluguel; Francisca, a noiva do político e Vladmir, a vítima.


MINIONS 2: A ORIGEM DE GRU

Sinopse: Ambientada nos anos 1970, a nova trama mostra o começo de tudo, com Gru ainda criança e antes de se tornar um supervilão. Ao tentar, sem sucesso, fazer parte do clã de vilões mais famosos do mundo - o ?Sexteto Perverso? -, Gru e seus fiéis minions se envolvem em uma missão arriscada ao roubar uma pedra valiosa. Em uma confusão, Otto troca a valiosa pedra por uma pedrinha de estimação.


KING – MEU MELHOR AMIGO

Sinopse: King, um filhote de leão traficado, foge do aeroporto e encontra abrigo na casa de Inès e Alex, de 12 e 15 anos. Os irmãos bolam um plano maluco: levar King de volta para casa, na África.



Festival Varilux do Cinema Francês 2022:

GOLIAS

Sinopse: France, professora de esportes durante o dia, trabalhadora à noite, é uma ativista contra o uso de pesticidas. Patrick, um obscuro e solitário advogado parisiense, é especialista em direito ambiental. Mathias, lobista brilhante e apressado, defende os interesses de um gigante agroquímico. Seguindo o ato radical de uma pessoa anônima, esses três destinos, que nunca deveriam ter se cruzado, se acotovelam, colidem e se inflamam.

CONTRATEMPOS

Sinopse: Julie luta sozinha para criar seus dois filhos no subúrbio e manter seu emprego em Paris. Quando ela finalmente consegue uma entrevista para um cargo correspondente às suas aspirações, uma greve geral eclode, paralisando o transporte. Ela então embarcará em uma corrida frenética para salvar seu emprego e sua família.

ENTRE ROSAS

Sinopse: Eve Vernet foi a maior criadora de rosas. Hoje, está à beira da falência, prestes a ser comprada por um poderoso concorrente. Véra, sua fiel secretária, acha que encontrou uma solução ao contratar três presidiários que tentam se reinserir na sociedade, mas que não tem nenhum conhecimento de jardinagem. Enquanto quase tudo os separa, eles embarcam juntos em uma aventura singular para salvar a pequena fazenda.

KOMPROMAT

Sinopse: A espetacular fuga de um diretor da Aliança Francesa da Sibéria. Vítima de uma trama orquestrada pelo FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia), esse intelectual terá que se transformar em homem de ação para escapar de seu destino.

O MUNDO DE ONTEM

Sinopse: Elisabeth de Raincy, Presidente da República, optou por se aposentar da vida política. Três dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, ela fica sabendo por seu secretário-geral, Franck L‘Herbier, que um escândalo do exterior atrapalhará seu sucessor designado e dará a vitória ao candidato de extrema-direita. Eles têm três dias para mudar o curso da história.

O PRÓXIMO PASSO

Sinopse: Elise, uma jovem e promissora bailarina clássica, se machuca em uma apresentação após flagrar a traição do namorado. Apesar dos especialistas dizerem que ela não conseguirá mais dançar, Elise vai lutar para se recuperar, buscando novos rumos no mundo da dança contemporânea.

OS JOVENS AMANTES

Sinopse: Dois amantes se reencontram no corredor de um hospital, 15 anos após o primeiro contato. Shauna tem 71 anos, enquanto Pierre tem 45. Opostos, mas hipnotizados um pelo outro, eles se reconectam, enquanto Shauna, que já é mãe, avó e viúva, quer reafirmar que ainda é uma mulher e que a diferença de idade entre eles não importa.

PETER VON KANT

Sinopse: Peter von Kant é um diretor de cinema de sucesso e mora com seu assistente Karl, a quem gosta de maltratar e humilhar. Sidonie, uma grande atriz que foi sua musa por muitos anos, o apresenta a Amir, um belo e modesto jovem. Peter se apaixona por Amir e se oferece para dividir seu apartamento com ele e ajudá-lo a entrar na indústria cinematográfica. O plano funciona, mas assim que ganha fama, Amir termina com Peter, deixando-o sozinho para enfrentar seus demônios.

UM PEQUENO GRANDE PLANO

Sinopse: Abel e Marianne descobrem que seu filho de 13 anos, Joseph, está vendendo seus bens mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. Eles rapidamente entendem que Joseph não é o único, existem centenas de crianças ao redor do mundo em uma missão para salvar o planeta.

Confira locais, horários e outros títulos no site oficial abaixo:

https://variluxcinefrances.com/2022/