Sinopse: Após ser envenenada, uma assassina tem menos de 24 horas para descobrir o responsável e se vingar.
A franquia "John Wick" (2014 - 2019), estrelada pelo ator Keanu Reeves, parece que deu uma boa revitalizada ao gênero de ação, mais especificamente aquele típico filme em que o protagonista sai atirando, elimina diversos inimigos pelo caminho e tudo moldado por uma edição caprichada e muita câmera lenta poética. Acabou servindo até mesmo de influência para títulos recentes como, por exemplo, "Atômica" (2017), "Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa" (2019) e o recente "Anônimo" (2021). Nos dois primeiros casos, ambos são protagonizados por mulheres duras na queda e que não devem em nada perante a ala masculina.
Falando nelas, já se foi o tempo em que a dama indefesa aguardava ser resgatada, pois cabe a própria rasgar o vestido e mostrar as suas armas perante o perigo. Em "Atômica", por exemplo, a personagem de Charlize Theron varre o chão com criminosos, tudo orquestrado por edição dinâmica e alinhada com planos-sequências que ainda hoje impressiona. Isso e muito mais é novamente sentido em "Kate" (2021), filme que não traz nenhuma novidade para dentro do gênero, mas que é tudo orquestrado para o visual estupendo pule perante os nossos olhos.
Dirigido por Cedric Nicolas-Troyan, do filme "Branca de Neve e o Caçador" (2012), o filme conta a história da meticulosa e sobrenaturalmente habilidosa, Kate (Mary Elizabeth Winstead), uma assassina perfeita que se encontra no auge de sua carreira. Mas quando uma operação para matar um membro da Yakuza não ocorre do jeito esperado e Kate é envenenada, ela tem apenas 24 horas para se vingar dos seus inimigos. Conforme seu corpo se deteriora rapidamente, a assassina forma um vínculo improvável com Ani (Miku Patricia Martineau), a filha adolescente de uma de suas vítimas anteriores. Embarque em uma caçada frenética pelas ruas de Tóquio com Kate.
De originalidade o filme não tem nada, tanto que a premissa lembra bastante o filme de ação "Adrenalina" (2006) protagonizado por Jason Statham. Porém o que salva o filme é sua bela direção, sendo que cada cena é muito bem pensada, como se o diretor quisesse nos passar um mosaico cheio de informações visuais de acordo com os movimentos de sua câmera e notasse também que essa fotografia colorida cheia de neon é uma tendência desde o primeiro filme de "John Wick" e dando sinais que essa fórmula tende a cansar. Contudo, aqui ela ainda funciona muito bem no universo de Tóquio, sendo que não me surpreenderia se o diretor tenha prestado uma homenagem aos clássicos "Blade Runner" (1982) e "Fantasma do Futuro" (1995) em algumas cenas, já que o universo Cyberpunk está cada vez mais impregnado nas terras do sol nascente hoje em dia.
O filme também não funcionaria se não houvesse uma boa protagonista e atriz Mary Elizabeth Winstead tira isso de letra. Em "Aves de Rapina", por exemplo, mesmo tendo ganhado um tempo menor se for comparado com as suas companheiras de cena, ela acabou surpreendendo em cenas de ação e luta impressionantes ao interpretar a personagem Caçadora. Aqui ela não faz diferente, sendo que a sua personagem come o pão que o Diabo amassou, mas leva vários de seus algozes para vala e em cenas de pura violência que beira ao cartunesco de tão absurdo. E se num primeiro momento possa parecer piegas, a relação entre ela e a jovem Ani (Miku Patricia Martineau), e a dinâmica entre as duas é o grande destaque do filme depois das cenas de luta, pois mostra um lado mais humano da personagem, escapando um pouco de seu aspecto durona.
O filme como um todo talvez fruste aqueles que buscam algo de novo dentro do gênero, mas se torna um exemplo de que velhas ideias ainda podem ser bem aproveitadas desde que sejam bem dirigidas. Talvez a tendência de filmes que nos lembre a franquia "John Wick" venha acabar, mas até lá teremos muitos tiros, sangue e neon para nos ofuscar. "Kate" é um filme divertido, descartável, mas que nos dá um certo desejo de revisita-lo quando for possível.
Onde Assistir: Netflix.
Nenhum comentário:
Postar um comentário