Sinopse: Suellen, cobradora de pedágio, percebe que pode usar seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente. O seu objetivo é financiar a ida de seu filho à caríssima cura gay ministrada por um famoso pastor estrangeiro.
Carolina Markowicz parece que possui uma predileção por descascar a verdadeira face de um Brasil que vive das aparências, mas cuja essência é tão distorcida que acaba se tornando uma verdadeira piada. Em "Carvão" (2022), por exemplo, existe uma frieza escondia através de personagens que poderíamos até dar certo crédito em um primeiro momento, mas que logo se revelam perigosas através de suas escolhas peculiares para dizer o mínimo. "Pedágio" (2023) um novo capítulo deste cardápio vindo da realizadora, onde a incompreensão, preconceito e a falta de recursos fazem com que a pessoa tome certos caminhos equivocados.
Na trama, Suellen (Jinkings) é uma mulher que leva uma vida simples trabalhando como cobradora de um pedágio. Um dia, ela percebe que pode usar o emprego como uma forma de fazer uma renda extra - mas de maneira ilegal. Ela decide arriscar, mas acredita ter um motivo muito bom para tal: o dinheiro seria totalmente destinado a uma caríssima “cura gay” para seu filho Tiquinho (Alvarenga), ministrada por um pastor estrangeiro muito conhecido.
A falta de recursos traz a falta de conhecimento e fazendo que a pessoa mais humilde se entregue da maneira fácil para obter maior renda o mais rápido possível. Suellen é uma de muitas trabalhadoras brasileiras espalhadas pelo país, mas cujo desejos se tornam cada vez mais distantes e fazendo com que se entregue a uma realidade equivocada e que lhe traz falsas promessas. Novamente Maeve Jinkings se entrega para uma personagem que não esconde as suas raízes, mas ao mesmo tempo revelando uma ambição de fugir de sua própria realidade.
Não há como negar que a interação entre ela e seu filho Tiquinho é o ponto alto do filme como um todo, sendo que esse último sonha em ser até mesmo um artista, mas sendo observada com maus olhos pela mãe que não consegue compreender a sua real essência. É neste ponto, por exemplo, que Carolina Markowicz faz uma crítica acida contra a certas igrejas milagrosas, das quais as mesmas pregam a gura gay, quando na verdade tudo não passa de uma grande piada para enganar e fazer lavagem cerebral nas pessoas mais desinformadas. As cenas da igreja, por exemplo, sintetizam alienação que uma parcela da sociedade está sofrendo atualmente, cuja lavagem cerebral é obtida por situações tão absurdas que não há como deixar de rir.
No final das contas, chegamos a um ponto que talvez não seja preciso tomar uma decisão para salvarmos essas pessoas dessa loucura, pois alguns irão cair na real e se refugiar no seu próprio mundo particular e cuja essa fuga pode se tornar um fio de esperança que não irá tardar. Suellen compreenderá de um jeito ou de outro, mas até lá ela sempre será persuadida, seja pelo seu namorado ou pela sua colega de trabalho, vivida de forma espetacular pela atriz Aline Marta Maia e cuja sua personagem representa uma parcela de uma sociedade hipócrita e que se esconde através das cortinas da igreja.
"Pedágio" é o Brasil atual em que vivemos, cuja desinformação e o preconceito se alinham com a falta de necessidade e fazendo do cidadão comum uma presa fácil.
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