Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

segunda-feira, 26 de março de 2018

Cine Dica: Reabertura Sala Redenção - Lançamento de O Jabuti e a Anta

 

No dia 28 de março, quarta-feira, a Sala Redenção – Cinema Universitário abre sua programação para o ano de 2018 com muitas novidades. Visualmente, a Sala Redenção foi alvo de intervenção artística de um coletivo do Instituto de Artes da UFRGS em sua fachada e em seu interior. O Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, através do projeto Arte Afora, e em parceria com o Estúdio P Atelier Aberto de Pintura, desenvolveu para o hall da Sala o trabalho Arte da Memória, em que trouxe 78 telas, a partir de 78 frames que contam a história do cinema mundial por meio da linguagem da pintura. O destaque fica para a manifestação artística na fachada da Sala Redenção. Lá, os alunos pintaram a Lua de Georges Méliès. O projeto Arte Afora é coordenado por Carla Bello e o Studio P Atelier de Pintura por Marilice Corona.

 
A fim de celebrarmos a reabertura da Sala, exibiremos dois longas e um curta da documentarista paulista Eliza Capai. Na primeira sessão, às 16h, serão exibidos o curta No devagar Depressa dos tempos (2014) e o longa Tão longe é aqui (2013).
Um pouco mais tarde, na sessão das 19h, Eliza Capai lançará seu último filme, O Jabuti e a Anta (2016), especialmente para o público da Sala Redenção. Detalhe: a premiada documentarista brasileira fará a primeira apresentação de seu trabalho em solo gaúcho, após participar de diferentes festivais de cinema ao redor do mundo.
Em 2013, o longa Tão longe é aqui ganhou os seguintes prêmios: Melhor Filme da Mostra Novos Rumos no Festival do Rio de Janeiro e Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema Feminino. As distinções na carreira da documentarista não param por aí. Entre 2014 e 2015, seu curta No devagar depressa dos tempos venceu três importantes festivais de cinema. São eles: Melhor Curta no Festival de Cine de la Mujer Marialionza em 2015; Melhor Curta - Mostra Sertões no Curta Vale em 2014; e Melhor Filme - Voto Popular no Festival de Vitória em 2014.
Seu último trabalho foi o impactante O jabuti e a Anta, de 2016. Neste longa, descrito por Capai como um boat-movie, a documentarista percorreu as margens dos principais rios atingidos pelas construções de usinas hidrelétricas ao longo dos anos no país. O conflito entre o progresso desenfreado e a vida nas comunidades ribeirinhas é o elo que permeia todo o enredo do longa. Dentre as comunidades visitadas estão a Bacia do Rio Xingu (Pará), Tapajós e Ene, situado na fronteira do Brasil com o Peru. O filme foi parte da seleção oficial do Festival do Rio, Mostra de São Paulo e de Tiradentes.

O quê: Eliza Capai em três tempos
Quando: 28 e 29 de março
Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS - Rua Luis Englert, s/n.
Quanto: Entrada Franca
No Devagar Depressa dos Tempos
28 de março – quarta-feira – 16h
29 de março – quinta-feira – 19h
Gênero: Documentário
Direção produção e roteiro: Eliza Capai
Duração: 25 min     Ano: 2014     Formato: Digital País: Brasil     Cor: Colorido
Sinopse: Guaribas, ali bem do lado da Serra das Confusões, sertão do Piauí: onde o tempo da escravidão ainda é frase no presente, algo começa a mudar. Conversando com mulheres de duas gerações, escutamos como era, como é e como pode ser a vida de quem acaba de cruzar a linha da miséria. De um lado seca, alcoolismo, violência familiar e fome. Chegada do Estado, renda, educação e autoestima do outro. No embate do que era e do que começa a ser, vislumbramos um tempo de rápidas mudanças no devagar daqueles tempos.

