Sinopse: Rebel Moon começa na borda da galáxia, quando uma colônia pacífica é ameaçada pelos exércitos do tirânico regente Balisarius. A colônia então envia uma jovem chamada Kora para procurar guerreiros de planetas vizinhos para ajudá-los na resistência.
Zack Snyder é acusado de inúmeras coisas, desde a ser um pretensioso e que fica preso a sua fórmula pessoal em dirigir filmes. Porém, convenhamos, ele ri por último quase sempre, pois basta pegarmos os seus filmes dirigidos para o universo expandido de Warner/DC e constatarmos que, para obter o sucesso, não era questão de imitar a concorrente, mas sim ter alma própria. Após a sua saída do estúdio acompanhamos os filmes da DC no cinema agonizando graças aos erros administrativos do estúdio e fazendo somente fortalecer o esgotamento do gênero.
Snyder, por sua vez, seguiu em frente, ao fazer parceria com a Netflix e lançar o bom filme de zumbi "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas" (2021). Porém, o realizador sempre tinha projetos em mente e dos quais, quem diria, poderia pertencer até mesmo ao universo expandido de "Star Wars", dos quais nunca se seguiu adiante, mas cuja ideia se manteve de criar uma aventura espacial ao seu estilo. Com isso, nasceu "Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo" (2023), uma aventura espacial adulta e cuja visão autoral do realizador se encontra alastrada em toda a obra.
A trama começa em uma colônia pacífica à beira da galáxia, que é ameaçada pelos exércitos de um regente tirânico chamado Balisarius. A misteriosa Kora (Sofia Boutella) passa a ser a única esperança de sobrevivência. Desesperados, os colonos enviam a jovem com um passado conturbado para procurar guerreiros de planetas vizinhos e ajudá-los a resistir. Kora reúne um pequeno bando de insurgentes, deslocados, camponeses e órfãos de guerra de vários mundos que têm dois objetivos em comum: redenção e vingança.
Embora seja vendido como uma trama original é notório que Snyder bebeu da fonte de várias fórmulas de sucesso, desde ao já citado "Star Wars" como também "Os Sete Samurais" (1954). Em contrapartida, o realizador cria um universo particular, onde existe várias raças alienígenas, línguas e planetas das mais diversas formas. Ou seja, é um material para se criar uma nova franquia, mas tudo é claro depende da resposta do público.
Nesta questão, por exemplo, muitas pessoas ficam divididas com a forma que o realizador dirige as suas obras, que vai desde a muita câmera lenta, fotografia acinzentada e muitos cenários digitais e que, por vezes, não esconde o seu fundo verde. Porém, é preciso reconhecer a sua teimosia, principalmente em tempos em que a maioria de diretores ficam presos a fórmulas de sucesso e não obtendo a chance de fazerem filmes a sua maneira. Vamos dizer que Zack Snyder é uma anomalia atual do cinema norte americano, mas que talvez seja necessária.
Curiosamente, é interessante também observar que entre esses altos e baixos ele obtém a chance de construir personagens interessantes, mesmo quando alguns tem pouco tempo de cena. Aqui Kora é sem dúvida a grande protagonista forte e que não deve nada a uma Mulher Maravilha, mas que possui um passado complexo e que somente cresce no decorrer da trama. Ao longo da sua jornada ela vai conhecendo novos aliados, um mais interessante do que o outro e que possuem histórias para serem contadas em um futuro próximo.
Porém, o vilão Atticus Noble é talvez o personagem que mais chama atenção e graças atuação de Ed Skrein, sendo mais conhecido por atuações vilanescas vide "Alita: Anjo de Combate" (2019). O seu personagem transmite imprevisibilidade, onde as suas ações se tornam implacáveis e fazendo da sua presença gerar imensa tensão ao longo da trama. Em tempos em que os filmes de super-heróis estão com vilões escassos esse, portanto, é muito bem-vindo.
O filme, logicamente, somente irá frustrar aqueles que levarem muito a sério a obra de Zack Snyder. Ela precisa ser vista de mente aberta, pois ela remete tempos em que o cinema se arriscava mais e lançava filmes sem interligação alguma com outras franquias e que, mesmo quando não obtinham sucesso, se tornavam cultuadas em alguma "Sessão da Tarde" da vida. O único, porém, que será preciso esperar o ano que vem pela segunda parte da história, mas eu estarei lá para assisti-la.
"Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo" é Zack Snyder na veia, do qual irá dividir a opinião do grande público e da crítica, mas nunca é demais assistir um filme hoje em dia que seja totalmente desprendido das convencionais franquias já conhecidas.
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