Sinopse: Depois de um quase acidente fatídico, um assassino enfrenta seus empregadores e a ele mesmo, em uma caçada humana internacional que ele insiste não ser pessoal.
David Fincher gosta de explorar pessoas obsessivas em busca de sua perfeição, mesmo que para isso tenha que enfrentar o sistema cheio de regras que os rodeia. Se por um lado há um detetive que luta ao não aceitar o horror do mundo real visto em "Seven" (1996), do outro, há o protagonista de sua obra prima "O Clube da Luta" (1999) que luta consigo mesmo para o seu outro eu não destrua o que move o mundo. "O Assassino" (2023) fala sobre um assassino profissional que busca a perfeição em meio a vingança, mas cuja sua cruzada é mais difícil do que se imagina.
O filme é baseado em uma série de HQs francesa escrita por Alexis Nolent (sob o pseudônimo Matz) e ilustrada por Luc Jacamon. Na trama, acompanhamos um assassino solitário, calculista e impiedoso (interpretado por Michael Fassbender) que é forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido por ele durante um de seus serviços. Ele sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura totalmente fria e metódica, mas agora que o incidente o colocou exatamente no centro de uma caçada.
David Ficnher bebe da fonte do "subgênero noir", pois aqui é apresentado o protagonista em narração off e fazendo com que nos aproximemos mais dele. O primeiro ato, por exemplo, é primoroso ao vermos um personagem que se move em busca da perfeição, onde não pode ocorrer nenhum erro, mas por mais perfeccionista que seja ele acaba acontecendo. Uma vez que isso acontece é interessante observar o mesmo tendo de obter a calma, como se isso fosse uma forma para obter o equilíbrio, mas que em várias situações que surgem tornam tudo impossível.
Não espere um espetáculo visual que nem foi visto na franquia "John Wick", já que está nem é a proposta do realizador, mas sim em retratar um profissional que se desliga dos seus próprios sentimentos para não confiar em ninguém, seja ele homens ou mulheres. Michael Fassbender nos brinda com uma atuação calculada, onde cada expressão do olhar do seu personagem nos transmite, tanto os momentos de segurança, como também da mais pura confusão mental e que serve de preludio sobre o que virá em seguida. Para aqueles que esperam um pouco de ação aguarde a cena de luta dentro de uma casa e cujo visual mais parece retirado do já citado e sempre lembrado "Clube da Luta".
Curiosamente, o filme é recheado com diversos personagens coadjuvantes curiosos e sendo que alguns deles são interpretados por grandes astros. A nossa Sophie Charlotte, vista recentemente no ótimo "Eu Sou Gal" (2023) possui uma participação pequena, porém, crucial para o movimento das peças principais da trama e que movem o protagonista para diversas direções. Mas é novamente a veterana Tilda Swinton que coloca o filme no bolso nos poucos minutos que surge na tela e não se intimidando nenhum pouco com Michael Fassbender em cena.
Vale salientar que o filme possui uma trama e um final que é bem anti hollywoodiano para os padrões habituais, principalmente perante uma geração que vive acostumada ao óbvio. David Ficnher procura não facilitar com relação ao que ele cria e ao que apresenta ao púlbico, mesmo quando o seu final não se equipara a outras grandes obras que falam do ser humano vs sistema como um todo. Pode até não ser o melhor filme de sua carreira, mas é um longa que busca dialogar com a gente muito mais do que qualquer Blockbuster que é lançado hoje em dia.
"O Assassino" é um filme que nos convida a entender as motivações do seu protagonista, mesmo quando algumas delas são politicamente incorretas.
Onde Assistir: Netflix
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Um comentário:
Excelente crítica.
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