Prêmios
Melhor Curta no Festival de Cine de la Mujer Marialionza em 2015
Melhor Curta - Mostra Sertões no Curta Vale em 2014
Melhor Filme - Voto Popular no Festival de Vitória em 2014
Festivais
Festival Internacional de Curtas de São Paulo (2015)
Festival de Vitória (2014)
Festival Internacional de Guadalajara (2015)
ENTRETODOS - Festival de Curtas-Metragem de Direitos Humanos (2014)
Festival de Cine de la Mujer Marialionza (2015)

Curta Vale (2014)
+
Tão longe é aqui
Gênero: Documentário
Diretora: Eliza Capai
Duração: 75min  Ano: 2013 país: Brasil  Formato: digital
A partir de memórias guardadas de uma longa viagem, uma carta é enviada para o futuro. Sozinha, longe de casa e às vésperas de completar 30 anos, uma brasileira parte em uma jornada pela África. Na carta para sua filha, ela conta dos encontros com mulheres que vivem em suas culturas e tempos. Um diário, um road movie e um convite a todas as pessoas que lideram seus próprios caminhos.

Prêmios:
Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema Feminino - 2013
Melhor Filme da Mostra Novos Rumos no Festival do Rio - 2013

Lançamento de O Jabuti e a Anta
28 de março – quarta-feira – 19h
29 de março – quinta-feira – 16h

Gênero: Documentário  Ano: 2016   Formato: Digital
Direção: Eliza Capai

A seca em São Paulo é o ponto de partida da viagem. Inquieta com as imagens dos reservatórios vazios no sudeste do Brasil, uma documentarista busca entender estas obras faraônicas, agora construídas no meio da floresta Amazônica. Entre os rios Xingu, Tapajós e Ene, ecoam vozes de ribeirinhos, pescadores e povos indígenas, atropelados pela chegada do chamado desenvolvimento. Um boat movie e uma reflexão sobre os impactos de nossos estilos de vida.
Após a sessão das 19h, Eliza Capai conversará com o público.
Eliza Capai é jornalista formada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Desde 2001 atua como diretora e documentarista com temáticas relacionadas a cultura, gênero e sociedade.
Atualmente, Eliza edita seu terceiro longa metragem, provisoriamente intitulado #CartaAberta, sobre as lutas estudantis que ocorreram em São Paulo a partir de 2015. Ela é bolsista do Open Documentary Lab, no Massachussets Institute of Technology (MIT), onde desenvolve a versão interativa do projeto.
Eliza acaba de lançar seu segundo longa metragem, “O jabuti e a anta”, no CineSesc de São Paulo. O filme foi parte da seleção oficial do Festival do Rio, Mostra de São Paulo e de Tiradentes. Através de personagens ribeirinhas e indígenas, o documentário busca entender as gigantes hidrelétricas construídas ou planejadas para a Amazônia.
Em outubro de 2016, Eliza finalizou a série “Meses Interinos” para o Canal Futura. A série entra nas ocupações estudantis e de artistas, fazendo um retrato da situação do país entre as eleições legislativas do processo de Impeachment de Dilma Rousseff.
No primeiro semestre de 2016, ela publicou o especial “Políticas publicas que deram certo” no programa Sala de Notícias do Canal Futura. A serie partiu de uma viagem por países inspiradores, refletindo sobre questões tabus da sociedade brasileira: aborto, maconha, licença paternidade, prisões e divisão de renda foram os temas abordados. No ano anterior, a mesma viagem foi publicada pelo GNT numa série de reportagens que incluía ainda o Estado Laico e Educação sexual entre seus temas.
Em 2015, viajou por um mês por Angola junto a Agência Publica de Jornalismo Investigativo. Da viagem surgiu o thriller “É proibido falar em Angola” sobre os presos políticos do país e o Especial Angola, selecionado pelo Premio Garcia Marques de Jornalismo Ibero-americano.
No final de 2014, Eliza realizou os vídeos da webserie “Linhas” do Greenpeace, discutindo as energias brasileiras. Em seu primeiro mês, os vídeos somaram mais de 500 mil visualizações. Série também selecionada pelo Premio Garcia Marques.
Em 2014 seu curta “Severinas” foi finalista do mesmo prêmio. O documentário investiga o processo de autonomia feminina no sertão: o que muda quando as mulheres passam a receber o Bolsa Família e se tornam as únicas beneficiarias de renda fixa de suas famílias? O projeto foi realizado graças a uma microbolsa da Agencia Publica de Jornalismo Investigativo. Da mesma viagem surgiu “No devagar depressa dos tempos” curta premiado nacional e internacionalmente.
Em 2013 Eliza lançou o documentário “Tão Longe é Aqui”, seu primeiro longa, no Festival do Rio com prêmio de Melhor Filme na Mostra Novos Rumos. Em formato de carta, o filme discute a situação feminina a partir de uma viagem realizada pela Africa. Tão longe foi premiado no Brasil e no exterior e atualmente é exibido pelo Canal Brasil.
Em 2012 Eliza recebeu o Prêmio CNT de Jornalismo na categoria “meio ambiente” pelo documentário “Cicloativistas” - produzido para o Canal Futura. No mesmo ano viajou por um mês a bordo do Rainbow Warrior III, produzindo vídeos para o Greenpeace pela costa brasileira.
Em 2012 e 2011 realizou documentários sobre temáticas sociais e culturais a partir da Europa, Brasil e Cuba para o programa Sala de Noticias, Canal Futura. Realizou ainda vídeos desde o Caribe e Inglaterra para o Wikileaks. O video “What does it cost to change the world?”, codirigido por Eliza para o Wikileaks, viralizou na internet somando mais de um milhão de views.
Em 2010 viajou por sete meses pela África realizando um quadro para o programa Saia Justa do GNT a partir de Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul.
Em 2008 viajou por nove meses do Panamá aos Estados Unidos produzindo uma série de oito reportagens/foto-reportagens sobre migração de mulheres para a Revista Fórum. Em paralelo realizou o quadro Central das Artes, sobre cultura centro americana, para a Televisão América Latina, TAL, e o quadro Saia por Aí para o programa Saia Justa/GNT. O curta “Georgina Magic's Wand”, produzido do caminho, ganhou o prêmio de público no concurso  Migr@tion da Radio Canada.
Como correspondente internacional já produziu desde mais de 30 países e publicou em diversas mídias brasileiras e internacionais. Eliza já dirigiu e editou diversos documentários independentes, tendo complementado sua formação neste campo na Escuela de Documentalistas e no Centro Cultural Rojas, em Buenos Aires.
 
Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora
Sala Redenção – Cinema Universitário
www.difusaocultural.ufrgs.br
(51) 3308-4081
  
sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

sexta-feira, 23 de março de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: O Caso do Homem Errado



Sinopse: O CASO DO HOMEM ERRADO conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar, em 1987, em Porto Alegre/RS. O crime ganhou notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital.
 

Embora alguns ainda neguem os fatos, estamos vivendo em tempos de retrocesso, onde pessoas que praticam um lado mais socialista acabam sendo calados por unicamente abraçar um bem maior em ajudar o próximo. O recente caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, não é somente uma situação em que sintetiza o estado de calamidade em que o nosso país se encontra como também ele reflete uma realidade que perdura já em décadas. Por coincidência, chega ao cinema O Caso do Homem Errado, onde explora o lado racista e despreparado de uma policia  que ainda carrega resquícios dos tempos da ditadura.
Dirigida por Camila Moraes, o documentário investiga passo a passo, através de depoimentos, sobre o caso do jovem operário negro Júlio César que, durante um confronto entre a brigada militar e bandidos no centro de Porto Alegre, acabou sendo levado pelos primeiros sem ao menos saber do por que. Pouco mais de meia hora depois, Júlio César chega morto ao hospital, sendo que ele nem estava armado e dando a entender que a brigada havia lhe executado. Através dos depoimentos, como de um jornalista da época, por exemplo, acabamos então encarando a trágica e real verdade sobre o corrido.
Diferente da maioria dos documentários, a diretora Camila Moraes não moldou a sua obra com imagens da época sobre o acontecido, mas que, através dos depoimentos de pessoas em cena, obtemos então uma construção de imagens surgindo em nossas mentes e se criando certa tensão de acordo com o andamento das entrevistas. O depoimento emocionado do fotografo Ronaldo Bernardi, que havia fotografado Júlio César jaz morto na maca do hospital, sintetiza bem esse clima mórbido e do qual não é preciso de uma representação ou de imagens a todo o momento sobre o que havia acontecido. Bastam então as palavras emocionadas para então termos a dimensão da trágica verdade.
O que indigna mais o caso do assassinato de Júlio César é que ele não estava somente no lugar errado ou na hora errada, mas somente pelo fato de ser negro, foi julgado em poucos minutos e sendo sentenciado à morte de uma forma tão sem sentido. O mais chocante, porém, é do fato dele ter caído nesse olho do tornado de uma forma tão estúpida, moldada pelas palavras de pessoas inconsequentes que se encontravam no local e que o julgaram somente pela sua cor de pele. Um acontecimento criado de uma forma errônea e catastrófica.

Embora Camila Moraes não deixe de uma forma mais explicita, ela foi hábil em nos colocar numa situação que ressoe o clima da época de nosso país. Ouvindo os depoimentos nos colocamos então em 1987, época em que a recém o povo havia reconquistado a democracia, tendo o desmonte final da ditadura, mas ao mesmo tempo, havia ainda aqueles resquícios de um tempo em que a brigada militar ainda se sentia com o direito de fazer o que bem entender contra a vida daqueles que eles acreditavam serem minorias. Rapidamente me veio então na mente o clássico curta metragem O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, de Jorge Furtado, obra que havia sido lançada um ano antes da morte de Júlio César e que sintetizava a imagem falida de uma brigada militar dependente de métodos errôneos e tão pouco humanos.
A sensação que passa é que, entre o final dos anos 80, até os dias de hoje, tivemos um grande avanço, mas sendo então freado e nos colocando então na estaca zero. É como se os recursos dos dias de hoje como, por exemplo, as redes sociais da internet, cujo recurso poderia nos dar mais beneficio, se tornam então um palco para o nascimento de depoimentos preconceituosos e de até mesmo de alguns manifestando o desejo pelo retorno dos tempos de chumbo. Em um país pós-golpe, onde há um desejo cada vez maior pelo controle do capitalismo, os direitos humanos acabam, infelizmente, se tornando algo secundário pelo olhar dos que se dizem poderosos.
O documentário O Caso do Homem Errado, felizmente, veio para nos dizer que as vozes de Júlio César, assim como a de Marielle Franco e de muitos inocentes jamais se calarão, mas sim soarão fortes e muito além da eternidade.



Onde assistir: Cinebancários: Rua General da Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 19h.    


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

Cine Dica: Projeto Raros 200



MADRUGADA NA CINEMATECA CAPITÓLIO PETROBRAS PARA CELEBRAR A EDIÇÃO 200 DO PROJETO RAROS
 
O Projeto Raros da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia de Porto Alegre chega a 200ª edição em março de 2018! Para celebrar a data histórica, a Cinemateca Capitólio Petrobras realiza uma programação especial durante a madrugada com exibição de cinco filmes, distribuição de um fanzine com a história do projeto e muitas surpresas nos intervalos entre as sessões! Com entrada franca, o evento começa às 20h da sexta-feira, 23 de março, e segue até a manhã de sábado.
“Filmes que você sempre quis ver ou nem imaginava que existiam”. O slogan do projeto Raros é a sua melhor definição. Iniciado em maio de 2003, o projeto foi concebido com a intenção de apresentar ao público local títulos nunca lançados no circuito exibidor brasileiro ou há muito tempo fora de circulação nos cinemas, procurando reproduzir o espírito das “midnight movies” realizadas em Nova York a partir do final dos anos 1960. Cada filme é apresentado uma única vez, nas noites de sexta-feira, e as sessões são comentadas. Imediatamente acolhido pelos cinéfilos porto-alegrenses, o Raros foi um sucesso instantâneo e logo inspiraria outras iniciativas similares, a mais conhecida delas sendo as Sessões do Comodoro, organizadas pelo saudoso diretor Carlos Reichenbach no CineSesc de São Paulo. Em 2017, em função da reforma da Usina do Gasômetro, a Cinemateca Capitólio Petrobras passa a receber provisoriamente o Projeto Raros.

PROGRAMAÇÃO

20h – A NOITE DO TERROR (Night Tide)
Estados Unidos, 1961, 86 minutos
Direção: Curtis Harrington
A maratona do Raros 200 começa elegante e vistosa com o primeiro longa-metragem de Curtis Harrington: A Noite do Terror (Night Tide, 1961, 86 minutos). Exibição em HD com legendas em português.
O jovem Dennis Hopper é o protagonista da estreia de Harrington, um marinheiro que encontra uma misteriosa mulher chamada Mora em um passeio noturno. Aos poucos, a fascinação toma conta de seu estado de espírito. Mas assassinatos e as aparições de uma mulher ainda mais misteriosa (interpretada por Marjorie Cameron, ocultista discípula de Aleister Crowley) imprimirão uma aura de suspense e terror na jornada romântica dos dois.
Colaborador de Maya Deren e Kenneth Anger, pupilo de James Whale e Josef von Sternberg, Harrington fez de seu cinema um encontro extraordinário entre a vanguarda e o horror. A grande referência de A Noite do Terror é o lendário ciclo produzido por Val Lewton na produtora RKO, nos anos 1940, em especial o clássico Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur.

22h – UMA MULHER CHAMADA SADA ABE
(Jitsuroku Abe Sada)
Japão, 1975, 76 minutos
Direção: Noboru Tanaka

O segundo filme da maratona do Raros 200 é Uma Mulher Chamada Sada Abe (Jitsuroku Abe Sada, 1975, 76 minutos), um dos mais representativos da série Roman Porno da tradicional produtora Nikkatsu, dirigido pelo mestre do cinema erótico japonês Noboru Tanaka. Exibição digital com legendas em português.
No filme, dois hospedes dão entrada em uma pousada em Arakawa, Tóquio: um homem chamado Ishida Kichizo, dono de um restaurante em Nakano, e uma mulher chamada Abe Sada, empregada em seu estabelecimento. Eles se conhecem há cerca de um mês, quando começaram a trabalhar juntos, e logo se tornaram íntimos. A visita à pousada trata-se na verdade de uma fuga, visto que o casal acaba de ser descoberto pela esposa de Kichizo. Durante vários dias eles mal deixarão o quarto, entregando-se aos prazeres de seus corpos noites e dias a fio, entre jogos de submissão, sexo e morte levados ao extremo.
Se a sinopse soa familiar, é porque Uma Mulher Chamada Sada Abe é baseado na mesma história real que aconteceu na década de 1930 e inspirou Nagisa Oshima a realizar, em 1976, seu clássico O Império dos Sentidos. Mas a abordagem política de Tanaka e o interesse pela contextualização da personagem da mulher, num claro aceno à arte de outro mestre da Nouvelle Vague Japonesa, o Shohei Imamura (de A Mulher Inseto), leva o filme a um território do erotismo ainda mais desconcertante.

00h - MYSTICS IN BALI
(Leák)
Indonésia, 1981, 86 minutos
Direção: H. Tjut Djalil

Cabeças voarão no terceiro filme da maratona do Raros 200, Mystics in Bali (Leák, 1981, 86 minutos), uma obra mítica do terror indonésio, dirigida por um dos grandes nomes do cinema exploitation do sudeste asiático, H. Tjut Djalil. Exibição digital com legendas em português.
A premissa é simples: uma jovem norte-americana vai a Bali para pesquisar a magia oculta local. Lá ela conhecerá através de um amante a magia leák, “a mais poderosa do mundo”. A partir do primeiro encontro com a grande bruxa do culto, cada noite revelará uma nova experiência de delírio e horror.
Com uma narrativa minimalista, efeitos especiais singulares e uma apropriação inventiva do folclore do sudoeste asiático e da mitologia balinesa, Mystics in Bali tornou-se rapidamente um marco do cinema de horror da Indonésia e, nas décadas seguintes, um objeto de culto entre fãs do gênero do mundo inteiro.

02h - VIOLÊNCIA E TERROR
(Intruder)
Estados Unidos, 1989, 88 minutos
Direção: Scott Spiegel

Não poderia faltar um slasher na maratona do Raros 200! A quarta atração da noite, já na madrugada de sábado, é Violência e Terror (Intruder, 1989, 88 minutos), dirigido por Scott Spiegel, um dos principais parceiros criativos de Sam Raimi, que aqui ataca de produtor e ator. Exibição em HD com legendas em português.
A trama é promissora: funcionários que trabalham à noite na remarcação de preços de um supermercado acabam encurralados por maníaco homicida que começa a matá-los: um a um. Spiegel usa a locação única com uma criatividade invejável, experimentando enquadramentos atípicos e criando cenas de mortes dignas de qualquer antologia do cinema de horror.
A demência do assassino é agraciada pela violência gráfica extrema do filme, cortesia do trio Gregory Nicotero, Howard Berger e Robert Kurtzman, responsáveis pelos efeitos de clássicos dos anos 1980 como Dia dos Mortos, A Noite dos Arrepios, O Predador, Uma Noite Alucinante, entre outras obras-primas. O filme ainda conta com Ted Raimi no elenco e tem uma participação especial do inestimável Bruce Campbell.

04h - PURANA MANDIR
Índia, 1984, 138 minutos
Direção: Shyam Ramsay e Tulsi Ramsay

Para encerrar a noite em grande estilo, o clássico do terror de Bollywood Purana Mandir (1984, 128 minutos), dos irmãos Shyam Ramsay e Tulsi Ramsay, os grandes mestres do gênero na Índia. Exibição digital com legendas em português.
Uma nobre família indiana convive há 200 anos com uma maldição: todas as mulheres se transformarão em monstros hediondos e morrerão no parto. Apaixonada por um fotógrafo desprovido de muitas rendas, em um romance iniciado a contragosto do pai, a jovem Suman tentará acabar com a maldição viajando para o templo antigo onde tudo começou. Mas nessa jornada ela vai experimentar o terror para além de seus pesadelos mais selvagens.
Com antológicos momentos musicais, passeando pelo terror, a ação e a comédia, Purana Mandir tem todos os elementos que fazem das produções indianas do gênero as mais singulares do mundo. Sucesso de público, o filme assustou toda uma geração de espectadores e iniciou o boom do horror na Bollywood dos anos 1980.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Cine Especial: Cinema Russo: Parte 2


 Nos dias 07 e 08 de Abril eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Cinema Russo: Diretores, Diretoras e um pouco de História, criado pelo Cine Um e ministrado pela editora da revista cinema Teorema Ivonete Pinto e pela pesquisadora de cinema Juliana Costa. Antes disso, eu estarei por aqui postando sobre os melhores filmes daquele país, cujo alguns clássicos nos ensinam até mesmo o verdadeiro significado da palavra “socialismo”.


OUTUBRO (1928)


Sinopse: Filme de comemoração ao 10º Aniversário da Revolução Soviética de 1917, na qual os Bolcheviques derrubaram o governo de Kerensky. Também conhecido como ‘Os Dez dias que Abalaram o Mundo’, foi realizado com recursos imensos, utilizando gente do povo que havia realmente participado da Revolução nas ruas.


O cinema nasceu como curiosidade, como entretenimento, mas ao mesmo tempo ganhou status de arte e do qual também documenta a verdade. Porém, ao longo da história, o cinema também foi usado como é uma ferramenta da qual pode desvirtuar uma história verídica, ou passando uma ideia para ser consumada pelo público geral. Se Adolf Hitler, por exemplo, usava o cinema para passar a sua propaganda nazista, recentemente o cinema brasileiro foi invadido pelo filme Lava Jato: A lei é para todos, do qual desvirtua por completo os verdadeiros fatos e passando a ideia de que há somente um único inimigo a ser combatido em nossa realidade política.
Portanto é preciso ter um cuidado para não cair no conto do vigário, mesmo sendo através de uma arte como cinema da qual nós apreciamos tanto. Ao longo de sua existência, o cinema nos brindou com títulos que tenta nos passar certo grau de verossimilhança com relação aos verdadeiros fatos da história, mas sendo poucos cineastas que ousaram tamanho feito ao longo dessas décadas. Sergei Eisenstein (O Couraçado Potemkine) talvez pertença essa minoria, ao criar com precisão, mas ao mesmo tempo passando um olhar autoral, sobre os verdadeiros fatos ocorridos na revolução soviética em Outubro de 1917.
Usando “não atores”, sendo eles próprios que haviam participado dos dez dias do governo provisório após a queda do Czar, Eisenstein cria um minucioso retrato daquele período, beirando a quase uma espécie de documentário e se distanciando de qualquer momento previsível. Da queda da estátua de Czar, para então invasão do povo dentro do palácio, é como se Eisenstein realmente tivesse participado daquele movimento e registrando as principais mudanças ao longo do seu percurso. Porém, o cineasta vai além, ao criar uma montagem engenhosa, quase frenética, onde determinadas cenas se sobrepõem a outras e criando um mosaico cheio de detalhes. 
Segundo as próprias palavras do cineasta na época, ele usou a sua obra para desenvolver suas teorias sobre as estruturas dos filmes, usando um conceito que ele apelidou de “montagem intelectual”, editando junto às filmagens de objetos aparentemente desconexos em ordem para criar e encorajar comparações intelectuais entre eles. Um dos exemplos mais notáveis no filme dessa técnica é uma imagem barroca de Jesus que é comparada, através de uma série de sequências de imagens, com ideias hinduístas, Buda, deuses astecas e finalmente ídolos primitivos a fim de sugerir as igualdades entre as religiões: o ídolo é comparado com o militarismo para criar uma ligação entre o patriotismo e fervor religioso pelo estado. 
Tendo exibido no Cinebancários no ano passado em de Porto Alegre, OUTUBRO é um filme histórico pela sua proposta, em querer nos passar os verdadeiros fatos da história, que vai contra os movimentos conservadores de ontem e hoje e dos quais querem sempre desvirtuar os fatos históricos. 
   
Mais informações sobre o curso você clica aqui.


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

Cine Dicas: Estreias do final de semana (22/03/18)

Círculo de Fogo: A Revolta
Sinopse: Filho de Stacker Pentecost, responsável pelo comando da rebelião Jaeger, Jake Pendergast era um promissor piloto do programa de defesa, mas abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime. Quando uma nova ameaça aparece, Mako Mori assume o lugar que era do pai no comando do grupo Jaeger e precisa reunir uma série de pilotos. Ela procura o irmão Jake e decide lhe oferecer uma segunda chance para ajudar no combate e provar seu valor.

A Odisséia de Jacques
Sinopse: Jacques Cousteau, sua mulher e dois filhos vivem em alto mar, no grande navio Calypso. Mas Cousteau quer algo além da aventura. Graças à sua invenção de um escafandro autônomo que permite respirar debaixo d'água, ele descobre um novo mundo. Obstinado em suas descobertas, não percebe que se afasta da família.

A Livraria
Sinopse: A história gira em torno de uma viúva que decide reconstruir sua vida e, para isso, resolve abrir uma livraria, apesar da oposição da população do vilarejo onde vive, na Inglaterra, em 1950.

A Melhor Escolha
Sinopse: Trinta anos após servirem juntos no Vietnã, o ex-marinheiro Larry Doc Shepherd se reúne com seus velhos amigos, Sal Nealon e o reverendo Richard Mueller, para enterrar seu filho, um jovem marinheiro morto na guerra do Iraque.

Pedro o Coelho
Sinopse: Pedro Coelho é um animal rebelde que apronta todas no quintal e até dentro da casa do Mr. McGregor (Domhnall Gleeson), com quem trava uma dura batalha pelo carinho da amante de animais Bea (Rose Byrne).

Por trás dos seus olhos
Sinopse: Mulher cega que volta a enxergar entra em crise com o marido após descoberta de situações pertubadoras.